Lesão por Esforço Repetitivo (LER): como prevenir, diagnosticar e tratar
Quem já sofreu, sabe como a Lesão por Esforço Repetitivo (LER) pode ser um incômodo significativo.
Uma dor incapacitante, que não deixa a pessoa realizar as tarefas do dia a dia.
E isso vale também para o ambiente profissional.
Anualmente, 39 mil pessoas são afastadas do trabalho no país devido a problemas com LER, segundo dados do governo federal.
São números que mostram como esse é um assunto delicado e que precisa ser levado a sério.
Aqui na Morsch, a saúde ocupacional tem um papel importante.
Neste artigo, vou explicar o que é lesão por esforço repetitivo e quais são os principais tipos.
Também vou abordar as causas mais comuns e mostrar como prevenir esse problema, além de apontar os tratamentos indicados.
Lendo até o final, você vai saber ainda como as empresas devem se preparar para lidar com doenças ocupacionais.
Acompanhe a leitura e não sofra mais com lesões por esforço repetitivo!
Lesão por Esforço Repetitivo: o que é LER?
A Lesão por Esforço Repetitivo é aquela decorrente de atividades realizadas de forma contínua e diária, como digitar no computador, dirigir caminhão, carregar caixas e tocar piano.
É um problema associado à atividade profissional de cada pessoa, e pode ser entendida como uma doença ocupacional em muitos casos.
Também se usa a denominação DORT, Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho, em uma referência mais específica às condições de trabalho.
Vários fatores de risco influenciam para a ocorrência de lesão por esforço repetitivo.
Entre eles, postura incorreta, falta de treinamento e levantamento de itens pesados, entre outros.
As lesões do tipo LER acontecem muito frequentemente em pessoas que fazem uso excessivo e talvez inadequado de algumas articulações do corpo.
É o caso de quem trabalha longas horas no computador, operadores de caixa registradora, trabalhadores de linhas de montagem, entre outros.
O aspecto repetitivo da atividade tem muito a ver com isso, pois a LER é verificada mesmo em funções que não demandam necessariamente força física.
Por exemplo, segundo o Ministério da Saúde, a digitação tem contribuído para o aumento do número de casos de doenças ocupacionais.
Com metas altas, muitos profissionais se dedicam à atividade por turnos longos, às vezes se descuidando da postura e da necessidade de intervalos e exercícios.
Assim, acabam desenvolvendo tendinite ou outras doenças decorrentes do esforço contínuo.
No próximo tópico, vou abordar alguns desses problemas.
Principais tipos de Lesão por Esforço Repetitivo
Várias doenças diferentes podem ser enquadradas no grupo das LER.
As horas e horas de desgaste contínuo de uma mesma articulação, por anos a fio, acabam cobrando um preço eventualmente.
Podem acontecer inflamações nas estruturas ósseas, nos músculos ou nos tendões, ou até mesmo problemas de compressão de nervos e circulação.
Algumas da lesões mais frequentes são as seguintes:
Tendinites nos extensores dos dedos
Inflamação nos tendões, estruturas que se esticam toda vez que o músculo se contrai.
Pode acontecer em qualquer articulação, mas é mais comum nos punhos, joelhos, ombros e cotovelos, além dos dedos da mão e antebraços, sempre causada pela carga excessiva naquela região.
Tenossinovite dos flexores dos dedos
Inflamação da membrana sinovial, que recobre os tendões flexores, nas palmas da mão, causando dor e impedindo o movimento correto de flexão dos dedos.
Síndrome do Túnel do Carpo
Uma forma bem comum de LER, causada pela compressão do nervo mediano (que vem do braço e passa pelo punho), ocasionada pelo inchaço na região, causado pelo excesso de atividade.
Tratada com antiinflamatórios, repouso, uso de acessórios como munhequeiras ou, em casos mais graves, cirurgia.
Bursite
Inflamação na bursa, estrutura presente nas articulações com o propósito de envolvê-las em um líquido e deixá-las lubrificadas.
Epicondilite lateral
Também conhecida como “tennis elbow” (cotovelo de tênis), causada pela inflamação das pequenas protuberâncias dos ossos dos cotovelos, os chamados epicôndilos.
Provoca muita dor ao praticar atividades comuns que demandam o uso da articulação do cotovelo.
Muito frequente em quem trabalha levantando peso ou fazendo trabalhos manuais, além de donas de casa.
Doença de Quervain
Inflamações dos tendões que passam pelo punho ao lado do polegar.
Dificulta os movimentos do polegar e do punho, como digitar, escrever à mão, arquivar documentos, enfim, qualquer atividade que exija dessas articulações.
Sintomas de Lesão por Esforço Repetitivo
Como vimos, há diferentes tipos de lesão por esforço repetitivo, mas alguns sintomas são comuns a todos.
O principal deles é a dor causada por um esforço que deveria ser natural ao corpo.
Além de sentir dores, principalmente nos braços, punhos, mãos e dedos, os pacientes de LER relatam dificuldade para movimentar essas áreas e uma redução na amplitude do corpo.
Há outros sintomas mais eventuais, como fisgadas, choques, edemas, formigamento, dormência, fadiga muscular, perda de força, alteração de temperatura e sensibilidade.
Pescoço, ombros e coluna cervical e lombar também podem ser atingidos pelos sintomas.
O que causa a lesão LER?
As causas da lesão LER são várias, mas estão todas ligadas à repetitividade dos movimentos.
O ritmo intenso de trabalho em uma atividade contínua, sem pausas para descanso suficientes e sem a realização de ginástica laboral, é uma causa grave.
A postura inadequada para realização de tarefas por longos períodos também é uma causa importante de LER.
Algumas atividades de trabalho que exijam muita força física das mãos e braços também podem causar estas lesões.
Assim como outras em que há forte impacto ou pressão mecânica sobre determinadas partes do corpo.
Atividades esportivas que exijam grande esforço dos membros superiores, sem a devida preparação e intervalos, podem causar diversas lesões como estas.
Um mobiliário de escritório mal planejado e ergonomicamente ruim ocasiona grande risco de doenças, assim como choques de qualquer tipo.
Por fim, vale lembrar que a cobrança muito forte por produtividade e o excesso de trabalho, gerado por uma má divisão das tarefas, também pode ocasionar esse tipo de problema.
A Lesão por Esforço Repetitivo no Direito do Trabalho
Como consequência de tudo que mencionei até agora, a lesão por esforço repetitivo é uma das principais causas de afastamento do trabalho no Brasil.
A Organização Internacional do Trabalho escolheu 28 de fevereiro como a data mundial para conscientizar sobre as LER/DORT.
O trabalhador que começar a sentir essas dores deve procurar o departamento médico da empresa para que as suas condições de saúde sejam avaliadas.
Ao constatar a relação entre o problema e a atividade realizada, o médico deverá afastar o trabalhador das condições que causaram a lesão.
Se for um caso de incapacidade total, o funcionário deve apresentar um atestado médico para afastamento previdenciário.
A empresa deve abrir uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e, a partir de 15 dias de afastamento, o trabalhador passa a ser remunerado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Em algumas situações, caso julguem que a empresa falhou em providenciar as condições de saúde mínimas necessárias, os colaboradores poderão entrar com pedido de indenização, o que gera dores de cabeça maiores ainda para os gestores.
Como prevenir com exercícios para Lesão por Esforço Repetitivo
Diferentemente de outras patologias, as lesões por esforço repetitivo podem ser prevenidas com atividades relativamente simples.
A ginástica laboral é amiga de todos os trabalhadores e também dos empreendedores que querem manter suas equipes inteiras.
Estou falando de exercícios físicos coletivos e coordenados, em sessões orientadas por profissionais de Educação Física no ambiente de trabalho com o objetivo de evitar lesões.
Além disso, os colaboradores ganham agilidade e disposição, melhorando o condicionamento físico.
Se você é um administrador de empresa, considere implementar esta solução que, além dos benefícios físicos mencionados acima, demonstram uma consideração da organização pelo bem-estar dos colaboradores.
De quebra, as sessões deixam o ambiente mais leve e descontraído.
Além das séries de ginástica laboral, outras medidas importantes podem ajudar a evitar LER:
- Cuidar da postura, principalmente durante a realização da atividade, como quando estiver sentado ao computador, mas também enquanto fica de pé e caminha
- Usar mobiliário adequado e ergonomicamente saudável
- Fazer pausas frequentes, mudar de posição e caminhar um pouco: paradas de 10 minutos a cada hora são ideais. Caso não seja possível, tentar chegar o mais próximo possível disso
- Verificar o ritmo de trabalho, a divisão das tarefas e a carga horária cumprida
- Usar acessórios como apoio de mão e apoio de pés
- No caso da atividade no computador, manter o monitor na altura dos olhos, e os braços sempre em um ângulo de 90 graus durante a digitação.
Diagnóstico e tratamento da Lesão por Esforço Repetitivo
O diagnóstico da lesão por esforço repetitivo deve ser feito por um médico do trabalho.
Cabe sempre ao especialista fazer a avaliação se a causa das dores está relacionada à atividade de trabalho.
É possível que alguns dos sintomas associados à LER apareçam em decorrência de fatores emocionais, infecções, alterações hormonais, entre outros motivos alheios à atividade laboral.
Por isso, é importante a palavra do profissional de saúde, que também saberá indicar o tratamento adequado.
O tratamento depende do estágio em que se encontra a lesão, mas uma coisa é certa: a primeira receita será o repouso.
Enquanto o trabalhador é afastado da atividade, deverá ser feita a correção e adaptação do ambiente de trabalho, assim como as rotinas deverão ser investigadas para saber se há sobrecarga.
Alguns casos demandam realização de sessões de fisioterapia.
Para dores mais agudas, o médico poderá receitar remédios de via oral, como anti-inflamatórios ou até mesmo corticoides.
Em situações mais graves, também podem ser aplicados corticoides injetáveis.
A imobilização da região afetada pode ser uma medida de tratamento.
Por fim, os casos mais extremos podem exigir a realização de cirurgia.
O que cabe às empresas na prevenção da lesão LER?
Além das dicas de observar as condições de trabalho e ergonomia do ambiente e implementar a ginástica laboral, uma empresa precisa observar o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional).
Esse programa inclui uma série de exames e ações preventivas.
São medidas que promovem a saúde dos trabalhadores.
Além disso, atendem às demandas do artigo 168 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Os exames médicos do PCMSO são os seguintes:
- Periódico
- De retorno ao trabalho (após afastamentos de mais de 30 dias)
- De mudança de função (quando a nova função expõe a novos e diferentes riscos)
- Demissional.
Há ainda uma série de exames complementares, dependendo do tipo de atividade exercido na empresa.
Cito agora alguns deles:
- Acuidade visual
- Exames laboratoriais em geral.
Além disso, é importante observar o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).
PCMSO e PPRA online: como telemedicina pode ajudar?
Se você está preocupado com o tamanho e a abrangência das responsabilidades médicas da empresa, a Morsch pode tranquilizar você.
As novas legislações, criadas no período da pandemia, permitem a emissão e assinatura de atestados de saúde ocupacional via telemedicina.
A plataforma da Morsch foi desenvolvida para auxiliar clínicas e estabelecimentos que realizam exames, mas não possuem um médico do trabalho para assinar os atestados.
Além das consultas online e telediagnóstico, disponibilizamos serviços para médicos do trabalho em uma plataforma para emissão e assinatura de atestados de saúde ocupacional.
Na Morsch, você poderá gerar e assinar eletronicamente os seguintes documentos com toda garantia e segurança: ASO, PCMSO, PPRA, PCMAT, PPP, LTCAT, PCA.
Você pode solicitar um orçamento agora mesmo!
Conclusão
Neste artigo, você conheceu tudo sobre a LER, lesão por esforço repetitivo.
Essa é uma condição crônica, que traz uma série de prejuízos de saúde e também econômicos.
Apesar de todos os avanços da medicina ocupacional, as lesões por esforço repetitivo ainda precisam de mais conscientização e, principalmente, medidas para prevenção.
A boa notícia é que você não está sozinho.
Se é paciente, pode clicar aqui para marcar uma teleconsulta com os especialistas da Morsch.
E se você trabalha com saúde ocupacional, estamos à disposição para uma parceria que atenda às suas necessidades de forma personalizada.
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