ECG e pericardite: como diagnosticar pelo eletrocardiograma

Por Dr. José Aldair Morsch, 12 de maio de 2023
ECG pericardite

Você conhece a relação entre ECG e pericardite?

O eletrocardiograma é o principal exame complementar de suporte à detecção desse quadro inflamatório, tendo como vantagens a alta disponibilidade e rapidez.

Contudo, características do ECG na pericardite aguda podem ser confundidas com outras condições mais comuns, em especial o infarto do miocárdio.

Existem detalhes que ajudam no diagnóstico diferencial, acelerando o manejo adequado do paciente.

Falo sobre eles nas próximas linhas, além de trazer informações sobre ECG, pericardite e vantagens da telemedicina na identificação de doenças cardiológicas.

ECG e pericardite: entenda como é feito o diagnóstico

O pericárdio, membrana que recobre o músculo cardíaco, não é eletricamente ativo, o que pode causar estranhamento em relação ao uso do ECG para detectar a inflamação nessa área.

Contudo, vale lembrar que o quadro inflamatório afeta o epicárdio, que tem contato com o miocárdio.

Daí a possibilidade de detectar a pericardite a partir da análise do eletrocardiograma.

O diagnóstico considera manifestações clínicas, histórico do paciente e exames complementares.

Além do ECG, pode-se solicitar exames laboratoriais, raio X de tórax, tomografia computadorizada, ecocardiograma, ressonância magnética, entre outros.

O que é ECG?

Eletrocardiograma ou ECG é um exame que avalia a atividade elétrica do coração.

Para tanto, utiliza um aparelho chamado eletrocardiógrafo, composto por um monitor conectado por cabos a eletrodos.

Uma vez posicionados no tórax e extremidades dos braços e pernas do paciente, os eletrodos captam e amplificam os sinais elétricos emitidos durante os batimentos cardíacos.

E enviam os dados ao monitor, que os converte em gráficos com oscilações – as famosas ondas do eletrocardiograma.

Em um traçado em ritmo sinusal, cada batimento é formado onda P, um complexo QRS e uma onda T, sendo que:

  • A onda P corresponde à contração dos átrios. Ela é arredondada e suave, durando menos de 0,10 segundo (2,5 mm) e tem voltagem máxima de 0,25 mV
  • O intervalo entre a onda P e a onda R dura entre 0,12 e 0,20 segundo
  • Composto por três ondas, uma positiva (R) e duas negativas (Q e S), o complexo QRS dura de 0,06 a 0,10 segundo. Ele registra a contração dos ventrículos
  • A onda Q é sempre negativa e costuma ter menos de 0,04 segundo de duração e 2 mm de profundidade
  • A onda T aparece depois do complexo QRS, sinalizando a repolarização dos ventrículos
  • Assimétrica, a onda T normal tem amplitude máxima inferior a 15 mm nas derivações precordiais, e é menor que 5 mm nas derivações periféricas.

Esse é o básico sobre o ECG. Agora, vamos ver sobre a pericardite.

O que é pericardite?

Conforme a definição da I Diretriz brasileira de miocardites e pericardites:

“Pericardite é um processo inflamatório do pericárdio que tem múltiplas causas e se apresenta tanto como doença primária quanto secundária. Geralmente benigna e autolimitada, a pericardite pode cursar com derrame ou constrição pericárdica, o que aumenta sua morbidez.”

Existem diferentes classificações para a doença, que pode ser aguda ou crônica.

Na forma crônica, o processo inflamatório evolui de modo lento e geralmente assintomático até que desencadeie um derrame pericárdico ou outra complicação.

Por isso, o ECG costuma ser utilizado com maior frequência para detectar a pericardite aguda, que se desenvolve em dias ou poucas semanas e tem sintomas de início súbito.

Como identificar pericardite no ECG?

As manifestações da pericardite aguda no ECG são descritas em estudo sobre o tema, que cita:

  • Supradesnivelamento difuso do segmento ST: expressa lesão inflamatória subepicárdica do miocárdio adjacente ao pericárdio
  • Infradesnivelamento do segmento PR: resulta de lesão inflamatória na parede dos átrios
  • Taquicardia sinusal: evidencia comprometimento da região epicárdica do miocárdio, contígua ao pericárdio.

Aproveito para deixar uma dica que vai ajudar no diagnóstico diferencial em relação ao infarto agudo do miocárdio.

No IAM, há comprometimento de apenas uma região do músculo cardíaco, enquanto na inflamação do pericárdio, esse comprometimento é difuso.

Portanto, a pericardite provoca elevação do segmento ST na maioria das derivações do ECG, exceto em aVR.

Outro achado característico é o segmento ST com concavidade superior (para cima).

Quais são os sintomas da pericardite?

A manifestação clínica da pericardite aguda inclui febre e dor torácica aguda no centro do peito, que tende a se tornar menos intensa quando o paciente senta e se inclina para frente.

Também é possível notar sopro cardíaco à ausculta, decorrente de atrito pericárdico, que pode compreender de um a três tempos e ser transitório.

eletrocardiograma pericardite

A interpretação do ECG e outros exames cardiológicos exige a avaliação de um cardiologista

Benefícios do telediagnóstico da pericardite

A interpretação do ECG e outros exames cardiológicos exige a avaliação de um cardiologista qualificado.

Afinal, ler os gráficos e analisar as imagens desses procedimentos é uma tarefa complexa, que demanda conhecimento profundo sobre a anatomia, funcionamento e patologias que acometem o sistema cardiovascular.

O problema é que nem sempre há um cardiologista presente nos serviços de saúde, principalmente se forem pequenas clínicas distantes dos centros urbanos.

Mas dá para suprir essa demanda usando uma plataforma de telemedicina como o software Morsch.

Hospedado na nuvem, o sistema conecta equipes locais a um time de especialistas de plantão, acelerando o diagnóstico a partir de exames complementares.

Basta que um médico ou técnico de enfermagem conduza o ECG normalmente, faça login e envie os registros via plataforma, pela internet.

Um cardiologista disponível vai iniciar a interpretação do exame em seguida, considerando detalhes do histórico e suspeita clínica.

Ele elabora o laudo online e finaliza com sua assinatura digital para garantir a autenticidade.

E pronto: o resultado fica disponível em minutos no sistema!

Caso precise adquirir o eletrocardiógrafo, você ainda pode contratar o aluguel em comodato para usar equipamentos modernos pagando apenas pelos laudos digitais.

Dúvidas sobre o diagnóstico e tratamento também são esclarecidas em poucos cliques por meio da teleconsultoria.

Conheça soluções pensadas para otimizar o trabalho da sua equipe.

Conclusão

Agora que entende melhor a relação entre ECG e pericardite, você pode qualificar as decisões tomadas a partir da análise do eletrocardiograma.

Ou pode delegar a interpretação ao time Morsch, contando com especialistas disponíveis a qualquer hora do dia ou da noite, mesmo aos domingos e feriados.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin