Dissecção de aorta: entenda as causas e veja como agir nesses casos
O diagnóstico ágil da dissecção de aorta contribui para salvar vidas dentro e fora da UTI.
Essa é uma emergência cardiovascular potencialmente fatal.
Sua principal manifestação clínica, que liga o sinal de alerta, se dá a partir de uma dor torácica aguda e incapacitante.
Para se ter uma ideia, dados do International Registry of Acute Aortic Dissection (IRAD) revelam que a taxa de mortalidade relacionada à doença fica entre 25% e 30%.
Daí a necessidade de reconhecer os sinais e submeter a vítima a exames de imagem o mais breve possível, a fim de confirmar a suspeita clínica e iniciar o tratamento adequado.
Neste texto, compartilho conhecimentos sobre os sintomas, causas e complicações da dissecção aórtica.
Explico também como a telemedicina acelera o diagnóstico dessa patologia.
O que é dissecção de aorta?
Dissecção de aorta é um evento caracterizado pela separação entre as camadas desse vaso sanguíneo devido a uma ruptura que permite a penetração do sangue em sua área interna.
Ou, conforme define este artigo científico publicado na Revista da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo):
“A dissecção clássica da aorta pode ser definida como a delaminação de sua camada média ocasionada pelo influxo de sangue através de um orifício de entrada na camada íntima, criando uma falsa luz de extensão variada ao longo do vaso”.
O que causa dissecção de aorta?
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é a causa predominante, marcando presença em cerca de 70% dos pacientes acometidos pela dissecção aórtica.
Provavelmente, por causa do desgaste dos vasos sanguíneos em indivíduos que convivem com a pressão arterial elevada, acima de 140/90 mmHg.
Isso preocupa, uma vez que há alta incidência da hipertensão entre diferentes faixas da população.
De acordo com o Ministério da Saúde, 24% dos brasileiros sofrem com HAS e tem também risco elevado para complicações como a separação entre as camadas da aorta.
Outros fatores capazes de desencadear a dissecção de aorta são:
- Aterosclerose, que leva ao depósito de placas de ateroma nas paredes internas da aorta e outros vasos
- Trauma torácico
- Patologias do tecido conjuntivo, como síndrome de Ehlers-Danlos e síndrome de Marfan
- Anomalias congênitas que reduzem o calibre da aorta, impedem a eficácia da válvula aórtica etc.
A seguir, comento sobre os sintomas dessa condição.
Sintomas da dissecção de aorta
Por vezes, a dissecção pode não ter manifestação clínica.
No entanto, a maioria das vítimas sente dor torácica aguda e incapacitante.
O incômodo costuma ser percebido em toda a região do tórax, podendo se estender para o abdômen, costas ou pescoço.
Quando há outros sintomas, estão condicionados ao trecho afetado pela dissecção.
Alguns exemplos são:
- Síncope
- Paralisias
- Formigamento
- Dispneia
- Tontura.
A investigação dos sintomas é o primeiro passo para acertar no diagnóstico da condição.
Como diagnosticar a dissecção de aorta?
O diagnóstico é realizado com base em manifestações clínicas, fatores de risco e exames por imagem.
É útil avaliar casos suspeitos por meio de escalas como a Aortic Dissection Detection Risk Score (ADD-RS), que atribui um escore diante da presença de um ou mais dos seguintes grupos:
- Condições de alto risco como síndrome de Marfan, história familiar de doença da aorta, diagnóstico prévio de valvopatia aórtica ou aneurisma da aorta, manipulação prévia da aorta incluindo cirurgia cardíaca
- História de dor torácica ou abdominal de início abrupto, alta intensidade, descrita como “rasgando”
- Exame físico evidenciando déficit de perfusão como discrepância de pulsos ou pressórica ou déficit neurológico focal ou sopro aórtico diastólico associado à hipotensão.
Exames laboratoriais como marcadores séricos podem ser solicitados para a investigação.
Contudo, o mais comum é a realização de métodos de diagnóstico por imagem como raio X de tórax, angiotomografia e angioressonância nuclear magnética.
Os procedimentos são escolhidos conforme a disponibilidade e condição clínica do paciente, revelando anormalidades no trecho dissecado.
Classificação da dissecção de aorta
Existem diferentes classificações anatômicas para a dissecção aórtica.
Vou tomar como referência uma das mais simples: a classificação de Stanford, mencionada no já citado estudo divulgado na Revista da Socesp.
A ferramenta divide a dissecção de aorta em dois tipos:
- Tipo A: acomete a aorta ascendente, independentemente do local do orifício de entrada e da extensão distal da aorta comprometida
- Tipo B: tem início após a artéria subclávia esquerda, na aorta descendente.
Fique atento ainda às possíveis complicações, como explico a seguir.
Complicações da dissecção de aorta
Como a aorta é a artéria central do organismo, a separação de suas camadas pode prejudicar o envio de sangue através das suas ramificações.
A obstrução parcial ou bloqueio dos vasos que nascem na aorta pode desencadear uma série de complicações, a exemplo de:
- Infarto agudo do miocárdio (IAM), quando atingem as ligações com artérias coronárias
- Tamponamento cardíaco, se ocorrer hemorragia interna e o sangue se espalhar pelo pericárdio
- Insuficiência cardíaca, quando a válvula aórtica é acometida
- Acidente vascular cerebral (AVC), se houver obstrução nas artérias carótidas
- Perda de mobilidade, caso as artérias vertebrais sejam atingidas
- Insuficiência renal, caso as artérias renais sejam bloqueadas.
Esclarecidas as complicações, vamos falar agora sobre o tratamento.
Qual o tratamento para dissecção de aorta?
O manejo da patologia depende do tipo de dissecção e de sua gravidade.
Geralmente, o tipo B não requer tratamento cirúrgico, bastando medidas para controlar a frequência cardíaca, pressão arterial e diminuir a dor.
Nesses casos, é comum a indicação de medicamentos por via endovenosa, usando morfina para aplacar a dor e betabloqueadores para reduzir o estresse na parede da aorta.
Já as vítimas de dissecção do tipo A necessitam de cirurgia de emergência para remover o trecho dissecado, que é reconstruído com enxerto sintético.
Telemedicina no diagnóstico da dissecção de aorta
Neste ponto, ficou clara a importância dos exames de imagem para o diagnóstico da dissecção de aorta.
É fundamental que os registros sejam avaliados rapidamente, a fim de iniciar o tratamento de maneira segura.
Em especial para pacientes que sofrem com dissecção na aorta ascendente, pois a condição é uma ameaça à vida.
Nem sempre, porém, os serviços de saúde contam com radiologistas especializados para interpretar os exames em tempo hábil.
A boa notícia é que dá para dispor do time de especialistas da Telemedicina Morsch para laudar seus exames a distância.
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Conclusão
Ao longo do artigo, espero ter contribuído para ampliar seus saberes sobre a dissecção de aorta, classificações, diagnóstico e tratamento.
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