Como funcionam as consultas remotas por Telemedicina no Brasil
Consultas remotas são um tema relativamente novo por aqui, mas que vem chamando atenção especialmente em razão do interesse recentes de implantação no Brasil.
De fato, exemplos de sua aplicação revelam uma série de vantagens para médicos e pacientes, pois facilitam o atendimento em saúde.
Elas se tornaram uma possibilidade real a partir dos avanços nas tecnologias da informação e comunicação (TICs), a exemplo do telefone e internet.
Hoje, países como Estados Unidos e China utilizam a teleconsulta médica para oferecer mais comodidade ao paciente e mesmo para esclarecer dúvidas entre profissionais.
Se você deseja aprofundar o conhecimento sobre a consulta médica à distância, continue lendo este artigo.
Além do cenário mundial, vamos falar sobre o estágio de adoção da teleconsulta no Brasil e dos entraves e polêmicas no processo.
Boa leitura!
Consultas remotas: como funcionam?
Como o nome sugere, uma consulta remota é realizada à distância, tendo o suporte de sistemas ou softwares que possibilitem a troca de informações de saúde.
Ou seja, nas consultas remotas, médico, paciente e outros profissionais envolvidos não se encontram no mesmo local.
O processo tem início quando, por exemplo, um paciente entra em contato com seu médico depois de uma cirurgia, a fim de esclarecer dúvidas sobre um medicamento.
Esse contato pode ser feito por meio de uma simples mensagem de WhatsApp, e-mail, telefone, Skype ou qualquer outra ferramenta de interação.
O médico, então, elucida as questões junto ao paciente em poucos minutos, sem que nenhum deles precise se deslocar até um consultório, clínica ou hospital.
Tipos de consulta médica remota
O atendimento à distância também é conhecido como teleconsulta médica.
Considerando o contexto no qual é realizada, pode ser síncrona ou assíncrona.
Veja as diferenças entre elas:
- Síncrona: se refere à troca de informação realizada de maneira instantânea, em tempo real
- Assíncrona: descreve orientações realizadas via chat, respondidas até algumas horas depois do envio.
No Brasil, o Ministério da Saúde determina que dúvidas compartilhadas através de teleconsultas assíncronas sejam respondidas em, no máximo, 72 horas.
Consultas remotas podem ser classificadas, ainda, segundo os serviços prestados e pessoas envolvidas.
Consulta entre profissionais, teleinterconsulta
Quando pensamos em consultas na área da saúde, é natural visualizar uma interação entre paciente e profissional.
Na teleintercosulta, a troca de informações entre profissionais é bastante comum, seja para obter uma segunda opinião sobre um diagnóstico ou para detalhar o estado de saúde de um paciente.
Um exemplo ocorre quando um pediatra reconhecido por seus pares no estudo de alguma doença é solicitado por outro pediatra para opinar a respeito do melhor tratamento para uma criança.
Esta modalidade de atendimento é aceita pelo Conselho Federal de Medicina e está disponível nas plataformas de Telemedicina.
Outro exemplo é o risco cirúrgico, uma modalidade da teleinterconsulta onde o cirurgião solicita via Telemedicina uma avaliação para o cardiologista.
A Telemedicina Morsch disponibiliza a teleinterconsulta há mais de 10 anos.
Consulta entre profissional e paciente
Acontece quando paciente e médico trocam mensagens ou se falam por meio de ligações, com o intuito de compartilhar detalhes sobre o estado de saúde e orientações.
Como citei acima, simples recomendações médicas sobre um tratamento, lesão ou efeitos colaterais de medicações já se enquadram em consultas remotas.
No entanto, existem os atendimentos à distância que substituem os presenciais, e são realizados, normalmente, via ligações por vídeo.
A ideia é que o médico obtenha o máximo de informações sobre o paciente, observando o modo como ele se comporta e se apresenta algum sintoma visível.
No Brasil, esse tipo de interação à distância – com o objetivo de diagnosticar doenças ou adotar tratamentos – ainda não é permitido.
Laudo de exames à distância
Outro tipo de consulta realizada remotamente compreende o serviço de laudos médicos à distância, fornecido pelas empresas de telemedicina.
A partir do compartilhamento de dados coletados em exames de diagnóstico, como imagens e gráficos, especialistas são capazes de interpretar, emitir e assinar documentos válidos.
Para garantir a segurança desse processo, o serviço segue regras do Ministério da Saúde e Conselho Federal de Medicina, que exigem qualidade nas informações transmitidas, plataformas seguras e assinaturas digitais reconhecidas.
Os exames só podem ser laudados por especialistas na área do teste realizado, devidamente registrados no conselho regional de seu estado.
Vantagens da consulta remota e telemedicina
Consultas remotas são um braço de uma especialidade maior, chamada telemedicina.
A telemedicina utiliza tecnologias da informação e comunicação para viabilizar a assistência, a educação e a pesquisa em saúde de forma remota.
Uma das principais vantagens desses serviços está no rompimento de barreiras geográficas, resultando na ampliação do acesso a cuidados de saúde.
Com a telemedicina, habitantes de cidades pequenas ou locais afastados de grandes centros urbanos não precisam percorrer longas distâncias para serem atendidos por especialistas.
Pacientes com deficiência física ou mobilidade reduzida têm seu dia a dia facilitado, pois não necessitam se locomover até um consultório ou clínica, já que podem receber atendimento no conforto de suas casas.
Outra vantagem com relação às consultas impacta pessoas com transtornos mentais, que podem ser observadas por psicólogos e psiquiatras em um ambiente no qual se sintam seguras.
As equipes de saúde também se beneficiam com as consultas remotas, que abrem a possibilidade de mais atendimentos em um mesmo dia.
Pacientes que já receberam cuidados podem ser acompanhados remotamente, deixando a consulta presencial para ocasiões específicas.
Para as clínicas médicas, também há vantagens.
O serviço de laudos à distância permite que um time enxuto realize e entregue os resultados com eficiência e agilidade.
Isso porque a interpretação dos exames fica sob a responsabilidade dos profissionais de telemedicina, reduzindo a necessidade de contratação de especialistas, sobretudo para demandas tão específicas.
Assim, caem os gastos com contratação, salários e benefícios, enquanto a quantidade e tipos de exames ofertados aumentam, gerando mais lucros.
Tendência da consulta remota no Brasil
A possibilidade de consulta remota vem sendo debatida por profissionais brasileiros há algumas décadas, mas segue proibida entre médico e paciente.
Porém, há indicações de que, em breve, a teleconsulta seja realidade no Brasil.
Recentemente, o CFM chegou a regulamentar o exercício da telemedicina no país de forma abrangente, aprovando a realização de consultas, exames e até cirurgias à distância.
A Resolução 2.227/18, que entraria em vigor em maio, permitia que, após uma primeira consulta presencial, médicos atendessem à distância, desde que tivessem autorização do paciente e preservassem os dados conforme os requisitos de segurança do CFM.
O presidente do órgão, Carlos Vital, afirmou que as possibilidades abertas a partir da nova legislação seriam revolucionárias, por viabilizar a construção de linhas de cuidado remoto através de plataformas digitais.
Mas entidades médicas se manifestaram em seguida, requerendo mais tempo para avaliar o texto e enviar sugestões, o que levou o CFM a revogar a resolução três semanas depois de publicada.
A autorização para consultas remotas deverá ser debatida novamente assim que integrantes do CFM avaliarem as novas sugestões recebidas.
Enquanto isso, as teleconsultas entre profissionais de saúde são realizadas com sucesso por profissionais de unidades como o Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
Desde 2016, eles esclarecem dúvidas de residentes do Hospital Miguel Arraes (HMA), localizado na cidade de Paulista/PE, referentes às áreas de neurologia, cardiologia, emergência e outras especialidades.
O que diz a legislação?
Com a nova regulamentação revogada, continuam valendo as legislações anteriores. As principais são as resoluções 1.643/2002, 1.931/2009 e 1974/2011.
Ao disciplinar a prestação de serviços através da Telemedicina, a Resolução CFM 1.643/2002 deixou aos médicos a opção de prestar, ou não, atendimentos remotos, com o auxílio de ferramentas tecnológicas.
O cenário mudou em 2009, quando o Código de Ética Médica passou a exigir consultas presenciais para a determinação de diagnósticos, tratamentos e outras recomendações médicas.
Em 2011, a Resolução 1974 vetou aos profissionais a oferta de consultoria a pacientes e familiares como substituição da consulta médica presencial.
No entanto, a troca de informações entre médicos, também chamada de segunda opinião formativa, é permitida nos moldes da Portaria MS nº 2.546/11.
A legislação regula o Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes, realizado no âmbito do Sistema Único de Saúde.
O Telessaúde Brasil estabelece regras para o uso da telemedicina em estabelecimentos parceiros, sejam eles públicos ou privados.
Consultas remotas no mundo
Fora do Brasil, as teleconsultas vêm se popularizando e conquistando um número cada vez maior de países.
Eles têm utilizado todo o potencial da telemedicina para reduzir distâncias e até romper barreiras climáticas, como períodos de frio extremo e neve.
A seguir, conheça algumas iniciativas relevantes.
Consulta remota em Israel
Reconhecido por ações de ponta em saúde, o país abriga a empresa Tyto Care, que criou um dispositivo portátil que viabiliza diversos tipos de atendimento médico à distância.
O aparelho vai além do contato visual entre profissional e paciente (por meio de uma webcam), disponibilizando itens para a realização de exames simples remotamente.
Além da câmera, estetoscópio e otoscópio fazem parte do kit comercializado pela companhia.
Enquanto é examinado pelo médico, o paciente pode interagir através de um recurso de videoconferência.
Consulta remota nos Estados Unidos
A nação é uma das mais avançadas no uso da telemedicina e consultas remotas, permitidas em 22 dos 50 estados norte-americanos.
Desses, 19 autorizam as consultas sem restrições, enquanto os demais pedem a presença de um profissional de saúde junto ao paciente para auxiliá-lo.
Estimativas apontam que aderir aos serviços médicos à distância diminui os gastos com consultas em 50%.
Essa e outras vantagens favorecem a consolidação de empresas como Doctor On Demand e DermLink, que realizam consultas médicas por videoconferência, além da Telecure, que oferece os atendimentos de saúde por telefone.
Em geral, as companhias focam em prevenção, acompanhamento de doenças crônicas e avaliação de sintomas corriqueiros, a exemplo de febre, náuseas e vômitos.
Consulta médica remota na Europa
Países europeus foram pioneiros na adoção da telemedicina em locais afastados, como zonas rurais, desde a década de 1970.
A tecnologia tem prestado serviços importantes na saúde pública, especialmente durante invernos rigorosos em nações como a Dinamarca.
Em períodos de clima intenso, pacientes recebem recomendações médicas e cuidados sem que precisem se arriscar em ruas cobertas pela neve.
Os benefícios e tendências, como a maior expectativa de vida, levou 24 dos 28 países a regulamentar a teleconsulta, que é permitida em 17 deles.
Apenas três nações proibiram totalmente as consultas remotas: Alemanha, Eslováquia e Itália.
Consulta remota no Japão e na China
A China, país mais populoso do mundo, está investindo na modernização de hospitais para melhorar a assistência em regiões carentes.
De acordo com a Comissão Nacional de Saúde (CNS) chinesa, a população de distritos pobres tem acesso ao atendimento médico através de plataformas de telemedicina instaladas em centenas de hospitais locais.
A ação começou em 2016, quando 963 hospitais de referência passaram a prestar apoio remoto a 1.180 hospitais em 834 distritos carentes.
No Japão, o governo modificou a legislação para possibilitar o acesso a informações dos pacientes por aplicativos e consultas remotas.
Com o auxílio da inteligência artificial, cerca de 650 organizações japonesas realizam diagnósticos com base em dados sobre as condições de saúde e comportamento dos pacientes, contribuindo para a escolha de tratamentos mais assertivos.
Consulta remota no Canadá
O Canadá tem várias frentes de apoio à telemedicina e teleconsulta, com destaque para a Ontario Telemedicine Network (ou Rede de Telemedicina de Ontário, OTN).
O serviço estuda formas de melhorar o acesso e a qualidade dos atendimentos à distância desde os anos 1990 e já fornece cuidados a mais de 150 mil pacientes por ano.
A população utiliza consultas remotas em especialidades como dermatologia, psiquiatria e oftalmologia.
Telemedicina Morsch na emissão de laudos de exames médicos a distância
Comentei, há alguns tópicos, sobre as vantagens de contratar serviços de laudo médico à distância.
Esse segmento da telemedicina é regulamentado e utilizado por clínicas, consultórios e hospitais em todo o Brasil.
As unidades contratam parceiras como a Telemedicina Morsch, a fim de acabar com a espera por resultados de exames de diagnóstico.
Graças à união entre tecnologia e uma equipe de especialistas dedicados à interpretação dos testes, a Morsch disponibiliza os laudos em poucos minutos.
Pedidos urgentes ficam prontos em tempo real, aumentando as chances de sobrevida sem sequelas em pacientes que sofreram grandes eventos, a exemplo de um acidente vascular cerebral (AVC).
Além disso, clínicas podem ampliar seu portfólio, ofertando testes simples realizados por técnicos em radiologia ou enfermagem.
Basta que eles façam os procedimentos com um aparelho digital e compartilhem os dados coletados na plataforma de telemedicina.
Conclusão
Apesar de ainda não serem permitidas no Brasil, a tendência é que as consultas remotas sejam liberadas muito em breve por aqui.
Junto a outros serviços de telemedicina, como os laudos médicos à distância, elas têm potencial para promover transformações profundas, democratizando o acesso aos serviços de saúde no Brasil.
Nesse cenário, empresas familiarizadas com as novas tecnologias saem na frente, ofertando serviços de qualidade a custos menores.
Permita que a Telemedicina Morsch dê o suporte para sua equipe nesse processo.
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Referências Bibliográficas
RESOLUÇÃO CFM nº2.227/2018 – Define e disciplina a telemedicina como forma de prestação de serviços médicos mediados por tecnologias – Conselho Federal de Medicina.
RESOLUÇÃO CFM nº 1.643/2002 – Define e disciplina a prestação de serviços através da Telemedicina – Conselho Federal de Medicina.
RESOLUÇÃO CFM Nº 1931/2009 – Aprova o Código de Ética Médica – Conselho Federal de Medicina.
RESOLUÇÃO CFM Nº 1.974/2011 – Estabelece os critérios norteadores da propaganda em Medicina – Conselho Federal de Medicina.
PORTARIA Nº 2.546, de 27 de outubro de 2011 – Redefine e amplia o Programa Telessaúde Brasil – Ministério da Saúde.
SCHMITZ, C. A.; GONÇALVES, M. R.; UMPIERRE, R. N.; SIQUEIRA, et al. Teleconsulta: nova fronteira da interação entre médicos e pacientes. Schmitz Rev Bras Med Fam Comunidade. 2017; 12(39):1-7.
DOMINGUES, D.A.M.; MARTINEZ, I.B. et al. História da evolução da telemedicina no mundo, no Brasil e no Rio Grande do Sul. Registros da História da Medicina. 1 Edição. Luminara Editorial. pp.209-218. Outubro 2014.