Exame neurológico: entenda quando é indicado e quais são as etapas

O exame neurológico é uma ferramenta essencial para a identificação e análise de problemas que afetam o sistema nervoso.
Através de procedimentos relativamente simples, essa avaliação revela informações sobre o funcionamento do cérebro, medula espinhal e nervos que coordenam todas as tarefas desempenhadas pelo organismo.
Daí a necessidade de neurologistas, clínicos e outros profissionais conhecerem a dinâmica e as possíveis alterações mostradas durante os testes.
Para ampliar seus conhecimentos no tema, elaborei este artigo com orientações importantes.
Acompanhando até o fim, você também encontra dicas para otimizar a emissão de laudos médicos de exames neurológicos complementares, utilizando tecnologias como a telemedicina.

O que é um exame neurológico?
Exame neurológico é uma avaliação clínica que investiga distúrbios do sistema nervoso.
Ela é composta por uma série de testes físicos que analisam a função das estruturas responsáveis pelo funcionamento do corpo humano.
Anamnese médica, nível de consciência, reflexos, equilíbrio e sensibilidade são algumas etapas do exame neurológico.
Traumas, concussões, suspeita de tumores ou AVC (acidente vascular cerebral) podem motivar a avaliação, que também costuma ser realizada em pacientes internados.
Dependendo da suspeita clínica, o médico pode focar no estudo minucioso de determinadas respostas neurológicas, sejam elas voluntárias ou não.
Nesses casos, um exame completo pode incluir testes complementares como eletroencefalograma e polissonografia, que colaboram para diagnósticos certeiros.
Para que serve o exame neurológico?
O exame neurológico serve para constatar anormalidades no sistema nervoso, indicando lesões e patologias.
Apesar do salto tecnológico promovido por inovações no campo da neurologia nas últimas décadas, a avaliação clínica continua sendo um mecanismo norteador para o diagnóstico e tratamento de transtornos.
Inclusive, é a partir dessa avaliação que neurologistas podem solicitar exames mais específicos, resultando em uma análise ampla e aumentando as chances de um prognóstico positivo.
É por isso que o exame neurológico vem sendo estudado e aperfeiçoado por mais de 100 anos, se tornando cada vez mais confiável e eficiente.
Ao contrário de outras abordagens médicas, seus testes se concentram nas funções desempenhadas pelas estruturas anatômicas, e não nas estruturas em si.
Até porque a análise aprofundada das estruturas só é possível através de cirurgia ou exames de diagnóstico, uma vez que a maior parte delas (especialmente o sistema nervoso central) está protegida pelos ossos do crânio ou da coluna.

Traumas, concussões, suspeita de tumores ou AVC (acidente vascular cerebral) podem motivar a avaliação
Em resumo, o exame neurológico auxilia na detecção de:
- Doença autoimune, quando o próprio organismo ataca células saudáveis
- Lesões no cérebro e nos nervos
- Tumores
- Doenças cardiovasculares
- Inflamações
- Infecções
- Doenças degenerativas
- Patologias metabólicas.
A seguir, falo sobre as suas indicações.
Quando o exame neurológico é indicado?
A avaliação é indicada na suspeita de transtorno neurológico ou lesões que afetam cérebro, medula espinhal ou nervos.

Nesse contexto, o paciente pode apresentar sintomas como:
- Confusão mental
- Alterações no comportamento
- Desequilíbrio
- Síncope (desmaio)
- Diferentes tipos de convulsão
- Paralisia facial
- Enrijecimento de parte do corpo
- Espasmos
- Descontrole dos movimentos, por exemplo, tiques
- Zumbido
- Visão embaçada ou turva
- Dor de cabeça
- Alucinações
- Tremores
- Formigamento
- Rigidez muscular
- Problemas de raciocínio
- Perda frequente de memória
- Problemas de marcha (para caminhar).
Entenda na sequência como o exame neurológico é realizado.
Como fazer o exame neurológico?
O exame é composto, basicamente, por anamnese e avaliação física.
A ideia é que, ao final da avaliação, seja possível descrever um exame físico neurológico abrangente e identificar anormalidades que sinalizem comprometimento neurológico.
Formado por cérebro e medula espinhal, o sistema nervoso central (SNC) coordena as ações realizadas pelo corpo, enviando mensagens com comandos através dos nervos.
Nervos e terminações nervosas compõem o sistema nervoso periférico, responsável pela entrega das mensagens emitidas pelo SNC.
Portanto, cérebro, medula e nervos periféricos são os objetos de estudo do exame neurológico.
Veja, a seguir, descrição e detalhes de cada etapa dessa avaliação.
Anamnese
O primeiro passo de qualquer exame neurológico é uma entrevista com o paciente, conhecida como anamnese.
Nessa etapa, o médico se informa sobre o que motivou o acompanhamento neurológico, além do histórico do paciente.
Se houver doenças preexistentes ou crônicas, é importante saber quando elas foram desencadeadas, possíveis causas, evolução dos sintomas, exames e tratamentos realizados.
Além do relato do paciente, é preciso considerar seu histórico pessoal e características, como idade, sexo, profissão, contatos ambientais, rotina e comportamentos.
Exame físico neurológico: principais avaliações
Estímulos simples e complexos são avaliados durante os testes físicos, que têm por objetivo determinar anomalias no funcionamento do sistema nervoso.
Como as respostas são baseadas em evidências que devem ser interpretadas, cada etapa da avaliação física possui padrões para orientar o que é considerado normal.
São os desvios desses padrões que indicam danos à integridade das conexões nervosas do corpo.
A Sociedade Brasileira de Neurologia (SBN) recomenda que o exame físico seja composto da avaliação das funções neurológicas motoras, sensitivas, sensoriais e superiores.
1. Nível de consciência
O teste do nível de consciência serve para medir o grau de alerta comportamental do paciente, detectando se ele está em coma ou mesmo a gravidade do impacto após um trauma cranioencefálico.
O protocolo mais comumente utilizado nesta etapa é a escala de coma de Glasgow.
Essa ferramenta atribui pontuação específica (de 3 a 15 pontos) de acordo com as respostas do paciente a três tipos de exame: abertura ocular, capacidade verbal e motora.
Um escore abaixo de 8 indica estado de coma ou trauma grave. De 9 a 12, a situação é moderada. Já uma pontuação acima de 13 aponta impactos leves.

2. Estado mental
Quando o paciente não apresenta dano neurológico severo, o médico segue para a análise do conteúdo da consciência, que detalha o nível de compreensão e elaboração de tarefas complexas, como as relativas à linguagem e comunicação.
Essa avaliação pode ser feita através de ferramentas como o MEEM (Mini-Exame do Estado Mental), formado por uma série de perguntas e atividades.
Localização, data, hora, repetição de palavras, leitura, desenho e resolução de problemas matemáticos são tarefas realizadas durante o MEEM.
Ao final do teste, o neurologista compara a pontuação do paciente às notas de corte consideradas normais, que dependem de fatores como idade e escolaridade.
3. Nervos cranianos
Caso suspeite de danos nos órgãos dos sentidos (ouvidos, olhos, língua, nariz), região do rosto, pescoço, ombros ou partes internas do encéfalo, o médico realiza testes específicos para examinar os 12 pares de nervos presentes no crânio.
Geralmente, o exame neurológico inclui ao menos alguns testes desses nervos, que são frequentemente afetados por traumas, lesões, infecções e até por alterações no fluxo sanguíneo.
Um exemplo é o estudo do nervo facial, responsável pela movimentação dos músculos do rosto e sensibilidade gustativa na maior parte da língua.
Para verificar a sua integridade, o neurologista examina a face do paciente, buscando qualquer anormalidade ou assimetria, tanto em repouso quanto durante movimentações como enrugar a fronte e mostrar os dentes.
4. Coordenação e equilíbrio fazem parte do exame neurológico
Além dos nervos cranianos, o corpo humano possui nervos motores e sensitivos, que são responsáveis pela coordenação e equilíbrio durante os movimentos.
Nervos motores levam impulsos do cérebro até os músculos voluntários, resultando no movimento de braços e pernas, por exemplo.
Já os nervos sensitivos transportam ao encéfalo dados sobre sensações (dor, temperatura, vibração), forma e posição de objetos.
Para testar a coordenação, é comum que se peça ao paciente para tocar um dedo com o indicador e, em seguida, o nariz. Ele pode repetir esse movimento várias vezes, com os olhos abertos e fechados.
A posição e equilíbrio são avaliados por meio do Teste de Romberg, no qual o paciente fica de pé, parado e com os pés juntos.
Assim, o médico observa se consegue manter o equilíbrio, tanto com os olhos abertos quanto fechados.
5. Marcha
Após avaliar o equilíbrio e coordenação, o neurologista testa a marcha do paciente, pedindo que ele caminhe em linha reta com os olhos fechados, colocando um pé à frente do outro.
Também são realizadas caminhadas apoiadas no calcanhar e na ponta dos pés, a fim de medir a força dos músculos da panturrilha.
Distúrbios na marcha podem indicar diversas doenças ou lesões, como Parkinson e danos ao cerebelo (área do cérebro que coordena o equilíbrio e movimentos voluntários).
6. Exame de motricidade
Nesta etapa, são realizados testes para avaliar os movimentos espontâneos executados pelo corpo.
Enquanto os movimentos voluntários dependem de ordens do cérebro, os involuntários ocorrem sem interferência cerebral, e são examinados através de reflexos.
A motricidade voluntária é medida, pedindo que o paciente realize movimentos em várias partes do corpo, contra a resistência do examinador ou da gravidade (teste de força) ou com sensibilização, mantendo os membros na mesma posição por alguns instantes.

Quando um músculo apresenta fraqueza excessiva ou não consegue desempenhar movimentos de forma adequada, isso pode significar que há algo errado com a região do cérebro, medula ou nervos que controlam esse músculo.
7. Reflexos
São reações automáticas mediante alguns estímulos.
Os reflexos não envolvem ordens do cérebro.
Sua resposta segue por nervos sensitivos até a medula espinhal, de onde são transmitidos a um nervo motor.
Ele, então, manda um sinal para determinado músculo, desencadeando o reflexo.
O mais conhecido é o reflexo patelar, no qual o médico dá uma pancada leve no joelho do paciente com um martelo de borracha.
A reação esperada é que o músculo da coxa se contraia e a parte abaixo do joelho se mova.
Caso o organismo não dê a resposta adequada, é sinal de algum problema nos nervos envolvidos, medula ou músculos.
8. Teste de sensibilidade como exame neurológico
O teste de sensibilidade serve para verificar a capacidade do tato em algumas regiões da pele, a fim de investigar sintomas como formigamento.
Em geral, é realizado com o estímulo de um objeto específico, que é encostado brevemente na área examinada, sem que o paciente possa enxergá-la.
O neurologista pede que o paciente relate quando sentir o contato com o objeto, registrando as respostas em uma ficha.
A perda da sensibilidade pode ser consequência de ferimentos, lesões e infecções nos nervos sensoriais.
9. Avaliação do tônus e trofismo muscular
O teste do nível de resistência involuntária (tônus muscular) exige que o músculo esteja relaxado.
Em seguida, o médico movimenta o membro para verificar a reação muscular, que, quando reduzida ou flácida, sinaliza, possivelmente, uma doença do sistema nervoso periférico.
Se o tônus estiver aumentado abruptamente, pode indicar lesões na medula espinhal ou AVC.
Também são analisadas alterações do estado trófico muscular, como atrofias e fasciculações, que podem ser manifestação de doenças neuromusculares.
10. Pesquisa de sinais meníngeos
Na suspeita de quadros infecciosos como a meningite, o médico costuma incluir a pesquisa de sinais meníngeos na avaliação física neurológica.
Basicamente, são realizados três testes capazes de indicar infecções:
- Rigidez de nuca: consiste na avaliação da capacidade extensora cervical, a fim de identificar possível limitação à movimentação
- Sinal de Brudzinski: teste feito através da aplicação de força para a flexão passiva do pescoço
- Sinal de Kernig: realizado em decúbito dorsal e com o joelho a 90° do corpo, acompanhado por uma perna paralela ao corpo. A perna é estendida lentamente pelo médico.
Há, ainda, os chamados exames complementares.
Exames complementares na neurologia
Embora o exame neurológico seja bastante eficiente, há casos em que é preciso estudar melhor os estímulos do sistema nervoso, a fim de fornecer um diagnóstico preciso.

Por isso, ao constatar anormalidades, médicos podem pedir o auxílio de diferentes exames.
Eletroencefalograma e polissonografia são os mais comuns nesse campo.
Eletroencefalograma (EEG)
Consiste em um monitoramento dos impulsos elétricos emitidos pelo cérebro, obtido a partir da fixação de eletrodos em partes da cabeça do paciente.
Seu resultado é expresso por meio de um traçado que mostra as chamadas ondas mentais, que estão relacionadas a algumas atividades cerebrais.
Esse traçado é comparado a padrões de normalidade que levam em conta a idade, histórico e condição de saúde do paciente.
O EEG é eficaz para apoiar o diagnóstico de inflamações e doenças, como a epilepsia.
Polissonografia no exame neurológico
Utilizada para verificar a existência de distúrbios do sono, a polissonografia é um monitoramento mais completo das ações do paciente enquanto ele dorme.
O exame é composto por testes que medem, além da atividade cerebral, o funcionamento muscular, respiratório, cardíaco, entre outros.
Narcolepsia (sonolência de modo súbito e incontrolável), apneia (obstrução súbita da respiração) e estágios avançados de DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) são alguns dos problemas investigados durante o exame.

A avaliação é indicada na suspeita de transtorno neurológico ou lesões que afetam cérebro
Teleneurologia: telemedicina na neurologia
Observamos, ao longo deste texto, que a complexidade do exame neurológico exige uma série de conhecimentos.
Essa avaliação é apenas uma das tarefas dos neurologistas que atuam em clínicas e hospitais.
Com uma rotina intensa, esses profissionais podem ficar sobrecarregados ao acumular diversas atividades em um mesmo dia, como avaliações neurológicas e a interpretação dos exames complementares.
Entretanto, o laudo médico do eletroencefalograma, polissonografia e outros exames só pode ser emitido e assinado por especialistas.
Nesse cenário, empresas uniram telemedicina e neurologia para criar a teleneurologia, uma opção inteligente para acabar com a sobrecarga de neurologistas e otimizar os resultados de exames.
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Conclusão
Abordei, neste texto, as principais etapas, orientações e testes que integram o exame neurológico.
Fica clara sua importância, além da necessidade de exames complementares, como eletroencefalograma e polissonografia, em casos específicos.
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