Medicina personalizada: o que é, como funciona e exemplos

Por Dr. José Aldair Morsch, 9 de janeiro de 2023
Medicina personalizada

A medicina personalizada é uma das grandes promessas revolucionárias para o campo da saúde.

Ela utiliza tecnologias de ponta, como o sequenciamento genômico, para customizar tratamentos e/ou prevenir doenças.

De posse de índices preditivos para patologias influenciadas pela hereditariedade, médicos e pacientes podem adotar terapias que diminuam o risco de desenvolvimento dessas patologias.

Quer saber mais sobre as transformações e o cenário da medicina personalizada no Brasil?

Então, avance na leitura deste artigo.

A partir de agora, explico como ela funciona, trago exemplos e falo sobre os seus benefícios.

Também apresento tecnologias acessíveis que auxiliam no diagnóstico personalizado, como a telemedicina.

O que é medicina personalizada?

Medicina personalizada (MP) é uma disciplina que emprega conhecimento científico para adaptar terapias às características do paciente.

Assim, em vez de precisar testar um medicamento, comportamento ou procedimento, o médico consegue prever seus efeitos e escolher o caminho mais benéfico junto ao doente.

Devido ao seu caráter de customização, a MP também é conhecida como medicina de precisão, já que permite a criação de abordagens muito mais precisas e efetivas.

Conforme estudo específico da área, esse movimento de transformação começou na esteira do grande investimento e desenvolvimento da pesquisa em genômica e biologia molecular:

“O sequenciamento genômico de última geração reduziu significativamente o custo e aumentou a velocidade do processo, tornando esta tecnologia mais acessível para a pesquisa, o que, associado à ênfase pós-genômica em novas áreas como a proteômica e a metabolômica, tem contribuído para o aumento na identificação de marcadores biológicos e o desenvolvimento de medicações alvo”.

Como funciona a medicina personalizada?

A medicina personalizada pode funcionar a partir de diferentes tecnologias, tanto com finalidade curativa quanto preventiva.

Segundo a Associação Brasileira de Medicina Personalizada (ABMPP), a MP envolve as seguintes áreas:

  • Diagnóstico molecular
  • Biópsia líquida e células tumorais circulantes
  • Genética
  • Oncogenética
  • Farmacogenética
  • Nutrigenética
  • Nutrigenômica
  • Epigenética
  • Epigenômica médica
  • Transcriptômica
  • Metabolômica
  • Proteômica
  • Exposoma
  • Interactoma
  • Microbioma
  • Imunoterapia
  • Bioética
  • Bioinformática
  • Big data
  • Inteligência cognitiva.

Ferramentas de mapeamento genético são capazes de fornecer dados sobre as chances de que o paciente venha a sofrer com certas patologias.

Entre elas, vale citar o câncer, cardiopatias e Alzheimer, que possuem influência de fatores genéticos – evidenciados com o suporte da MP.

Também dá para escolher a terapia menos agressiva para um indivíduo com câncer, por exemplo, diminuindo efeitos colaterais indesejáveis.

Ou compreender como o organismo metaboliza determinadas substâncias, desenvolvendo medicações alvo que reúnem as características mais bem toleradas e com maiores chances de sucesso.

Esses pontos fazem da MP uma disciplina com aplicação ampla, desde os campos neurológico e oncológico até o psiquiátrico e endócrino.

Em teoria, basta direcionar as pesquisas e exames ao impacto desejado para compor planos de tratamento únicos, construídos considerando as particularidades de um paciente.

Quais os benefícios da medicina personalizada?

Entre as principais vantagens da medicina personalizada, vale citar:

  • Desenvolvimento de tratamentos customizados
  • Suporte para a tomada de decisões qualificadas
  • Redução nos efeitos colaterais e sequelas
  • Prevenção ou tratamento precoce para doenças influenciadas por fatores genéticos
  • Humanização do atendimento, com base em informações personalizadas
  • Impulsionamento de pesquisas científicas e descobertas a partir de dados sobre os genes presentes em determinados grupos populacionais.

A seguir, trago detalhes sobre o cenário da medicina personalizada no Brasil.

Cenário da medicina personalizada no Brasil

A medicina personalizada vem avançando aos poucos no Brasil, principalmente devido ao seu alto custo.

Mesmo os serviços mais simples pedem investimentos de alguns milhares de reais, o que inviabiliza sua utilização em massa – pelo menos por enquanto.

Mas há sinais de superação desse obstáculo em breve, como a inclusão de exames genéticos relacionados a 29 tipos de patologia no Rol de Procedimentos da ANS, tornando sua cobertura obrigatória pelos planos de saúde desde 2013.

Isso garante o acesso de mais de 50 milhões de beneficiários à medicina de precisão.

Também em 2013, foi criada a Rede Nacional de Farmacogenética, com o objetivo de gerar e organizar informações ligadas ao perfil farmacogenético da população brasileira.

Dois anos mais tarde, foi lançado, com o apoio da Fapesp, o Brazilian Initiative on Precision Medicine (BIPMed), que foca na coleta de informações para estudos de varredura genômica em epidemiologia genética.

Outro marco foi a fundação da Associação Brasileira de Medicina Personalizada e de Precisão, que trabalha pela união de esforços em medicina e tecnologia para difundir a MP no país.

Medicina individualizada

A telemedicina utiliza tecnologias que otimizam o diagnóstico e tratamento de diversas doenças

Exemplos de medicina personalizada

Um dos exemplos mais conhecidos foi o de Angelina Jolie, que se submeteu a testes genéticos e descobriu ter risco de 85% para câncer de mama.

Além do mais, havia histórico familiar importante, pois sua mãe havia falecido por causa da doença.

A fim de prevenir o câncer, a atriz passou por mastectomia dupla antes mesmo de ter qualquer célula maligna.

Falando sobre o apoio para terapia medicamentosa, a MP permite prever a eficácia do Clopidogrel, usado para evitar o surgimento de trombos em pacientes que sofrem de doença arterial coronariana (DAC), por exemplo.

Medicina personalizada em oncologia

A oncologia é um dos segmentos mais avançados quando se fala em medicina personalizada.

Existem opções como o exame de farmacogenética, feito através de uma amostra de sangue para verificar como o paciente metaboliza determinado fármaco.

Análises de amostras de tumores ainda possibilitam a identificação de biomarcadores do câncer e o uso de terapia-alvo, com drogas direcionadas a destruir apenas as células cancerosas.

No Brasil, médicos e pacientes encontram fármacos de MP destinados principalmente ao tratamento de câncer de mama, leucemia mieloide crônica e outros cânceres hematológicos.

Telemedicina e medicina personalizada

Tanto a medicina personalizada quanto a telemedicina empregam tecnologias que otimizam o diagnóstico e tratamento de diversas doenças.

Mas a telemedicina tem maior disponibilidade, pois está presente na rotina de instituições brasileiras desde os anos 2000, oferecendo serviços como os laudos a distância.

Hospitais, clínicas e até consultórios podem se beneficiar dessa dinâmica, que viabiliza a interpretação de exames online, dentro de um ambiente seguro: a plataforma de Telemedicina Morsch.

Basta enviar os registros do eletrocardiograma, espirometria, mamografia, raio X, etc, para receber o laudo digital em minutos.

Veja mais detalhes e opções para qualificar o diagnóstico com a Telemedicina Morsch clicando aqui.

Conclusão

Ficar por dentro das novidades de medicina personalizada é fundamental para se manter atualizado sobre o futuro da área médica no Brasil e no mundo.

Sua equipe pode começar a aproveitar essas vantagens da transformação digital na saúde, aderindo a tecnologias como farmacogenômica e telemedicina.

Conte com a expertise da Morsch para te ajudar nessa jornada!

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin