Eletrofisiologia: o que é, para que serve, como funciona e quais os riscos?

Por Dr. José Aldair Morsch, 14 de dezembro de 2023
Eletrofisiologia

A eletrofisiologia viabiliza procedimentos importantes na rotina de certas áreas da medicina.

Cardiologistas e neurologistas estão entre os especialistas que necessitam compreender e, por vezes, realizar o estudo eletrofisiológico, seja com finalidade diagnóstica ou terapêutica.

Sua indicação exige ponderação prévia sobre a relação risco-benefício, a fim de priorizar o interesse e a segurança do paciente.

Neste artigo, apresento conceitos, aplicações e cuidados referentes à eletrofisiologia.

Ao final, trago ainda um bônus com serviços de telemedicina que dão mais agilidade ao dia a dia.

O que é eletrofisiologia?

Eletrofisiologia é a área que estuda as características elétricas de células e tecidos.

Quando aplicada à medicina, tem papel relevante na avaliação do funcionamento de órgãos vitais como o coração e o cérebro, que realizam suas atividades devido a estímulos elétricos.

No entanto, o campo é abrangente, englobando, por exemplo:

  • Neurofisiologia
  • Atividade elétrica das células endócrinas e dos músculos lisos e estriados
  • Eletrofisiologia cardíaca
  • Função tubular renal.

Segundo descreve o artigo “Fundamentos de eletrofisiologia: potenciais de membrana”:

“A análise dos fenômenos bioelétricos se constitui, muitas vezes, em importante ferramenta de estudo dos fenômenos fisiológicos. Longe de ser um problema de ciência pura, o estudo da bioeletrogênese é de singular importância e atualidade para o fisiologista, o biofísico e, particularmente, o médico. Em razão do amplo papel do potencial de membrana nos processos fisiológicos e da elevada fração do suprimento energético despendido na manutenção do potencial de membrana, é essencial que os estudantes iniciantes de fisiologia tenham um bom entendimento de como os potenciais de membrana são gerados”.

O que é estudo eletrofisiológico?

Estudo eletrofisiológico é um exame invasivo que permite mapear o aparelho de condução dos impulsos elétricos.

Geralmente, é feito a partir da inserção de um cateter na região da virilha, que é direcionado até a área de estudo com o auxílio de um método diagnóstico por imagem.

A radiografia é uma das opções comuns, possibilitando a realização da fluoroscopia, que fornece imagens em tempo real do avanço do cateter dentro do organismo.

Nesse cenário, o procedimento complementa exames não invasivos, tais como:

  • Eletrocardiograma, que avalia a atividade elétrica do miocárdio
  • Eletroencefalograma, que estuda os impulsos elétricos emitidos pelos neurônios
  • Eletromiografia, que analisa a atividade elétrica de membranas musculares.

A seguir, esclareço sobre os objetivos desse estudo.

Para que serve o estudo eletrofisiológico?

O estudo eletrofisiológico serve para diagnosticar e tratar doenças que alteram o funcionamento do tecido examinado.

Vou tomar como exemplo o músculo cardíaco, que é alvo de grande parte dos procedimentos de eletrofisiologia na prática médica.

A avaliação através do exame invasivo permite diagnosticar alterações no ritmo cardíaco, a exemplo de:

Durante o exame, pode ser realizada a técnica de ablação por cateter para tratamento das arritmias.

Outros sinais e sintomas de doenças cardiovasculares que se beneficiam da investigação invasiva são:

Uma última aplicação do estudo eletrofisiológico viabiliza a análise do impacto de medicamentos antiarrítmicos prescritos anteriormente.

Ou do funcionamento de dispositivos como o desfibrilador implantável.

Como funciona a eletrofisiologia cardíaca?

Inicialmente, o paciente é orientado a retirar objetos metálicos que possam gerar artefatos nas imagens radiográficas.

Ele também deve esvaziar a bexiga antes do procedimento.

Em seguida, é direcionado para a sala de exames, onde receberá uma anestesia local na região onde o cateter será inserido.

O paciente tem a atividade elétrica cardíaca monitorizada durante todo o exame, por meio do ECG.

Depois, é hora de acessar a veia, abrindo caminho para a inserção do cateter, que será guiado até o coração.

A trajetória percorrida é visualizada em tempo real pelo cardiologista, por meio do monitor utilizado na fluoroscopia.

Assim que o cateter atinge o ponto determinado, são emitidos impulsos elétricos para identificar a resposta do sistema de condução.

O objetivo é diagnosticar arritmias e sua origem, a fim de avaliar a indicação da ablação por cateter.

Se esse procedimento terapêutico for recomendado, o médico emprega uma técnica que utiliza calor ou frio para destruir o foco da arritmia.

Por fim, o cateter é retirado cuidadosamente, e um curativo é feito no local da inserção.

Estudo eletrofisiológico

O estudo eletrofisiológico serve para diagnosticar e tratar doenças diversas

Estudo eletrofisiológico é perigoso?

Como qualquer procedimento invasivo, o estudo eletrofisiológico oferece riscos.

A interferência no sistema elétrico cardíaco pode resultar em bloqueio atrioventricular ou até em eventos potencialmente fatais, como o acidente vascular cerebral (AVC).

O local de acesso intravenoso também pode sofrer infecções ou hemorragias, que devem ser tratadas enquanto o paciente se recupera.

Daí a importância de analisar a relação risco-benefício do procedimento de maneira personalizada, considerando as particularidades de cada caso.

Onde fazer o estudo eletrofisiológico?

Para que seja conduzido de forma segura, o procedimento é realizado em centro cirúrgico.

Apesar de ser relativamente simples e rápido, o estudo eletrofisiológico requer a aplicação de anestesia e, algumas vezes, sedação.

O que pede a presença de um anestesista, cardiologista e estrutura de atendimento a emergências para o caso de complicações durante ou após o exame.

Portanto, somente hospitais e clínicas devidamente equipadas podem ofertar esse serviço.

Benefícios da telemedicina na cardiologia

Ao conectar pacientes e profissionais de saúde, a telemedicina colabora para qualificar a assistência cardiológica.

No campo diagnóstico, é possível solicitar uma segunda opinião médica em poucos cliques, bastando se logar na plataforma de telemedicina.

Utilizando um software em nuvem, como a Morsch, o login pode ser feito a partir de qualquer dispositivo conectado à internet.

Dúvidas amplas de saúde são esclarecidas no mesmo ambiente virtual, através da teleconsultoria.

Caso seu estabelecimento realize eletrocardiograma, holter 24 horas, teste ergométrico ou exames de imagem, você pode contar com o telediagnóstico.

Funciona assim: um técnico de enfermagem ou radiologia realiza o procedimento e encaminha os registros via sistema de telemedicina online.

Em seguida, um de nossos cardiologistas online interpreta os achados e emite o laudo online, assinado digitalmente para atestar a autenticidade.

Dessa maneira, os resultados são entregues em minutos ou até em tempo real, se for uma urgência.

Conheça todas as vantagens da telemedicina cardiológica.

Conclusão

Ao final deste texto, espero ter colaborado para ampliar seus conhecimentos sobre a eletrofisiologia.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin