Posição prona: o que é, para que serve e quais os cuidados necessários?

Por Dr. José Aldair Morsch, 10 de abril de 2023
Posição prona

A posição prona é conhecida pelo alívio de problemas respiratórios, incluindo o tratamento do doente crítico.

Daí a importância para que médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem conheçam sua técnica, principalmente se atuarem em UTI.

Assim, podem fazer o correto manejo do paciente e alcançar benefícios como um menor tempo de recuperação.

Se o tema interessa, continue lendo este texto.

A partir de agora, trago a definição, finalidade e cuidados ao utilizar a pronação em serviços de saúde.

O que é posição prona?

Posição prona é uma manobra que coloca o paciente deitado sobre a região ventral, ou seja, de bruços.

Também conhecida como decúbito ventral, essa é uma posição oposta ao decúbito dorsal, que costuma ser mais usado para pacientes acamados.

No entanto, dependendo da condição clínica do doente, é preciso variar seu posicionamento ou mesmo mantê-lo em certa posição na maior parte do dia.

Para tanto, a escolha fica entre:

  • Decúbito dorsal: o doente fica deitado sobre o dorso, com a porção anterior para cima
  • Decúbito lateral: é caracterizada por uma pessoa deitada sobre o lado esquerdo ou direito do corpo
  • Posição de Sims: é uma variação do decúbito lateral, em que a perna que ficar sobre a outra se apoia numa superfície, com leve flexão
  • Posição de Fowler: coloca o paciente parcialmente sentado, de forma que o corpo fique alinhado à cama ou mesa cirúrgica, com os joelhos levemente elevados e a cabeceira num ângulo entre 45° e 60°. Também é indicada para o repouso
  • Posição de Trendelenburg: outra variação do decúbito dorsal, mas que eleva a parte inferior do corpo. O paciente é fixado na maca, que sofre elevação para deixar a cabeceira mais baixa.

A seguir, trago mais detalhes sobre a indicação médica dessa posição.

Para que serve a posição prona?

Entre as principais finalidades está o alívio da hipoxemia causada pela Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA).

Segundo estudo publicado na Revista Médica de Minas Gerais (RMMG), isso ocorre porque:

“O posicionamento em posição prona explora a gravidade e o reposicionamento do coração no tórax para recrutar os alvéolos pulmonares e melhorar a relação ventilação/perfusão e a oxigenação arterial. O gradiente gravitacional da pressão pleural é reduzido, as pressões transpulmonares são mais uniformes e o recrutamento alveolar pode ser alcançado em regiões atelectásicas sem prejudicar regiões que já haviam sido recrutadas”.

Nesse cenário, a técnica de pronação tem sido especialmente relevante nos cuidados de casos críticos de Covid-19 e outras doenças que acometem as vias aéreas inferiores.

Outra utilidade está na realização de cirurgias na região posterior, além da variação do posicionamento de pacientes acamados para prevenir escaras.

Quando a posição prona é usada em unidade de terapia intensiva?

A indicação mais frequente é para doentes que estejam sofrendo de SDRA, seja em estado moderado ou grave, e outros tipos de insuficiência respiratória.

De acordo com este artigo de revisão sobre o tema, deve-se considerar a manobra quando for necessário:

  • Melhorar a oxigenação arterial por meio de altas frações inspiradas de oxigênio
  • Reduzir a lesão pulmonar induzida pela ventilação mecânica. Neste caso, a posição prona deve ser utilizada o mais rápido possível, imediatamente após o diagnóstico da SDRA/lesão pulmonar aguda e pelo maior tempo possível.

Apesar das indicações, é preciso ter uma equipe treinada para a realização da técnica de pronação corretamente, evitando riscos ao doente crítico.

Quais os benefícios da posição prona para os pacientes?

Cerca de dois terços dos pacientes com SDRA apresentam melhora do quadro quando colocados em posição prona por algumas horas.

O que decorre da melhora ventilatória, que chega a diminuir a mortalidade por SDRA na UTI.

O decúbito ventral também pode oferecer maior conforto respiratório ao aliviar a pressão sobre a área posterior dos pulmões.

Quais as contraindicações da posição prona?

Conforme o já citado artigo de revisão, divulgado no Jornal Brasileiro de Pneumologia, a manobra é contraindicada em caso de:

  • Queimadura ou ferimentos na face ou região ventral do corpo
  • Instabilidade da coluna vertebral
  • Hipertensão intracraniana
  • Arritmias graves
  • Hipotensão severa.

A presença de cateteres de diálise e drenos torácicos não chega a contraindicar a posição prona, mas pede cautela em sua utilização.

Cuidados de enfermagem na posição prona

A execução da técnica de pronação necessita de quatro profissionais treinados.

Antes de começar, eles devem verificar se todos os acessos e cateteres estão desconectados e se o tubo endotraqueal está posicionado 2 cm acima da carina, fixado com segurança.

Com tudo certo, um dos profissionais deve ficar atento ao tubo endotraqueal e fazer aspiração da cânula, se for preciso.

Enquanto isso, um colega zela para que cateteres, drenos e conexões não sofram tração durante os movimentos.

As outras duas pessoas devem ficar uma de cada lado do leito, a fim de virar o paciente, começando pelo decúbito lateral.

Em seguida, completam a técnica para que o doente fique em decúbito ventral, com os braços ao longo do corpo e cabeça para o lado.

Lembrando que a saturação precisa ser monitorada pelo menos uma hora mais tarde, e a cabeça deve ser virada para o outro lado a cada duas horas.

Posicionamento prona

A posição prona ajuda a melhorar a oxigenação arterial por meio de altas frações inspiradas de oxigênio

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Conclusão

Neste artigo, abordei as indicações, contraindicações e cuidados na execução da posição prona.

Se ficou alguma dúvida ou sugestão, deixe um comentário abaixo.

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A imagem em destaque neste artigo é de Amélie Benoist/Science Source

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin