Dissecção de aorta: entenda as causas e veja como agir nesses casos

Por Dr. José Aldair Morsch, 17 de março de 2023
Dissecção de aorta

O diagnóstico ágil da dissecção de aorta contribui para salvar vidas dentro e fora da UTI.

Essa é uma emergência cardiovascular potencialmente fatal.

Sua principal manifestação clínica, que liga o sinal de alerta, se dá a partir de uma dor torácica aguda e incapacitante.

Para se ter uma ideia, dados do International Registry of Acute Aortic Dissection (IRAD) revelam que a taxa de mortalidade relacionada à doença fica entre 25% e 30%.

Daí a necessidade de reconhecer os sinais e submeter a vítima a exames de imagem o mais breve possível, a fim de confirmar a suspeita clínica e iniciar o tratamento adequado.

Neste texto, compartilho conhecimentos sobre os sintomas, causas e complicações da dissecção aórtica.

Explico também como a telemedicina acelera o diagnóstico dessa patologia.

O que é dissecção de aorta?

Dissecção de aorta é um evento caracterizado pela separação entre as camadas desse vaso sanguíneo devido a uma ruptura que permite a penetração do sangue em sua área interna.

Ou, conforme define este artigo científico publicado na Revista da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo):

“A dissecção clássica da aorta pode ser definida como a delaminação de sua camada média ocasionada pelo influxo de sangue através de um orifício de entrada na camada íntima, criando uma falsa luz de extensão variada ao longo do vaso”.

O que causa dissecção de aorta?

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é a causa predominante, marcando presença em cerca de 70% dos pacientes acometidos pela dissecção aórtica.

Provavelmente, por causa do desgaste dos vasos sanguíneos em indivíduos que convivem com a pressão arterial elevada, acima de 140/90 mmHg.

Isso preocupa, uma vez que há alta incidência da hipertensão entre diferentes faixas da população.

De acordo com o Ministério da Saúde, 24% dos brasileiros sofrem com HAS e tem também risco elevado para complicações como a separação entre as camadas da aorta.

Outros fatores capazes de desencadear a dissecção de aorta são:

  • Aterosclerose, que leva ao depósito de placas de ateroma nas paredes internas da aorta e outros vasos
  • Trauma torácico
  • Patologias do tecido conjuntivo, como síndrome de Ehlers-Danlos e síndrome de Marfan
  • Anomalias congênitas que reduzem o calibre da aorta, impedem a eficácia da válvula aórtica etc.

A seguir, comento sobre os sintomas dessa condição.

Sintomas da dissecção de aorta

Por vezes, a dissecção pode não ter manifestação clínica.

No entanto, a maioria das vítimas sente dor torácica aguda e incapacitante.

O incômodo costuma ser percebido em toda a região do tórax, podendo se estender para o abdômen, costas ou pescoço.

Quando há outros sintomas, estão condicionados ao trecho afetado pela dissecção.

Alguns exemplos são:

  • Síncope
  • Paralisias
  • Formigamento
  • Dispneia
  • Tontura.

A investigação dos sintomas é o primeiro passo para acertar no diagnóstico da condição.

Como diagnosticar a dissecção de aorta?

O diagnóstico é realizado com base em manifestações clínicas, fatores de risco e exames por imagem.

É útil avaliar casos suspeitos por meio de escalas como a Aortic Dissection Detection Risk Score (ADD-RS), que atribui um escore diante da presença de um ou mais dos seguintes grupos:

  1. Condições de alto risco como síndrome de Marfan, história familiar de doença da aorta, diagnóstico prévio de valvopatia aórtica ou aneurisma da aorta, manipulação prévia da aorta incluindo cirurgia cardíaca
  2. História de dor torácica ou abdominal de início abrupto, alta intensidade, descrita como “rasgando”
  3. Exame físico evidenciando déficit de perfusão como discrepância de pulsos ou pressórica ou déficit neurológico focal ou sopro aórtico diastólico associado à hipotensão.

Exames laboratoriais como marcadores séricos podem ser solicitados para a investigação.

Contudo, o mais comum é a realização de métodos de diagnóstico por imagem como raio X de tórax, angiotomografia e angioressonância nuclear magnética.

Os procedimentos são escolhidos conforme a disponibilidade e condição clínica do paciente, revelando anormalidades no trecho dissecado.

Ruptura da aorta

A dissecção de aorta acontece devido ao desgaste dos vasos sanguíneos em indivíduos que tem pressão alta

Classificação da dissecção de aorta

Existem diferentes classificações anatômicas para a dissecção aórtica.

Vou tomar como referência uma das mais simples: a classificação de Stanford, mencionada no já citado estudo divulgado na Revista da Socesp.

A ferramenta divide a dissecção de aorta em dois tipos:

  • Tipo A: acomete a aorta ascendente, independentemente do local do orifício de entrada e da extensão distal da aorta comprometida
  • Tipo B: tem início após a artéria subclávia esquerda, na aorta descendente.

Fique atento ainda às possíveis complicações, como explico a seguir.

Complicações da dissecção de aorta

Como a aorta é a artéria central do organismo, a separação de suas camadas pode prejudicar o envio de sangue através das suas ramificações.

A obstrução parcial ou bloqueio dos vasos que nascem na aorta pode desencadear uma série de complicações, a exemplo de:

  • Infarto agudo do miocárdio (IAM), quando atingem as ligações com artérias coronárias
  • Tamponamento cardíaco, se ocorrer hemorragia interna e o sangue se espalhar pelo pericárdio
  • Insuficiência cardíaca, quando a válvula aórtica é acometida
  • Acidente vascular cerebral (AVC), se houver obstrução nas artérias carótidas
  • Perda de mobilidade, caso as artérias vertebrais sejam atingidas
  • Insuficiência renal, caso as artérias renais sejam bloqueadas.

Esclarecidas as complicações, vamos falar agora sobre o tratamento.

Qual o tratamento para dissecção de aorta?

O manejo da patologia depende do tipo de dissecção e de sua gravidade.

Geralmente, o tipo B não requer tratamento cirúrgico, bastando medidas para controlar a frequência cardíaca, pressão arterial e diminuir a dor.

Nesses casos, é comum a indicação de medicamentos por via endovenosa, usando morfina para aplacar a dor e betabloqueadores para reduzir o estresse na parede da aorta.

Já as vítimas de dissecção do tipo A necessitam de cirurgia de emergência para remover o trecho dissecado, que é reconstruído com enxerto sintético.

Telemedicina no diagnóstico da dissecção de aorta

Neste ponto, ficou clara a importância dos exames de imagem para o diagnóstico da dissecção de aorta.

É fundamental que os registros sejam avaliados rapidamente, a fim de iniciar o tratamento de maneira segura.

Em especial para pacientes que sofrem com dissecção na aorta ascendente, pois a condição é uma ameaça à vida.

Nem sempre, porém, os serviços de saúde contam com radiologistas especializados para interpretar os exames em tempo hábil.

A boa notícia é que dá para dispor do time de especialistas da Telemedicina Morsch para laudar seus exames a distância.

Depois de realizar o raio X, angiorressonância por TC ou RM, basta enviar as imagens através do sistema para receber os laudos online em minutos.

Caso seus aparelhos sejam digitais, é possível configurá-los para que encaminhem os registros automaticamente ao nosso PACS, conferindo ainda mais agilidade ao processo.

Comece a aproveitar todos os benefícios da telerradiologia Morsch agora mesmo.

Conclusão

Ao longo do artigo, espero ter contribuído para ampliar seus saberes sobre a dissecção de aorta, classificações, diagnóstico e tratamento.

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E confira mais conteúdos voltados à rotina cardiológica em nosso blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin