Asma ocupacional: como enfrentar essa doença relacionada ao trabalho?

Por Dr. José Aldair Morsch, 9 de junho de 2022
Asma ocupacional

A asma ocupacional deve ser uma preocupação em empresas e de profissionais de saúde e segurança no trabalho.

Essa condição tem maior prevalência entre adultos jovens, em plena capacidade produtiva.

Vivenciando crises decorrentes de exposições no ambiente de trabalho, esses profissionais veem a produtividade despencar, assim como sua qualidade de vida.

Se nada for feito, logo haverá consequências sérias para a saúde do colaborador e para a empresa, que perderá em qualidade e quantidade das entregas, reduzindo a lucratividade.

Daí a importância de manter o olhar atento à asma ocupacional, adotando medidas preventivas como as que cito nos próximos tópicos.

Trago ainda uma solução inovadora para otimizar a emissão e assinatura de laudos ocupacionais: a plataforma de telemedicina.

O que é asma ocupacional?

Asma ocupacional é uma patologia crônica que causa reações inflamatórias nos brônquios, decorrente de fatores laborais.

Lembrando que os brônquios são tubos que transportam o ar para dentro dos pulmões – já falei aqui sobre a diferença entre asma e bronquite.

Já a asma ocupacional é definida pela:

“Presença de sintomas de asma e de obstrução reversível do fluxo aéreo e/ou hiper-reatividade brônquica em virtude de condições atribuíveis ao ambiente ocupacional e não a estímulos encontrados fora do ambiente de trabalho”.

A estimativa é que a asma tenha origem ocupacional em 16% dos casos diagnosticados entre adultos, que chegam a 300 milhões no mundo.

Desses, 20 milhões correspondem a brasileiros, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

Causas da asma ocupacional

A asma ocupacional é causada por uma combinação de fatores.

De um lado, estão as características do trabalhador, que pode ter predisposição genética a desenvolver a doença.

Geralmente, o asmático tem pulmões mais sensíveis que o normal, facilitando reações inflamatórias diante de certos agentes.

É aí que entra a contribuição da empresa.

Porque a asma ocupacional costuma resultar de longos períodos de exposição a sensibilizantes presentes no ambiente laboral.

Metais como níquel e cromo, fungos, farinhas e grãos são exemplos de sensibilizantes capazes de provocar a doença.

Outra razão é a exposição a concentrações altas de substâncias irritantes como cloro, amônia, poeira de cimento e ozônio.

Nesses casos, a exposição aguda pode levar a crises rapidamente, evidenciando a relação entre esses agentes e os sintomas.

Abaixo, listo os setores com maiores chances de exposição a agentes sensibilizantes e irritantes:

  • Limpeza
  • Laboratórios
  • Saúde
  • Construção civil
  • Indústria alimentícia
  • Padarias
  • Fabricação de itens de borracha
  • Serviços de beleza, em especial cabeleireiros
  • Marcenaria
  • Carpintaria
  • Indústria farmacêutica
  • Refinarias
  • Galvanização
  • Fabricação e aplicação de tintas
  • Indústria de papel e celulose
  • Fundição de alumínio.

 

Asma ocupacional: sinais e sintomas

Os sintomas de asma ocupacional são semelhantes à doença que tem origem fora do local de trabalho, ou seja:

 

Diagnóstico

O diagnóstico da doença é dado preferencialmente por um médico do trabalho, pois é necessário estabelecer nexo com um patógeno presente no ambiente laboral.

Normalmente, o especialista em saúde ocupacional segue três passos para a identificação da asma ocupacional:

  1. Diagnóstico de asma
  2. Início ou agravamento/exacerbação dos sintomas após ingresso em um determinado trabalho
  3. Associação entre os sintomas e o trabalho.

Outro sinal importante é a melhora dos sintomas durante os períodos de afastamento da atividade profissional, como férias, feriados e finais de semana.

Além da presença de um agente conhecido como causador de asma no ambiente de trabalho.

Asma no trabalho

Boas práticas são importantes para a prevenção da asma ocupacional no ambiente de trabalho

Como é o tratamento da asma ocupacional?

Uma das ações mais eficazes para diminuir crises e sintomas é a realocação do empregado.

Isso porque a reação inflamatória é reduzida quando há afastamento do agente sensibilizante ou irritante.

Contudo, nem sempre é possível adotar essa medida sem ameaçar o trabalho do colaborador.

Nesses casos, é indispensável combinar o tratamento de crises a ações preventivas no trabalho, que comento a seguir.

O tratamento é feito usando medicações com efeito broncodilatador, normalmente administrados com o auxílio de sprays ou “bombinhas”.

Corticoides e anti-inflamatórios também podem ser prescritos para evitar as crises.

Se ocorrerem episódios agudos, o paciente se beneficia do uso de corticosteroides por alguns dias.

Prevenção da asma ocupacional no ambiente de trabalho

Boas práticas de segurança e saúde do trabalho são essenciais para prevenir a asma ocupacional.

Principalmente as medidas de proteção coletiva voltadas à mitigação do risco ocupacional.

Um exemplo é a substituição de patógenos relacionados ao desenvolvimento da doença, que são trocados por alternativas que preservam o bem-estar do funcionário.

Caso não seja viável, cabe avaliar opções de enclausuramento de processos envolvendo poeiras e outros alérgenos, para diminuir o contato entre eles e os colaboradores.

Outra adaptação de engenharia interessante é a exaustão ou aumento da ventilação natural, favorecendo a dispersão do agente irritante ou sensibilizante.

Por consequência, sua concentração será menor, o que diminui o potencial de causar asma e outros agravos à saúde.

Rotinas básicas de higiene no trabalho também são fundamentais para prevenir patologias, como a limpeza do chão, paredes e equipamentos, além da umidificação do ar.

Como complemento, podem ser adotados Equipamentos de Proteção Individual (EPI), a exemplo dos respiradores faciais para filtrar partículas prejudiciais aos pulmões.

Por fim, mas não menos importante, vale destacar o monitoramento dos trabalhadores por meio dos exames do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

Realizando avaliações admissionais, demissionais, periódicas, de retorno ao trabalho e de mudança de função, fica mais fácil obter um diagnóstico precoce para a asma ocupacional.

Além de impedir que a enfermidade se agrave entre os colaboradores da organização.

Telemedicina dá suporte à saúde ocupacional

O acompanhamento dos trabalhadores só é eficiente quando há dados e registros fidedignos, compondo documentos ambientais e de saúde.

Porém, nem sempre os especialistas como médicos do trabalho e engenheiros de segurança estão presentes na empresa, o que acaba atrasando a emissão de laudos ocupacionais.

Pensando nisso, a telemedicina Morsch incluiu o serviço de assinatura digital para documentos de saúde ocupacional, criando uma oportunidade de otimizar o trabalho do SESMT.

Basta acessar a plataforma Morsch para emitir e assinar arquivos como:

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Conclusão

Abordei neste artigo as causas, sintomas e boas práticas para prevenir a asma ocupacional.

Se ficou alguma dúvida ou sugestão, deixe um comentário abaixo.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin