O que é e como funciona o Health mobile

Por Dr. José Aldair Morsch, 4 de abril de 2019
Health mobile: o que é, como funciona, benefícios e desafios

Mais que uma tendência, a health mobile tem auxiliado pacientes, médicos e outros profissionais de saúde por todo o mundo.

Graças a essa nova forma de ofertar serviços em saúde, é possível disseminar orientações para o autocuidado e prevenção de doenças, além de colher e monitorar dados para intervenções e tratamento precoce em alguns casos.

Um dos exemplos mais comuns está na crescente utilização de aplicativos médicos, baixados e armazenados em smartphones que estão sempre junto aos usuários.

Trata-se de um movimento que acompanha aquilo que as pessoas querem e precisam.

Uma pesquisa divulgada pelo IBGE no final de 2018 mostrou que 126,4 milhões de brasileiros estão conectados, o que representa quase 70% da população com 10 anos ou mais.

Dentre eles, 98,7% acessam a internet via smartphones.

Daí a importância de oferecer sistemas próprios para o uso em dispositivos mobile, inclusive no campo da saúde.

Neste artigo, vou mostrar a evolução da health mobile, suas vantagens, desafios e como a telemedicina agrega benefícios nesse campo.

Ficou interessado? Então, acompanhe até o final.

Health mobile: o que é?

Health mobile é a oferta de serviços médicos ou de saúde pública com base no apoio tecnológico de dispositivos móveis.

Também conhecido como saúde móvel ou m-Health (forma abreviada de mobile health), faz parte da grande área conhecida como saúde digital, e-Saúde ou eHealth, que utiliza tecnologias da informação e comunicação para ampliar e melhorar os serviços em saúde.

Tablets, smartphones, sensores e dispositivos vestíveis são exemplos de aparelhos utilizados.

Através deles, pacientes têm acesso a informações preventivas, dados para o controle e monitoramento de doenças crônicas, tratamento e até a possibilidade de tirar dúvidas ou realizar consultas médicas virtualmente.

No Brasil, a teleconsulta entre médico e paciente não é permitida pelo Conselho Federal de Medicina, mas tende a se tornar realidade nos próximos anos.

Isso porque o órgão já sinalizou a aprovação desse tipo de consulta remota por meio da Resolução 2.227/18, que acabou revogada temporariamente para maior debate sobre o texto final.

De qualquer forma, consultas remotas entre profissionais de saúde são comuns, e a maior parte delas ocorre devido ao uso da m-Health.

A evolução do Health mobile

O primeiro aparelho celular reconhecido como smartphone foi lançado para vendas em agosto de 1994.

Ao possibilitar o envio de e-mails, mensagens de texto e o armazenamento de notas, o Simon, telefone inteligente desenvolvido pela IBM, inaugurou uma nova era.

Os poucos executivos que tiveram interesse – e recursos – para adquirir o celular já não dependiam de um computador pessoal para trabalhar e se conectar a clientes, investidores e parceiros.

Desde então, os smartphones foram aperfeiçoados, incorporaram a maior parte das tarefas realizadas em computadores e até ganharam tecnologias especialmente desenvolvidas para dispositivos móveis.

Custo reduzido, amplas funcionalidades e o fato de serem pequenos e leves fez com que se popularizassem, alcançando uma parcela expressiva da população mundial.

Não demorou para que os aplicativos – sistemas criados para smartphones – se estendessem para a área da saúde, proporcionando avanços importantes.

Em 2011, a própria Organização Mundial da Saúde divulgou um estudo sobre health mobile, apresentando o segmento como um dos mais promissores para a melhoria e democratização de serviços de saúde.

Essas inovações vão desde aplicativos voltados ao bem-estar e universo fitness, com dicas de dieta e exercícios leves, até dispositivos vestíveis (wearables) que monitoram os batimentos cardíacos, controlam a taxa de açúcar no sangue de diabéticos, medem a pressão sanguínea, entre outros serviços.

Em 2016, estimativas da consultoria PwC sinalizavam a existência de 165.000 apps de saúde disponíveis nos dois principais sistemas operacionais rodados em celulares inteligentes – Android, da Google, e iOS, da Apple.

Diferença entre m-Health e e-Health (e-Saúde)

Diferença entre m-Health e e-Health

Citei, mais acima, que a health mobile é um braço da e-Saúde (e-Health), que tem no monitoramento da saúde populacional um de seus principais objetivos.

Ou seja, enquanto a m-Health se restringe aos serviços ofertados em dispositivos móveis, a e-Health é mais abrangente, englobando os serviços eletrônicos na área da saúde, sejam eles online ou offline.

É por isso que a maioria das iniciativas nesse campo são voltadas para coletar e unificar informações sobre saúde, a exemplo do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), softwares de prescrição eletrônica e telemedicina.

O Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) é um sistema que reúne dados sobre consultas, medicamentos, atestados e tratamento médico do paciente, armazenando tudo na nuvem.

Essa ferramenta possibilita a busca e cruzamento de dados rapidamente, apoiando diagnósticos assertivos a partir de informações presentes no histórico do paciente.

Os softwares de prescrição eletrônica, por sua vez, auxiliam no preenchimento desse documento médico, reduzindo erros no texto e também de interpretação equivocada, cuja origem pode estar na letra do profissional.

Já a telemedicina utiliza tecnologias da informação e comunicação para possibilitar a emissão de laudos médicos à distância. Falarei mais dela nos próximos tópicos.

Benefícios e funções da Health mobile

Benefícios e funções da Health mobile

A m-Health pode ter diversas funções, servindo para fortalecer o autocuidado, reunir grandes quantidades de dados (big data), rastrear tendências e estabelecer contato para troca de informações em saúde.

Neste artigo sobre saúde móvel, pesquisadores destacam as seguintes aplicações:

  • Suporte telefônico para cuidado em saúde
  • Serviços telefônicos gratuitos de emergência
  • Acompanhamento da adesão ao tratamento
  • Lembretes de compromissos
  • Ações de promoção da saúde e mobilização comunitária
  • Campanhas de educação em saúde
  • Telemedicina móvel
  • Atendimento de emergências em saúde pública
  • Vigilância e monitoramento epidemiológico
  • Monitoramento de pacientes
  • Disseminação de informações
  • Desenvolvimento de sistemas de apoio à tomada de decisão
  • Novas formas de armazenamento de dados clínicos.

A seguir, falo sobre os principais benefícios para médicos, unidades de saúde e pacientes.

Benefícios do health mobile para os médicos

Informações como a CID relativa a uma doença precisavam ser consultadas em livros ou computadores.

Esse quadro mudou com o advento de aplicativos funcionais, por meio dos quais é possível pesquisar sobre CID, algum termo médico, bulas de medicamentos e outros dados importantes.

Existe, ainda, a possibilidade de trocar informações com colegas de todo o mundo, através de ferramentas gerais como WhatsApp e Skype e apps desenvolvidos apenas para médicos, a exemplo do Figure 1.

O monitoramento remoto de pacientes, viabilizado por wearables como relógios e pulseiras inteligentes, leva à visualização de um histórico mais completo, apoiando diagnósticos assertivos.

Além disso, os médicos podem consultar o Prontuário Eletrônico do Paciente, laudos e outros dados de seu próprio smartphone, realizando recomendações à distância quando necessário.

Benefícios do health mobile para clínicas e hospitais

Estabelecimentos de saúde de diversos portes podem se beneficiar com a m-Health, otimizando processos e melhorando a qualidade do serviço oferecido.

Os funcionários ganham suporte nas decisões clínicas, tirando dúvidas junto a especialistas que estejam em outras localidades.

Também vem se popularizando a criação de aplicativos de hospitais e clínicas, que reúnem serviços para marcação de procedimentos, informativos e dicas de saúde para os pacientes.

Nesses casos, o público tende a perceber um valor maior do serviço, já que facilita sua rotina e o cuidado com a saúde.

Benefícios do health mobile para pacientes

Acabei de citar a comodidade que resulta do agendamento de consultas via app, além das informações prestadas por meio da saúde móvel.

Pacientes podem tirar dúvidas sobre medicamentos e tratamentos, confirmar preparo de exames e obter diagnósticos rápidos, acessando-os de seu celular ou tablet.

Falando especialmente dos wearables ou dispositivos vestíveis, já existem alguns que substituem aparelhos como o eletrocardiógrafo, permitindo um monitoramento mais confortável.

Uma pulseira pode ser utilizada para os registros do holter 24 horas, por exemplo, eliminando a necessidade de usar eletrodos durante um dia inteiro.

Uma combinação entre wearables e aplicativos pode, ainda, fortalecer o autocuidado, permitindo que doentes crônicos monitorem suas condições de saúde e previnam grandes eventos.

Acompanhando seus níveis de glicose no sangue, diabéticos estão aptos a tomar providências para evitar desmaios e outras complicações.

Health mobile e o Big Data

Big Data

Health mobile e o Big Data

Big data é o nome dado a quantidades imensas de informação, sua análise e interpretação.

Reunidas em bancos de dados, elas permitem o rastreamento e identificação de padrões.

Quando inserido no universo do health mobile, o big data é extremamente útil, uma vez que registra e arquiva dados suficientes para compor um quadro de saúde completo de cada paciente.

Pesquisas mostram que cada cidadão norte-americano visita um médico, em média, quatro vezes ao ano. Não há motivos para acreditar que, com o brasileiro, seja diferente.

Ou seja, os profissionais têm poucas oportunidades de avaliar e orientar seus pacientes.

Essa é uma das questões que podem ser superadas com o uso do big data, pois apps e wearables realizam medições da pressão arterial, por exemplo, todos os dias.

Assim, um paciente que sofre com pressão alta teria todo um histórico para auxiliar seu médico a cada consulta, dando suporte para que o profissional escolha a melhor abordagem, tratamento e medicações.

Com a autorização do paciente, esses números seriam capazes de alimentar bancos de dados públicos, permitindo o rastreamento de fatores de risco e iniciativas mais eficientes na prevenção de doenças.

Desafios na implementação do m-Health

Desafios na implementação do m-Health

Desafios na implementação do m-Health

Enquanto o big data ainda é subutilizado nas iniciativas de health mobile, o setor perde oportunidades de reforçar uma abordagem preventiva, diminuindo custos com o tratamento de pacientes.

Por outro lado, o seu uso enfrenta questões éticas, uma vez que não se sabe de que forma as empresas responsáveis por aplicativos e wearables têm compartilhado essas informações.

Um estudo publicado no “Journal of the American Medical Association” analisou 211 apps que abordam diabetes, revelando que 80% deles não possuía nem mesmo uma política de privacidade.

Esse e outros alertas levaram os Estados Unidos a trabalhar pela regulamentação das soluções de saúde mobile, a fim de evitar o uso indevido de dados do público.

No Brasil, falta uma regulamentação ampla que aborde iniciativas em m-Health, evitando problemas como a disseminação de informações com potencial de prejudicar a saúde.

Conforme relata o artigo “Desafios e oportunidades na saúde digital”, muitos dos 10 mil apps relacionados à saúde mental observados em 2017 continham informações equivocadas.

Uma solução temporária seria basear essas iniciativas em instrumentos como a WHA 71.7 (Digital Health), divulgada em maio de 2018 pela OMS.

Top 10 health apps

Quando o assunto é m-Health, aplicativos que ajudam na perda de peso, prática de exercícios físicos regularmente e que tratam da saúde da mulher lideram os downloads.

Meditação, qualidade do sono, gravidez e gerenciamento de dispositivos vestíveis também estão entre os temas populares na Google Play Store e iTunes App Store.

Os rankings que apontam aplicativos mais baixados mudam com frequência, mas a lista abaixo considera aqueles bem avaliados nas duas maiores lojas de aplicativos:

  1. Caixa de Remédios: a partir do registro de medicamentos, o app cria alertas para lembrar os horários em que devem ser ingeridos
  2. Consulta Remédios: mostra informações e compara o preço dos medicamentos em diversas drogarias
  3. Runkeeper: colhe dados sobre corridas e a velocidade alcançada pelo usuário
  4. Contador de Calorias: calcula e mostra as calorias ingeridas, bem como os grupos alimentares presentes em cada refeição
  5. Daily Yoga: auxilia iniciantes e veteranos na prática de exercícios de ioga
  6. Nossa Alimentação: revela o valor nutricional dos alimentos consumidos
  7. Sleep Better: colhe dados e monta um padrão do sono, sugerindo o que pode estar causando noites mal dormidas
  8. Water Drink Reminder: mostra a quantidade de líquido que deve ser ingerida diariamente
  9. Plant Nanny: também foca no consumo diário de água
  10. Smart Alarm Clock: avalia informações e barulhos registrados durante o sono, sugerindo o melhor horário para acordar.

A telemedicina e a Health mobile

Telemedicina é uma especialidade que usa tecnologias da informação e comunicação para possibilitar a troca de informações médicas.

Atualmente, as empresas brasileiras de telemedicina oferecem serviços de laudo médico a distância e segunda opinião qualificada, através de plataformas responsivas – pensadas para se adaptar a diferentes tamanhos de tela.

Dessa maneira, os espaços online são acessados facilmente via smartphones e tablets.

Informações como resultados de exames de diagnóstico podem ser compartilhadas e vistas no celular de médicos e pacientes, simplificando a entrega e compartilhamento dos laudos.

Essa solução amplia o acesso a serviços de qualidade, evitando que pacientes precisem percorrer longas distâncias para ter acesso a testes radiológicos, cardiológicos e neurológicos, entre outros.

Sobre a Telemedicina Morsch

Unindo alta tecnologia e profissionais qualificados, a Telemedicina Morsch possibilita a clínicas, consultórios e hospitais reduzir as despesas com laudos médicos, além de conferir agilidade e qualidade ao processo.

Por um lado, a solução diminui gastos com a contratação de especialistas que estejam em tempo integral na unidade e, por outro, disponibiliza pedidos urgentes em tempo real.

Basta que um técnico em enfermagem ou radiologia faça os exames com um aparelho digital, que envia os registros a um computador.

Em seguida, os dados são compartilhados via plataforma de telemedicina e avaliados por especialistas na área em que o exame foi feito.

Esses profissionais produzem, assinam digitalmente e emitem o laudo médico, disponibilizado na mesma plataforma e acessado mediante login e senha.

Graças à agilidade do processo, laudos simples ficam prontos em apenas 30 minutos.

Já em urgências, a Morsch garante o atendimento em tempo real.

Conclusão

Health mobile

Vimos, neste artigo, conceitos e aplicações da health mobile ou m-Health, uma das tendências para o futuro da saúde e medicina mundial.

Nesse cenário, clínicas e hospitais têm se beneficiado com a combinação entre saúde mobile e telemedicina.

Deixe que a Telemedicina Morsch ofereça o suporte para ampliar o portfólio e agilizar o processo de emissão de laudos na sua clínica.

Para saber como a plataforma médica funciona na prática e, assim, ver os benefícios que pode oferecer para a sua clínica, fala com nossa equipe!

Se este conteúdo foi útil para você, compartilhe.

Referências Bibliográficas

World Health Organization. mHealth: new horizons for health through mobile technologies: based on the findings of the second global survey on ehealth. Geneva: World Health Organization. (Global observatory for eHealth series). 2011.

FRANCO, A.O.; GOMES, M. G. G. Desafios e oportunidades na saúde digital. Cad. Saúde Pública; 33(11):e00090417. 2017.

ROCHA, T. A. H.; FACHINI, L. A. et al. Saúde Móvel: novas perspectivas para a oferta de serviços em saúde. Epidemiol. Serv. Saúde vol.25 no.1 Brasília Jan./Mar. 2016.

SARNO, F. ; CANELLA, D. S. BANDONI, D. H. Mobile health e excesso de peso: uma revisão sistemática. Rev Panam Salud Publica 35(5/6), 2014.

BLENNER, S. R.; KOLLMER, M. ROUSE, A. J. Privacy Policies of Android Diabetes Apps and Sharing of Health Information. JAMA. 315(10):1051-1052. doi:10.1001/jama.2015.19426. 2016.

Big Data Makes Mobile Health Care Apps Healthier – Inside BigData. 2017.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin