IAMCSST: o que é, sintomas, diagnóstico e tratamento

Por Dr. José Aldair Morsch, 22 de agosto de 2025
Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST

O IAMCSST é uma das emergências cardíacas mais graves enfrentadas na prática médica, exigindo intervenção imediata para salvar vidas.

Trata-se de um tipo específico de infarto agudo do miocárdio, caracterizado por uma alteração típica no eletrocardiograma: o supradesnivelamento do segmento ST.

Esse achado indica a obstrução total de uma artéria coronária, comprometendo a irrigação de uma parte do coração.

Neste artigo, compartilho os sinais que ajudam no reconhecimento precoce, os exames que confirmam o diagnóstico e as formas mais eficazes de tratamento.

Também explico como a telemedicina agiliza esse processo em locais com acesso limitado a especialistas.

O que é IAMCSST?

IAMCSST é a sigla para Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnivelamento do Segmento ST, um quadro que configura uma emergência médica grave.

Essa condição representa um tipo específico de infarto.

Nele, há interrupção abrupta e total do fluxo sanguíneo em uma artéria coronária, geralmente causada por trombose sobre uma placa de ateroma instável.

O resultado é a necrose de uma área do músculo cardíaco, que sofre por falta de oxigenação.

O diagnóstico de IAMCSST se baseia principalmente na clínica do paciente e nos achados do eletrocardiograma (ECG).

O supradesnivelamento do segmento ST, presente em pelo menos duas derivações contíguas do ECG, é um dos principais critérios eletrocardiográficos que indicam isquemia transmural.

Ou seja, que atinge todas as camadas da parede miocárdica.

Essa alteração requer reperfusão imediata, seja por trombólise farmacológica ou angioplastia com colocação de stent.

Quais os sintomas do IAMCSST?

Os sintomas do IAMCSST costumam ser intensos e de instalação súbita, o que ajuda a diferenciar esse quadro de outras causas de dor torácica.

O sinal mais característico é a dor no peito em aperto ou queimação.

Geralmente, é localizada na região retroesternal e que pode irradiar para o braço esquerdo, pescoço, mandíbula ou dorso.

Essa dor costuma durar mais de 20 minutos e não melhora com repouso, podendo ser acompanhada por sudorese, náuseas, palidez e sensação de morte iminente.

Além da dor torácica, outros sinais que levantam suspeita clínica de infarto são:

Em pacientes idosos, diabéticos e mulheres, os sintomas podem ser atípicos, o que dificulta o reconhecimento precoce.

Nestes casos, mal-estar inespecífico, cansaço extremo e desconforto abdominal devem ser valorizados como possíveis manifestações do IAMCSST.

Como é feito o diagnóstico do IAMCSST?

O diagnóstico do infarto IAMCSST deve ser realizado com rapidez e precisão, pois o tempo entre o início dos sintomas e a reperfusão influencia diretamente a mortalidade.

A avaliação começa com o eletrocardiograma.

Esse é um exame essencial e de fácil acesso, que deve ser feito nos primeiros 10 minutos após a chegada do paciente ao serviço de emergência.

A presença de supradesnivelamento do segmento ST ≥1 mm em pelo menos duas derivações contíguas indica isquemia transmural e confirma o IAMCSST.

IAMCSST

Supradesnivelamento do segmento ST

Além do ECG, a dosagem de marcadores de necrose miocárdica, como a troponina, é fundamental para a confirmação diagnóstica.

Apesar de não ser necessária para iniciar o tratamento, a elevação desses biomarcadores confirma o dano celular e ajuda a estratificar o risco do paciente.

Outros exames de apoio, como ecocardiograma, raio-X de tórax e exames laboratoriais gerais, podem ser solicitados para avaliar complicações e comorbidades.

Mas a prioridade é sempre o reconhecimento rápido do padrão eletrocardiográfico e a decisão imediata pela estratégia de reperfusão.

Infarto IAMCSST

A telemedicina tem sido uma aliada estratégica no manejo do IAMCSST

Protocolo de atendimento para IAMCSST

Diante da suspeita clínica de IAMCSST, a conduta deve seguir um protocolo rigoroso, orientado por diretrizes internacionais, que prioriza a reperfusão coronariana precoce.

O primeiro passo é realizar o eletrocardiograma em até 10 minutos, com interpretação imediata.

Caso o diagnóstico se confirme, o paciente deve ser encaminhado para tratamento de reperfusão sem demora.

O tempo porta-balão, ou seja, do primeiro contato médico até a abertura da artéria com angioplastia, não deve ultrapassar 90 minutos.

Quando não há estrutura para angioplastia percutânea nesse intervalo, opta-se pela trombólise farmacológica, idealmente em até 30 minutos após o atendimento inicial.

Essa abordagem exige avaliação cuidadosa das contraindicações ao uso de fibrinolíticos.

Enquanto a estratégia de reperfusão é iniciada, outras medidas são implementadas:

  • Monitorização cardíaca e oximetria contínua
  • Administração de oxigênio, se houver dessaturação
  • Antiplaquetários como ácido acetilsalicílico (AAS) e clopidogrel
  • Anticoagulação com heparina
  • Controle rigoroso da dor com nitratos e opioides.

O protocolo também prevê transferência rápida para unidade com hemodinâmica, quando necessário, e acompanhamento intensivo nas primeiras 24 a 48 horas, devido ao risco de arritmias e choque cardiogênico.

Qual o tratamento para IAMCSST?

Após a fase aguda e o tratamento de reperfusão, o paciente com IAMCSST deve seguir um plano terapêutico estruturado para prevenir novos eventos e preservar a função cardíaca.

Esse acompanhamento é feito com foco na reabilitação cardiovascular, controle de fatores de risco e adesão ao tratamento medicamentoso.

A medicação prescrita no hospital geralmente será mantida por longo prazo, incluindo:

  • Antiagregantes plaquetários, como AAS e clopidogrel ou ticagrelor, para prevenir nova trombose
  • Betabloqueadores, que reduzem o risco de arritmias e melhoram a sobrevida
  • Inibidores da ECA ou bloqueadores dos receptores de angiotensina, para evitar remodelamento ventricular
  • Estatinas, fundamentais para controle lipídico e estabilização de placas ateroscleróticas.

Além disso, recomenda-se iniciar ou intensificar mudanças no estilo de vida, com alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e cessação do tabagismo.

Essas intervenções têm impacto direto na redução da mortalidade e da recorrência do infarto.

O paciente deve passar por avaliações periódicas com cardiologista, incluindo exames de controle como ecocardiograma, teste ergométrico e exames laboratoriais.

A reabilitação cardíaca supervisionada, quando disponível, ajuda na recuperação funcional e emocional do paciente.

Nos primeiros meses, o risco de complicações ainda é elevado, o que justifica um acompanhamento mais próximo.

Com o tempo, o foco se volta à manutenção da saúde cardiovascular e à adesão rigorosa ao tratamento.

Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST

O primeiro passo é realizar o eletrocardiograma em até 10 minutos, com interpretação imediata

A importância do diagnóstico rápido de IAMCSST via telemedicina

A telemedicina tem sido uma aliada estratégica no manejo do IAMCSST, especialmente em locais com acesso limitado a especialistas e serviços de hemodinâmica.

Por meio do telediagnóstico com eletrocardiograma digital, é possível confirmar o infarto em poucos minutos, mesmo em unidades remotas, agilizando a decisão pela trombólise ou transferência.

Plataformas como a da Telemedicina Morsch oferecem laudos de ECG 24 horas por dia, emitidos por cardiologistas experientes.

O envio automático do exame e o retorno rápido do laudo garantem agilidade em situações críticas, otimizando o tempo de porta-agulha e porta-balão.

Essa integração fortalece a linha de cuidado do infarto e melhora os desfechos clínicos, salvando vidas.

Conclusão

O IAMCSST exige diagnóstico imediato e intervenção rápida para reduzir a mortalidade e as sequelas.

O reconhecimento dos sintomas, a realização do ECG precoce e a definição da estratégia de reperfusão são etapas críticas.

Com o apoio da telemedicina, é possível acelerar esse processo e garantir atendimento adequado mesmo fora dos grandes centros urbanos.

Conte com a Telemedicina Morsch para suporte diagnóstico 24h e ajude sua equipe a salvar vidas com mais agilidade e segurança.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin