Perda auditiva ocupacional: o que é, sintomas e como prevenir

Por Dr. José Aldair Morsch, 5 de setembro de 2022
Perda auditiva ocupacional

A perda auditiva ocupacional está entre os distúrbios relacionados ao trabalho mais comuns.

Isso não surpreende, uma vez que os agentes causadores estão presentes em diversos ambientes laborais.

Trabalhadores da construção civil, de indústrias e call centers são algumas categorias afetadas, em especial pela exposição contínua ao ruído.

Porém, existem outros fatores capazes de prejudicar a audição, como vou abordar ao longo deste texto.

Continue lendo e fique por dentro dos sintomas, graus da doença e medidas preventivas que devem ser adotadas nas empresas.

Também vou dar dicas para agilizar a assinatura de documentos ocupacionais com a telemedicina.

Se o tema é do seu interesse, acompanhe até o final.

O que é perda auditiva ocupacional?

Perda auditiva ocupacional é o adoecimento auditivo provocado pela exposição a patógenos no trabalho.

Embora o ruído seja o mais evidente, outros agentes ambientais podem diminuir a capacidade auditiva do empregado, como solventes, vibrações e calor.

O risco de sofrer perda auditiva aumenta quando esses agentes são combinados ao ruído.

Por exemplo, em canteiros de obras em que seja utilizada britadeira, os trabalhadores ficam expostos a ruído e vibração de forma simultânea.

Contudo, o tipo mais comum de adoecimento auditivo relacionado à atividade laboral é a Perda Auditiva Induzida por Ruído (Pair).

Portanto, essa é a modalidade que recebe maior atenção das instituições de saúde, inspirando materiais técnicos como este protocolo direcionado a profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS).

O documento define a Pair da seguinte maneira:

“Perda provocada pela exposição por tempo prolongado ao ruído. Configura-se como uma perda auditiva do tipo neurossensorial, geralmente bilateral, irreversível e progressiva com o tempo de exposição ao ruído”.

Sintomas e diagnóstico da perda auditiva ocupacional

A perda auditiva por ruído e outras fontes de risco ambiental tem como principal característica a lesão das células ciliadas do órgão de Corti (ouvido interno).

Por consequência, há deficiência auditiva mais ou menos acentuada, expressa através de sintomas como:

  • Zumbido
  • Dificuldades de comunicação
  • Intolerância a sons intensos
  • Irritabilidade
  • Isolamento social
  • Dor de cabeça
  • Nervosismo
  • Insônia
  • Problemas gastrointestinais
  • Pressão alta
  • Alterações na visão
  • Arritmias (alterações na frequência cardíaca).

O diagnóstico da condição é feito a partir de informações coletadas via anamnese ocupacional ou clínica, junto à avaliação audiológica.

Queixas e sintomas sugestivos são registrados com base na entrevista com o paciente, que deve coletar informações sobre a profissão, ambiente de trabalho e tarefas laborais.

Vale também perguntar sobre a rotina fora do trabalho, a fim de descartar atividades que exponham o indivíduo ao ruído – eventos com música alta, motores de automóveis e máquinas, tiros etc.

Para atestar a perda auditiva, é necessário realizar uma bateria de exames para avaliar o limiar auditivo (grau de audição), que contempla:

  • Audiometria tonal por via aérea
  • Audiometria tonal por via óssea
  • Logoaudiometria
  • Imitanciometria.

A seguir, explico sobre os diferentes graus de perda auditiva.

Graus de perda auditiva ocupacional

Resultados da audiometria também fornecem dados sobre o grau de perda auditiva, dando suporte ao tratamento adequado.

Esses registros são interpretados conforme diferentes padrões de entidades nacionais e/ou internacionais.

Algumas referências podem ser consultadas neste manual do Sistema de Conselhos de Fonoaudiologia.

Trago a seguir a classificação do grau da perda auditiva segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), baseada na média entre as frequências de 500, 1K, 2k, 4kHz:

  • Audição normal: 0 – 25 dB
  • Perda auditiva leve: 26 – 40 dB. Indivíduo é capaz de ouvir e repetir palavras em volume normal a um metro de distância
  • Perda auditiva moderada: 41 – 60 dB. Paciente consegue ouvir e repetir palavras em volume elevado a um metro de distância
  • Perda auditiva severa: 61 – 80 dB. Indivíduo é capaz de ouvir palavras em voz gritada próximo à melhor orelha
  • Perda auditiva profunda: maior que 81 dB. Paciente é incapaz de ouvir e entender, mesmo em voz gritada na melhor orelha.

Como explico na sequência, há determinadas atividades profissionais com maior exposição a esse tipo de risco.

Profissões com risco de perda auditiva ocupacional

Uma série de profissionais se expõem ao risco de desenvolver deficiência auditiva.

Falando especificamente da Pair, a exposição contínua a 85dB(A) por oito horas diárias é suficiente para provocar alterações estruturais na orelha interna.

Alguns profissionais constantemente expostos a altos níveis de ruído no ambiente laboral são:

  • Operários da indústria siderúrgica e têxtil
  • Metalúrgicos
  • Vidraceiros
  • Empregados de gráficas
  • Trabalhadores da construção civil
  • Músicos
  • Profissionais de áudio
  • Dentistas
  • Agricultores
  • Pilotos de avião
  • Comissários de bordo
  • Motoristas profissionais.

Vale lembrar que outras categorias profissionais podem sofrer com o adoecimento auditivo proveniente de patógenos além do ruído.

É o caso de operadores de caldeiras ou trabalhadores que manuseiam solventes.

Dano auditivo no trabalho

Profissionais expostos a altos níveis de ruído no trabalho são mais sujeitos a desenvolver danos auditivos

Como prevenir a perda auditiva ocupacional?

A prevenção da perda auditiva por ruído ocupacional começa com a adoção de medidas de segurança e saúde do trabalho.

Primeiramente, o risco ambiental deve ser identificado e avaliado quantitativamente, com base em medições realizadas por especialistas em higiene ocupacional.

Com detalhes sobre a exposição ocupacional em mãos, eles propõem ações de controle que englobam atenuação do ruído, medidas de proteção coletiva e individual, por exemplo:

  • Isolamento ou diminuição da fonte de ruído
  • Instalação de estruturas que atenuam o risco, como materiais de isolamento acústico
  • Redução do período de exposição
  • Treinamento dos colaboradores
  • Uso de Equipamentos de Proteção Individual como o abafador auditivo e o protetor auricular
  • Monitoramento periódico dos trabalhadores expostos, por meio de audiometria anual ou em intervalos mais curtos, conforme as orientações do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

Essas medidas devem constar no Programa de Conservação Auditiva (PCA).

Telemedicina na saúde ocupacional

Resultados da audiometria e outros laudos ocupacionais são importantes para acompanhar a saúde dos funcionários, detectando patologias de forma precoce.

Os registros fazem parte de diferentes programas de saúde ocupacional, comprovados através de documentos entregues aos órgãos governamentais.

Os arquivos precisam ser assinados por médicos do trabalho, engenheiros de segurança e outros especialistas em SST, que nem sempre estão na empresa, atrasando a finalização dos documentos.

A boa notícia é que a equipe do SESMT, CIPA ou RH pode se conectar a esses profissionais dentro de um ambiente online seguro.

Basta usar a plataforma de Telemedicina Morsch para criar, armazenar e assinar digitalmente os seguintes arquivos:

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Conclusão

Comentei ao longo deste artigo as causas, sintomas e medidas úteis na prevenção da perda auditiva ocupacional.

Provocada por ruído, calor, vibração ou agentes químicos, essa condição afeta trabalhadores de diversos setores produtivos, pedindo a atenção de gestores e equipes de SST.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin