Complexo QRS: entenda o que é e qual o significado no eletrocardiograma
Essencial na avaliação da ativação ventricular, o complexo QRS tem morfologias variadas nas diferentes derivações do eletrocardiograma.
Isso porque ele pode ser visto de forma distinta a partir dos pontos de observação, sem que haja qualquer doença de fundo.
No entanto, é importante conhecer as características principais e anormalidades relacionadas a patologias como os bloqueios de ramo.
Falo mais desse assunto ao longo do artigo, com destaque para o laudo de ECG a distância, emitido com agilidade via telemedicina cardiológica.
Acompanhe até o final para tirar suas principais dúvidas a respeito.
O que é complexo QRS?
O complexo QRS é um trecho do traçado do ECG formado por três ondas: Q, R e S.
Lembrando que, quando o músculo cardíaco bate em ritmo sinusal ou normal, aparecem cinco ondas nos gráficos do eletrocardiograma: P, Q, R, S e T.
Nesse cenário, cada batimento é formado pela sequência onda P, complexo QRS e onda T.
De acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos:
“O complexo QRS é dito normal quando a duração for inferior a 120 ms e amplitude entre 5 e 20 mm nas derivações do plano frontal e entre 10 e 30 mm nas derivações precordiais, com orientação normal do eixo elétrico”.
Cabe mencionar ainda que os limites normais do eixo cardíaco no plano frontal ficam entre -30º e +90º.
Confira agora as características de cada onda que compõe o complexo QRS.
Onda Q
Num traçado de ECG normal, a onda Q é sempre negativa, costuma ter menos de 0,04 segundo de duração e 2 mm de profundidade.
Caso apareça nas derivações V1 a V3, trata-se de onda Q patológica, sinalizando necrose (infarto agudo do miocárdio recente ou antigo).
Onda R
Costuma se destacar no complexo QRS, pois corresponde à deflexão positiva.
Sua duração e amplitude variam conforme a derivação observada, porém, a amplitude aumentada pode sinalizar sobrecarga ventricular.
Onda S
Costuma ser a segunda deflexão negativa do complexo QRS.
Contudo, pode ser a primeira onda negativa caso não haja onda Q.
Qual é o significado do complexo QRS?
O complexo QRS representa a contração dos ventrículos, que são as câmaras inferiores cardíacas.
Esse movimento resulta da entrada de íons de cálcio nas células do coração (despolarização ventricular) – que, por sua vez, é estimulada pela passagem da corrente elétrica.
Num batimento cardíaco normal, o impulso elétrico nasce no nó sinusal, localizado acima da câmara superior direita (átrio direito).
Segue, então, para o átrio direito, átrio esquerdo, nó atrioventricular e ventrículos, que sofrem contração e relaxam em seguida, durante a repolarização ventricular.
Segundo a já citada Diretriz da SBC, a ativação ventricular normal no plano horizontal, correspondente ao complexo QRS:
“Tem como característica a transição da morfologia rS, característico de V1, para o padrão qR típico do V6, com o r aumentando progressivamente de tamanho até o máximo em V5 e o S progressivamente se reduzindo até V6. Os padrões intermediários de RS (zona de transição) habitualmente ocorrem em V3 e V4”.
O que é um complexo QRS alargado?
O complexo QRS alargado tem duração superior a 120 ms, podendo expressar diversas condições, nem sempre patológicas.
Um exemplo é o ritmo de marcapasso cardíaco, que pode apresentar essa alteração.
Entretanto, o QRS largo também pode sinalizar distúrbios como os bloqueios de ramo, que são atrasos ou obstruções na condução de estímulos elétricos dos átrios para os ventrículos.
Enquanto o bloqueio de ramo direito raramente é causado por doenças, o bloqueio de ramo esquerdo está associado a patologias e complicações graves como a morte súbita.
A diferença entre BRD e BRE pode ser identificada ao avaliar a derivação V1 do eletrocardiograma.
Se o complexo QRS estiver voltado para cima, trata-se de BRD – se estiver voltado para baixo, é BRE.
Além dos bloqueios de ramo, o QRS alargado pode ser consequência de:
- Arritmia ventricular, a exemplo do ritmo idioventricular acelerado (RIVA), batimento de fusão e extrassístole ventricular
- Taquicardia por reentrada nodal comum (TRN), que tem origem no nó atrioventricular
- Aberrância de condução
- Extrassístole atrial com aberrância de condução
- Taquicardia por reentrada atrioventricular antidrômica
- Taquicardia bidirecional
- Ativação atrial retrógrada
- Hiperpotassemia
- Intoxicação digitálica e outras alterações metabólicas.
A seguir, explico como laudar um eletrocardiograma com complexo QRS.
Como laudar um eletrocardiograma com complexo QRS?
A elaboração do laudo de ECG cabe a cardiologistas especializados na área do exame, como exige o Conselho Federal de Medicina.
Afinal, essa é uma tarefa complexa que envolve conhecimentos sobre a anatomia e funcionamento do aparelho cardiovascular, além das particularidades do exame.
A SBC estabelece que o laudo médico para eletrocardiograma deve conter:
- Análise do ritmo cardíaco e quantificação da frequência cardíaca
- Análise da duração, amplitude e morfologia da onda P e duração do intervalo PR
- Determinação do eixo elétrico de P, QRS e T
- Análise da duração, amplitude e morfologia do QRS
- Análise da repolarização ventricular e descrição das alterações do ST-T, QT e U quando presentes
- Conclusão, que deve apontar se o resultado é normal ou alterado, incluindo a descrição do diagnóstico.
Para saber mais a respeito, leia meu artigo sobre como interpretar o eletrocardiograma.
Benefícios do laudo eletrônico para eletrocardiograma
Viabilizando por empresas como a Telemedicina Morsch, o laudo eletrônico supre a demanda por cardiologistas qualificados em clínicas e hospitais.
Isso porque a tecnologia conecta a equipe local a especialistas em outras localidades, que ficam encarregados de interpretar o ECG.
Basta que um médico ou técnico de enfermagem treinado faça o exame normalmente e compartilhe os gráficos no sistema de telemedicina.
Em seguida, um cardiologista online avalia os achados e compõe o laudo a distância.
Ele finaliza o documento com sua assinatura digital, garantindo a autenticidade.
Desse modo, os resultados ficam prontos em minutos, ou até em tempo real se for uma urgência.
Sua equipe ainda se beneficia da segunda opinião médica, caso precise debater o diagnóstico.
Tudo isso dentro de um software em nuvem, acessível a partir de qualquer dispositivo com conexão à internet!
Confira mais detalhes e aproveite as vantagens do laudo digital.
Conclusão
Entender as características do complexo QRS é essencial para a interpretação correta do ECG, que pode ser feita in loco ou online, delegando os laudos ao time de especialistas Morsch.
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