Intervalo QT: o que é, como calcular e quando é normal ou prolongado
Avaliar o intervalo QT é essencial para o estudo da atividade elétrica dos ventrículos.
Por consequência, contribui para a análise completa do eletrocardiograma, identificando anormalidades potencialmente fatais.
Isso se aplica à taquicardia ventricular tipo Torsades de Pointes, por exemplo.
Sua suspeita ocorre justamente a partir do prolongamento do intervalo QT, podendo provocar morte súbita.
Preparei este artigo para esclarecer as principais questões sobre o registro da atividade ventricular no ECG, sintomas e causas do intervalo QT longo.
O que é intervalo QT?
Intervalo QT é o trecho medido desde o início do complexo QRS até o final da onda T.
Trata-se da representação eletrocardiográfica da despolarização e repolarização ventricular.
Dessa forma, traduz os movimentos dos ventrículos durante um batimento cardíaco.
Como calcular o intervalo QT?
Normalmente, bastaria medir o tempo entre a onda T e a Q para fazer esse cálculo.
No entanto, o intervalo QT varia em função da frequência cardíaca, o que pede o uso de fórmulas de correção para estabelecer uma média.
Então, como calcular o intervalo QT corrigido?
De acordo com a III Diretrizes da SBC sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos, deve-se utilizar a fórmula de Bazzet para fazer o cálculo do QTc (intervalo QT corrigido), ou seja:
- QTc = QT/ √RR.
Onde QT é medido em milissegundos e a distância entre duas ondas R (RR), em segundos.
Contudo, o documento da SBC ressalta que:
“A fórmula de Bazzet, amplamente utilizada para o cálculo do QTc, apresenta, entretanto, limitações para frequências cardíacas menores que 60 bpm ou superiores a 90 bpm, devendo-se utilizar fórmulas lineares, como as de Framingham e Hodges”.
Qual é o intervalo QT normal?
Os valores de QTc variam conforme o sexo e a idade do paciente.
Nesse contexto, o limite superior fica em 450 ms para homens, 470 ms para mulheres e 460 ms para crianças.
O que é intervalo QT prolongado?
O intervalo QT prolongado é aquele com duração maior que o limite superior.
Distúrbios que provocam essa condição estão relacionados ao maior risco de um tipo específico de taquicardia ventricular.
É a conhecida Torsades de Pointes.
Quais os sintomas do intervalo QT prolongado?
Nem sempre o QT longo prolongado tem manifestações clínicas.
Por vezes, a condição só é descoberta durante um ECG de rotina ou holter cardíaco, que pode revelar arritmias em repouso, até mesmo durante o período de sono.
Mas há casos em que é possível identificar sinais, sendo os mais comuns:
- Síncope, geralmente com surgimento repentino
- Convulsão desencadeada pela extensão da síncope
- Palpitação (percepção dos batimentos cardíacos)
- Tontura
- Parada cardíaca
- Morte súbita.
A seguir, esclareço sobre a gravidade do quadro.
Intervalo QT prolongado é grave?
Sim, o seu prolongamento é grave.
Afinal, a condição eleva o risco de arritmias graves, que representam ameaça à vida do paciente.
Segundo descreve o artigo “Revisitando o Intervalo QT: Um Antigo Marcador para uma Nova Doença?’:
“O prolongamento do intervalo QTc ≥ 500 ms está fortemente associado à ocorrência de arritmias malignas e morte súbita. A cada 10 ms de incremento do intervalo QTc há um aumento de 5 a 7% do risco de ocorrência de Torsades de Pointes (TdP) e a cada 20 ms há um risco iminente substancial”.
O que causa o intervalo QT prolongado?
É comum que desordens eletrofisiológicas estejam por trás do prolongamento do intervalo QT, além de condições clínicas e comorbidades como:
- Síndrome do QT longo, uma canalopatia de origem genética
- Bradicardia
- Hipopotassemia
- Hipocalcemia
- Hipotermia
- Certas classes de medicamentos
- Cardiomiopatias
- Pós-infarto do miocárdio
- Sangramento intracraniano
- Diabetes
- Hipogonadismo
- Doença pulmonar crônica (DPOC).
O diagnóstico combina dados da interpretação do eletrocardiograma convencional ou de longa duração aos sintomas e histórico do paciente.
Diante de convulsões, por exemplo, pode-se verificar a ocorrência de episódios anteriores de síncope ou crise epiléptica para entender se a origem é cardíaca ou neurológica.
A avaliação de fatores clínicos como idade e sexo também auxiliam na formulação da hipótese diagnóstica correta.
Quais medicamentos prolongam o intervalo QT?
Certos fármacos antiarrítmicos, antipsicóticos, antidepressivos, antimicrobianos e antieméticos são conhecidos por prolongar o intervalo QT.
Alguns deles são citados em um estudo, a saber:
- Amiodarona
- Escitalopram
- Levofloxacina
- Sulpirida
- Indapamida
- Paroxetina
- Solifenacina.
Essas drogas devem ser substituídas por opções mais seguras diante do prolongamento diagnosticado.
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Existem diversas condições diagnosticadas com o auxílio do eletrocardiograma, a exemplo de anormalidades no intervalo QT.
No entanto, os gráficos gerados pelo exame exigem conhecimento especializado para uma interpretação correta.
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Conclusão
Alterações no intervalo QT merecem atenção, pois podem evidenciar patologias graves.
Daí a necessidade de aprofundar a investigação enquanto mantém o paciente sob os cuidados da equipe médica para evitar complicações.
Nesse cenário, é útil acionar os especialistas da Telemedicina Morsch para acelerar o diagnóstico via ECG ou outros exames complementares.
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