Distúrbio ventilatório restritivo: o que é, causas, tratamento e diagnóstico

Por Dr. José Aldair Morsch, 15 de maio de 2023
Disturbio ventilatorio restritivo

Um distúrbio ventilatório restritivo tem como principal característica a baixa complacência pulmonar.

Nesse cenário, a respiração é dificultada, exigindo esforço adicional que tende a se manifestar através da dispneia.

Fibrose pulmonar e sarcoidose estão entre as doenças pulmonares de padrão restritivo,.

Porém, há diversas outras patologias capazes de provocar esse impacto sobre os pulmões.

Apresento algumas delas neste artigo, além das causas e como a telemedicina contribui para o diagnóstico.

O que é distúrbio ventilatório restritivo?

Distúrbio ventilatório restritivo é aquele que ocasiona a diminuição do volume pulmonar, reduzindo a complacência do sistema.

Vale lembrar que a complacência ventilatória é determinada pela razão entre a variação de volume e a variação de pressão.

Frequência respiratória aumentada e menor volume corrente são achados comuns entre os pacientes que sofrem com esses transtornos.

Um material técnico sobre as características das doenças restritivas e obstrutivas esclarece o mecanismo por trás dos distúrbios restritivos da seguinte forma:

“Nestas condições, há uma maior tensão superficial na parede dos alvéolos, fazendo com eles apresentem uma tendência muito mais forte ao colabamento, ou seja, o ar tende a ser expulso dos alvéolos, quando não se produz uma quantidade adequada de surfactante. Nesta situação, irá penetrar uma quantidade menor de ar nos alvéolos, ou seja, haverá uma diminuição na ventilação. Sendo assim, para que haja a mesma entrada de ar que numa situação normal, é necessário o emprego de uma força maior, junto à musculatura associada à inspiração”.

A baixa complacência pulmonar está relacionada a problemas como:

  • Diminuição da produção de surfactante alveolar
  • Qualquer situação que aumente o trabalho elástico do sistema respiratório
  • Obesidade, impedindo o trabalho do diafragma.

A seguir, vamos conhecer o que causa essa condição.

Quais as causas do distúrbio ventilatório restritivo?

As causas são variadas, incluindo distúrbios que não estão associados diretamente ao sistema respiratório.

Listo algumas delas a seguir. Tomei como referência o estudo “Teste de função pulmonar nas doenças restritivas”.

  • Doenças do sistema nervoso central e periférico: acidente vascular cerebral (AVC), tumores cerebrais, síndrome de Guillain-Barré
  • Doenças musculares: miastenia gravis, distrofia muscular, poliomielite
  • Doenças da caixa torácica: escoliose, espondilite anquilosante, síndrome de Marfan
  • Doenças pleurais: derrame pleural, mesotelioma, empiema
  • Doenças do parênquima pulmonar: fibrose pulmonar, sarcoidose, pneumoconiose.

Há ainda condições que podem prejudicar a expansão pulmonar, a exemplo de gravidez e grandes tumores abdominais.

Quais os sintomas do distúrbio ventilatório restritivo?

Os sintomas também são diversos, pois dependem da etiologia da doença restritiva.

Contudo, cabe mencionar manifestações respiratórias comuns entre os portadores dessas patologias, como concluiu um estudo sobre o tema:

  • Dispneia
  • Chiado ou sibilo
  • Tosse com ou sem muco.

O esforço respiratório extra ainda pode desencadear fadiga e cefaleia.

Qual o tratamento para distúrbio ventilatório restritivo?

A abordagem terapêutica deve ser prescrita de acordo com a causa do distúrbio restritivo.

Geralmente, o tratamento combina medicamentos e mudanças no estilo de vida, que são úteis para diminuir o impacto de condições que agravam o transtorno, como a obesidade.

Corticosteroides e imunossupressores são exemplos de fármacos que fazem parte da terapia medicamentosa em alguns casos.

Exercício físico e fisioterapia respiratória podem auxiliar na diminuição da resistência à expansão pulmonar, dando maior conforto ao paciente e reduzindo sintomas como a dispneia.

A suplementação com oxigênio e a respiração mecânica são outras medidas de suporte, normalmente indicadas para situações graves.

Todas essas ações devem ser baseadas no diagnóstico e combinadas à terapia de controle da doença de fundo.

Distúrbio ventilatório restritivo tem cura?

Mais uma vez, depende da origem do distúrbio.

Se for causado por AVC, por exemplo, o rápido socorro pode evitar sequelas, aumentando a complacência pulmonar até atingir o nível normal.

O mesmo raciocínio se aplica a transtornos leves iniciados a partir do ganho excessivo de peso ou da gravidez, que tendem a cessar assim que a condição se altera – ou seja, com o fim da gravidez ou a perda de peso.

Já os distúrbios restritivos desencadeados por doenças crônicas são mais difíceis de reverter, pois a patologia de fundo nem sempre tem cura.

É o caso da fibrose pulmonar e mesotelioma, por exemplo.

Disturbio da capacidade pulmonar total

Os sintomas do distúrbio ventilatório restritivo são diversos, pois dependem da etiologia da doença restritiva

Distúrbio ventilatório restritivo e espirometria: como diagnosticar?

Espirometria ou prova de função pulmonar é o exame que mede a capacidade respiratória, permitindo a detecção de distúrbios restritivos, obstrutivos ou de padrão misto.

Durante o procedimento, o paciente tem o nariz tapado e sopra pelo bocal de um dispositivo chamado espirômetro, que transforma os dados coletados em gráficos.

  • As principais informações utilizadas na interpretação da espirometria são:
  • Capacidade vital (CV): maior volume de ar mobilizado na expiração
  • Capacidade vital forçada expiratória (CVF): maior volume de ar exalado com o máximo esforço, partindo do ponto de máxima inspiração
  • Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1): volume de ar exalado no primeiro segundo durante a manobra de CVF
  • Fluxo expiratório forçado médio (FEF 25-75%): média do fluxo de ar durante a manobra de CVF.

Para diagnosticar uma doença ventilatória restritiva, vale observar:

  • VEF1/CVF > Limite Inferior (LI)
  • CVF < LI
  • FEF 25-75%/CVF > 1,5 – com fluxos supranormais, considerando paciente com diagnóstico esperado de restrição.
  • Redução da capacidade vital (forçada ou não)
  • Redução da VEF1 e do Índice de Tiffeneau normal, o qual resulta da relação VEF1/CVF.

Na sequência, saiba como a telemedicina contribui com o diagnóstico.

Como a telemedicina acelera o diagnóstico do distúrbio ventilatório restritivo

O diagnóstico de distúrbio ventilatório restritivo pede um exame clínico completo, com anamnese e avaliação física.

Dessa forma, é possível verificar a causa por trás da redução na capacidade respiratória.

Para confirmar a diminuição da complacência pulmonar, são realizados exames complementares como a espirometria.

Dependendo do quadro, também podem ser realizados exames de imagem como raio X do tórax e tomografia.

Todos esses procedimentos podem ser laudados a distância via telemedicina, reduzindo a carga de trabalho para pneumologistas e radiologistas locais.

Além de conferir agilidade aos resultados, que ficam prontos em minutos.

Basta fazer os exames normalmente e compartilhar os registros obtidos na plataforma de Telemedicina Morsch.

Um de nossos especialistas qualificados vai analisar e interpretar os achados, anotando a conclusão no laudo digital.

Em seguida, vai inserir sua assinatura digital e liberar o documento no sistema.

Confira todas as vantagens do serviço de laudos eletrônicos.

Conclusão

Ao final deste texto, espero ter contribuído para aprofundar seus conhecimentos sobre distúrbio ventilatório restritivo.

Você pode contar com o time Morsch para avaliar exames complementares e emitir o laudo online com rapidez e qualidade.

Aproveite para continuar lendo sobre pneumologia com meus artigos selecionados.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin