Entenda a fibrilação atrial no ECG e como identificar esse achado

Por Dr. José Aldair Morsch, 6 de dezembro de 2021
Fibrilação atrial no ECG

Identificar a fibrilação atrial no ECG é de grande importância para um diagnóstico rápido.

Afinal, o eletrocardiograma costuma ser o primeiro exame realizado para confirmar ou afastar a suspeita de fibrilação atrial (FA).

Predominante entre idosos com histórico de doenças cardíacas, a FA aumenta o risco de eventos adversos como infarto e AVC, sendo a segunda maior causa de mortes no mundo.

Se quer entender melhor esse achado, suas características no ECG e qual conduta terapêutica adotar, avance na leitura.

Você também vai saber mais sobre como a telemedicina qualifica o diagnóstico dessa e de outras condições.

O que é fibrilação atrial no ECG?

Fibrilação atrial no ECG é um achado que sinaliza problemas com a contração das câmaras cardíacas superiores.

Devido a fatores diversos, os átrios recebem estímulos elétricos de maneira descontrolada, impactando na sua capacidade de contração.

Assim, em vez de completarem o movimento, os átrios parecem tremer, provocando palpitações no paciente.

O resultado é a diminuição da quantidade de sangue bombeada pelo miocárdio, ou seja, uma redução no débito cardíaco que pode chegar a 30%.

Outra indicação da fibrilação atrial é a elevação da frequência cardíaca, que pode ultrapassar os 180 bpm.

Vale lembrar que a frequência normal para um adulto jovem e saudável deve ficar entre 50 e 100 bpm.

Como a fibrilação atrial aparece no ECG?

A fibrilação atrial é um ritmo caracterizado por arritmia de padrão rápido (taquicardia) e anormalidades no traçado do eletrocardiograma.

Exemplo de ECG com fibrilação atrial de alta resposta ventricular em jovem

Fibrilação atrial com bloqueio divisional ântero-superior esquerdo e bloqueio completo de ramo direito em jovem.

No ritmo sinusal ou normal, cada batimento é formado por uma onda P, seguida por um complexo QRS e, ainda, uma onda T, sendo que:

  • A onda P normal nasce no nó sinusal, é arredondada e suave, durando menos de 0,10 segundo ou 2,5 mm. Sua amplitude ou voltagem máxima é de 0,25 mV. Essa onda revela a contração dos átrios ou sua despolarização
  • O intervalo entre P e R (PR) revela o tempo entre o início da despolarização dos átrios e a dos ventrículos
  • Já a contração dos ventrículos corresponde ao complexo QRS, composto por uma onda positiva (R) e duas negativas (Q e S). Sua duração fica entre 0,06 e 0,10 segundo
  • A onda T fecha o ciclo de cada batida do coração, mostrando a repolarização dos ventrículos.

Na FA, nota-se a ausência da onda P.

Por vezes, o ECG de um paciente com essa condição revela pequenas oscilações irregulares no lugar de P – as ondas F.

Outra anomalia é observada na medida entre um intervalo QRS e outro, chamado R-R, que se torna irregular.

Isso ocorre porque o excesso de impulsos elétricos enviados ao nó atrioventricular passa aos ventrículos de forma descoordenada.

 

 

 

 

Fibrilação no eletrocardiograma

Manter um estilo de vida saudável e consultas preventivas diminui as chances de complicações cardiovasculares

O Flutter atrial e a Fibrilação atrial

Não podemos confundir uma arritmia supraventricular de padrão rápido e lento, porém regular, salvo nos casos de Ritmo de flutter atrial com condução atrioventricular variável.

Essa condição de arritmia confunde o diagnóstico e muitas vezes ficamos em dúvida se estamos diante de uma fibrilação atrial ou um Flutter variável.

A forma correta de avaliar isso é calcular a frequência atrial, sendo acima de 240 batimentos por minuto no Flutter, fazendo com que apareçam as famosas ondas F.

Acompanhe na figura abaixo o comportamento das ondas F com condução variável, simula muito bem uma fibrilação atrial de baixa resposta ventricular.

Flutter atrial com condução atrioventricular variável no Holter de ECG

Flutter atrial com condução atrioventricular variável

Conduta médica na fibrilação atrial

Antes de qualquer medida terapêutica, cabe ao médico confirmar o diagnóstico de fibrilação atrial, usando ferramentas como:

  • Anamnese: dados relevantes sobre sintomas e histórico de saúde são coletados durante a entrevista com o paciente
  • Exame clínico: por vezes, a simples medição do pulso dá pistas do diagnóstico
  • Eletrocardiograma: se realizado no momento das palpitações, o ECG é capaz de mostrar anormalidades que caracterizam a FA, como expliquei nos tópicos anteriores
  • Holter de ECG: episódios espaçados de palpitações requerem monitoramento do ritmo cardíaco por um ou mais dias.

Tratamento da fibrilação atrial

Uma vez diagnosticada, a fibrilação atrial exige agilidade no tratamento para diminuir a mortalidade por AVC e outros eventos.

Para tanto, as II Diretrizes Brasileiras de Fibrilação Atrial recomendam o uso de anticoagulantes para dissolver possíveis trombos que se formem em decorrência da arritmia.

Também é necessário estabilizar a frequência cardíaca, o que pode ser feito mediante cardioversão elétrica (choque).

Quando essa medida é ineficaz, podem ser administrados medicamentos de suporte para retornar ao ritmo sinusal.

Doentes jovens que não tenham histórico de males cardiovasculares costumam ter bom prognóstico mediante a realização de ablação por radiofrequência.

Nesse procedimento, o especialista usa um cateter para acessar o local de origem da FA por via intravenosa e o queima.

Recomendações ao paciente

Por fim, mas não menos importante, cabe orientar o doente para que adote um estilo de vida saudável, reduzindo as chances de novas complicações cardiovasculares.

Diminuir a ingestão de sal, açúcar e gordura auxiliam na prevenção ou controle da hipertensão e diabetes – dois fatores de risco para a fibrilação atrial.

Além dessas medidas, é inteligente evitar o consumo excessivo de álcool e manter uma rotina de consultas e exames preventivos para detectar alterações que sinalizem doenças cardíacas.

Resultado do eletrocardiograma

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Telemedicina qualifica diagnóstico no ECG

Embora o eletrocardiograma seja um teste de simples condução, sua interpretação pode ser complexa.

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Conclusão

Neste artigo, abordei as principais características da fibrilação atrial no ECG, possíveis complicações e condutas diante desse achado.

Além do tratamento para reverter a arritmia, é fundamental a orientação do paciente e o acompanhamento para evitar novos eventos de saúde.

Manter uma rotina de consultas e testes, como o ECG, ajuda na prevenção desses e de outros problemas.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin