Cuidados paliativos: o que são, princípios, tipos e como aplicar
![Os cuidados paliativos são fundamentados em 9 princípios definidos pela OMS Cuidados paliativos](https://telemedicinamorsch.com.br/wp-content/uploads/2023/09/cuidados-paliativos-telemedicina-morsch.jpg)
Os cuidados paliativos não se restringem à fase terminal.
Sempre que possível, é importante que eles sejam iniciados junto a outros tratamentos, inclusive com finalidade curativa.
Dessa forma, o paciente poderá contar com um atendimento humanizado e completo, conduzido por uma equipe multidisciplinar.
Nos próximos tópicos, falo sobre a importância, princípios e exemplos de cuidados paliativos, incluindo estratégias para conduzir boas práticas na clínica ou hospital.
Você também vai entender a contribuição da telemedicina para esse tipo de assistência.
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O que são cuidados paliativos?
Cuidados paliativos são aqueles destinados a pacientes com patologias que representam risco de vida.
Ou, como define o Instituto Nacional do Câncer (Inca):
“São os cuidados de saúde ativos e integrais prestados à pessoa com doença grave, progressiva e que ameaça a continuidade de sua vida”.
Esse conjunto de práticas serve para dar maior conforto ao paciente ao longo do tratamento, além de fornecer suporte aos familiares e cuidadores.
Para tanto, a assistência combina os conhecimentos de uma equipe multidisciplinar, que pode incluir médicos, psicólogos, profissionais de enfermagem, nutrição, fonoaudiologia, fisioterapia, assistentes sociais, entre outros.
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Como mencionei na introdução do texto, os cuidados paliativos não se resumem à fase terminal – podem ser adotados logo após o diagnóstico da afecção.
O alívio do sofrimento está entre seus principais propósitos, junto ao tratamento da dor e outros sintomas incômodos.
Durante o acompanhamento contínuo, os profissionais de saúde ainda podem fazer o diagnóstico precoce de agravos à saúde, evitando complicações graves.
Qual a importância dos cuidados paliativos?
Adotar cuidados paliativos é importante porque promove a humanização do atendimento em consultórios, clínicas e hospitais.
A partir do acolhimento em saúde, é possível ampliar o bem-estar do paciente e, simultaneamente, oferecer uma rede de apoio aos familiares e cuidadores.
Isso porque as estratégias de cuidados paliativos vão além do aspecto físico e biológico, sendo baseadas numa visão holística de cada pessoa.
Nesse cenário, as esferas psicológica, social e espiritual também são contempladas e integradas às rotinas médicas para potencializar seus efeitos sobre a saúde do paciente.
Segundo descreve o artigo “Cuidados Paliativos: a importância do cuidado, do conforto e do controle dos sintomas”:
“O objetivo principal não é buscar a cura de forma obstinada e não reflexiva, mas, sim, cuidar, além da cura, sendo esta possível ou não. É prestar suporte aos pacientes e familiares, bem como gerenciar complicações frequentes e sintomas difíceis e a ação conjunta de uma dedicada equipe multiprofissional atenta às necessidades. A qualidade de vida deve ser uma busca incessante, devendo estar presente tanto no árduo curso oscilante das doenças crônicas geradoras de sofrimento como, também, nas doenças graves com prognóstico desfavorável e na finitude da vida”.
O acesso a esses cuidados melhora a qualidade de vida do paciente, familiares e cuidadores, disponibilizando ferramentas diferenciadas para o enfrentamento de doenças graves, crônicas e progressivas.
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Portanto, faz sentido entender os cuidados paliativos como instrumentos de promoção da saúde integral fundamentados no conceito descrito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para a qual a saúde é:
“Um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”.
Quais são os princípios dos cuidados paliativos?
Em vez de protocolos, os cuidados paliativos são fundamentados em nove princípios.
São eles:
- Promover o alívio da dor e outros sintomas desagradáveis
- Afirmar a vida e considerar a morte como um processo normal da vida
- Não acelerar nem adiar a morte
- Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente
- Oferecer um sistema de suporte que possibilite o paciente viver tão ativamente quanto possível, até o momento da sua morte
- Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença do paciente e a enfrentar o luto
- Abordagem multiprofissional para focar as necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo acompanhamento no luto
- Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença
- Deve ser iniciado o mais precocemente possível, juntamente com outras medidas de prolongamento da vida, como a quimioterapia e a radioterapia, e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clínicas estressantes.
Esses princípios foram definidos pela OMS em 1986, e reafirmados na revisão atual Atlas de Cuidados Paliativos na Terminalidade da Vida.
Quando são indicados os cuidados paliativos?
O critério empregado para indicar a oferta de cuidados paliativos é a presença de uma doença que ameace a continuidade da vida do paciente.
Significa que nem sempre esse tipo de assistência é destinado a pessoas no fim da vida, pois pode fornecer suporte emocional e psíquico concomitante a terapias curativas.
Ou mesmo ao longo do tratamento de manutenção para patologias crônicas, que pode se estender por vários anos ou até décadas.
Nesse sentido, doenças neurodegenerativas, cardiovasculares e câncer são exemplos em que há recomendação para os cuidados paliativos.
Assim como patologias congênitas e/ou com avanço progressivo, como a esclerose múltipla.
Cabe à equipe médica ter um olhar empático para observar quando as necessidades do doente e familiares não estão sendo supridas pelo tratamento convencional, e indicar as medidas paliativas.
Em suma, elas podem começar a qualquer momento em que se façam desejáveis, sendo ofertadas a pessoas de qualquer idade, com qualquer prognóstico ou condição clínica.
![Paliativismo](https://telemedicinamorsch.com.br/wp-content/uploads/2023/09/paliativismo-telemedicina-morsch.jpg)
Os cuidados paliativos não se resumem à fase terminal e podem ser adotados logo após o diagnóstico da afecção
Tipos de cuidados paliativos
Os cuidados paliativos envolvem quatro dimensões, que são trabalhadas em conjunto a fim de proporcionar assistência integral centrada na pessoa – e não na doença.
Daí a necessidade de que sejam realizados por uma equipe multiprofissional, permitindo que os saberes se complementem e proporcionem acolhimento ao paciente.
A assistência pode ser disponibilizada pessoalmente, de maneira remota (usando uma plataforma de telemedicina) ou híbrida, quando ambas as modalidades são utilizadas.
Veja detalhes sobre os tipos de cuidados paliativos a seguir.
Cuidados físicos
A esfera física é semelhante a outros formatos de assistência, sendo conduzida por médicos, profissionais de enfermagem e outros colegas da área da saúde.
Cada um contribui com uma parte do tratamento, que é personalizado para suprir o que o paciente precisa.
As abordagens podem combinar medicamentos, exercícios de reabilitação, rotinas para prevenir agravos à saúde, dieta especial etc.
Cuidados psicológicos
O apoio psicológico faz toda a diferença, especialmente em situações delicadas vivenciadas por grande parte das pessoas que recebem cuidados paliativos.
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Manter a mente saudável ajuda a enfrentar períodos de crise, perda da autonomia, desconforto extremo e a ideia de que a morte se aproxima.
Familiares, amigos e cuidadores também se beneficiam do suporte de profissionais de saúde mental para diminuir o estresse e sobrecarga de preocupações.
E receber ajuda após a morte do doente, na fase de luto.
Cuidados espirituais
Fé e espiritualidade também fazem parte dos cuidados paliativos, uma vez que oferecem conforto e esperança aos pacientes e familiares.
Nesse sentido, é essencial que as crenças do doente sejam respeitadas, possibilitando que atividades como aconselhamentos e rituais façam parte do seu dia a dia.
Cuidados sociais
Ainda que o paciente esteja fisicamente fragilizado, é saudável que participe de reuniões sociais para aumentar o bem-estar.
Refeições em família, jogos com amigos e outros contextos divertidos podem e devem integrar a rotina, desde que respeitem as limitações do doente.
![Assistência paliativa](https://telemedicinamorsch.com.br/wp-content/uploads/2023/09/assistencia-paliativa-telemedicina-morsch.jpg)
Adotar cuidados paliativos promove a humanização do atendimento em consultórios, clínicas e hospitais
Exemplos de cuidados paliativos
Os cuidados paliativos têm como foco o alívio do sofrimento físico e emocional.
Nesse contexto, um dos exemplos emblemáticos é o combate a qualquer tipo de dor, seja de intensidade leve, moderada ou severa.
Para tanto, podem ser usados fármacos analgésicos potentes, como a morfina – principalmente quando a doença se encontra em estágio avançado.
Também podem ser feitos alongamentos, acupuntura, massagens, ingestão de chás e outros alimentos com propriedades calmantes e analgésicas.
Diminuir o mal-estar gerado por tratamentos como quimioterapia também se enquadra entre os cuidados paliativos.
Assim como o respeito às decisões do paciente e a priorização de rotinas mais confortáveis, que resultem em menor desgaste físico e emocional.
Falando em emoções, muitas pessoas se sentem bem compartilhando sua experiência em sessões de terapia com o psicólogo, grupos de apoio e rodas de conversa que abordam assuntos tabus.
Conversar sobre a morte, sofrimento, saudades, legado e detalhes sobre a própria vivência ajuda a tornar o dia a dia mais leve.
O que é PPS em cuidados paliativos?
PPS (Palliative Performance Scale) é uma escala que avalia a funcionalidade do paciente, embasando a indicação de cuidados paliativos.
Criada pela Victoria Hospice Society, a ferramenta ainda tem valor prognóstico e pode ser usada como critério para avaliação da capacidade de trabalho.
Como explica um estudo publicado na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia:
“Essa escala analisa cinco parâmetros: mobilidade, atividade e evidências de doenças, autocuidado, ingestão e estado de consciência e atribui valores de 0% a 100%, sendo que 0% significa a morte, 100% que o doente não possui alteração funcional. A escala PPS avalia cuidados paliativos se o paciente apresenta escore menor do que 40%”.
A PPS é uma das escalas de referência utilizadas em serviços de saúde para finalidades específicas, como a iniciação de cuidados paliativos em UTI.
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Como aplicar os cuidados paliativos?
A aplicação dos cuidados paliativos deve ser individualizada para que atenda às expectativas e necessidades de cada paciente.
Para tanto, é importante seguir os princípios preconizados pela OMS no já citado Atlas de Cuidados Paliativos na Terminalidade da Vida, junto a normas nacionais como a Resolução 41/2018.
Ao estabelecer diretrizes para a organização dos cuidados paliativos, à luz dos cuidados continuados integrados, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), o documento reforça pilares como a promoção da qualidade de vida por meio da melhoria do curso da doença.
Também acrescenta ferramentas como a comunicação sensível e empática, realizada por meio de três premissas:
- Respeito à autodeterminação do indivíduo
- Promoção da livre manifestação de preferências para tratamento médico através de diretiva antecipada de vontade (DAV)
- Esforço coletivo em assegurar o cumprimento de vontade manifesta por DAV.
Profissionais contam ainda com a possibilidade de se qualificar nessa área, como explico a seguir.
Cursos de cuidados paliativos
Existem diversas opções para quem deseja se capacitar na oferta de cuidados paliativos.
Grande parte dos cursos é destinada a profissionais de saúde, oferecendo os formatos de pós-graduação, extensão e cursos livres, mas que exigem que os alunos tenham graduação ou técnico na área da saúde.
O próprio Sistema Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) oferece a qualificação profissional “Abordagem Domiciliar em Cuidados Paliativos Interdisciplinar”, com 45 horas de duração e no formato educação à distância (EaD).
Controle dos sintomas mais prevalentes como fadiga, anorexia e dor, procedimentos, escores e escalas utilizadas na avaliação do paciente estão entre os temas abordados.
Outras instituições públicas e privadas que oferecem capacitações nessa área são Fiocruz, Senac e Centro de Educação do Hospital Albert Einstein.
Cuidados paliativos na telemedicina
A telemedicina funciona como uma disciplina que conecta pacientes e equipes de saúde de maneira prática e segura.
Toda a comunicação é feita por meio de um software em nuvem.
É um local de armazenamento na internet com espaço infinito e que pode ser acessado a partir de qualquer dispositivo conectado à rede.
Nesse cenário, a telemedicina viabiliza cuidados paliativos a distância, apoiando a qualidade da assistência em domicílio.
Basta que o paciente ou cuidador use um notebook, tablet ou mesmo um smartphone para conversar e receber orientação de profissionais de saúde, sem precisar se deslocar.
Isso garante comodidade no acompanhamento por meio da teleconsulta, que é o atendimento feito por médicos, psicólogos, enfermeiros, etc.
Usando recursos avançados de áudio e vídeo, eles prestam assistência via videoconferência, numa sala virtual exclusiva dentro da plataforma de telemedicina.
O sistema ainda possibilita o telemonitoramento, garantindo a continuidade dos cuidados de saúde e dando suporte ao esclarecimento de dúvidas dos cuidadores.
O software completo da Telemedicina Morsch ainda disponibiliza:
- Teleconsultoria para esclarecer questões amplas de saúde
- Prontuário eletrônico, que compila e organiza todas as informações do histórico do paciente
- Proteção de mecanismos de autenticação e criptografia
- Telediagnóstico, que acelera a entrega de laudos de exames.
Conheça soluções pensadas para otimizar o trabalho da equipe médica.
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Conclusão
Ao final deste artigo, espero ter contribuído para ampliar seus saberes sobre cuidados paliativos.
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E leia mais conteúdos para profissionais de saúde que publico aqui no blog.