Bloqueio de ramo direito: entenda que condição cardíaca é essa
O bloqueio de ramo direito é uma alteração relativamente comum, identificada através do eletrocardiograma.
Apesar do nome complicado, essa condição não representa problemas para a maioria dos pacientes.
São raros os casos em que ela pede uma investigação minuciosa, a fim de detectar causas como doenças cardíacas.
No entanto, vale consultar um cardiologista para garantir que está tudo ok com a saúde cardiovascular, prevenindo complicações no futuro.
Falo mais sobre o bloqueio de ramo direito, condutas e tecnologias que ajudam a identificar anormalidades presentes nos batimentos cardíacos nas próximas linhas.
Uma delas é a telemedicina, que conecta pacientes e profissionais de saúde para dar suporte às consultas, interpretação e laudos de exames.
Siga com a leitura e tire as suas dúvidas sobre o tema.
O que é bloqueio de ramo direito?
Bloqueio de ramo direito ou BRD é uma anomalia que provoca atraso na condução do impulso elétrico no ventrículo direito – uma das 4 câmaras do coração.
O músculo cardíaco é dividido em 4 porções (as câmaras), por onde os impulsos elétricos passam para formar cada batimento desse órgão.
O impulso elétrico nasce no nó sinusal, que fica acima do átrio direito ou câmara superior direita.
Depois, ele segue para o átrio direito e átrio esquerdo, resultando na contração da área superior do coração.
Em seguida, o impulso chega ao nó atrioventricular, que tem esse nome porque fica entre os átrios e ventrículos.
Ali, ele sofre um pequeno retardo e divisão para terminar o caminho percorrendo os ventrículos direito e esquerdo ao mesmo tempo.
Parte do impulso elétrico vai para o ramo esquerdo e supre o ventrículo esquerdo, enquanto a outra parte vai para o ramo direito, passando pelo ventrículo direito.
Essa trajetória sincronizada faz com que os ventrículos se contraiam, bombeando o sangue em direção às artérias.
O bloqueio de ramo direito ocorre quando há atraso na passagem do impulso elétrico pelo ventrículo direito.
O que causa bloqueio de ramo direito?
De acordo com o Ministério da Saúde, esse achado tem prevalência em torno de 0,2% na população e nem sempre sinaliza uma patologia.
Ou tem sua causa descoberta.
Tanto que, em muitos casos, nenhum tratamento é recomendado e o paciente pode seguir com as atividades normais.
Contudo, há situações em que o bloqueio aparece associado a males como:
- Fibrose: caracterizada pela substituição de tecido saudável por tecido de cicatrização
- Cardiopatia hipertensiva: mudanças na anatomia e função cardíaca decorrentes da pressão alta
- Doença de Chagas: patologia provocada pelo protozoário Trypanossoma cruzi, que pode levar a complicações como o aumento do tamanho do coração
- Infarto do miocárdio: morte de células cardíacas após serem privadas de irrigação sanguínea.
Bloqueio de ramo direito no ECG
Quando não há sintomas associados, o bloqueio de ramo direito acaba sendo descoberto durante avaliações de rotina com ECG.
Isso porque o eletrocardiograma avalia e registra os impulsos elétricos do coração, convertendo os batimentos em um traçado específico.
Cardiologistas são aptos a ler e interpretar as formas e linhas, conferindo a presença e a ordem em que as ondas do ECG aparecem.
No total, existem 6 ondas que podem ser vistas no gráfico do exame: P, Q, R, S, T e U.
Mas um batimento cardíaco normal é composto por uma onda P, um complexo QRS e, ainda, uma onda T.
Cada onda e conjunto de ondas tem seu significado.
A onda P, por exemplo, expressa a contração dos átrios, enquanto o complexo QRS registra a contração dos ventrículos.
Lembrando que cada trecho do batimento cardíaco segue um padrão de duração que indica a normalidade.
No caso do complexo QRS normal, a duração vai de 0,06 a 0,10 segundo.
Quando há bloqueio de ramo direito, o complexo QRS ultrapassa esse tempo, podendo até ser superior a 0,14 segundo.
Casos com esse alargamento maior pedem mais exames e investigação, pois isso costuma ser sintoma de doenças cardíacas graves.
Já os intervalos mais próximos a 0,10 segundo tendem a representar condições sem significado clínico.
Em termos técnicos, o BRD tem as seguintes características no ECG:
- Alargamento do QRS, com duração ≥ 120ms
- Padrão rsr’, rsR’, rSR’ ou mais raramente um R puro em V1 ou V2
- Onda S profunda e alargada (maior do que 40 ms) em DI e V6.
Bloqueio total de ramo direito
O bloqueio total de ramo direito descreve os casos mais graves, que costumam ter relação com patologias cardíacas.
Geralmente, o paciente percebe sintomas e tem a qualidade de vida impactada por essa condição.
É importante buscar ajuda médica, relatando os incômodos a um cardiologista ou mesmo ao clínico geral, pediatra ou geriatra durante uma consulta de rotina.
Assim, o médico poderá solicitar exames complementares como o eletrocardiograma e pesquisa sorológica da doença de Chagas.
Se for preciso, ele fará um encaminhamento a um especialista capacitado a tratar a patologia que estiver por trás do BRD total.
Medicamentos e colocação de marcapasso estão entre as terapias que podem ser prescritas.
Bloqueio incompleto de ramo direito
O BRD incompleto não costuma representar riscos, especialmente quando não vem acompanhado de sintomas.
Esse bloqueio apresenta o complexo QRS com duração entre 0,11 e 0,12 segundo, sem efeitos expressivos para a saúde do paciente.
Na maioria das vezes, não requer tratamento ou mudanças no estilo de vida.
Entretanto, vale manter uma rotina de cuidados para identificar qualquer mudança relevante.
Fazer um checkup anual e investir em hábitos saudáveis ajuda a evitar doenças cardiovasculares.
Como diferenciar bloqueio de ramo direito e esquerdo?
O bloqueio de ramo esquerdo ou BRE está relacionado a maiores riscos para o coração e mortalidade do paciente.
Por isso, saber como diferenciar o bloqueio de ramo direito do esquerdo é essencial para a atuação de qualquer cardiologista.
Cabe ressaltar que não existe regra válida para todos os casos, o que requer amplo conhecimento sobre os critérios diagnósticos de BRD e BRE.
Porém, há um padrão presente em traçados de ECG que revelaram bloqueio de ramo, e que pode auxiliar no diagnóstico.
O primeiro passo é recordar as 12 derivações do eletrocardiograma padrão, formadas pelos dados captados por 10 eletrodos do aparelho de ECG.
Os 4 eletrodos periféricos são colocados no pulso e calcanhar do paciente, seguindo as instruções:
- Vermelho (R): no braço direito (Right)
- Amarelo (L): no braço esquerdo (Left)
- Verde (F): na perna esquerda (Foot)
- Preto (N): na perna direita (Neutro).
Outros 6 eletrodos fixados no tórax do paciente compõem as derivações precordiais, seguindo o roteiro:
- V1 fica no 4º espaço intercostal, à margem direita do esterno
- V2, no 4º espaço intercostal, à margem esquerda do esterno
- V3 fica no espaço entre V2 e V4
- V4 está localizado no 5º espaço intercostal esquerdo, na linha abaixo do ponto médio da clavícula (hemiclavicular)
- V5 também é posicionado no 5° espaço intercostal, mais para a esquerda, na linha axilar anterior
- V6 fica no mesmo nível que V4 e V5, pouco mais para a esquerda, na linha axilar média.
A dica para diferenciar BRD e BRE é olhar atentamente para o traçado de V1, identificando o complexo QRS.
Se estiver voltado para baixo, trata-se de um bloqueio de ramo esquerdo.
Se estiver voltado para cima, será um bloqueio de ramo direito.
Bloqueio de ramo direito tem sintomas?
Nem sempre.
Muitas vezes, o paciente acaba descobrindo o BRD ao fazer um eletrocardiograma de rotina, em meio à bateria de exames anual.
Se não houver sintomas, é provável que o bloqueio de ramo direito seja parcial e não esteja relacionado a doenças.
Contudo, podem aparecer sintomas associados a bloqueios de maior gravidade, por exemplo:
- Falta de ar
- Dor no peito
- Desmaio (síncope)
- Palpitações.
Ao notar qualquer desses sinais, procure ajuda médica para prevenir complicações.
Outras dúvidas sobre o BRD
Neste espaço, trago respostas para algumas dúvidas comuns sobre o bloqueio de ramo direito. Confira.
Bloqueio de ramo direito é grave?
Na maioria das vezes, o BRD não é grave, em especial se o paciente não apresentar sintomas.
Mesmo pessoas saudáveis podem vivenciar essa condição, sem que evolua para uma patologia.
Contudo, bloqueios recorrentes e seguidos podem prejudicar o ritmo normal do coração, que é regulado pela quantidade de batidas por minuto (bpm).
A frequência cardíaca de um adulto saudável deve ficar entre 50 e 100 bpm.
Ao acumular atrasos nos batimentos, o bloqueio de ramo direito pode diminuir essa frequência para menos de 40 bpm, caracterizando uma arritmia de padrão lento.
Também conhecida como bradicardia, ela provoca tontura, desmaio, queda de pressão e cansaço crônico.
Se não for tratada, a bradicardia pode levar à insuficiência cardíaca – quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para nutrir as células do organismo.
Outro problema por vezes relacionado ao bloqueio total de ramo direito é a presença simultânea de bloqueio de ramo esquerdo.
Nesse caso, não há contração dos ventrículos, o que impede o batimento cardíaco de se completar.
O resultado a curto prazo são sintomas como desmaios e falta de ar, e pode haver outros males associados.
Esse bloqueio do coração pode matar?
Quando isolado, o bloqueio de ramo direito não costuma representar risco de morte ou doenças graves.
Entretanto, há estudos que relatam vítimas de morte súbita que tiveram BRD associado a outras anormalidades nos batimentos cardíacos.
Bloqueio de ramo direito tem cura?
O BRD não é classificado como uma doença, e sim como sintoma de outras patologias.
Assim, é possível acabar com esse bloqueio por meio do tratamento de sua causa.
Porém, existem pacientes com bloqueio de ramo direito que não possuem males relacionados, mas têm sintomas que incomodam.
Nesses casos, pode ser recomendada a implantação de marcapasso para sincronizar os batimentos novamente, eliminando os sintomas.
Quem tem bloqueio de ramo direito pode fazer cirurgia?
Num primeiro momento, não existe contraindicação se o BRD for isolado.
Contudo, vale lembrar que esse bloqueio pode sinalizar outros problemas no coração, o que aumenta o risco cirúrgico.
Como o aparelho cardiovascular é o mais sobrecarregado durante uma operação, ele deve estar saudável para evitar complicações e sequelas.
Para garantir a segurança da cirurgia, o paciente deve ser avaliado de forma integral antes de qualquer procedimento.
Fatores como idade, histórico de saúde, presença de patologias crônicas e tipo de operação devem pesar na decisão do médico por recomendar, ou não, uma cirurgia.
Tecnologia apoia prevenção e tratamento cardíaco
Tanto a prevenção quanto o tratamento do bloqueio de ramo direito pedem consultas e exames de rotina.
Um dos mais importantes para o diagnóstico dessa condição é o eletrocardiograma, teste simples, rápido e indolor que faz parte de qualquer checkup de saúde.
Com o suporte da telemedicina, a interpretação do ECG é feita com agilidade por cardiologistas qualificados, e entregue ao paciente em minutos.
Basta que o técnico de enfermagem ou médico enviem os registros do exame por uma plataforma para receber o laudo online assinado digitalmente.
Sistemas modernos como a telemedicina Morsch permitem ainda a discussão de casos, confirmação ou refutação de diagnósticos com especialistas, em tempo real.
Esse serviço está disponível acionando a segunda opinião médica, que favorece decisões assertivas para o tratamento.
Todos os dados compartilhados no sistema ficam salvos na nuvem (internet), num espaço protegido por mecanismos como senhas e criptografia.
Assim, são acessados facilmente por pessoas autorizadas, ao mesmo tempo em que ficam seguros.
Outra vantagem viabilizada pela tecnologia na medicina é a teleconsulta, que conecta médicos e pacientes em diferentes localidades.
É o fim da longa espera para contatar um especialista ou dar seguimento a uma terapia.
Tudo isso pode ser feito no conforto da casa do paciente, a partir de um dispositivo conectado à internet.
Serve um computador, notebook, tablet ou até um smartphone.
Acesse a página de agendamentos e conheça todas as especialidades atendidas no marketplace médico Morsch.
Conclusão
Neste artigo, você aprendeu que bloqueio de ramo direito é uma anomalia que afeta o batimento cardíaco, geralmente sem provocar problemas.
No entanto, é preciso avaliar com cautela cada situação, porque o BRD pode esconder uma patologia cardíaca mais grave.
Tanto o diagnóstico quanto o tratamento dessa condição se beneficiam de inovações tecnológicas como o laudo digital, segunda opinião médica e consulta online.
Clique aqui e confira todas as vantagens de utilizar a plataforma de telemedicina Morsch para qualificar a assistência à saúde.
Se gostou deste conteúdo e quer receber os próximos artigos, assine a newsletter.