Hipercalemia no ECG: como diagnosticar a condição no eletrocardiograma
Você sabe reconhecer os sinais de hipercalemia no ECG?
Esse grave distúrbio eletrolítico tem manifestações típicas no eletrocardiograma, o que viabiliza um diagnóstico rápido e preciso.
Geralmente, o quadro se inicia com ondas T apiculadas, com chances de evolução para arritmias letais como a fibrilação ventricular.
Acompanhe as principais informações nas próximas linhas para identificar a hipercalemia no traçado de ECG e iniciar o manejo imediato do paciente.
Você pode contar com a telemedicina como aliada na interpretação online dos exames cardiológicos.
É possível identificar hipercalemia no ECG?
Sim, é possível.
Isso porque a elevação dos níveis de potássio sérico é capaz de alterar o sistema de condução cardíaco, modificando os padrões dos batimentos.
O que, por sua vez, altera o traçado do eletrocardiograma – já que este expressa os movimentos realizados pelo músculo cardíaco a partir do estímulo elétrico.
Por definição, a hipercalemia fica caracterizada por níveis séricos de potássio acima de 5,5 mEq/L, quando o normal seria que ficassem entre 3.5 mEq/L e 5.0 mEq/L.
Dependendo do caso, o distúrbio pode provocar manifestações clínicas como fraqueza muscular, paralisia flácida, palpitações e parestesias.
Segundo este material da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul,
“Situações e condições clínicas que podem cursar com acidose ou perda de função renal podem levar a alterações rápidas nos níveis de potássio. As mais comuns são insuficiência renal crônica estágios 3 a 5, diálise, insuficiência renal aguda, insuficiência adrenal, hiperplasia adrenal congênita perdedora de sal, lesão tecidual por rabdomiólise, queimadura ou trauma extensos, síndrome de lise tumoral, estados hiperosmolares (como a cetoacidose diabética) e intoxicação digitálica.”
O documento cita ainda como principais causas de hipercalemia em pacientes não hospitalizados:
- Incapacidade dos rins em excretar potássio, devido à insuficiência renal aguda ou crônica
- Uso de medicamentos, como diuréticos poupadores de potássio (espironolactona, amilorida, triantereno), inibidores da ECA, antagonistas dos receptores da angiotensina II, anti-inflamatórios não esteroides, trimetoprim, ciclosporina, betabloqueador e penicilina G potássica.
A seguir, falo mais sobre alterações no eletrocardiograma que sugerem hipercalemia.
Alterações no ECG causadas pela hipercalemia
Antes de citar as alterações, vale ressaltar que nem sempre elas aparecem no eletrocardiograma.
E que, mesmo quando surgem, não seguem sempre a ordem que descrevo abaixo.
Essa é apenas uma tendência comum em que você pode se basear para identificar os sinais da hipercalemia.
No começo, é provável que repare numa mudança de padrão da onda T, que se torna apiculada e com a base estreita (ou em “tenda”).
Nessa fase, o nível de potássio sérico está entre 5,5 e 6,5 mEq/L.
Quando fica acima de 6,5 e abaixo de 7,5 mEq/L, é possível observar ondas P achatadas, com a amplitude reduzida.
Caso a hipercalemia se agrave e atinja níveis entre 7,0 e 8,0 mEq/L, o sinal mais evidente é o alargamento do complexo QRS, junto a intervalos P-R prolongados.
Valores superiores a 8,0 mEq/L fazem a onda p desaparecer, assim como o segmento S-T. O intervalo QRS se funde com a onda T, resultando num traçado de ECG grosseiro.
Essa morfologia é chamada sinusoidal e caracteriza a hipercalemia severa, que representa ameaça à vida do paciente por desencadear ritmos perigosos como assistolia e fibrilação ventricular.
Como fazer o laudo do ECG?
Produzir o laudo do ECG é uma tarefa reservada a cardiologistas qualificados, como exige o CFM.
Contudo, entender os principais parâmetros considerados é de interesse de outros médicos e profissionais de saúde, pois facilita a detecção de anomalias como as causadas pela hipercalemia.
A composição básica de um laudo de eletrocardiograma apresenta dados sobre:
- Ritmo cardíaco: se é ritmo sinusal ou alterado
- Frequência cardíaca: quantidade de batimentos por minuto
- Detalhes sobre a onda P nas diferentes derivações
- Características do complexo QRS e eixo elétrico
- Duração dos intervalos PR, QT e segmento ST
- Descrição da onda T nas diferentes derivações
- Presença ou ausência de onda Q patológica
- Conclusão do eletrocardiograma: informando se está dentro ou fora dos limites de normalidade.
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Por que hipercalemia causa arritmia?
A concentração normal de potássio é fundamental para a estabilidade eletrolítica e o funcionamento normal do coração.
Quando os níveis séricos dessa substância ficam elevados, podem causar instabilidade na membrana das células do miocárdio, impactando o ritmo cardíaco.
Está aí a relação entre hipercalemia e arritmias.
Qual o tratamento para hipercalemia?
O tratamento adequado depende do grau de hipercalemia.
Casos leves são revertidos com adaptações na alimentação e a substituição ou ajuste na dose de medicamentos que diminuem a eliminação de potássio pelos rins.
Se for necessário, utilizam-se resinas como o sulfonato de poliestireno sódico como suporte.
Já o manejo de casos moderados ou severos requer a estabilização da membrana celular do miocárdio, em geral através da infusão de gluconato de cálcio.
Simultaneamente, são aplicadas medicações visando eliminar o potássio do organismo, como diuréticos de alça e/ou hemodiálise.
Outra frente de atuação trabalha pela redistribuição do potássio no organismo, administrando insulina e fármacos beta-agonistas, como fenoterol ou salbutamol.
Caso a vítima sofra parada cardiorrespiratória, pode-se usar adrenalina.
Benefícios da telemedicina no diagnóstico da hipercalemia
A telemedicina cardiológica auxilia as equipes no diagnóstico de condições que alteram o ECG, como a hipercalemia.
Elas são identificadas e detalhadas nos laudos eletrônicos, que ficam prontos em minutos.
Os documentos são elaborados por cardiologistas online, contatados através da plataforma de Telemedicina Morsch.
Basta que a equipe local realize o eletrocardiograma e compartilhe os gráficos no sistema de telemedicina para que um especialista os avalie.
Ele compõe o laudo à distância, assinado digitalmente para garantir a autenticidade, e libera o documento no software.
Assim, os profissionais in loco podem tomar a decisão apropriada com agilidade, colaborando para desfechos favoráveis.
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Conclusão
Ao final deste texto, você é capaz de identificar os principais sinais de hipercalemia no ECG e associá-los a manifestações clínicas para aferir sua gravidade.
Dessa forma, pode definir a melhor conduta junto à sua equipe, qualificando a assistência ao paciente.
Se ficou alguma dúvida ou sugestão sobre o tema, deixe um comentário.
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