Quais são as principais doenças intestinais e seus sintomas

Por Dr. José Aldair Morsch, 22 de fevereiro de 2022
Doenças intestinais

Diverticulite, doença de Crohn e retocolite ulcerativa estão entre as doenças intestinais mais comuns.

As duas últimas pertencem ao grupo das doenças inflamatórias intestinais (DII), que acometem entre 12 e 55 indivíduos em cada 100 mil habitantes no Brasil.

Dados da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) alertam ainda que as DII afetam mais de 5 milhões de pessoas no planeta.

Tanto esses quanto outros problemas intestinais costumam se agravar em decorrência de maus hábitos alimentares, sedentarismo e outros comportamentos prejudiciais.

Mas também podem ser influenciados por idade e fatores genéticos, como você vai descobrir neste texto.

A partir de agora, falo mais sobre as causas, riscos e qual médico procurar para tratar os males que afetam o intestino.

Mas já adianto: uma boa pedida é começar marcando uma teleconsulta com o clínico geral para receber assistência médica no conforto da sua casa.

O que são doenças intestinais?

Doenças intestinais são problemas que prejudicam a função de uma ou mais partes do intestino, podendo, ou não, se estender para outras áreas do corpo.

Lembrando que o intestino pode ser dividido entre intestino delgado e grosso, sendo que o primeiro absorve a maior parte dos nutrientes sólidos ingeridos.

Já o intestino grosso é responsável pela captação de aproximadamente 60% da água e formação das fezes, compostas por resíduos de alimentos, toxinas e um pouco de líquido.

Além de ser indispensável na coleta de nutrientes e água, o intestino tem papel importante na produção de neurotransmissores.

Daí a necessidade de cuidar bem desse órgão, diminuindo as chances de adoecer e perder em qualidade de vida.

Ouça este conteúdo no formato de podcast no youtube.

Sintomas de doenças do intestino

É comum que haja sinais concentrados no sistema digestivo.

Porém, também podem aparecer sintomas difusos, a exemplo de náuseas e cansaço.

Quando a doença prejudica órgãos além dos integrantes do aparelho digestivo, podem surgir até dores nas articulações e lesões oftalmológicas.

Veja, abaixo, uma lista com os principais sintomas de males intestinais:

  • Sensação de estufamento e desconforto abdominal
  • Acúmulo de gases (flatulência)
  • Barriga inchada
  • Cólicas intestinais e outras dores na barriga
  • Diarreia
  • Escape de gases e fezes
  • Constipação (intestino preso)
  • Cansaço crônico
  • Falta de apetite
  • Enjoo
  • Vômito
  • Febre
  • Perda abrupta de peso
  • Sangue nas fezes
  • Perda de muco pelo ânus
  • Mudanças nos hábitos de evacuação.

9 doenças intestinais para ficar de olho

Confira, agora, detalhes sobre algumas patologias que acometem o intestino.

Como adiantei no início do artigo, os mais comuns fazem parte do grupo das doenças inflamatórias intestinais (DII).

Vale citar, ainda, as infecções intestinais, que são corriqueiras.

1. Doença de Crohn

A doença de Crohn provoca inflamação crônica em um ou mais trechos do intestino e do trato digestivo.

A porção afetada costuma ser o intestino delgado, mais especificamente o seu trecho final, chamado íleo, junto ao intestino grosso.

O trecho inflamado pode ser tanto contínuo quanto ter espaços sadios entre as partes prejudicadas.

Quem tem a doença de Crohn apresenta diarreia constante, às vezes com sangue nas fezes.

O quadro inflamatório pode desencadear febre e dores abdominais com intensidade moderada a forte, dependendo do nível de comprometimento dos tecidos do corpo.

Durante os períodos de crise, surgem lesões no intestino (fístulas e abscessos), agravando os sintomas.

Depois de um tempo, é natural que o doente perca o apetite e comece a emagrecer, correndo o risco de sofrer complicações como a anemia.

2. Retocolite ulcerativa

A retocolite ulcerativa também integra o grupo das DII, mas tem diferenças em relação à doença de Crohn.

Essa inflamação costuma surgir no reto e se espalhar pelo cólon (intestino grosso), mas raramente alcança qualquer porção do intestino delgado.

Aparecem lesões ulcerosas no trecho acometido, ou seja, partes com erosões superficiais na parede do intestino.

Conforme essas paredes são machucadas, o doente experimenta episódios de crise mais ou menos intensos, dependendo da extensão dos danos.

Geralmente, as crises começam com cólicas leves e súbita vontade de evacuar, combinadas a fezes com muco (catarro) e/ou sangue.

Episódios exacerbados causam ainda diarreia repentina e forte, febre alta e dores acentuadas na parte de baixo da barriga.

Problemas intestinais

Entre os sintomas de alguma doença intestinal, estão a sensação de estufamento e um desconforto abdominal

3. Síndrome do intestino irritável

Essa é mais uma patologia que integra as DII.

Contudo, a síndrome do intestino irritável tem menor gravidade que a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, pois não provoca lesões.

No entanto, o paciente sente desconforto intestinal por pelo menos 3 meses consecutivos.

Simultaneamente, são percebidas cólicas, acúmulo de gases e alternância entre períodos de diarreia e constipação.

Quem sofre com essa doença consegue ficar um bom tempo sem episódios de crise, mas o quadro pode piorar de repente.

Em especial quando são consumidos alimentos que irritam o trato digestivo, a exemplo de café, comidas gordurosas e bebidas alcoólicas.

4. Infecção no intestino

Vômito, dores na barriga, diarreia e febre são sintomas de infecções intestinais – conhecidas também como enterites.

Normalmente, essas doenças são provocadas pela ingestão de bebida ou comida contaminada.

Apesar de causarem mal-estar repentino, tendem a passar após alguns dias de repouso, hidratação intensiva e uso de medicamentos para tratar os sintomas.

5. Doença celíaca

É uma desordem que faz as células do sistema imunológico atacarem outras células do corpo, devido à intolerância ao glúten.

Por vezes, a doença celíaca passa despercebida por apresentar somente sintomas leves, principalmente em pessoas que consumam pouco trigo, centeio e cevada.

Mas é preciso abolir a ingestão do glúten, porque existe o risco de agravos como a desnutrição – consequência da incapacidade de o intestino absorver nutrientes dos alimentos.

Quando manifesta em crianças, a patologia é capaz de desencadear diarreia, prisão de ventre, dores abdominais e perda de peso.

6. Diverticulite

Consiste na inflamação dos divertículos, que são pequenas bolsas grudadas na parede do cólon.

Tem maior prevalência entre os idosos e pode levar a quadros críticos.

Nesses casos, provoca infecções e hemorragia quando não tratada rapidamente.

7. Colite isquêmica

Também comum entre indivíduos com mais de 60 anos, a colite isquêmica causa lesões na parede do cólon por causa de bloqueios na irrigação pelo sangue.

Por consequência, surgem úlceras que podem sangrar, gerando dores no abdômen, febre baixa e fezes moles, às vezes com sangue visível.

8. Hemorróidas

Hemorróidas aparecem quando as veias que circundam reto e ânus se inflamam.

Em geral, o problema surge em decorrência da pressão exercida sobre as veias durante a gravidez, em obesos ou pessoas que sofrem com prisão de ventre.

Sensação de ardência ao evacuar, dor, coceira e sangramento são sinais desse problema.

Nem sempre as hemorroidas formam saliências ao redor do ânus, pois podem ser internas.

9. Câncer de intestino

Mudanças prolongadas nos hábitos de evacuação, sangue nas fezes, dores e perda de peso podem indicar o desenvolvimento de um tumor no intestino.

O câncer ocorre pela multiplicação de células doentes, que vão se multiplicando de forma desordenada e adoecendo o tecido.

O câncer colorretal é o segundo tumor em incidência na mulher e o terceiro no homem, mas pode ser evitado.

Para isso, é fundamental seguir as recomendações preventivas para permitir a detecção precoce de lesões benignas antes que elas se tornem cancerígenas.

Mesmo quem não perceber sintomas deve receber acompanhamento médico e fazer exames a partir dos 45 anos.

O que causa doenças intestinais

As causas são variadas.

Como expliquei acima, infecções intestinais são provocadas principalmente pela ingestão de alimentos estragados, que elevam a quantidade de patógenos no órgão.

Isso porque o intestino possui centenas de espécies de bactérias que auxiliam em seu funcionamento: a flora intestinal.

Desordens entre esses microrganismos também aumentam as chances de sofrer com doenças inflamatórias intestinais.

Mas dificilmente as patologias do intestino têm uma origem única.

É mais comum que se manifestem a partir de um conjunto de fatores genéticos, comportamentais e físicos.

A síndrome do intestino irritável, por exemplo, acomete mais pessoas que adotam o estilo de vida agitado das cidades, combinando má alimentação ao sedentarismo e ao consumo de álcool em excesso.

Itens gordurosos como a carne vermelha, embutidos e condimentados contribuem para as crises e cólicas.

Afinal, o intestino precisa de fibras e água para funcionar bem.

O estresse vivenciado no cotidiano eleva a sensibilidade das células nervosas no intestino, reforçando os sintomas.

Outro fator que influencia no surgimento de doenças intestinais é o avanço da idade, que faz diminuir a capacidade de absorção de alguns nutrientes, como a lactose.

Assim, fica mais fácil desenvolver intolerâncias alimentares e patologias.

Doenças do intestino

Como alimentos gordurosos prejudicam a saúde do intestino, uma mudança de hábitos reduz riscos de doenças

Riscos das doenças inflamatórias intestinais

O risco dessas patologias também é relativo.

Males passageiros como as infecções no intestino costumam oferecer risco baixo para qualquer complicação.

Assim como as hemorroidas, que podem desinflamar rapidamente quando tratadas.

Por outro lado, é preciso redobrar a atenção na suspeita ou diagnóstico de enfermidades que provoquem lesões no intestino.

Esse é o caso, por exemplo, da doença de Crohn, doença celíaca e retocolite ulcerativa.

São alguns exemplos de condições que devem ser monitoradas, pois aumentam as chances de câncer intestinal.

Como saber se o intestino está inflamado?

Sintomas podem indicar uma inflamação no intestino, mas apenas um médico é capaz de diagnosticar a patologia.

Então, se perceber os sinais que mencionei nos tópicos anteriores, procure ajuda médica assim que possível.

O profissional fará uma consulta com entrevista (anamnese), exame clínico e vai pedir testes complementares.

Dependendo da hipótese diagnóstica, serão solicitados testes de sangue como o para medir a intolerância ao glúten e identificar infecções.

As análises de fezes também são relevantes.

A partir desse procedimento, é possível identificar sangue oculto, muco e a consistência do material fecal.

Entre os exames de imagem, a endoscopia e a colonoscopia são comumente pedidos para obter imagens das paredes do intestino e de outros órgãos do aparelho digestivo.

Na endoscopia, uma pequena câmera conectada a um tubo flexível é inserida por via oral no paciente.

O procedimento permite o estudo do esôfago, estômago e da parte superior do intestino delgado, chamada duodeno.

Já na colonoscopia, o tubo é colocado pelo ânus para observar o intestino grosso e o trecho final do intestino delgado (íleo).

Outros testes de imagem não invasivos podem ser solicitados para apoiar o diagnóstico, a exemplo do raio X, tomografia abdominal e ressonância magnética do abdome.

O raio X e a tomografia computadorizada (TC) empregam radiação ionizante para obter uma fotografia interna, sendo a TC superior à radiografia.

A ressonância magnética utiliza um campo magnético e ondas de rádio para obter imagens internas dos órgãos, permitindo a observação de lesões em toda a extensão do intestino.

Qual médico cuida de problemas intestinais?

O coloproctologista é o médico que estuda, diagnostica e trata problemas e doenças intestinais.

Esse especialista ainda cuida de males que acometem o reto e o ânus, usando seus conhecimentos clínicos e de cirurgia geral.

Significa que ele pode conduzir tanto as terapias cirúrgicas quanto as não cirúrgicas.

Em caso de sintomas inespecíficos ou que tenham se iniciado recentemente, você ainda pode recorrer ao clínico geral.

Esse médico generalista fará a primeira avaliação e, se for preciso, faz o encaminhamento ao coloproctologista.

Consulte online com a Morsch

Com o avanço da tecnologia na saúde, não é mais obrigatório sair de casa para receber assistência médica de qualidade.

O clínico geral e outros profissionais podem te atender por videoconferência de qualquer lugar, bastando que você tenha um dispositivo com acesso à internet.

Na plataforma da Morsch, é só seguir nosso passo a passo para agendar sua teleconsulta:

  1. Acesse a página de agendamentos
  2. Escolha a especialidade desejada no campo de buscas e o profissional de sua preferência
  3. Confira os horários de agendamento, ao lado da identificação do médico, clicando sobre o mais adequado
  4. Você será redirecionado para uma página de login. Se não tiver cadastro, selecione “Criar conta”
  5. Preencha o formulário com informações de identificação e prossiga
  6. Crie uma senha para acessar o sistema
  7. Confirme o horário da teleconsulta e faça o pagamento
  8. Meia hora antes do atendimento, você vai receber o link de acesso à sala virtual via WhatsApp ou SMS. Acesse e converse com seu médico.

Conclusão

Ao longo deste artigo, comentei sobre doenças intestinais, seus sintomas e riscos.

Se perceber alguma alteração importante, procure um médico – conte sempre com o suporte da Telemedicina Morsch.

Usando nosso software de teleconsulta, você e sua família simplificam a rotina de cuidados com a saúde, marcando consultas online em poucos cliques.

Espero ter tirado suas dúvidas sobre os males intestinais, mas, se tiver alguma pergunta, deixe um comentário abaixo.

Lembre-se de que esse conteúdo tem caráter educativo, pois apenas um médico pode diagnosticar doenças após as análises que comentamos acima.

Se gostou do texto e quer ser avisado sobre os próximos, assine a newsletter.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin