Eletroencefalograma e epilepsia: entenda como o exame ajuda no diagnóstico
A relação entre eletroencefalograma e epilepsia é conhecida há décadas pela comunidade científica.
Desde meados do século 20, o EEG é o principal exame complementar para o diagnóstico da epilepsia, pois permite visualizar descargas elétricas anormais.
Geralmente, esses eventos são associados às diferentes crises epiléticas, contribuindo para confirmar a suspeita clínica da doença.
Contudo, nem sempre o exame é capaz de detectar essas anomalias, principalmente se for um EEG de rotina, com curta duração.
Avance na leitura deste artigo para conhecer os principais sinais que indicam epilepsia, outras ferramentas de suporte ao diagnóstico e como a telemedicina auxilia nesses casos.
Eletroencefalograma e epilepsia: é possível identificar a condição?
Sim, é possível notar alterações no eletroencefalograma feito em paciente epilético.
Como mencionei acima, o EEG permite detectar anomalias na atividade elétrica, incluindo as descargas relacionadas a crises epiléticas.
Isso porque o exame se dedica a amplificar os impulsos elétricos emitidos pelos neurônios e registrá-los, permitindo a formação de padrões de funcionamento.
Falo das ondas do EEG, que têm amplitude e duração características, além de surgirem em determinados estágios de vigília e sono.
Quando os padrões se alteram, a atividade cerebral foge à normalidade e pode sinalizar doenças como a epilepsia, que é definida pela Liga Brasileira de Epilepsia da seguinte forma:
“É uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Se ficarem restritos, a crise será chamada parcial; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada”.
Como identificar epilepsia no resultado do eletroencefalograma?
A identificação dos sinais característicos exige conhecimento profundo sobre o funcionamento dos neurônios e os diferentes tipos de crise convulsiva.
Desse modo, é possível identificar anomalias associadas à epilepsia, como as descritas no artigo “A eletrencefalografia na epilepsia: considerações sobre 271 casos”.
Publicado em 1948, o texto reúne achados relacionados às crises, descrevendo-os a partir da perspectiva de uma série de pesquisadores, assinalando que:
“Gibbs, Davis e Lennox classificam as anomalias gráficas do eletroencefalograma (EEG) dos epilépticos levando em conta particularmente a morfologia que apresentam. Tais anomalias, pelo seu caráter súbito, paroxístico e passageiro, são chamados de disritmias. Três tipos distintos de disritmias são descritos: pequeno mal, grande mal e psicomotor”.
A disritmia tipo pequeno mal ou relativa à crise de ausência costuma se apresentar como sucessão alternada de ondas lentas e rápidas, sobrevindas abruptamente num surto de curta duração (1 a 5 segundos), o complexo de ondas e espículas.
Na maioria das vezes, se manifesta de modo bilateral e simétrico, nas áreas cerebrais anteriores do cérebro, e é encerrada de modo súbito.
No EEG, essa modalidade de disritmia tem grande sensibilidade à manobra de hiperventilação pulmonar e também pode surgir em decorrência de hipoglicemia.
Já na manifestação de crise convulsiva tônico-clônica ou disritmia tipo grande mal, surgem descargas de ondas rápidas (frequências de 15 a 40 c/s.) e de elevado potencial (75 a 300 microvolts).
Geralmente tem origem focal, começando o ataque epilético com uma sucessão de ondas muito rápidas, que dão lugar gradualmente a ondas lentas no fim da fase clônica, para por fim, restarem somente as ondas lentas, com duração de 1 a 3 segundos, na fase estuporosa pós-crise.
A disritmia do tipo psicomotor pode ser vista através de descargas de ondas de 4 c/s. em média, com topo achatado ou serrilhado (indicando a superposição de um ritmo rápido – 14 c/s. em média – sobre o ritmo lento de base), sucedidas ou não por ondas de 6 c/s. ou espículas sucessivas, positivas em relação ao eletrodo indiferente.
Como laudar o eletroencefalograma para epilepsia?
O laudo do EEG é de responsabilidade do neurofisiologista clínico, também chamado de eletroencefalografista.
Esse é o médico apto a interpretar o traçado do exame, identificando as ondas e ritmos anormais que sinalizam epilepsia.
Para tanto, o especialista avalia especialmente:
- Ritmo dominante durante o eletroencefalograma, com detalhes sobre fases de vigília, sonolência e sono
- Presença das ondas cerebrais, incluindo sua frequência e amplitude
- Observação de descargas epileptiformes
- Respostas a manobras de ativação como abrir e fechar os olhos, fotoestimulação e hiperventilação.
A seguir, explico sobre outros métodos utilizados no diagnóstico da epilepsia.
Outros métodos de diagnóstico da epilepsia
Embora o EEG tenha relevância no diagnóstico, nem sempre será possível realizar o exame durante uma crise convulsiva.
Até porque o procedimento de rotina tem duração curta, entre 20 e 40 minutos.
Portanto, a ausência das manifestações características não descarta o diagnóstico de epilepsia.
Assim como a presença de anormalidades de maneira isolada não confirma o diagnóstico.
É preciso contar com informações do histórico de saúde, coletadas durante anamnese minuciosa para que a doença seja detectada.
Outra ferramenta importante é o exame neurológico, composto por testes físicos como nível de consciência, reflexos, equilíbrio e sensibilidade.
Em outras palavras, o diagnóstico da epilepsia é clínico, sendo o EEG um exame complementar.
Como a telemedicina ajuda no diagnóstico da epilepsia?
A telemedicina neurológica colabora na detecção da patologia ao otimizar a interpretação do EEG.
Com a plataforma Morsch, clínicas e hospitais não precisam manter um time de neurofisiologistas clínicos, pois podem delegar os resultados aos nossos especialistas de plantão.
Basta realizar o EEG normalmente e enviar os gráficos por meio do nosso sistema hospedado na nuvem (internet). Em seguida, um eletroencefalografista analisa os achados considerando a suspeita clínica.
Ele registra detalhes e conclusões no laudo online, assinado digitalmente e liberado na própria plataforma.
Desse modo, o resultado é entregue em minutos, acelerando a escolha do tratamento adequado.
Em caso de dúvidas, sua equipe pode solicitar uma segunda opinião médica dentro do sistema.
Outra opção interessante é o comodato de equipamentos de EEG, que disponibiliza aparelhos modernos sem custo adicional para quem contrata pacotes de laudos eletrônicos.
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Conclusão
Agora que compreende a ligação entre eletroencefalograma e epilepsia, você pode acelerar o diagnóstico com o suporte da telemedicina e laudo digital.
Se ficou algum complemento ou dúvida, deixe um comentário.
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