Entenda a fibrilação atrial no ECG e como identificar esse achado
Identificar a fibrilação atrial no ECG é de grande importância para um diagnóstico rápido.
Afinal, o eletrocardiograma costuma ser o primeiro exame realizado para confirmar ou afastar a suspeita de fibrilação atrial (FA).
Predominante entre idosos com histórico de doenças cardíacas, a FA aumenta o risco de eventos adversos como infarto e AVC, sendo a segunda maior causa de mortes no mundo.
Se quer entender melhor esse achado, suas características no ECG e qual conduta terapêutica adotar, avance na leitura.
Você também vai saber mais sobre como a telemedicina qualifica o diagnóstico dessa e de outras condições.
O que é fibrilação atrial no ECG?
Fibrilação atrial no ECG é um achado que sinaliza problemas com a contração das câmaras cardíacas superiores.
Devido a fatores diversos, os átrios recebem estímulos elétricos de maneira descontrolada, impactando na sua capacidade de contração.
Assim, em vez de completarem o movimento, os átrios parecem tremer, provocando palpitações no paciente.
O resultado é a diminuição da quantidade de sangue bombeada pelo miocárdio, ou seja, uma redução no débito cardíaco que pode chegar a 30%.
Outra indicação da fibrilação atrial é a elevação da frequência cardíaca, que pode ultrapassar os 180 bpm.
Vale lembrar que a frequência normal para um adulto jovem e saudável deve ficar entre 50 e 100 bpm.
Como a fibrilação atrial aparece no ECG?
A fibrilação atrial é um ritmo caracterizado por arritmia de padrão rápido (taquicardia) e anormalidades no traçado do eletrocardiograma.
No ritmo sinusal ou normal, cada batimento é formado por uma onda P, seguida por um complexo QRS e, ainda, uma onda T, sendo que:
- A onda P normal nasce no nó sinusal, é arredondada e suave, durando menos de 0,10 segundo ou 2,5 mm. Sua amplitude ou voltagem máxima é de 0,25 mV. Essa onda revela a contração dos átrios ou sua despolarização
- O intervalo entre P e R (PR) revela o tempo entre o início da despolarização dos átrios e a dos ventrículos
- Já a contração dos ventrículos corresponde ao complexo QRS, composto por uma onda positiva (R) e duas negativas (Q e S). Sua duração fica entre 0,06 e 0,10 segundo
- A onda T fecha o ciclo de cada batida do coração, mostrando a repolarização dos ventrículos.
Na FA, nota-se a ausência da onda P.
Por vezes, o ECG de um paciente com essa condição revela pequenas oscilações irregulares no lugar de P – as ondas F.
Outra anomalia é observada na medida entre um intervalo QRS e outro, chamado R-R, que se torna irregular.
Isso ocorre porque o excesso de impulsos elétricos enviados ao nó atrioventricular passa aos ventrículos de forma descoordenada.
O Flutter atrial e a Fibrilação atrial
Não podemos confundir uma arritmia supraventricular de padrão rápido e lento, porém regular, salvo nos casos de Ritmo de flutter atrial com condução atrioventricular variável.
Essa condição de arritmia confunde o diagnóstico e muitas vezes ficamos em dúvida se estamos diante de uma fibrilação atrial ou um Flutter variável.
A forma correta de avaliar isso é calcular a frequência atrial, sendo acima de 240 batimentos por minuto no Flutter, fazendo com que apareçam as famosas ondas F.
Acompanhe na figura abaixo o comportamento das ondas F com condução variável, simula muito bem uma fibrilação atrial de baixa resposta ventricular.
Conduta médica na fibrilação atrial
Antes de qualquer medida terapêutica, cabe ao médico confirmar o diagnóstico de fibrilação atrial, usando ferramentas como:
- Anamnese: dados relevantes sobre sintomas e histórico de saúde são coletados durante a entrevista com o paciente
- Exame clínico: por vezes, a simples medição do pulso dá pistas do diagnóstico
- Eletrocardiograma: se realizado no momento das palpitações, o ECG é capaz de mostrar anormalidades que caracterizam a FA, como expliquei nos tópicos anteriores
- Holter de ECG: episódios espaçados de palpitações requerem monitoramento do ritmo cardíaco por um ou mais dias.
Tratamento da fibrilação atrial
Uma vez diagnosticada, a fibrilação atrial exige agilidade no tratamento para diminuir a mortalidade por AVC e outros eventos.
Para tanto, as II Diretrizes Brasileiras de Fibrilação Atrial recomendam o uso de anticoagulantes para dissolver possíveis trombos que se formem em decorrência da arritmia.
Também é necessário estabilizar a frequência cardíaca, o que pode ser feito mediante cardioversão elétrica (choque).
Quando essa medida é ineficaz, podem ser administrados medicamentos de suporte para retornar ao ritmo sinusal.
Doentes jovens que não tenham histórico de males cardiovasculares costumam ter bom prognóstico mediante a realização de ablação por radiofrequência.
Nesse procedimento, o especialista usa um cateter para acessar o local de origem da FA por via intravenosa e o queima.
Recomendações ao paciente
Por fim, mas não menos importante, cabe orientar o doente para que adote um estilo de vida saudável, reduzindo as chances de novas complicações cardiovasculares.
Diminuir a ingestão de sal, açúcar e gordura auxiliam na prevenção ou controle da hipertensão e diabetes – dois fatores de risco para a fibrilação atrial.
Além dessas medidas, é inteligente evitar o consumo excessivo de álcool e manter uma rotina de consultas e exames preventivos para detectar alterações que sinalizem doenças cardíacas.
Telemedicina qualifica diagnóstico no ECG
Embora o eletrocardiograma seja um teste de simples condução, sua interpretação pode ser complexa.
Especialmente para médicos que não tenham se especializado na análise de exames cardiológicos.
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Conclusão
Neste artigo, abordei as principais características da fibrilação atrial no ECG, possíveis complicações e condutas diante desse achado.
Além do tratamento para reverter a arritmia, é fundamental a orientação do paciente e o acompanhamento para evitar novos eventos de saúde.
Manter uma rotina de consultas e testes, como o ECG, ajuda na prevenção desses e de outros problemas.
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