Teleinterconsulta: o que é, como funciona, benefícios e tecnologias usadas

Por Dr. José Aldair Morsch, 22 de julho de 2024
Teleinterconsulta

A teleinterconsulta é uma ferramenta que auxilia no esclarecimento de dúvidas, contribuindo para qualificar o diagnóstico.

A partir da troca de informação qualificada entre médicos, essa dinâmica oferece novas soluções e respaldo para selecionar a abordagem terapêutica mais adequada.

Nas próximas linhas, apresento definições, regras de funcionamento e quais as vantagens da teleinterconsulta para os serviços de saúde.

Principalmente quando existe o suporte de uma plataforma de telemedicina robusta, garantindo a compilação, armazenamento e proteção de dados.

Acompanhe até o final para ficar bem informado.

O que é teleinterconsulta?

A teleinterconsulta é a consulta a distância realizada entre médicos.

Esses profissionais podem pertencer à mesma especialidade ou a diferentes áreas da medicina, comunicando-se com o objetivo de debater casos complexos ou questionáveis.

Portanto, pode-se dizer que se trata de uma segunda opinião médica prestada remotamente, em geral, através de sistemas de telemedicina online.

A definição mais atual para esse processo consta no Art. 7º da Resolução CFM 2.314/2022, que afirma:

“A teleinterconsulta é a troca de informações e opiniões entre médicos, com auxílio de TDICs [Tecnologias Digitais, de Informação e de Comunicação], com ou sem a presença do paciente, para auxílio diagnóstico ou terapêutico, clínico ou cirúrgico”.

A mesma norma regulamenta a telemedicina, estabelecendo a teleinterconsulta como uma das sete modalidades de teleatendimento médico.

São elas:

Importante destacar que teleconsulta e teleinterconsulta não são a mesma coisa, como explico abaixo.

Qual a diferença entre teleconsulta e teleinterconsulta?

Como acabei de citar, ambos são serviços de telemedicina.

Embora tenham nomes semelhantes, eles se referem a diferentes tipos de consultas online.

Mencionei mais acima que a teleinterconsulta se baseia na comunicação entre médicos, tendo por finalidade oferecer suporte diagnóstico ou terapêutico.

Ela até pode ser realizada na presença do paciente, porém, ele não receberá orientação médica a distância, e, sim, o profissional que o estiver acompanhando.

Já a teleconsulta é a consulta direta entre médico e paciente, mediada por TDICs como a internet.

Ela corresponde ao atendimento médico online, com a oferta de assistência a distância para a realização do exame clínico, visando analisar sintomas e outros fatores para chegar a um diagnóstico e recomendar o tratamento.

Nesse cenário, o doente é atendido por apenas um médico, de forma semelhante ao que acontece numa consulta presencial.

Ele passa por anamnese e avaliação física via inspeção, além de receber o pedido de exames complementares quando necessário.

Geralmente, a consulta é por videoconferência e conta com funcionalidades como a prescrição digital e a emissão de documentos como o atestado online, que são enviados ao paciente ao final do teleatendimento.

Como funciona a teleinterconsulta?

A dinâmica funciona a partir do intercâmbio de conhecimentos via tecnologias digitais, com destaque para a internet.

É por meio dela que são prestados serviços de comunicação por meio de mensagens de texto, telechamadas e videochamadas.

Isso permite conversações de forma síncrona (em tempo real) ou assíncrona (com respostas após algumas horas ou dias).

O processo geralmente envolve:

  • Um clínico geral e um especialista que deseja orientação sobre um diagnóstico ou diante de emergências e urgências
  • Especialistas de áreas distintas, a fim de debater uma hipótese diagnóstica ou tratamento para tomar decisões
  • Especialistas da mesma área, que discutem um caso complexo para confirmar a hipótese diagnóstica.

Tudo isso com muitos benefícios, como esclareço a seguir.

Teleinterconsulta

A teleinterconsulta é a troca de informações e opiniões entre médicos, com auxílio de TDICs

Quais os benefícios da teleinterconsulta?

A consulta remota entre médicos oferece uma série de vantagens, por exemplo:

  • Democratização do acesso a médicos especialistas, mesmo em localidades remotas ou afastadas dos centros urbanos
  • Troca de experiências entre médicos geograficamente distantes, colaborando para a disseminação de boas práticas e reforço no treinamento profissional
  • Agilidade nas respostas, que podem ser enviadas em tempo real a qualquer parte do país ou até do mundo
  • Decisões mais qualificadas em relação à assistência, diagnóstico e abordagem terapêutica adotada
  • Dispensa de deslocamentos desnecessários, tanto de médicos quanto pacientes, para buscar uma segunda opinião que pode fazer a diferença nos rumos do tratamento, proporcionando maior eficiência e qualidade de vida.

No próximo tópico, comento sobre o uso desse recurso em nosso país.

Teleinterconsulta no Brasil

Dispor de uma ferramenta que rompe a barreira geográfica tem grande relevância num país de dimensões continentais como o Brasil.

E que sofre com desigualdades entre regiões e até na comparação de capitais com cidades do interior, como revela a Demografia Médica 2024.

Segundo o estudo, enquanto a média de médicos nas capitais é de 7,03, no interior é de apenas 1,89 por mil habitantes.

A teleinterconsulta oferece uma solução para esse problema, conectando profissionais especialistas e generalistas que atendem em localidades distantes.

A estratégia está presente em iniciativas como o SUS Digital, que promete solucionar os gargalos com o auxílio da telemedicina e conta com a adesão de 99,9% dos municípios brasileiros (5.566 de 5.570), segundo reportagem da Folha.

Lançado pelo governo federal em abril de 2024, o programa emprega a teleinterconsulta através da parceria com hospitais privados, que auxiliam na capacitação de profissionais a distância e na oferta de opiniões especializadas.

O trabalho é realizado no âmbito do Proadi-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde), que oferece isenção de impostos em contrapartida ao serviço dos estabelecimentos privados.

Uma das iniciativas apoiadas, chamada TeleAMEs, realizou mais de 2 mil teleatendimentos entre 2020 e 2023.

Quais as tecnologias usadas em uma teleinterconsulta?

A teleinterconsulta deve ser realizada dentro de um Sistema de Registro Eletrônico de Saúde (SRES), conforme determina o Conselho Federal de Medicina.

Esse SRES deve obedecer às normas pertinentes à guarda, manuseio, integridade, veracidade, confidencialidade, privacidade, irrefutabilidade e garantia do sigilo profissional das informações.

Normalmente, é utilizado um software de telemedicina em nuvem, que permite o acesso por meio de qualquer dispositivo com conexão à internet.

Para tanto, os médicos devem usar um computador, notebook, tablet ou smartphone, inserindo seu login e senha.

Dentro do ambiente virtual protegido por mecanismos de autenticação e criptografia, os médicos envolvidos podem utilizar multimeios como:

  • Chats
  • Aplicativos de mensagens de texto
  • Softwares de transmissão de documentos, incluindo o sistema PACS para imagens de exames radiológicos
  • Recursos de teleconferência para conversa por voz
  • Recursos de videoconferência para conversa por vídeo.

Plataformas completas como a Telemedicina Morsch reúnem diversos serviços e especialidades num mesmo lugar, de maneira prática e segura.

Além da teleinterconsulta, nosso sistema oferece as seguintes soluções de telemedicina:

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Conclusão

Ao final deste artigo, você entende como funciona e pode aproveitar os benefícios da teleinterconsulta.

Clínicas, hospitais e profissionais de saúde podem recorrer a esse serviço para expandir o acesso a especialistas, reduzir o tempo de espera para diagnósticos e tratamentos e melhorar a coordenação do cuidado.

A teleinterconsulta leva a um atendimento mais eficiente, contínuo e centrado no paciente, contribuindo para melhores resultados clínicos e maior satisfação geral.

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Leia mais artigos sobre telemedicina que escrevo aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin