Ausculta cardíaca: o que é, focos, como fazer e quais os sons
A ausculta cardíaca é parte indispensável da semiologia cardiovascular.
Realizada durante o exame clínico, essa prática permite a identificação de diversos agravos que podem acometer o funcionamento dos vasos sanguíneos, coração e órgãos subjacentes.
Daí a importância de conhecer os princípios, passos e focos da ausculta cardíaca, os quais são tema deste artigo.
Avance na leitura para conferir um resumo sobre o tema.
Ao final, trago também um bônus com soluções de telemedicina cardiológica para agilizar a rotina da equipe médica.
O que é ausculta cardíaca?
A ausculta cardíaca é o procedimento médico de escutar os sons do coração utilizando um estetoscópio, com o objetivo de avaliar a função cardíaca.
Esses sons podem ser normais ou apresentar alterações, como no caso de sopros, arritmias e outros sons anormais que podem indicar a presença de doenças cardíacas.
Como parte do exame cardiovascular típico, a ausculta deve ser precedida pelas etapas de inspeção e palpação, colaborando para um diagnóstico clínico completo.
Ela ajuda a monitorar a eficácia de tratamentos em curso e também orienta a necessidade de exames complementares.
Por ser um método não invasivo e de fácil execução, a ausculta cardíaca é amplamente utilizada na prática clínica para a avaliação inicial e contínua do sistema cardiovascular.
Para que serve a ausculta cardíaca?
A ausculta cardíaca serve para diferenciar e estudar os sons produzidos pelo ciclo cardíaco.
Ou seja, pela sequência de eventos que ocorrem a cada batimento do coração.
Em condições normais, no chamado ritmo sinusal, esses eventos são regulares e sincronizados, alternando entre e movimentos de contração (sístole) e relaxamento (diástole) das câmaras cardíacas superiores e inferiores.
Nesse cenário, o ritmo cardíaco é controlado por impulsos elétricos e diferenças de pressão arterial que, mesmo quando sofrem pequenas mudanças, podem indicar agravos à saúde.
Esse é o caso de doenças cardiovasculares como:
- Insuficiência cardíaca
- Infarto agudo do miocárdio (IAM)
- Bloqueios de ramo esquerdo (BRE) ou direito (BRD)
- Cardiomiopatia
- Prolapso da válvula mitral
- Estenose mitral
- Regurgitação mitral
- Estenose aórtica
- Regurgitação aórtica
- Arritmias como a fibrilação atrial e a fibrilação ventricular.
A seguir, esclareço sobre os focos de ausculta cardíaca.
Quais são os focos de ausculta cardíaca?
Existem cinco focos de ausculta clássicos, conforme descreve o estudo “A expertise clássica da ausculta cardíaca para o diagnóstico do prolapso da valva mitral”.
São eles:
- Foco Aórtico: localizado no 2° EIC (espaço intercostal), à direita da borda esternal
- Foco Aórtico acessório: no 3° EIC à esquerda
- Foco Pulmonar: no 2° EIC à esquerda da borda esternal
- Foco Mitral: localizado no 5° EIC na linha hemiclavicular (apex cardíaco)
- Foco Tricúspide: no 5° EIC à direita do esterno.
Vale lembrar que, além dos focos, há outras áreas de ausculta de interesse para o médico, a exemplo do precórdio e as áreas circunvizinhas.
Assim como áreas de irradiação frequente de sopros, como a região axilar, região subclavicular, fúrcula e base do pescoço e, em alguns casos, no dorso.
Como fazer ausculta cardíaca?
Para que a técnica seja realizada adequadamente, deve ser iniciada com a orientação médica a respeito do procedimento, sempre em local silencioso, reservado e com o paciente em decúbito dorsal.
Então, siga estes passos:
1. Uso correto do estetoscópio
Cabe mencionar que muitos sons cardíacos não são percebidos diretamente pelo ouvido humano.
Afinal, possuem frequências abaixo daquelas mais evidentes, situadas na faixa entre 1.000 e 2.000 Hz – as frequências da fala.
Portanto, será necessário empregar o estetoscópio de maneira eficiente, utilizando:
- Campânula para ausculta de sopros de baixa frequência (30 a 150 Hz)
- Diafragma para sons de alta frequência, sempre pressionado firmemente sobre o tórax do paciente.
Deve-se colocar o receptor do estetoscópio diretamente na pele do paciente.
2. Ausculta das bulhas cardíacas
Originados pela abertura ou fechamento de válvulas cardíacas, os sons ou bulhas cardíacas são breves.
As duas bulhas principais consistem num som sistólico (B1) e em outros, diastólico (B2), responsáveis por formar o padrão normal conhecido como TUM-TA.
3. Ritmo e frequência cardíaca
O passo seguinte é a identificação do ritmo cardíaco.
O ritmo que acabei de citar acima (TUM-TA) é chamado ritmo binário, por ser formado por duas bulhas cardíacas (B1 e B2).
Caso haja outros sons, o ritmo poderá ser tríplice, a exemplo do padrão TUM-TA-TU.
Já a frequência cardíaca (FC) corresponde à quantidade de batimentos por minuto (bpm), que deve ser avaliada de acordo com a condição clínica do paciente.
Em adultos saudáveis, a FC normal fica entre 60 e 100 bpm.
Abaixo dessa faixa, fica caracterizada a bradicardia, enquanto batimentos mais rápidos são classificados como taquicardia.
4. Identificação de anormalidades
Os próprios ritmos tríplices podem indicar alterações patológicas que merecem uma investigação aprofundada.
Atente, ainda, aos sopros, atritos, ruídos e estalidos percebidos durante a ausculta.
Quais os sons da ausculta cardíaca?
Dependendo da presença de comorbidades e da condição clínica do paciente, diferentes sons podem ser percebidos.
Adiantei, no tópico anterior, que os dois principais são a primeira (B1) e segunda bulhas (B2), sendo a primeira bulha mais grave e extensa que a segunda, emitindo o som “TUM”.
Por sua vez, a segunda bulha produz um sonoro “TA”, mais agudo e que se relaciona ao fechamento das válvulas pulmonar e aórtica.
Mais audível na área mitral, a terceira bulha ou B3 tem baixa frequência, gerando um “TU” após B2.
Pode haver, ainda, a quarta bulha (B4) no fim da diástole ou pré-sístole, representada por um som frágil e tênue.
Outros sons que devem ser considerados são:
- Sopros: sons prolongados que indicam problemas no fluxo sanguíneo
- Atritos: sons ásperos e estridentes que podem sinalizar o contato entre folhetos do pericárdio (atrito pericárdico).
Na sequência, explico como se dá a descrição da ausculta cardíaca.
Como descrever uma ausculta cardíaca?
Geralmente, a descrição é composta por cinco tópicos:
- Ritmo cardíaco
- Frequência cardíaca
- Intensidade das bulhas cardíacas – se são normais, hipo ou hiperfonéticas
- Presença de B3 e/ou B4
- Presença de sopros, detalhando sua localização; se são sistólicos, diastólicos, sistodiastólicos ou contínuos; irradiação; intensidade; tonalidade e timbre.
Para finalizar este guia sobre a ausculta cardíaca, quero apresentar a você a telemedicina cardiológica e suas vantagens.
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Conclusão
Espero ter contribuído para ampliar seus saberes sobre a ausculta cardíaca, que tem grande relevância para a avaliação física do paciente.
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