Prevenção de acidentes de trabalho: 11 dicas para evitar ocorrências

Por Dr. José Aldair Morsch, 29 de setembro de 2022
Prevenção de acidentes no trabalho

A prevenção de acidentes no trabalho voltou a ser pauta nas empresas brasileiras em 2021, quando os índices voltaram a crescer.

Segundo a ONU, nesse ano foram comunicados 571,8 mil acidentes, que resultaram em 2.487 trabalhadores mortos, um aumento de 30% em relação a 2020.

As empresas da área de saúde têm uma dupla missão: cuidar da saúde ocupacional de outras empresas, se essa for sua especialidade, e também observar as normas de Segurança e Saúde do Trabalho (SST) internas.

Devido à seriedade do assunto, decidi escrever este texto para trazer orientações em relação às melhores práticas para evitar os acidentes.

Acompanhe até o final.

O que é prevenção de acidentes de trabalho?

Prevenção de acidentes é tudo que pode contribuir para evitar a ocorrência de um sinistro dentro de uma empresa.

Será considerado acidente de trabalho qualquer episódio que provoque lesão, doença ou morte de um colaborador no período de tempo e local destinado ao exercício de sua atividade profissional.

Nos segmentos industriais, construção civil e empresas da área da saúde (principalmente hospitais e clínicas), evitar acidentes demanda um esforço diário.

Embora o foco recaia sobre os acidentes com potencial de causar lesões ou vítimas fatais, é preciso também observar os riscos ocupacionais de longo prazo, como aqueles relativos à ergonomia, por exemplo.

Afinal, a má postura durante a jornada de trabalho pode levar o trabalhador a desenvolver uma série de lesões ortopédicas.

Qual é a importância da prevenção de acidentes?

A vida é o bem mais precioso que existe, e sua preservação deve ser a prioridade número 1 nas empresas cujas atividades representem riscos.

Além disso, um trabalhador que se afasta por causa de um acidente representa um grande prejuízo para a empresa, que fica sem poder contar com parte de sua força de trabalho, dispensada por atestados de saúde.

Em um país como o Brasil, onde as taxas de acidentes e afastamentos são elevadas, a importância da prevenção de acidentes é ainda maior.

Felizmente, com trabalho diário em equipe, bons profissionais e a atenção dos especialistas de saúde, é possível reduzir bastante essas taxas.

O que é CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes)?

Toda atividade avaliada pelo Ministério do Trabalho como potencialmente geradora de riscos ocupacionais deve contar, no âmbito das empresas, com uma CIPA.

Trata-se de uma comissão de composição obrigatória por lei, conforme a Lei 6.514/77, por meio da portaria 3.214 do Ministério do Trabalho.

Ela prevê 8 normas regulamentadoras, entre as quais está a Norma Regulamentadora número 5 (NR 5), que foi recentemente alterada, instituindo a CIPA.

Nesse caso, cabe às empresas arcar com os custos da formação de uma equipe de profissionais multidisciplinares que se responsabilizarão por estruturar esse setor.

Qual o objetivo da CIPA?

Segundo a NR 5, o objetivo da CIPA é a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, de modo a tornar compatível o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.

O item 5.3 prevê um conjunto de nove atribuições para a CIPA, sendo o primeiro deles “acompanhar o processo de identificação de perigos e avaliação de riscos bem como a adoção de medidas de prevenção implementadas pela organização”.

Portanto, cabe dizer que ela tem uma função não apenas preventiva, mas também fiscalizatória no sentido de antecipar eventuais ameaças à segurança do trabalhador.

11 dicas de prevenção de acidentes para empresas

Tendo em vista o risco à vida e à integridade física das pessoas, além das doenças ocupacionais, todo cuidado é pouco quando se trata de prevenção de acidentes.

Cabe à CIPA zelar pelas iniciativas nesse sentido, o que leva à necessidade de trabalhar em equipe para que os acidentes sejam evitados.

Sem pretender esgotar o assunto, considero que 11 medidas são fundamentais para o controle dos riscos ocupacionais.

Algumas delas são mais específicas, como a primeira que destaco logo a seguir.

1. Tenha cuidado com os resíduos hospitalares

O cuidado no descarte de medicamentos e resíduos hospitalares é muito importante.

No ambiente hospitalar, o risco não vem de equipamentos pesados, mas de itens simples e aparentemente insignificantes, como agulhas.

Afinal, profissionais de saúde estão sujeitos a infecções, tanto quanto os pacientes e demais pessoas que transitam dentro de UTIs e CTIs.

Nesse caso, para trabalhadores da saúde, é uma ameaça real.

Nas rotinas diárias, eles estão expostos à contaminação por vírus como o HIV, causador da aids, e o da hepatite, ambos transmissíveis pelo contato direto com sangue.

Isso sem contar vírus como os da tuberculose e o da influenza, igualmente transmissíveis por fluidos corporais, que podem ser carregados por diversos materiais e resíduos biológicos, levando ao contágio indireto.

Prevenir acidentes no trabalho

A prevenção de acidentes de trabalho deve ser a prioridade nas empresas cujas atividades representem riscos

2. Garanta o uso de EPI

Na área da saúde, todo profissional deve usar o Equipamento de Proteção Individual, a fim de se proteger do risco de infecções.

No contexto hospitalar, entre estes equipamentos estão as luvas, aventais, máscaras e óculos de proteção.

Já no segmento industrial, são EPIs básicos botas, luvas reforçadas, óculos e protetores auriculares.

Na construção civil, os trabalhadores devem obrigatoriamente usar capacetes e, assim como na indústria, óculos de proteção e luvas.

Estes e outros itens protegem os trabalhadores de eventuais choques causados por materiais em queda livre.

Também servem para proteger a visão da exposição às luzes de equipamentos de solda e resguardar a audição do excesso de ruído causado por máquinas em operação.

3. Sinalize o ambiente

Parte dos acidentes de trabalho são causados pela falta de informação sobre os riscos que o ambiente apresenta.

Mitigar esse tipo de risco é o objetivo da sinalização de segurança, cuja função é alertar para a possibilidade de quedas de materiais e incidência de ruídos, entre outros.

O assunto é regulamentado pelas Normas Brasileiras nº 13.425 e 13.434, ambas sobre a sinalização contra incêndios e desastres.

Vale destacar a definição sobre sinalização de segurança que consta na NBR 13.434:

“Sinalização que fornece uma mensagem composta por uma combinação de cores e formas geométricas, à qual é atribuída uma mensagem específica de segurança pela adição de um símbolo gráfico executado com cor de contraste.”

4. Tenha rotinas de treinamento

Os riscos à segurança estão presentes por toda a parte e podem se materializar de diferentes maneiras.

Incêndios, por exemplo, demandam ações rápidas, firmes e coordenadas, em razão do altíssimo grau de periculosidade que representam e a rapidez com que podem se espalhar.

É preciso que todos os trabalhadores saibam o que fazer caso o fogo se alastre nas instalações.

Para isso, a CIPA pode instituir rotinas de treinamento, tanto para orientar a evacuação das pessoas quanto para o combate direto ao incêndio.

Em plataformas de extração de petróleo e na indústria, o treinamento contra incêndio é acompanhado de exercícios de fuga, caso o ambiente venha a colapsar.

O mesmo se aplica aos canteiros de obras, sempre sujeitos a desastres que podem comprometer toda a infraestrutura do local.

Prevenção ocupacional

O método 5S de gestão pode ser usado também como uma referência de prevenção de acidentes de trabalho

5. Mantenha a organização e limpeza

Os industriais japoneses desenvolveram o método 5S de gestão em resposta aos desafios da indústria.

Embora o objetivo seja a implementação da gestão da qualidade, ela é também uma referência em termos de prevenção de acidentes de trabalho.

Cada um dos “S” representa um conceito diferente:

  • Seiri (Utilização)
  • Seiton (Organização)
  • Seiso (Limpeza)
  • Seiketsu (Padronização)
  • Shitsuke (Disciplina).

O 5S pode ser melhor compreendido quando dispomos cada um dos seus itens em uma tabela:

Denominação
Conceito
Objetivo
Utilização Fazer a separação do que é necessário do desnecessário. Retirar do ambiente de trabalho tudo que não tenha utilidade.
Organização Dispor cada objeto em seu lugar. Organização do ambiente de trabalho.
Limpeza Higienizar o local de trabalho. Manter a limpeza do local e o bem estar das pessoas.
Padronização Criação de normas/padrões. Definir regras gerais.
Disciplina Trabalho em equipe. O bem-estar e segurança de todos depende do esforço de cada um. Estimular a melhoria contínua.

6. Atualize seus colaboradores

A sinalização e os treinamentos podem não fazer muito sentido para os colaboradores quando a empresa não comunica eventuais acidentes no ambiente de trabalho.

É fundamental que todos fiquem sabendo quando houver uma ocorrência, até porque essa é uma chance de aprender.

Assim fazem, por exemplo, as empreiteiras que fixam placas em seus canteiros de obras, informando há quantos dias estão trabalhando sem acidentes.

Na indústria, esse é um tipo de sinalização recorrente, servindo não só como um alerta sobre os riscos como para manter as pessoas engajadas na prevenção.

7. Estimule o trabalho em equipe

Como vimos, no 5S, o trabalho em equipe é uma das bases sobre a qual está a organização do ambiente de trabalho.

A segurança depende do empenho de cada um e de um permanente trabalho conjunto.

Nesse aspecto, vale definir nos treinamentos quem faz o que em caso de uma contingência.

Quem serão as pessoas incumbidas de ajudar na evacuação?

Quem serão os responsáveis pelos primeiros socorros?

Mais ainda: é preciso estimular o espírito de equipe, como se faz nos esportes coletivos.

Cada um deve “jogar” não só por si, mas pelo companheiro ou companheira que trabalha ao lado.

8. Tenha cuidado com a operação de máquinas

Os acidentes com máquinas estão entre as principais causas de mortes e lesões graves no ambiente de trabalho.

Segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, entre 2020 e 2021, houve um aumento de 134% nos afastamentos por lesões graves, como amputações, fraturas,  luxações e traumatismos.

O número de casos passou de 40.117, em 2020, para 93.820, em 2021.

A grande maioria desses acidentes é causada por máquinas e equipamentos.

Nesse aspecto, é fundamental que as empresas façam revisões periódicas e cuidem da manutenção preventiva, além de treinar seus trabalhadores para operá-las corretamente.

9. Preste atenção às NRs

As Normas Regulamentadoras são a referência principal em questões de segurança no trabalho.

São elas:

  • NR-1: Disposições Gerais
  • NR-2: Inspeção Prévia
  • NR-3: Embargo e Interdição
  • NR-4: Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT
  • NR-5: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA
  • NR-6: Equipamento de Proteção Individual – EPI
  • NR-7: Exames Médicos
  • NR-8: Edificações.

Vale consultar as NRs de seu interesse no site do governo brasileiro.

10. Valorize a CIPA

Para que possa desempenhar bem o seu papel, é fundamental que as empresas valorizem a CIPA e todas as suas atividades.

Suas orientações devem ser seguidas à risca, bem como a participação nos treinamentos que ela promove, que deve ser assídua.

Quanto mais prestigiada for a CIPA, mais atentas aos riscos ocupacionais as pessoas tendem a ser, passando assim a trabalhar ativamente em prol da segurança.

11. Faça um planejamento

A segurança no trabalho depende muito da capacidade que cada empresa tem de planejar.

Treinamentos, por exemplo, devem fazer parte do cronograma de atividades e compor a jornada de trabalho.

Em certos casos, o planejamento pode até contemplar incentivos para quem se dispõe a participar dos treinamentos ou mesmo fazer parte da CIPA, se houver competência para tal.

Atividades para o Dia Nacional da Prevenção de Acidentes do Trabalho

O Dia Nacional da Prevenção de Acidentes do Trabalho é celebrado em 27 de julho.

Seu propósito é mobilizar as pessoas, conscientizando-as sobre a importância da prevenção.

Essa é uma oportunidade para engajar ainda mais os trabalhadores no esforço contínuo de minimização de riscos, usando para isso atividades lúdicas e educativas.

Veja algumas possibilidades:

  • Simulações de acidentes com treinamentos próximos de uma situação real
  • Jogos e brincadeiras com referências aos riscos ocupacionais 
  • Palestras e workshops com profissionais da área
  • Exibição de filmes que abordem a temática de segurança do trabalho.

Ao conhecer características da equipe, fica mais fácil propor ações que vão impactar positivamente os trabalhadores.

Como a telemedicina ajuda na prevenção de acidentes?

A Medicina do Trabalho é a área que estuda e desenvolve soluções para melhorar as condições relativas à higiene ocupacional.

Entre os procedimentos pelos quais se responsabiliza, está a elaboração e emissão de laudos técnicos e relatórios de saúde ocupacional.

A telemedicina pode acelerar o processo, por meio da assinatura eletrônica de documentos.

A opção de assinatura digital via telemedicina está disponível para:

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Conclusão

A prevenção de acidentes é um assunto que deve estar sempre em pauta.

Isso vale especialmente para o ambiente de trabalho, onde o setor de saúde e segurança deve estar atento às leis, normas e melhores práticas.

Felizmente, a tecnologia tem dado um apoio importante para evitar ocorrências.

Aqui na Telemedicina Morsch, coordeno uma equipe que desenvolve soluções para empresas da área médica que prestam serviços nessa área, aumentando sua eficiência.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin