Padrão Strain no ECG: entenda o que significa e como identificar

Por Dr. José Aldair Morsch, 13 de junho de 2023
Padrão strain ecg

Padrão Strain no ECG é uma alteração que sinaliza sobrecarga ao ventrículo esquerdo.

Embora não seja suficiente para o diagnóstico de hipertrofia ventricular (HVE), o achado tem importância prognóstica.

Afinal, serve de alerta para desfechos negativos.

E tem ainda o fato de ser um consequente reforço na investigação e monitoramento do paciente para evitar agravos à saúde cardíaca.

Ao longo deste artigo, explico mais sobre o padrão Strain, suas características e como a telemedicina auxilia na interpretação do ECG.

O que é padrão Strain no ECG?

Padrão Strain no ECG é um achado relacionado à sobrecarga ventricular esquerda associada à sístole.

Em outras palavras, trata-se de uma anomalia que impacta na repolarização ventricular, sinalizando dificuldades para a saída do sangue do ventrículo esquerdo.

Quando existe uma causa crônica que mantém a sobrecarga à câmara cardíaca, o esforço constante resulta em Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE).

Portanto, a identificação do padrão Strain no eletrocardiograma serve como pista para essa condição e possíveis doenças de fundo.

Contudo, vale ressaltar que o achado não tem finalidade diagnóstica, especialmente quando aparece de forma isolada em pacientes saudáveis.

Como identificar o padrão Strain no ECG?

Para visualizar o padrão Strain no traçado do ECG, deve-se observar o trecho correspondente à repolarização ventricular, entre o complexo QRS e o fim da onda T.

Esse é o instante em que o músculo cardíaco relaxa, liberando íons de potássio antes que comece um novo batimento.

De acordo com a Análise Crítica do Eletrocardiograma e do Ecocardiograma na detecção da hipertrofia ventricular esquerda, publicada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia:

“O padrão strain é definido como alterações no segmento ST em alguma das derivações D1, D2, aVL ou de V3-6, apresentando o segmento horizontalização com depressão igual ou superior a 0,05 mV mais onda T invertida”.

Para comparação, quando o eletrocardiograma tem ritmo sinusal, a repolarização ventricular é formada por:

  • Complexo QRS com duração de 0,06 a 0,10 segundo, composto por três ondas, uma positiva (R) e duas negativas (Q e S)
  • Onda Q com menos de 0,04 segundo de duração e 2 mm de profundidade, sempre negativa
  • Onda T que aparece após o complexo QRS, assimétrica, com amplitude máxima inferior a 15 mm nas derivações precordiais, e menor que 5 mm nas derivações periféricas.

Na sequência, esclareço o que esse achado representa.

O que significa quando é detectado o padrão Strain no ECG?

Embora tenha relação com HVE, o padrão Strain no ECG é limitado pela baixa sensibilidade do exame, sendo insuficiente para o diagnóstico de patologias como estenose aórtica e hipertensão arterial sistêmica (HAS).

No entanto, o já mencionado estudo divulgado pela SBC recomenda que pacientes com esse achado sejam considerados coronarianos, devido ao valor prognóstico do padrão Strain. Isso porque:

“Os estudos de Framingham verificaram que os pacientes que estavam no quartil superior em relação ao aumento da voltagem do complexo QRS tinham cerca de três vezes mais riscos de eventos cardiovasculares e, se houvesse alterações da repolarização do tipo strain, o risco de complicações aumentava 5,8 vezes nos homens e 2,5 vezes nas mulheres”.

Inclusive, a regressão do padrão Strain está associada à queda no risco de eventos cardiovasculares num futuro próximo.

Como interpretar o resultado do ECG?

Simples, rápido, indolor e não invasivo, o eletrocardiograma é um dos principais exames de rotina.

Devido à sua alta disponibilidade, tem grande contribuição na investigação de sintomas e patologias cardiovasculares.

Nesse cenário, é importante compreender as principais etapas para interpretação do ECG, identificando alterações no padrão dos batimentos cardíacos.

São elas:

  1. Cálculo da frequência cardíaca, a fim de determinar a ocorrência de arritmias (taquicardias ou bradicardias). Uma dica é contar os quadrículos existentes entre um topo e outro das ondas R, sendo que cada 300 deles equivalem a um minuto
  2. Análise do ritmo cardíaco: serve para verificar se o ritmo é sinusal ou não, a partir da observação das ondas, seus aspectos, duração e sequências
  3. Cálculo do intervalo PR (linha que liga o fim da onda P ao início do QRS), e do intervalo QT (sístole elétrica ventricular)
  4. Determinação do eixo elétrico, considerando as derivações do ECG
  5. Busca por alterações no segmento ST (período de não atividade entre a despolarização e a repolarização do ventrículo), como supra ou infradesnivelamento
  6. Observação de outras alterações eletrocardiográficas.

Lembrando que a interpretação do exame compete a cardiologistas.

Padrão strain eletrocardiograma

Padrão Strain no ECG é uma anomalia que impacta na repolarização ventricular

Vantagens do telediagnóstico com laudo eletrônico do ECG

O telediagnóstico é um braço da telemedicina que permite a entrega de laudos online.

Esse serviço faz parte da troca de informações de diferentes exames, incluindo o ECG, feita através de um software de telemedicina em nuvem, um local protegido da internet.

Plataformas modernas, como a da Morsch, podem ser acessadas usando qualquer dispositivo conectado à web.

Basta que um médico ou técnico de enfermagem realize o exame normalmente e, em seguida, faça login no sistema.

Em seguida, o profissional envia os gráficos do eletrocardiograma e dados do paciente, possibilitando a interpretação por um cardiologista online.

A dinâmica agrega diversas vantagens, por exemplo:

  • Agilidade na entrega dos laudos online, liberados em minutos na plataforma
  • Resultados entregues imediatamente em caso de urgência
  • Garantia de avaliação e assinatura digital de cardiologistas especializados em ECG
  • Serviço disponível de forma ininterrupta, dia e noite
  • Emissão de laudos completos junto ao diagnóstico e orientações
  • Possibilidade de discutir casos dúbios junto a especialistas, via teleconsultoria por videoconferência
  • Opção de comodato do aparelho de ECG, que dá acesso a dispositivos modernos pagando apenas a mensalidade pelo pacote de laudos
  • Treinamento online com boas práticas para técnicos de enfermagem conduzirem o eletrocardiograma
  • Encaminhamento do paciente a especialistas com toda a comodidade, por meio da teleconsulta com prontuário digital integrado.

Conheça todos os benefícios da telemedicina cardiológica para a sua equipe.

Conclusão

Identificar o padrão Strain no ECG tem relevância para ampliar a investigação de patologias cardiovasculares e prevenir eventos graves.

Ao final deste texto, já deixei claro como detectar esse distúrbio da repolarização ventricular de um jeito prático.

Você já conheceu também soluções de telemedicina que auxiliam no diagnóstico a partir do eletrocardiograma, como o laudo a distância.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin