Derrame pleural no raio X: veja como identificar a água na pleura

Por Dr. José Aldair Morsch, 23 de dezembro de 2022
Derrame pleural raio x

Você conhece os achados que sinalizam derrame pleural no raio X?

Esse tema interessa não apenas a pneumologistas, mas também a médicos que atendem no pronto-socorro.

Porque, muitas vezes, o paciente chega ao hospital com dispneia e dor torácica aguda intensificada pelos movimentos respiratórios – quadro sugestivo de derrame pleural.

Dependendo da quantidade e tipo de líquido acumulado, a condição pode ser grave, exigindo rápido diagnóstico e tratamento.

Neste artigo, falo dos principais pontos de atenção na radiografia torácica, exames adicionais para o diagnóstico e como a telemedicina pode auxiliar sua equipe.

Como identificar derrame pleural no raio X?

Antes de falar das características do derrame pleural, vamos lembrar as propriedades de imagens radiográficas.

Ao interpretar um raio X, podemos observar estruturas em branco, preto e tons de cinza.

Sua coloração depende da densidade dos tecidos, uma vez que partes duras absorvem maior quantidade de radiação ionizante.

Por isso, os ossos aparecem em branco, revelando, por exemplo, contornos da caixa torácica no RX de tórax.

Como os pulmões são preenchidos por ar, seu interior aparece em preto, com leves sombras claras referentes às costelas, em especial na incidência póstero-anterior (PA).

Além da radiografia torácica em PA, é importante realizar ao menos mais uma incidência lateral, a fim de visualizar detalhes da área onde a dor no peito é sentida.

Os achados radiográficos mais presentes no derrame pleural foram descritos neste estudo publicado no Jornal de Pneumologia:

“Em condições normais, a pleura não é visualizada na radiografia do tórax. Nos derrames pleurais a distribuição do líquido depende da posição do paciente. Em ortostatismo, o líquido tende a se acumular nas porções inferiores, determinando uma opacidade homogênea, que oblitera o seio costofrênico e distribui-se nos contornos do pulmão, com a forma de menisco. O acúmulo de 200ml de líquido na cavidade pleural é suficiente para apagar o seio costofrênico na radiografia de tórax em PA”.

O que é derrame pleural?

Derrame pleural corresponde ao aumento da quantidade de líquido no espaço pleural.

Este é o espaço entre as pleuras visceral e parietal, membranas que recobrem o exterior dos pulmões e interior da parede torácica, respectivamente.

Normalmente, o espaço pleural contém pequena porção de líquido que tem a finalidade de diminuir o atrito pulmonar durante a expansão desses órgãos, permitindo o movimento de inspiração.

Quando há elevação na quantidade de líquido que se infiltra nesse espaço, ou problemas nos mecanismos de liberação do líquido, ocorre o derrame pleural.

Seu conteúdo é variado e dependente da causa.

Traumas e lesões podem desencadear o acúmulo de sangue no espaço pleural, também chamado de hemotórax.

Já o empiema decorre de pus nessa região, sendo normalmente provocado por quadros infecciosos como pneumonia e abscessos.

Tumores e lesões traumáticas podem provocar quilotórax ou derrame quiloso, caracterizado por líquido rico em triglicerídeos, geralmente leitoso.

Como é feito o diagnóstico do derrame pleural?

O diagnóstico combina manifestações clínicas e exames complementares.

O mais popular é o raio X do tórax, por oferecer imagens internas do entorno dos pulmões de forma rápida, indolor e não invasiva.

Muitas vezes, bastam registros radiográficos e sintomas como dispneia, dor pleurítica e fadiga para confirmar a suspeita de derrame pleural.

Contudo, é importante ter cuidado na investigação, realizando a radiografia em posição ortostática (de pé) sempre que possível.

Pessoas acamadas podem ser examinadas com técnicas específicas em decúbito lateral.

O procedimento feito em decúbito dorsal tende a provocar acomodação do líquido na porção posterior do tórax, gerando opacidade difusa.

Se houver sinais de massas presentes no espaço pleural, pode ser útil complementar os dados com uma tomografia torácica ou angiotomografia.

Uma vez constatado o derrame, deve-se dar seguimento através da toracocentese, coletando parte do líquido para biópsia e identificação da causa.

Derrame pleural radiografia

Derrame pleural é o espaço entre as pleuras visceral e parietal, membranas que recobrem o exterior dos pulmões

Qual o tratamento para derrame pleural?

Como expliquei antes, o derrame pleural costuma ser provocado por uma doença de fundo.

Por vezes, a condição desaparece quando a patologia é tratada, dispensando qualquer abordagem terapêutica complementar.

Principalmente quando o derrame é assintomático e pouco volumoso, resultante de distúrbios como embolia pulmonar e pneumonia.

Deve-se manter o paciente em observação até que o excesso de líquido seja reabsorvido naturalmente.

Derrames sintomáticos costumam exigir drenagem através de técnicas como a toracocentese, que pode aspirar todo o excedente de líquido.

Diante de sintomas intensos, podem ser usados medicamentos opioides, anti-inflamatórios e analgésicos para alívio.

Caso a condição se torne crônica, com derrames recorrentes, cabe ao médico avaliar a necessidade de drenagem intermitente com cateter.

A inserção cirúrgica de dreno no tórax (toracostomia) e cirurgia invasiva tradicional (toracotomia) só são indicadas na ineficácia de procedimentos não invasivos.

Telemedicina no diagnóstico do derrame pleural com raio X

Embora seja um exame simples, a interpretação do raio X de tórax pede acurácia para a detecção do derrame pleural.

Não é à toa que o CFM reserva sua avaliação a radiologistas especializados, que dominam detalhes da anatomia torácica, reconhecendo pequenos volumes excessivos de líquido no espaço pleural.

Fazer essa análise em serviços de emergência ou com poucos radiologistas disponíveis pode ser difícil e atrasar o diagnóstico do derrame pleural.

Pensando nisso, empresas como a Telemedicina Morsch criaram o serviço de laudos a distância, colocando centenas de especialistas à disposição da sua equipe.

O laudo eletrônico é solicitado e entregue por meio de um sistema seguro e acessível: a plataforma de telemedicina.

Hospedada na nuvem, ela oferece um ambiente intuitivo protegido por senhas e criptografia.

Após compartilhar suas imagens radiográficas no software, um de nossos radiologistas as interpreta considerando a hipótese de derrame pleural.

Ele anota os achados no laudo médico, finalizado com assinatura digital para garantir a confiabilidade.

Graças a essa dinâmica, o resultado é entregue em minutos no sistema.

Confira as opções de exames interpretados via telerradiologia neste link.

Conclusão

Agora que conhece os sinais de derrame pleural no raio X, continue praticando a identificação desta e outras anomalias que aparecem em imagens radiológicas.

Com o tempo, sua detecção e diferenciação se tornam mais simples.

Se precisar de um reforço para sua equipe médica, conte com os laudos online da Telemedicina Morsch.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin