Misoprostol: para que serve, receita e como tomar

Por Dr. José Aldair Morsch, 22 de janeiro de 2024
Misoprostol

Remédio controlado, o misoprostol tem uso autorizado somente em ambiente hospitalar.

Pode ser administrado sob a forma de comprimidos de 25, 100 e 200 mcg, sempre com finalidade obstétrica, como você vai ver a partir de agora.

Neste texto, trago as principais informações a respeito do medicamento, com as indicações e regras de prescrição.

Adianto que o paciente não tem como comprá-lo em farmácias, mas seu uso é permitido no Brasil, seguindo normas específicas.

Ao final, veja como agilizar o acesso a um médico através da consulta online.

O que é misoprostol?

Misoprostol é um medicamento prostanoide.

Trata-se de uma substância sintética análoga à prostaglandina E1 – que auxilia no parto, provocando contrações e o amolecimento do útero.

Daí o seu efeito abortivo e teratogênico (prejudicial para o feto), principalmente quando administrado sem supervisão médica.

Para que serve misoprostol

O fármaco serve para induzir trabalho de parto ou aborto legal, sempre em ambiente hospitalar.

Na década de 1980, quando chegou ao Brasil, o misoprostol era prescrito para tratar problemas no trato digestivo, como úlceras estomacais.

No entanto, sua comercialização ao público geral foi restrita na década seguinte, devido ao risco de aborto e malformações fetais diante da utilização por mulheres grávidas.

Atualmente, dá apenas suporte a procedimentos obstétricos realizados por uma equipe médica.

Principais indicações

Conforme a determinação das autoridades de saúde brasileiras, descritas no protocolo para utilização de misoprostol em obstetrícia, o medicamento é indicado para:

  • Indução de aborto legal
  • Esvaziamento uterino por morte embrionária ou fetal
  • Amolecimento cervical antes de aborto cirúrgico (AMIU ou curetagem)
  • Indução de trabalho de parto (maturação de colo uterino).

Lembrando que a escolha do medicamento é uma decisão médica.

Como tomar misoprostol

Misoprostol não deve ser usado por conta própria pelo paciente.

Sua administração em ambiente hospitalar é prescrita e realizada por profissionais de saúde, que adaptam as doses às necessidades de cada paciente.

Os comprimidos podem ser aproveitados por meio de diferentes vias de administração: oral, vaginal, sublingual ou retal.

De acordo com o protocolo citado acima, os esquemas mudam segundo o contexto e a finalidade da prescrição, sendo sugeridos, por exemplo:

  • Para indução de parto: 1 comprimido de 25 mcg, via vaginal, a cada 6 horas. É recomendado utilizar as doses durante o dia (às 7h, às 13h e às 19h). Se não houver resultado, repetir as doses no dia seguinte
  • Para curetagem: 2 comprimidos de 200 mcg (400 mcg), via vaginal, de 3 a 4 horas antes do procedimento.

A seguir, trago detalhes sobre a receita médica do misoprostol.

Receita de misoprostol

A receita C1 é o documento requerido para que o gestor hospitalar tenha acesso ao misoprostol.

Também chamada de receita de controle especial, é emitida em duas vias para maior controle da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

A primeira via fica retida junto ao fabricante ou distribuidor, permitindo o rastreio por parte da Anvisa.

Vale frisar que o medicamento não pode ser vendido em farmácias e drogarias, pois sua comercialização é restrita aos estabelecimentos de saúde.

Afinal, estamos falando de um remédio controlado com efeitos adversos graves para a saúde de gestantes e fetos.

Ele consta na lista C1 da Instrução Normativa SVS/MS nº 344/1998, que criou o Regulamento Técnico das substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.

Junto a outros fármacos ansiolíticos, anticonvulsivantes, antiparkinsonianos, antidemenciais, antidepressivos e antipsicóticos.

Dúvidas frequentes sobre misoprostol

Neste espaço, trago algumas questões comuns sobre o uso do fármaco, e as respectivas respostas.

Acompanhe!

Qual a diferença entre omeprazol e misoprostol?

Mencionei, mais acima, que o uso inicial de misoprostol no Brasil era destinado ao tratamento de doenças do sistema digestivo, como úlceras e doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).

Daí a associação entre omeprazol e misoprostol, uma vez que ambos poderiam ser úteis no combate a essas condições de saúde.

Contudo, as semelhanças entre os remédios se encerram neste ponto, porque eles pertencem a diferentes classes de medicamentos.

O omeprazol é um inibidor da bomba de prótons, assim como o pantoprazol, lansoprazol, rabeprazol, esomeprazol e tenatoprazol.

Segundo detalha esta ficha informativa, os inibidores da bomba de prótons ou IBP:

Suprimem a secreção de ácido gástrico por meio da inibição específica da enzima H+/K+-ATPase na superfície secretora da célula parietal gástrica. Todos os representantes dessa classe são similares entre si, reduzindo em até 95% a produção diária de ácido gástrico.”

Por sua vez, o misoprostol se enquadra na classe dos fármacos prostanoides.

Quando não usar misoprostol?

A droga apresenta algumas contraindicações, começando por gestantes que não estejam próximas ao parto, com exceção dos casos de aborto legal.

Isso porque existem riscos de malformações fetais, incluindo:

  • Síndrome de Möbius (paralisia facial congênita)
  • Defeito do sistema límbico
  • Constrição das extremidades em forma de anel
  • Artrogriposis
  • Hidrocefalia
  • Holoprosencefalia
  • Extrofia de bexiga.

Outras condições em que o medicamento está contraindicado são:

  • Cesárea anterior
  • Cirurgia uterina prévia
  • Paciente asmática
  • Uso concomitante com ocitocina
  • Placenta prévia.

Esses fatores são avaliados no momento de escolha do medicamento.

Quais os efeitos colaterais do misoprostol?

Entre 10% e 30% das pacientes que recebem misoprostol podem apresentar náuseas, vômitos, cólica abdominal e diarreia, principalmente se as doses forem altas e administradas em intervalos curtos.

Outras possíveis reações adversas, também dose-dependentes, são:

  • Febre
  • Flatulência
  • Fadiga
  • Cefaleia
  • Calafrios
  • Sangramento prolongado e abundante.

Lembrando que o uso seguro de qualquer medicamento passa por respeitar as orientações da bula.

Qual a diferença entre misoprostol e ocitocina?

A ocitocina é um hormônio produzido naturalmente pelo organismo, que possui uma série de funções.

Uma delas é promover a contração uterina, o que faz dessa substância importante na indução do parto vaginal.

Dependendo do quadro da paciente, a equipe médica pode empregar a ocitocina para essa finalidade.

O misoprostol, por sua vez, também pode ajudar no estímulo às contrações, com o acréscimo da dilatação do colo do útero – outro processo que facilita o parto.

A escolha da medicação administrada considera a condição clínica da paciente, momento da gestação, possíveis complicações, comorbidades e outros fatores.

Conclusão

Como expliquei ao longo do texto, o misoprostol tem importante papel na área obstétrica, mas apresenta riscos severos que fizeram as autoridades de saúde restringirem sua comercialização no Brasil.

O medicamento só deve ser usado sob supervisão e prescrição médica, a fim de evitar agravos à saúde, especialmente de mulheres grávidas e fetos.

Fuja dos perigos da automedicação, recorrendo à orientação médica quando necessário.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin