Choque cardiogênico: o que é, causas, sintomas e tratamento

Por Dr. José Aldair Morsch, 15 de outubro de 2024
Choque cardiogênico

O choque cardiogênico está entre as principais causas de mortalidade entre pacientes em terapia intensiva.

Geralmente, decorre de um infarto agudo do miocárdio, mas pode ser desencadeado por outras patologias, como descrevo nos próximos tópicos.

Avance na leitura para conferir um panorama com causas, sintomas e manejo clínico dessa emergência médica.

Saiba quais são as intervenções importantes que podem salvar a vida do paciente.

Ao final, você ainda vai descobrir qual o papel da telemedicina no diagnóstico de cardiopatias.

O que é choque cardiogênico?

Choque cardiogênico é uma síndrome caracterizada pela incapacidade cardíaca de bombear o sangue com eficiência.

Utilizando termos técnicos, trata-se de uma condição grave caracterizada por hipoperfusão tecidual consequente à falência cardíaca, reconhecida como a causa de morte mais comum após um IAM.

De acordo com o estudo “Atualização no Manejo Clínico do Choque Cardiogênico”, sua definição combina parâmetros clínicos e hemodinâmicos

Os critérios mais empregados são:

  • Pressão arterial sistólica (PAS) < 80-90 mmHg (ou um valor de 30 mmHg inferior ao nível basal, por 30 minutos sem resposta a reposição volêmica)
  • Índice cardíaco (IC) < 2-2,2 l/min/m2 com suporte inotrópico ou 1,8 l/min/m2 sem suporte terapêutico
  • Pressão de oclusão da artéria pulmonar (POAP) > 18 mmHg
  • Diferença arteriovenosa de oxigênio (CAV) > 5,5 ml/dL.

Na sequência, conheça as diferentes formas dessa ocorrência.

Tipos de choque cardiogênico

Diferentes divisões podem separar as modalidades de choque cardiogênico, considerando suas causas ou sintomas, por exemplo.

Escolhi trazer, neste espaço, três perfis clínicos para portadores de insuficiência cardíaca.

Eles foram criados pelo registro norte-americano INTERMACS (Interagency Registry for Mechanically Assisted Circulatory Support) e comentados no estudo que mencionei acima.

São eles:

INTERMACS 1

Essa classificação se refere ao choque cardiogênico crítico com hipotensão persistente, hipoperfusão tecidual crítica e acidose metabólica.

O cenário requer suporte inotrópico imediato.

Choque cardiogênico coração

Diferentes divisões podem separar as modalidades de choque cardiogênico, considerando suas causas ou sintomas

INTERMACS 2

Consiste numa situação de deterioração clínica progressiva, mesmo com suporte inotrópico intravenoso.

Nesse contexto, o paciente pode sofrer com piora da função renal, retenção de fluidos e comprometimento do estado nutricional.

INTERMACS 3

Esse é perfil que reúne pacientes estáveis, embora dependentes de suporte inotrópico endovenoso para manter pressão arterial, perfusão tecidual e estado nutricional.

Geralmente, há falências repetidas nas tentativas de retirada dos inotrópicos, com hipotensão sintomática.

O que causa o choque cardiogênico?

Essa síndrome clínica pode ter diferentes etiologias, sendo a mais comum o infarto.

A seguir, listo as possíveis causas para esse tipo de choque:

  • IAM decorrente de falência de ventrículo direito, ruptura da parede livre do ventrículo esquerdo, entre outras complicações
  • Cardiomiopatia com descompensação aguda ou evolução
  • Miocardite
  • Disfunção miocárdica, incluindo quadros provocados por sepse
  • Obstrução de via de saída do ventrículo esquerdo, resultante de estenose aórtica ou cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva
  • Obstrução de via de entrada do ventrículo esquerdo, desencadeada por quadros como a estenose mitral
  • Insuficiência aórtica aguda
  • Tromboembolismo pulmonar
  • Hipertensão pulmonar evolutiva ou aguda
  • Arritmias cardíacas (bradicardia e taquicardia)
  • Valvulopatias secundárias à insuficiência aórtica
  • Endocardite infecciosa.

Depois de entender as causas, vamos conferir como a condição se manifesta.

Sinais e sintomas do choque cardiogênico

As manifestações clínicas do choque cardiogênico evidenciam a redução acentuada da pressão arterial, falta de oxigênio nos tecidos e acúmulo de líquidos nos pulmões.

Também pode incluir:

  • Hipotensão (pressão baixa)
  • Dispneia (falta de ar)
  • Pulso fraco
  • Síncope (desmaio)
  • Ortopneia
  • Sudorese
  • Extremidades frias
  • Edema (inchaço) nos membros inferiores
  • Confusão mental
  • Oligúria (redução do volume urinário).

É muito importante que os profissionais de saúde estejam atentos a esses sinais para a sua rápida identificação.

Choque cardiogênico emergência

As manifestações clínicas do choque cardiogênico evidenciam a redução acentuada da pressão arterial

Quais os cuidados de enfermagem no choque cardiogênico?

Inicialmente, a equipe médica deve realizar as intervenções necessárias para estabilizar o paciente, conforme explico no próximo tópico.

Em seguida, ele deverá ser encaminhado à unidade de terapia intensiva (UTI) para receber a assistência adequada, que engloba cuidados de enfermagem.

Para selecionar os mais frequentes, este artigo partiu de diagnósticos de enfermagem comumente relacionados ao choque cardiogênico, tais como:

  • Padrão respiratório ineficaz: é necessário realizar o monitoramento por meio de oximetria de pulso e gasometria arterial, visando manter os níveis de saturação de oxigênio acima de 94%. Pode ser preciso instalar suporte ventilatório não-invasivo ou invasivo
  • Diminuição do débito cardíaco: é indicada a monitorização hemodinâmica contínua e registro dos sinais vitais em balanço hídrico, bem como o manejo das drogas vasoativas, como a norepinefrina, complementado pela vigilância clínica e ambulatorial
  • Excesso de volume de fluido: são recomendados controle hídrico rigoroso
  • Tolerância de atividade diminuída: deve-se restringir o decúbito, posicionando o paciente de forma que favoreça a respiração e o retorno venoso
  • Déficit de autocuidado: cabe aos profissionais de enfermagem conduzir a higiene corporal no leito, a fim de evitar a instabilidade hemodinâmica.

Na sequência, falo mais sobre o tratamento indicado.

Qual o tratamento para choque cardiogênico?

O manejo inicial do paciente com choque cardiogênico tem como objetivo estabilizar a pressão arterial, frequência cardíaca e oxigenação.

Em caso de hipoxemia, é vital realizar a oxigenoterapia, mantendo a saturação de hemoglobina acima de 90%.

Medicamentos inotrópicos como dobutamina e adrenalina são indicados para garantir a perfusão dos órgãos enquanto houver baixo débito cardíaco e hipotensão.

Diuréticos são administrados para reduzir a congestão, enquanto vasodilatadores são prescritos para casos de insuficiência cardíaca descompensada sem hipotensão arterial.

A presença de insuficiência respiratória grave que não responda à medicação deve ser corrigida com o suporte da ventilação mecânica.

O tratamento posterior segue com medicamentos e, se necessário, procedimentos invasivos como o cateterismo ou bypass cardíaco para recuperar a circulação sanguínea necessária.

Como diagnosticar o choque cardiogênico?

O diagnóstico é clínico, baseado no histórico do paciente e sintomas de congestão sistêmica, pulmonar e redução do débito cardíaco.

A aferição dos sinais vitais como pressão e FC fornecem os dados necessários para iniciar as intervenções de emergência, evitando complicações e óbito.

Após o socorro, podem ser realizados exames cardiológicos, a exemplo do ecocardiograma e eletrocardiograma, além de exames laboratoriais para monitoramento do paciente.

Usando uma plataforma de telemedicina, seu time terá mais agilidade com a entrega de resultados de exames online!

Basta compartilhar os registros do ECG, raio-X de tórax, tomografia e outros procedimentos via software em nuvem para que sejam interpretados por um médico especialista.

Ele elabora e assina digitalmente o laudo online, liberado em minutos no sistema. Choque cardiogênico e outras urgências são avaliadas em tempo real.

Além do telediagnóstico, a Telemedicina Morsch ainda disponibiliza os seguintes serviços agregados na mesma plataforma:

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Conclusão

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin