Humanização na saúde: o que é, importância, objetivo e exemplos

Por Dr. José Aldair Morsch, 28 de abril de 2023
Humanização na saúde

Investir em humanização na saúde é essencial para reduzir o estresse de todas as pessoas envolvidas.

Embora os princípios sejam centrados no paciente, funcionários e gestores de estabelecimentos de saúde também ganham em um ambiente humanizado.

Falo de locais e processos que visam alcançar o bem-estar psicológico, fundamental para o sucesso dos tratamentos e atendimentos realizados.

Neste artigo, trago conceitos, exemplos e recomendações de leitura para ampliar seus conhecimentos sobre o tema e dar base ao acolhimento na rotina de trabalho.

Isso engloba tanto a assistência prestada in loco quanto a distância, via telemedicina.

O que é humanização na saúde?

Humanização na saúde é um conceito que foca no relacionamento entre pacientes, profissionais e gestores de saúde para reforçar o acolhimento na assistência.

É por isso que mencionei na abertura do texto o impacto positivo para todas as pessoas envolvidas nos atendimentos de saúde.

Afinal, elas encontram espaço para se posicionar e sugerir adaptações no sistema.

Como afirma este material sobre a Política Nacional de Humanização (PNH), principal ferramenta de humanização do SUS:

“Humanizar se traduz, então, como inclusão das diferenças nos processos de gestão e de cuidado. Tais mudanças são construídas não por uma pessoa ou grupo isolado, mas de forma coletiva e compartilhada. Incluir para estimular a produção de novos modos de cuidar e novas formas de organizar o trabalho”.

Qual o objetivo da humanização na saúde?

O objetivo central da humanização na saúde é o empoderamento dos indivíduos envolvidos nos atendimentos, de forma a construir uma gestão participativa.

Em vez de deixar todas as decisões nas mãos das lideranças, nesse modelo, os profissionais e clientes ganham voz e assumem maiores responsabilidades.

Nesse contexto, os pacientes zelam por seu direito a uma assistência eficaz, ágil e respeitosa, minimizando os efeitos negativos para a saúde mental e física.

Enquanto isso, os profissionais têm maior autonomia para definir soluções alinhadas às metas da instituição de modo seguro, produtivo e confortável para pacientes e colegas.

Existem diversas estratégias que auxiliam na conquista do objetivo, geralmente pensadas considerando as particularidades e prioridades de cada instituição de saúde.

Um modelo interessante está na própria PNH, fundamentada em três princípios:

  1. Transversalidade: parte da ideia de que a humanização deve estar presente em todos os serviços prestados, incentivando o maior contato e comunicação entre as pessoas para aproveitar seus saberes e visão de mundo
  2. Indissociabilidade entre atenção e gestão: cada indivíduo deve se conscientizar sobre como é feita a gestão nas unidades de saúde, assumindo uma posição de protagonismo em suas ações. É o caso de profissionais que dão feedback junto a sugestões para melhorar o atendimento, bem como de pacientes e acompanhantes que exercem o autocuidado
  3. Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos: existe estímulo à participação de pacientes, profissionais e gestores que tenham contribuições para otimizar processos, tornar o atendimento mais acolhedor, resolutivo e bem-sucedido.

A seguir, falo mais sobre a importância do conceito.

Qual a importância da humanização na saúde?

A humanização na saúde agrega uma série de benefícios aos serviços.

Contudo, a chave está no aprimoramento da experiência dos entes envolvidos nos processos e atividades realizadas nos estabelecimentos de saúde.

Repare que mencionei a experiência de todas as pessoas, e não somente a experiência do paciente ou usuário.

Isso tem um porquê, afinal, as ações e impactos de uma gestão participativa são capazes de melhorar as interações entre todos os indivíduos.

A relação médico-paciente se torna mais efetiva, assim como a comunicação entre médico, profissionais de enfermagem, nutrição e até da limpeza e manutenção.

E entre esses trabalhadores e os pacientes, gestores, etc.

Quando partimos desse pressuposto, fica mais simples visualizar a importância da humanização, pois ela dá suporte a:

  • Satisfação do paciente: práticas de acolhimento fazem os usuários dos serviços se sentirem valorizados e compreendidos, aumentando seu nível de satisfação
  • Sucesso nos tratamentos: embora a medicina ocidental tenha sido forjada sob a premissa de saúde física, sabemos que o fator psicológico tem peso considerável na recuperação do doente. Ao se perceber bem cuidado e próximo aos profissionais que lhe prestam assistência, suas chances de melhora rápida e redução de sequelas aumentam
  • Prevenção de agravos à saúde: processos mais alinhados à realidade e expectativas das pessoas reforçam a segurança do paciente e medidas preventivas, contribuindo para evitar doenças e complicações de saúde
  • Valorização dos profissionais: a humanização atribui mais responsabilidades aos trabalhadores, que saem de uma posição de meros executores de ordens para se tornarem protagonistas em suas iniciativas. Esse sentimento eleva a autoconfiança e ajuda na retenção de talentos
  • Qualificação dos serviços: quando todos se entendem responsáveis pelo sucesso do atendimento, há espaço para elevar a qualidade dos serviços prestados com base na valorização e empoderamento
  • Produtividade e lucratividade: profissionais engajados e que contem com o suporte dos gestores e clientes se tornam mais produtivos, pois conseguem solucionar os problemas com eficiência – ou seja, fazem mais com menos.

Uma das consequências de tudo isso é o aumento nos lucros do negócio por meio da ampliação do portfólio de serviços, redução no desperdício de recursos, implementação de inovações, etc.

Humanizar na saúde

A humanização na saúde pode ser feita por meio da adaptação das rotinas existentes em hospital e clínica

Exemplos de humanização na saúde

Num primeiro momento, o atendimento humanizado na saúde pode parecer um tema pouco concreto.

Entretanto, sua aplicação é simples, feita por meio da adaptação das rotinas existentes no hospital, clínica ou consultório.

Um exemplo é chamar o paciente sempre pelo nome, facilitando sua identificação de maneira acolhedora.

Dessa forma, dá para evitar equívocos em relação ao prontuário, por exemplo, e promover o reconhecimento dos clientes como pessoas, e não simples números.

O processo de triagem dos pacientes é outro espaço em que a humanização é bem-vinda, resultando em benefícios como a diminuição do tempo de espera.

Para tanto, vale dividir a dinâmica em etapas, de maneira que o primeiro atendimento seja dado rapidamente, seguido pelo encaminhamento à equipe de urgência, profissionais de enfermagem ou a uma consulta.

Esse e outros mecanismos de organização do trabalho podem utilizar tecnologias como o prontuário digital, que disponibiliza módulos estruturados e ferramentas de busca que permitem encontrar dados em poucos cliques.

Não poderia deixar de mencionar a relevância do treinamento dos profissionais, incluindo os gestores, que devem ser capacitados para compreender as necessidades dos doentes e pensar soluções eficazes.

Todas essas interações se tornam mais humanizadas a partir da adaptação dos espaços físicos nos estabelecimentos de saúde, considerando fatores como temperatura, iluminação e disposição dos assentos.

Imagine o impacto de consultas para crianças feitas em salas coloridas, por exemplo.

Ou a inserção de piso antiderrapante para viabilizar a acessibilidade de indivíduos com dificuldades de locomoção, como idosos e pessoas com deficiência.

Também é possível oferecer tratamento humanizado na saúde, indicando as terapias menos traumáticas e mais bem aceitas pelos pacientes.

Cada detalhe colabora para formar ambientes aconchegantes, sem deixar de lado a qualidade e a praticidade dos serviços.

Livros sobre humanização na saúde

Ao ler este artigo, você já está dando o primeiro passo para aprofundar o entendimento sobre o assunto.

Agora, pode acompanhar indicações de livros que vão enriquecer esses saberes:

Caminhos da humanização na saúde prática e reflexão

Em sua obra, Izabel Cristina Rios fala sobre a humanização com base em vivências, ressaltando sua função como ferramenta de gestão em saúde.

Destaca ainda como os processos humanizados contribuem para a qualificação do atendimento e dos cuidados de saúde física e mental, aspectos sociais, comunicação e integração entre os profissionais.

Humanização da saúde e do cuidado

Em seu livro, a especialista em Administração Hospitalar e em Enfermagem do Trabalho Annecy Tojeiro Giordani apresenta uma visão holística sobre a saúde, relações interpessoais e trabalho em equipe, focando na humanização do cuidado ao paciente.

Também menciona a arte do bom atendimento, o estresse ocupacional na saúde, a cultura de humanização e o papel das instituições no processo.

Humanização da saúde: humanizar para comunicar ou comunicar para humanizar?

Em suas 232 páginas, o livro de Valdir Cimino traz reflexões sobre a importância da comunicação entre equipe, gestão, pacientes e familiares para construir processos hospitalares e terapêuticos que promovam não apenas a integridade física, mas também psíquica dos indivíduos.

Humanização em serviços de saúde

Conceitos, histórico e processos que fazem parte da humanização na saúde norteiam as discussões desta obra, escrita por Cristiano Caveião, Ivana de França Garcia e Izabelle Cristina Garcia Rodrigues.

São tratadas temáticas como a dignidade e direitos dos indivíduos, levando os debates para além do atendimento respeitoso e cordial.

Humanização dos cuidados em saúde: conceitos, dilemas e práticas

Sob a organização de Suely Ferreira Deslandes, a publicação é uma coletânea de artigos de especialistas em diversas áreas, com relatos e exemplos práticos sobre a promoção do acolhimento.

O conteúdo é dividido em três capítulos, começando por “Humanização dos Cuidados: explorando conceitos e conexões disciplinares”, seguido por “Humanização nos cuidados de Saúde da Criança” e “Humanização nos cuidados de Saúde da Mulher”.

Saúde humanizada

Com a humanização na saúde, relação médico-paciente se torna mais efetiva, assim como junto a todos os envolvidos

Artigos sobre humanização na saúde

Confira a seguir comentários sobre alguns artigos de interesse para profissionais de saúde e outras pessoas que buscam saber mais sobre atendimento humanizado.

A humanização na saúde como instância libertadora

Os autores Alberto Advincula Reis, Isabel Victoria Marazina e Paulo R. Gallo levantam um debate sobre o papel da humanização em saúde, que agrega a possibilidade de alterar a lógica tradicional dos serviços de saúde para ofertar espaços de liberdade, fomentando o acolhimento para dar significado às interações e relacionamentos.

Acesse aqui o artigo.

Serviço social e humanização na saúde: limites e possibilidades

Escrito por Luciana da Silva Alcântara e João Marcos Weguelin Vieira, o texto faz uma reflexão crítica sobre a participação do assistente social na implantação dos pilares da Política Nacional de Humanização (PNH) no Brasil.

Acesse aqui o artigo.

Humanização na saúde: um novo modismo?

Neste artigo, Regina Benevides e Eduardo Passos discutem os desafios conceitual e metodológico para que a humanização seja convertida em um processo de mudança que responda às necessidades e desejos das pessoas que realizam e usufruem de serviços de saúde, contrapondo o tema ao voluntarismo, assistencialismo, paternalismo e tecnicismo.

Acesse aqui o artigo.

Papel dos profissionais de saúde na política de humanização hospitalar

O texto de Roberta Araújo Mota, Cileide Guedes de Melo Martins e Renata Meira Véras aborda a importância da conscientização para motivar mudanças no atendimento ao paciente e relações entre os próprios trabalhadores da saúde.

Acesse aqui o artigo.

Humanização na atenção à saúde do idoso

Traz uma análise das práticas e políticas de assistência voltadas ao idoso, que necessita de atendimento diferenciado devido a particularidades como a alta prevalência de doenças crônicas, fragilidade física e mental.

Acesse aqui o artigo.

A humanização na saúde também vale para a telemedicina?

Como citei antes, a humanização deve marcar presença em todos os serviços de saúde.

Isso inclui a telemedicina, disciplina que emprega Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDCIs) para conectar pacientes, médicos e outros profissionais envolvidos na assistência.

Embora as interações virtuais sejam semelhantes às presenciais, a falta de alguns elementos pode dificultar a conexão entre os agentes de saúde e os clientes.

Começando pelo fato de eles estarem em locais diferentes, o que impede o exame físico que faz parte das consultas presenciais.

No entanto, modernos recursos de áudio e vídeo colaboram para criar uma experiência imersiva, rompendo com a barreira geográfica.

A reserva de uma sala virtual dentro do sistema de telemedicina também ajuda a tornar a teleconsulta mais intimista e segura.

Para garantir o sigilo médico, a plataforma Morsch conta com mecanismos de autenticação e criptografia, deixando o paciente confortável para compartilhar o que achar pertinente durante a consulta online.

Outras ferramentas do software em nuvem, como o prontuário eletrônico, auxiliam na implementação do atendimento humanizado, disponibilizando informações organizadas.

Com login e senha, gestores e profissionais de saúde acessam esses dados a partir de qualquer dispositivo conectado à internet.

Há ainda a interpretação e laudos a distância, que acabam com a demora na entrega dos resultados de exames.

Leve hoje mesmo essa inovação para o seu negócio!

Conclusão

Apostar na humanização na saúde é um jeito inteligente de conquistar e fidelizar pacientes, além de promover um clima leve para os trabalhadores.

A tecnologia é aliada dos estabelecimentos de saúde na promoção dessas boas práticas, agregando agilidade, comodidade e economia através da plataforma de telemedicina.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin