Dispensação de medicamentos: o que é, como é feita e quais as boas práticas?

Por Dr. José Aldair Morsch, 22 de novembro de 2024
Dispensação de medicamentos

A correta dispensação de medicamentos faz parte das ações de promoção da saúde à população.

Mais que uma simples liberação de fármacos, trata-se de um momento de orientação do paciente por parte do farmacêutico, a fim de incentivar o uso racional da medicação.

Para tanto, cabe ao profissional adotar boas práticas como o acolhimento em saúde, analisando a prescrição de forma atenta.

Confira outras dicas para fazer a dispensação com excelência ao longo deste artigo.

Você ainda vai conhecer as principais etapas, cuidados referentes à receita de remédio controlado e à receita digital.

O que é dispensação de medicamentos?

Dispensação de medicamentos é o fornecimento de fármacos e informações sobre eles ao paciente, conforme a prescrição apresentada.

Uma definição mais completa consta no estudo “Dispensação farmacêutica: proposta de um modelo para a prática”, que afirma:

“A dispensação é o ato farmacêutico de distribuir um ou mais medicamentos a um paciente, geralmente como resposta à apresentação de uma prescrição elaborada por um profissional autorizado.”

O referido artigo fala sobre alguns elementos indispensáveis a esse ato farmacêutico, a exemplo de:

  • Ênfase no cumprimento do regime de dosificação
  • Influência dos alimentos
  • Interações medicamentosas
  • Reconhecimento de reações adversas potenciais
  • Condições de conservação do produto.

A seguir, entenda como deve ser feita a dispensação de medicamentos.

Como é feita a dispensação de medicamentos?

Conforme mencionei acima, a dispensação é ato privativo do farmacêutico e vai além da simples entrega do remédio prescrito.

Ela compreende um processo em quatro etapas, segundo informa o Manual de Orientação ao Farmacêutico: aspectos legais da dispensação, elaborado pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP).

Saiba mais sobre elas a seguir:

Avaliação da prescrição

O primeiro passo consiste na leitura atenta da prescrição médica, que deve incluir os seguintes campos:

  • Identificação do estabelecimento ou consultório
  • Nome completo do paciente, idade e sexo e contato
  • Nome do medicamento prescrito, concentração, forma farmacêutica
  • Dose, frequência e duração do tratamento
  • Quantidade a ser fornecida
  • Orientação médica sobre o uso correto do medicamento e instruções adicionais
  • Nome completo do prescritor
  • Assinatura
  • Número do registro profissional (CRM)
  • Local e data.

Se houver qualquer dúvida referente à abordagem terapêutica, será preciso contatar o prescritor para esclarecer a questão, sempre com polidez, ética e respeito.

Também é necessário identificar o paciente, perguntando se o remédio é para ele ou se está comprando para um familiar, amigo ou conhecido.

Dispensação de remédios

A dispensação é ato privativo do farmacêutico e vai além da simples entrega do remédio prescrito

Prescrição farmacêutica

Após checar a prescrição, é hora de conversar com o paciente para saber qual o nível de entendimento em relação ao tratamento receitado, ao medicamento utilizado e a possíveis interações com alimentos e outros remédios.

Pergunte se ele faz uso contínuo de outras medicações, se tem comorbidades e por que procurou tratamento, fornecendo orientação relativa a terapias farmacológicas e não farmacológicas.

Se necessário, vale fazer anotações na embalagem do remédio ou outro espaço para que o paciente tenha as recomendações sempre à mão.

Em caso de medicamentos isentos de prescrição (MIPs), vale utilizar a prescrição farmacêutica como ferramenta de instrução, a fim de coibir práticas danosas como a automedicação.

Acompanhamento farmacoterapêutico

Em seguida, é importante manter o acompanhamento do paciente, que pode ser feito de forma presencial, por telefone, e-mail ou aplicativos de mensagens.

Assim, será possível monitorar a evolução da terapia e detectar possíveis problemas relacionados ao uso da medicação.

Farmacovigilância

Por fim, o farmacêutico deve realizar as devidas notificações a profissionais de saúde, órgãos sanitários competentes e laboratório industrial, caso observe efeitos colaterais, reações adversas, intoxicações – voluntárias ou não – e farmacodependência.

Boas práticas de dispensação de medicamentos

Listo, abaixo, rotinas que melhoram o processo de dispensação dos fármacos:

  • Confira todos os campos e a validade da receita médica
  • Verifique se a prescrição atende às exigências da legislação atual, especialmente se for para um medicamento controlado
  • Cuidado com a letra de médico! Jamais aceite prescrições ilegíveis, com rasuras ou emendas
  • Caso seja uma receita digital, use a plataforma de prescrição eletrônica do CFM para confirmar sua legitimidade
  • Procure fornecer um atendimento humanizado, ouvindo atentamente as questões apresentadas pelo paciente ou acompanhante
  • Promova a educação em saúde, informando sempre o efeito esperado e possíveis riscos relacionados à medicação
  • Aconselhe o paciente a não interromper o tratamento sem recomendação médica, principalmente se estiver utilizando antibióticos e remédios de uso contínuo.

Acompanhe na sequência como funciona esse processo no caso de medicamentos controlados.

Dispensação de medicação

É importante manter o acompanhamento do paciente, que pode ser feito de forma presencial ou a distância

Como funciona a dispensação de medicamentos controlados?

A prescrição e dispensação de fármacos controlados obedece às regras determinadas pela Instrução Normativa SVS/MS 344/1998 (Regulamento Técnico das substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial).

A legislação divide as medicações em três grupos diferentes, cada qual com suas particularidades:

  • Receita amarela (tipo A): serve para entorpecentes e psicotrópicos, e deve ser emitida junto a uma notificação para a Anvisa. Cada prescrição contempla somente um medicamento para o tratamento de, no máximo, 30 dias de duração
  • Receita azul (tipo B): usada para psicotrópicos, também exige uma notificação de receita. Vale por 30 dias e só pode liberar a dispensação de substâncias suficientes para um mês de terapia
  • Receita branca (tipo C): anticonvulsivantes e antiparkinsonianos podem ser prescritos através desse receituário, que aceita até 3 medicações. Fármacos pertencentes aos grupos “C2” (retinoides para uso sistêmico) e “C3” (imunossupressores) devem ser acompanhados por notificação à Anvisa, podendo ser liberados em quantidades suficientes para até 60 dias.

Você sabia que a telemedicina agrega importantes vantagens ao processo? Descubra a seguir!

Como funciona a dispensação de medicamentos com receita digital?

Quando o paciente recebe uma receita médica online, a dispensação fica muito mais simples e segura.

Isso porque o documento possui um QR Code que pode ser lido pelo sistema da farmácia para apoiar a validação do documento e a conferência de medicamento, forma farmacêutica, dosagem etc.

Nesse cenário, há menos chance de erros nos registros e na liberação do remédio, conferindo maior confiabilidade ao ato farmacêutico.

Plataformas como a Telemedicina Morsch oferecem a ferramenta de prescrição eletrônica para emitir a receita digital com praticidade.

Essa funcionalidade está disponível, inclusive, durante a teleconsulta entre paciente e profissional de saúde.

Conheça essas e outras soluções úteis para o seu serviço aqui!

Conclusão

Gostou de aprofundar os saberes sobre a dispensação de medicamentos?

Se achou o artigo interessante, compartilhe com seus contatos!

Siga acompanhando nosso blog para ficar informado por meio dos conteúdos sobre gestão na saúde.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin