O que é e para que serve o ECG pediátrico
Como todo exame realizado em crianças, o eletrocardiograma infantil tem suas peculiaridades e pontos de atenção.
Não que o exame represente riscos à saúde dos pequenos, mas é fundamental que seja realizado e interpretado com correção, já que é uma peça-chave no diagnóstico de anomalias cardiovasculares, como as congênitas.
Apesar de a condução do procedimento ser semelhante ao ECG em adultos, existem diferenças importantes na análise de suas informações.
Se você deseja saber mais sobre o eletrocardiograma pediátrico, leia este artigo até o fim.
Vou trazer detalhes sobre esse exame de coração, incluindo indicações, resultados e a preparação exigida para a sua realização.
Para começar, você vai conferir o que é eletrocardiograma infantil.
Boa leitura!
Eletrocardiograma infantil: o que é e para que serve?
Eletrocardiograma infantil é um exame que mostra a atividade elétrica do coração em recém-nascidos, bebês e crianças.
Essa atividade é a responsável pelo funcionamento do músculo cardíaco, que se movimenta para bombear o sangue por todo o corpo.
É o sangue que nutre as células do organismo, transportando o oxigênio e nutrientes necessários para que elas desempenhem suas tarefas com eficiência.
Daí a importância de verificar a saúde do coração.
Durante as últimas décadas, a eletrocardiografia tem apoiado o trabalho de cardiologistas, clínicos gerais e pediatras.
Por ser um teste rápido, econômico, não invasivo e que, em geral, não apresenta contraindicações ou efeitos colaterais, o ECG pode ser feito em bebês e crianças.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, é considerado um exame padrão ouro para o diagnóstico de diversas patologias cardíacas, como arritmias, distúrbios de condução e isquemias.
Também é comum que o teste auxilie no diagnóstico de cardiopatias congênitas, especialmente durante os primeiros anos de vida.
Indicações do eletrocardiograma infantil
A eletrocardiografia é um dos exames cardiológicos mais comuns e, portanto, pode ser solicitada apenas para acompanhar o desenvolvimento da criança.
Mas há outros fatores que motivam a solicitação desse exame, como os seguintes:
- Convulsões
- Dor torácica
- Episódios de cianose – cor azulada na pele ou mucosas, que ocorre quando os tecidos não recebem oxigênio suficiente
- Arritmias
- Ingestão de drogas
- Hipotermia
- Febre reumática
- Miocardite – inflamação do miocárdio (músculo cardíaco)
- Pericardite – inflamação do pericárdio, a membrana que envolve o coração
- Insuficiência cardíaca
- Cardiopatias congênitas
- Histórico familiar de morte súbita
- Crises de apnéia
Cardiopatias congênitas, endocardite infecciosa, miocardite, pericardite, insuficiência cardíaca e hipertensão arterial são alguns males comuns durante a infância.
Suspeitas dessas condições também costumam levar o pediatra ou cardiologista a solicitar um eletrocardiograma.
É importante entender que o coração é uma bomba dividida em quatro câmaras, chamadas átrios e ventrículos.
Cada lado do músculo tem um átrio e um ventrículo.
No órgão, também há quatro válvulas que se abrem para permitir que o sangue circule em uma única direção de cada vez – entrando ou saindo.
Para nutrir o corpo, o sangue vai até os pulmões, onde capta oxigênio e retorna ao músculo cardíaco para ser bombeado ao restante do organismo.
As patologias congênitas que atingem o coração e vasos sanguíneos costumam afetar esse processo de circulação do sangue, ou os tecidos do músculo cardíaco.
Diferenças entre o ECG Infantil e Adulto
Embora o aparelho (eletrocardiógrafo) e a lógica por trás do exame sejam os mesmos para qualquer idade, existem pontos de atenção no ECG infantil.
Uma delas é a exigência de que o paciente fique parado durante todo o procedimento.
É possível orientar crianças maiores para que fiquem paradas, mas não bebês.
Outra diferença está nos resultados e interpretação da eletrocardiografia.
Quando o bebê nasce, seu aparelho cardiovascular – formado por coração, veias e artérias – tem as mesmas características da vida intrauterina.
Uma delas é o predomínio das câmaras direitas do coração quando comparadas às do lado esquerdo, ao contrário do que ocorre no coração de um adulto.
Aos poucos, o músculo cardíaco e vasos sanguíneos dos bebês vão se alterando, até chegarem ao padrão na idade adulta.
Por consequência, o traçado do eletrocardiograma muda conforme a idade do paciente.
Nos tópicos a seguir, comento sobre outras diferenças que podem influenciar nos resultados do ECG infantil.
Preparo para o eletrocardiograma pediátrico
O ECG pediátrico é um exame rápido, simples e indolor, e não precisa de preparo.
É recomendado apenas não aplicar cremes, talco ou outros cosméticos no corpo da criança, para melhor aderência dos eletrodos usados no procedimento.
Também é importante levar os resultados de outros exames cardiológicos para comparação.
Como é feito o eletrocardiograma no recém-nascido e na criança?
A realização do eletrocardiograma infantil é relativamente simples.
Primeiro, a criança é posicionada em uma maca, deitada de barriga para cima.
O cardiologista, pediatra ou técnico em enfermagem que conduz o exame, encontra as posições nas quais os eletrodos serão fixados, e marca esses locais com um gel.
Além de ajudar a fixar os eletrodos do aparelho de ECG, o gel conduz eletricidade, melhorando os registros do teste.
Em seguida, o profissional posiciona 10 eletrodos no paciente, distribuídos entre as extremidades de braços e pernas e pelo tórax.
Em alguns casos, os eletrodos são posicionados mais longe das mãos e pés, para evitar que o exame seja prejudicado se a criança se mexer.
Em recém-nascidos e lactentes, especialistas também recomendam duas posições adicionais dos eletrodos no tórax.
Conhecidas como V3R e V4R, elas servem para colher detalhes do ventrículo direito.
O ECG costuma durar apenas alguns minutos.
Assim que os eletrodos estão posicionados, o eletrocardiógrafo é ligado.
Os eletrodos coletam informações sobre a atividade elétrica do coração em diferentes áreas, e as enviam ao monitor.
O aparelho, então, transforma os dados em gráficos de linha.
Se o equipamento for convencional, as linhas são registradas em papel especial. Se for digital, ficam armazenadas no computador.
Contraindicações do exame ECG infantil
Em geral, o eletrocardiograma infantil não possui contraindicações.
Mas a fixação dos eletrodos pode incomodar alguns pacientes sensíveis, com feridas ou alergias na pele.
Por isso, é importante avisar o pediatra e o cardiologista se houver alergias ou ferimentos.
Riscos do eletrocardiograma infantil
A eletrocardiografia, em si, não envolve riscos consideráveis.
No entanto, pode ser difícil fazer o teste em crianças com doenças que causem grande agitação ou comportamento hiperativo.
Caso seja imprescindível a realização do ECG, essas crianças precisarão ser sedadas de acordo com a orientação médica.
Raramente, podem ocorrer irritações na pele por causa do gel condutor usado para fixar os eletrodos.
Resultados do ECG Pediátrico
Assim como nos adultos, os resultados de um eletrocardiograma infantil podem ser normais ou apresentar alterações.
No entanto, há dificuldades maiores na hora de estabelecer padrões eletrocardiográficos normais de crianças.
Isso porque, como citei alguns tópicos acima, o sistema cardiovascular dos bebês e crianças está em desenvolvimento, sofrendo muitas mudanças antes de chegar ao padrão observado nos adultos jovens.
Idade, frequência cardíaca, má posição durante o exame e outros fatores causam alterações no traçado do ECG, que nem sempre indicam patologias.
Por isso, é imprescindível que os registros sejam analisados por especialistas qualificados, que tenham acesso a informações do paciente.
Valores Normais de um Eletrocardiograma infantil
Para explicar os valores descritos no exame, vou falar sobre o ritmo cardíaco.
O coração bate em um ritmo padrão em cada pessoa (ritmo sinusal), determinado conforme a frequência cardíaca.
Ela, por sua vez, mostra quantas vezes o coração bate a cada minuto, possibilitando a identificação dos padrões.
A frequência sofre a influência de fatores como a idade, alimentação e prática de exercícios físicos e até a forma como a criança respira durante o exame.
Uma das principais características de um eletrocardiograma pediátrico é uma frequência cardíaca mais alta que o normal em adultos jovens (entre 60 e 100 batidas por minuto).
Em um recém-nascido, por exemplo, a frequência normal fica entre 90 e 160 bpm, indicando um esforço maior do músculo cardíaco para bombear o sangue.
Outras alterações podem ser vistas na duração das ondas elétricas registradas pelo ECG.
Além dos valores de frequência, o ECG infantil mostra menor duração das principais ondas (P e T) e intervalos (PR e QRS).
A seguir, comento detalhes sobre essas ondas e intervalos.
Você pode ver uma tabela completa com os valores normais para cada idade nesta diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Variações do Eletrocardiograma Infantil com a Idade
As principais variações no sistema cardiovascular são referentes à frequência cardíaca, posicionamento do eixo elétrico, posição e duração das ondas que formam o traçado do ECG.
A frequência cardíaca varia depois do nascimento, aumentando durante as primeiras duas a quatro semanas de vida, quando pode atingir valores médios de 140 bpm.
Depois, diminui com o crescimento da criança.
É comum que o eixo elétrico do coração mostre desvio para a direita. Em geral, o eixo se move e toma a posição normal (entre -30º e 90º) até os oito anos de idade.
O eixo cardíaco é a principal direção do estímulo elétrico na trajetória através dos ventrículos.
Variação das ondas no ECG infantil
Para compreender a variação das ondas que aparecem no eletrocardiograma, vou falar sobre o funcionamento do coração.
Os impulsos elétricos nascem no chamado nó sinusal, que fica no ponto alto do átrio direito – uma das câmaras superiores do músculo cardíaco.
Quando a atividade elétrica é normal, os impulsos são produzidos de forma regular e distribuídos por todo o coração, levando à entrada de íons de cálcio nas células cardíacas.
Esse processo é chamado de despolarização elétrica, e provoca a contração do músculo cardíaco.
Em seguida, as células liberam íons de potássio, em um processo denominado repolarização.
Após a repolarização, as células estão preparadas para uma nova despolarização.
Durante o batimento cardíaco, o impulso elétrico começa no nó sinusal, despolariza o átrio direito e o esquerdo e chega ao nodo atrioventricular (entre os átrios e os ventrículos).
Ali, o impulso sofre um retardamento, e os átrios se contraem.
Depois, o impulso chega aos ventrículos, causando a despolarização das células, que se contraem novamente e bombeiam o sangue pelo coração.
No traçado do ECG, cada batida do coração é formada por uma onda P, um complexo QRS e uma onda T.
A onda P registra a contração dos átrios.
O complexo QRS corresponde à contração dos ventrículos.
Já a onda T indica a repolarização dos ventrículos.
Em um adulto saudável, cada batimento leva, em média, 0,19 segundo, mas costuma ser mais rápido em uma criança, pois as ondas têm menor duração.
A onda P tem duração média de 0,06 segundo no primeiro ano de vida, aumentando até 0,09s aos 10 anos.
O complexo QRS também sofre mudanças, tanto na duração quanto na posição (conhecida como eixo).
Sua duração média passa de 0,06 segundo nos primeiros dias de vida, para 0,09 seg após 15 anos.
Interpretação do ECG Pediátrico
Devido às variações mencionadas acima, as eletrocardiografias em bebês e crianças precisam de maior zelo na interpretação.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia afirma que é fundamental considerar as variações próprias de cada faixa etária, consultar referências para cada idade e correlacionar os achados do ECG com os dados clínicos.
Isso porque mesmo algumas anomalias registradas no ECG infantil não estão relacionadas a doenças.
Um exemplo é a arritmia sinusal, uma variação na frequência cardíaca causada pela respiração, a qual tende a desaparecer com a idade.
Telecardiologia e laudo a distância na interpretação de ECG Infantil
Como vimos, a interpretação de um eletrocardiograma infantil envolve uma série detalhes, exigindo profissionais experientes para essa tarefa.
Mas a carência de especialistas na área médica não é novidade, principalmente em cidades pequenas no interior do Brasil.
Nelas, crianças e familiares podem esperar dias para que saiam os resultados, provocando atrasos no diagnóstico e possível tratamento de patologias graves.
Por isso, clínicas e hospitais infantis têm contado com serviços de telecardiologia.
Essa especialidade é uma aplicação da telemedicina na cardiologia, que possibilita a emissão de laudos à distância.
Basta que um técnico em enfermagem receba capacitação e realize o eletrocardiograma com um equipamento digital.
Os dados coletados são enviados a um computador por um software específico, armazenados e compartilhados na plataforma de telemedicina.
Em seguida, especialistas qualificados avaliam dados do paciente, comparando-os aos resultados do exame.
Eles registram sua análise e conclusão no laudo médico online, que é assinado digitalmente.
Na Telemedicina Morsch, em urgências, o laudo à distância fica pronto em tempo real.
Conclusão
Neste artigo, falei sobre as particularidades, resultados e doenças diagnosticadas pelo eletrocardiograma infantil.
Também comentei sobre a importância da interpretação desse teste, que deve ser feita por especialistas experientes.
Se a sua clínica ou hospital ainda não disponibiliza o exame, a tecnologia oportuniza essa oferta.
Deixe que a Telemedicina Morsch ofereça esse suporte para a sua unidade de saúde, com toda a comodidade, agilidade e a um valor que cabe no seu orçamento.
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