Arritmia cardíaca: o que é, sintomas, causas, diagnóstico e tratamento

Por Dr. José Aldair Morsch, 14 de junho de 2015
Arritmias cardíacas

Uma arritmia cardíaca pode ser benigna ou maligna.

Geralmente, alterações no ritmo do músculo cardíaco de pessoas jovens e saudáveis não causam qualquer complicação, pedindo apenas o acompanhamento junto ao cardiologista.

Contudo, distúrbios de condução e ritmo devem ser avaliados.

Isso vale especialmente para os pacientes cardiopatas ou em grupos de risco.

Afinal, eles são potencialmente fatais e estão por trás da maioria dos casos de morte súbita.

Avance na leitura deste artigo para aprofundar os conhecimentos sobre arritmia cardíaca, tipos, manifestações clínicas e tratamentos.

Apresento também soluções de telemedicina que aceleram o diagnóstico dessa condição.

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O que é arritmia cardíaca?

Arritmia cardíaca é uma alteração no surgimento ou condução do impulso elétrico que movimenta o coração.

O coração geralmente pulsa em um ritmo regular e a uma frequência considerada normal, que é medida em batimentos cardíacos por minuto (bpm).

Os batimentos cardíacos são comandados por impulsos elétricos emitidos pelo nó sinusal (grupo de células localizadas no alto do átrio direito), estabelecendo assim um ritmo cardíaco normal, com contrações e dilatações.

Em um adulto saudável em repouso, a frequência cardíaca varia de 50 a 100 bpm.

Nesse cenário, arritmia cardíaca é uma alteração do ritmo sinusal ou normal, devido a alterações na emissão dos impulsos nervosos a partir desse nó ou da condução deles até os músculos cardíacos.

Qual a diferença entre arritmia e disritmia cardíaca?

Ambas as palavras se referem a anormalidades no ritmo cardíaco, sendo, muitas vezes, usadas como sinônimos.

O que faz sentido, pois há uma diferença sutil em relação ao prefixo delas.

Isso porque “a” se refere a ausência, fazendo com que a arritmia seja compreendida como a falta de ritmo cardíaco normal.

Enquanto “dis” significa algo difícil, portanto, a disritmia é caracterizada por um ritmo cardíaco dificultado ou ruim.

Alteração do ritmo sinusal

Arritmia cardíaca é uma alteração no surgimento ou condução do impulso elétrico que movimenta o coração

Tipos de arritmias cardíacas

De acordo com a classificação da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), existem três tipos principais de arritmias cardíacas

Saiba mais sobre elas a seguir:

Taquicardias ou taquiarritmias

São caracterizadas pela aceleração da frequência cardíaca, elevando-a para mais de 100 bpm. 

Na taquicardia ventricular, por exemplo, a FC é maior ou igual a 120 bpm em pelo menos três batimentos consecutivos.

A taquicardia pode ser desencadeada por fatores comportamentais, como estresse e esforço físico, pelo consumo de alimentos estimulantes ou por doenças.

Bradicardias ou bradiarritmias 

São arritmias de padrão lento, que diminuem a FC para menos de 40 bpm. 

Um exemplo são as bradicardias decorrentes de atrasos provocados pelo bloqueio de ramo direito (BRD).

Podem ser causadas por fatores comportamentais (relaxamento) ou ambientais, como frio extremo, além de dor ou doenças.

Descompasso cardíaco

Como o nome sugere, consiste em batimentos irregulares

Séries de batidas extras (extrassístoles) e tremores que impedem a contração total dos átrios (fibrilação atrial) são exemplos.

Quais os sintomas de arritmia cardíaca?

Muitas arritmias são silenciosas.

Daí a importância do monitoramento da saúde cardíaca via realização de check up cardiológico, principalmente quando o paciente tem idade avançada ou fatores de risco para doenças cardiovasculares.

Contudo, arritmias graves afetam de tal forma o fluxo sanguíneo que causam sinais e sintomas relacionados a ele.

Elas podem ser sentidas como batidas anormais no tórax, na garganta ou no pescoço.

Em geral, a pessoa percebe que seu coração “está batendo diferente” e sente palpitações ou coração acelerado, fadiga excessiva, quedas no nível da consciência ou desmaios.

A fibrilação ventricular, por exemplo, costuma levar ao desmaio.

Trata-se de uma condição extremamente grave em que os batimentos cardíacos assumem tal desorganização que o coração já não é capaz de ejetar adequadamente o sangue (o coração já não pulsa, apenas tremula).

Mais grave ainda é a parada cardíaca, que pode resultar na morte.

As principais manifestações clínicas de arritmias são:

Mais frequentemente, as arritmias ocorrem em pacientes com doenças isquêmicas do coração, insuficiência coronariana, miocardites ou outras miocardiopatias e nos que já tiveram infarto do miocárdio, por exemplo.

O que causa arritmia cardíaca?

Toda condição que altera a produção de impulsos nervosos ou a condução deles resulta em uma mudança no ritmo cardíaco (arritmia ou disritmia).

Arritmias simples podem ser causadas por fatores externos precipitadores como cafeína, bebidas alcoólicas, estresse, fumo ou drogas.

Elas costumam ser passageiras, pois correspondem ao breve efeito dessas substâncias.

Outras, entretanto, são sintomas de doenças, a exemplo de:

  • Malformações congênitas do coração
  • Insuficiência cardíaca
  • Infarto agudo do miocárdio (IAM)
  • Apneia obstrutiva do sono
  • Hipertensão arterial sistêmica (HAS)
  • Diabetes
  • Obesidade
  • Distúrbios de tireoide.

Porém, vale ressaltar que, na maioria das vezes, a arritmia tem causa multifatorial, partindo da combinação entre patologias, condições ambientais e fatores de risco.

Obesidade, idade avançada, colesterol alto no sangue e até o consumo de certos tipos de medicamentos, como anticoncepcionais, podem colaborar para o surgimento de alterações na FC.

Arritmia cardíaca é grave?

Isso depende do tipo de arritmia e do seu efeito sobre o aparelho cardiovascular.

Alterações passageiras e provocadas por agentes externos raramente são graves, como mencionei acima.

Isso porque seu efeito sobre os batimentos cardíacos dura apenas algumas horas, cessando quando passa o pico de estresse ou a influência da substância estimulante, como um refrigerante ou chá com cafeína. 

Porém, sempre que houver sintomas ou suspeita de arritmias, é importante investigar sua origem para evitar complicações.

Afinal, aquelas desencadeadas por doenças e/ou em pacientes com fatores de risco para problemas cardíacos preocupam.

Em especial porque, quando não tratada, a arritmia cardíaca pode matar.

Segundo dados da Sobrac, 90% dos casos de morte súbita são causados por arritmia cardíaca.

Na dúvida, é sempre melhor prevenir agravos à saúde do coração.

Por que é importante diagnosticar a arritmia cardíaca?

O diagnóstico precoce impede que desdobramentos graves aconteçam, como doenças do coração e morte súbita.

Afinal, a arritmia cardíaca pode demonstrar que algo está errado com o funcionamento do coração.

Logo, o diagnóstico e o tratamento precoce permitem que o órgão e o fluxo sanguíneo retorne à normalidade, reduzindo e até mesmo eliminando os desconfortos gerados.

Com isso, também evita-se que a arritmia piore a ponto de gerar problemas cardíacos mais graves, incluindo doenças no coração e a morte súbita, e disfunções em outros órgãos – devido à alteração na distribuição de sangue.

É importante lembrar que a arritmia é um sintoma e não o problema em si, ou seja, é o diagnóstico que determina a causa e viabiliza o tratamento da forma adequada.

Por isso, é essencial ficar atento aos batimentos e a qualquer sintoma diferente, procurando um cardiologista para que ele faça a avaliação necessária.

Como é feito o diagnóstico da arritmia cardíaca?

Em primeiro lugar, o médico deve levantar uma detalhada história clínica e proceder a um exame clínico minucioso. 

Geralmente realiza, também nesta fase, um eletrocardiograma.

Em seguida, conforme a necessidade, pode solicitar um ecocardiograma para determinar o tamanho do coração, a espessura de suas paredes e as condições de suas cavidades.

Pode ser pedido, também, um teste ergométrico para verificar como o coração se comporta durante a atividade física.

Em geral, o holter 24 horas (um exame que registra o eletrocardiograma da pessoa ao exercer suas atividades rotineiras) também é utilizado, porque fornece informações úteis.

Outros exames que podem ser pertinentes, a juízo médico, incluem a angiografia coronariana, também chamada de cateterismo cardíaco.

Arritmia cardíaca tem cura?

Algumas vezes, sim.

Certas arritmias são transitórias e cessam tão logo são removidas suas causas.

Falo tanto daquelas que resultam de agentes externos quanto das que podem ser corrigidas por meio de procedimentos médicos ou mudanças nos hábitos.

Por exemplo, parar de fumar ou diminuir a ingestão de álcool, pois ambos podem estar desregulando o ritmo cardíaco.

Outras arritmias, apesar de permanentes, são inofensivas, dispensando tratamento.

Algumas, contudo, são sinais de doenças cardíacas potencialmente perigosas e requerem tratamento.

Tratamentos para arritmia cardíaca

Nas arritmias irreversíveis que causam diminuição dos batimentos cardíacos (bradicardias), a solução é a colocação de um marcapasso ou CDI (cardioversor-desfibrilador implantável) para corrigir o ritmo cardíaco.

Naquelas caracterizadas por um aumento dos batimentos isolados (extrassístoles) ou agrupados (taquicardias), podem ser tentados medicamentos para reverter o quadro.

Também é uma opção fazer a ablação por cateter, a qual efetua a cauterização do local em que ocorre o distúrbio de formação do impulso nervoso.

Na arritmia cardíaca grave e potencialmente fatal, como a fibrilação ventricular, é essencial o uso do desfibrilador para tratar rapidamente as crises e impedir que elas provoquem danos neurológicos irreversíveis.

Medicamento para arritmia cardíaca

Quando indicados, tratamentos para arritmia cardíaca podem incluir diferentes classes de medicamentos.

Fármacos antiarrítmicos como betabloqueadores e bloqueadores dos canais de cálcio são eficientes na reversão de arritmias de padrão rápido, por exemplo, devido à diminuição da frequência cardíaca.

Procedimento médico para arritmia cardíaca

Os principais procedimentos médicos para tratar alterações da FC são:

  • Ablação por cateter, feita através de uma cirurgia para cauterização das áreas doentes. Dessa forma, há normalização do ritmo cardíaco. Conforme orienta a SOBRAC (Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas), o procedimento é indicado quando não é possível atingir o resultado desejado apenas com medicamentos, ou quando se deseja efeito duradouro
  • Implante de Dispositivos Cardíacos Eletrônicos Implantáveis (DCEI), como marcapasso (MP), Cardioversor Desfibrilador Implantável (CDI) ou Ressincronizador. Geralmente, a cirurgia para colocação desses dispositivos é destinada à correção de bradicardias . Inclusive, o CDI evita a parada cardiorrespiratória ao detectar arritmias perigosas, emitindo choques elétricos de maneira automática.

É importante também ficar de olho no consumo de substâncias que podem agravar o quadro, como esclareço na sequência.

Substâncias que desencadeiam ou pioram a arritmia cardíaca

Nicotina, cafeína, álcool e drogas ilícitas estão entre as substâncias estimulantes capazes de desencadear taquicardia.

Outras substâncias que podem provocar arritmias ventriculares (que afetam as câmaras cardíacas inferiores ou ventrículos) são remédios, incluindo antiarrítmicos (quinidina, sotalol); antibióticos (eritromicina, pentamidina); antipsicóticos (haloperidol); entre outros.

Certos remédios provocam bradiarritmias, com destaque para anestésicos (propofol); antidepressivos (fluoxetina, citalopram); remédios para hipertensão (verapamil, clonidina) e antiarrítmicos (propafenona, adenosina).

A dica, então, é informar ao médico sobre alimentos, substâncias e drogas utilizados durante o tratamento da arritmia, bem como consultar a bula do remédio para identificar possível interação medicamentosa.

Quando procurar um médico para tratar a arritmia cardíaca?

Muitas arritmias são assintomáticas, sendo descobertas apenas devido à realização de exames cardiológicos motivados por outras questões.

Nesse cenário, é essencial buscar ajuda médica diante de sintomas de alterações na frequência cardíaca, uma vez que eles podem indicar casos que requerem tratamento.

Desmaio, queda na pressão arterial, cansaço extremo, tontura, palpitação e confusão mental estão entre os sinais de alerta para ir ao pronto-socorro, especialmente se surgirem dois ou mais deles simultaneamente.

Ainda que não seja diagnosticada uma doença, é importante manter o acompanhamento junto ao cardiologista para prevenir agravos à saúde.

Até porque a arritmia cardíaca pode ter diversas causas, desde problemas de saúde, como distúrbios da tireoide e obesidade, até fatores externos, incluindo o uso de substâncias estimulantes, como tabaco.

Isso significa que o tratamento costuma envolver mudanças de hábitos para evitar arritmias.

Nesse sentido, o acompanhamento especializado é essencial, pois permite verificar as melhorias e avanços, promovendo novas alterações quando necessário.

Além disso, é importante realizar exames de rotina para verificar se o coração está funcionando corretamente e se sua estrutura sofreu alguma lesão.

Arritmia Coração

Arritmia cardíaca é uma alteração do ritmo sinusal ou normal, devido a alterações na emissão dos impulsos nervosos

Como prevenir a arritmia cardíaca?

As arritmias não podem ser completamente prevenidas, mas podem ser minimizadas adotando algumas medidas, de acordo com os fatores de risco vinculados.

Entre as principais, vale citar:

  • Evitar o estresse
  • Evitar o fumo, o consumo de drogas e bebidas alcoólicas
  • Praticar exercícios físicos regulares, desde que permitidos pelo cardiologista
  • Manter a pressão arterial e o colesterol em níveis normais
  • Manter sob controle o diabetes, hipertensão e outras doenças crônicas que aumentam o risco de problemas cardíacos.

Importante esclarecer que nem sempre o quadro impede atividades profissionais, mas exige adequação, como comento abaixo.

Quem tem arritmia cardíaca pode trabalhar?

Se a arritmia não afetar a saúde ou estiver controlada, sim.

Contudo, o paciente deve evitar esforços extremos e outras tarefas que possam desencadear arritmia, como negociações muito estressantes.

É essencial passar em avaliação médica para que cada caso seja analisado e, se necessário, sejam tomadas medidas como o afastamento do trabalho até que o empregado tenha condições de retornar sem colocar a saúde em risco.

Em certas situações, o trabalhador pode se aposentar devido à arritmia grave, mas é necessário comprovar que a condição gera incapacidade para as tarefas laborais.

Para tanto, é preciso passar na perícia médica e aguardar parecer do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Telemedicina como alternativa para investigar a arritmia cardíaca

Telemedicina é uma disciplina que consiste no atendimento médico online, usando Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs).

Um de seus serviços é o telediagnóstico, que permite a interpretação de exames e emissão de laudos a distância.

Funciona assim: após a realização de exames como o eletrocardiograma (ECG), o técnico de enfermagem compartilha os gráficos na plataforma de Telemedicina Morsch.

Em seguida, um cardiologista avalia os registros pela internet e redige o laudo, assinado digitalmente para garantir a autenticidade.

Os resultados são liberados em minutos no sistema.

Assim, é possível diagnosticar doenças e distúrbios com mais agilidade e precisão, incluindo a arritmia cardíaca.

Além disso, a teleconsulta e telemonitoramento possibilitam realizar um acompanhamento mais próximo, garantindo que as indicações e os tratamentos estão surtindo os efeitos desejados.

Se for preciso, o paciente ainda conta com plantão clínico 24 horas por meio do sistema.

Basta contar com um dispositivo conectado à internet para acessar nosso software em nuvem e aproveitar todas essas vantagens.

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Conclusão

Apresentei, neste artigo, um panorama completo sobre a arritmia cardíaca.

Seu diagnóstico e tratamento são facilitados com o apoio da consulta de telemedicina, que você pode marcar em poucos cliques.

Se as informações foram interessantes para você, compartilhe!

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin