Dispensação de medicamentos: o que é, como é feita e quais as boas práticas?
A correta dispensação de medicamentos faz parte das ações de promoção da saúde à população.
Mais que uma simples liberação de fármacos, trata-se de um momento de orientação do paciente por parte do farmacêutico, a fim de incentivar o uso racional da medicação.
Para tanto, cabe ao profissional adotar boas práticas como o acolhimento em saúde, analisando a prescrição de forma atenta.
Confira outras dicas para fazer a dispensação com excelência ao longo deste artigo.
Você ainda vai conhecer as principais etapas, cuidados referentes à receita de remédio controlado e à receita digital.
O que é dispensação de medicamentos?
Dispensação de medicamentos é o fornecimento de fármacos e informações sobre eles ao paciente, conforme a prescrição apresentada.
Uma definição mais completa consta no estudo “Dispensação farmacêutica: proposta de um modelo para a prática”, que afirma:
“A dispensação é o ato farmacêutico de distribuir um ou mais medicamentos a um paciente, geralmente como resposta à apresentação de uma prescrição elaborada por um profissional autorizado.”
O referido artigo fala sobre alguns elementos indispensáveis a esse ato farmacêutico, a exemplo de:
- Ênfase no cumprimento do regime de dosificação
- Influência dos alimentos
- Interações medicamentosas
- Reconhecimento de reações adversas potenciais
- Condições de conservação do produto.
A seguir, entenda como deve ser feita a dispensação de medicamentos.
Como é feita a dispensação de medicamentos?
Conforme mencionei acima, a dispensação é ato privativo do farmacêutico e vai além da simples entrega do remédio prescrito.
Ela compreende um processo em quatro etapas, segundo informa o Manual de Orientação ao Farmacêutico: aspectos legais da dispensação, elaborado pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP).
Saiba mais sobre elas a seguir:
Avaliação da prescrição
O primeiro passo consiste na leitura atenta da prescrição médica, que deve incluir os seguintes campos:
- Identificação do estabelecimento ou consultório
- Nome completo do paciente, idade e sexo e contato
- Nome do medicamento prescrito, concentração, forma farmacêutica
- Dose, frequência e duração do tratamento
- Quantidade a ser fornecida
- Orientação médica sobre o uso correto do medicamento e instruções adicionais
- Nome completo do prescritor
- Assinatura
- Número do registro profissional (CRM)
- Local e data.
Se houver qualquer dúvida referente à abordagem terapêutica, será preciso contatar o prescritor para esclarecer a questão, sempre com polidez, ética e respeito.
Também é necessário identificar o paciente, perguntando se o remédio é para ele ou se está comprando para um familiar, amigo ou conhecido.
Prescrição farmacêutica
Após checar a prescrição, é hora de conversar com o paciente para saber qual o nível de entendimento em relação ao tratamento receitado, ao medicamento utilizado e a possíveis interações com alimentos e outros remédios.
Pergunte se ele faz uso contínuo de outras medicações, se tem comorbidades e por que procurou tratamento, fornecendo orientação relativa a terapias farmacológicas e não farmacológicas.
Se necessário, vale fazer anotações na embalagem do remédio ou outro espaço para que o paciente tenha as recomendações sempre à mão.
Em caso de medicamentos isentos de prescrição (MIPs), vale utilizar a prescrição farmacêutica como ferramenta de instrução, a fim de coibir práticas danosas como a automedicação.
Acompanhamento farmacoterapêutico
Em seguida, é importante manter o acompanhamento do paciente, que pode ser feito de forma presencial, por telefone, e-mail ou aplicativos de mensagens.
Assim, será possível monitorar a evolução da terapia e detectar possíveis problemas relacionados ao uso da medicação.
Farmacovigilância
Por fim, o farmacêutico deve realizar as devidas notificações a profissionais de saúde, órgãos sanitários competentes e laboratório industrial, caso observe efeitos colaterais, reações adversas, intoxicações – voluntárias ou não – e farmacodependência.
Boas práticas de dispensação de medicamentos
Listo, abaixo, rotinas que melhoram o processo de dispensação dos fármacos:
- Confira todos os campos e a validade da receita médica
- Verifique se a prescrição atende às exigências da legislação atual, especialmente se for para um medicamento controlado
- Cuidado com a letra de médico! Jamais aceite prescrições ilegíveis, com rasuras ou emendas
- Caso seja uma receita digital, use a plataforma de prescrição eletrônica do CFM para confirmar sua legitimidade
- Procure fornecer um atendimento humanizado, ouvindo atentamente as questões apresentadas pelo paciente ou acompanhante
- Promova a educação em saúde, informando sempre o efeito esperado e possíveis riscos relacionados à medicação
- Aconselhe o paciente a não interromper o tratamento sem recomendação médica, principalmente se estiver utilizando antibióticos e remédios de uso contínuo.
Acompanhe na sequência como funciona esse processo no caso de medicamentos controlados.
Como funciona a dispensação de medicamentos controlados?
A prescrição e dispensação de fármacos controlados obedece às regras determinadas pela Instrução Normativa SVS/MS 344/1998 (Regulamento Técnico das substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial).
A legislação divide as medicações em três grupos diferentes, cada qual com suas particularidades:
- Receita amarela (tipo A): serve para entorpecentes e psicotrópicos, e deve ser emitida junto a uma notificação para a Anvisa. Cada prescrição contempla somente um medicamento para o tratamento de, no máximo, 30 dias de duração
- Receita azul (tipo B): usada para psicotrópicos, também exige uma notificação de receita. Vale por 30 dias e só pode liberar a dispensação de substâncias suficientes para um mês de terapia
- Receita branca (tipo C): anticonvulsivantes e antiparkinsonianos podem ser prescritos através desse receituário, que aceita até 3 medicações. Fármacos pertencentes aos grupos “C2” (retinoides para uso sistêmico) e “C3” (imunossupressores) devem ser acompanhados por notificação à Anvisa, podendo ser liberados em quantidades suficientes para até 60 dias.
Você sabia que a telemedicina agrega importantes vantagens ao processo? Descubra a seguir!
Como funciona a dispensação de medicamentos com receita digital?
Quando o paciente recebe uma receita médica online, a dispensação fica muito mais simples e segura.
Isso porque o documento possui um QR Code que pode ser lido pelo sistema da farmácia para apoiar a validação do documento e a conferência de medicamento, forma farmacêutica, dosagem etc.
Nesse cenário, há menos chance de erros nos registros e na liberação do remédio, conferindo maior confiabilidade ao ato farmacêutico.
Plataformas como a Telemedicina Morsch oferecem a ferramenta de prescrição eletrônica para emitir a receita digital com praticidade.
Essa funcionalidade está disponível, inclusive, durante a teleconsulta entre paciente e profissional de saúde.
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Conclusão
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