Quais são os principais sintomas e fatores de risco da hérnia de disco?

Por Dr. José Aldair Morsch, 7 de setembro de 2021
Quais são os principais sintomas e fatores de risco da hérnia de disco?

Você sabia que os casos de hérnia de disco estão se tornando mais comuns e afetando pacientes cada vez mais jovens?

O problema atinge cerca de 5,4 milhões de brasileiros, segundo dados do IBGE divulgados em publicação do portal Terra, que ainda indica que as manifestações estão crescendo em pessoas na faixa dos 30 anos de idade (sendo que até poucos anos atrás elas só surgiam perto dos 40). 

Isso reforça como o sedentarismo, a má postura e outros fatores inerentes ao estilo de vida moderno são favoráveis aos problemas de coluna.

Considerando que as crises de hérnia de disco podem ser dolorosas, incapacitantes e comprometer as atividades do dia a dia, é fundamental saber como identificá-las e tratá-las. 

Com isso em mente, preparei este artigo com informações completas, para que você conheça o que causa a patologia, seus tipos, sintomas, fatores de risco, tratamentos e prevenções. 

Acompanhe o conteúdo e descubra o que fazer para que a hérnia de disco não comprometa sua rotina, seu trabalho e a sua qualidade de vida. 

O que é hérnia de disco?

A comunidade médica usa o termo “hérnia” sempre que um tecido ou órgão desloca-se de sua região original. 

Em síntese, na grande maioria dos casos, a hérnia de disco é cervical ou lombar, pois tratam-se de áreas mais expostas à movimentação e ao levantamento de pesos. 

Nessas situações, os discos intervertebrais; (estruturas de tecido elástico cartilaginoso que servem para amortecer impactos da coluna e evitar o atrito entre as vértebras) são comprometidos.

Com isso, eles perdem sua capacidade de movimentação e projetam-se para fora, gerando uma protuberância na coluna que acaba pressionando os nervos presentes na região, ou seja todo o processo gera uma resposta inflamatória e compressão das raízes nervosas, o que em grande parte dos casos gera muita dor nos pacientes.  

Esse desgaste ocorre principalmente, por esforços cervicais ou lombares repetitivos, pelo excesso de carga de peso, pelo avanço da idade, entre outros fatores que abordarei melhor neste artigo.

Em todas as situações, a busca pelo tratamento adequado tem grande relevância, pois a hérnia de disco pode causar paralisia, dor crônica e comprometimento neurológico quando avançada.

Agora, continue acompanhando o conteúdo para entender melhor quais as suas principais características e o que pode variar durante as intervenções.  

Ouça este conteúdo no formato de podcast no youtube.

Tipos de hérnia de disco

Para classificar a patologia, consideram-se três tipos de hérnia de disco. Confira as principais características de cada um deles:

Protrusas

Trata-se do tipo mais comum, em que o interior do disco intervertebral fica intacto, com o líquido gelatinoso ainda em seu centro. 

Contudo, há a perda do formato  original que sofre alargamento, fazendo com que a estrutura de maior diâmetro acabe encostando em locais com maior sensibilidade nervosa.

Extrusas

Já na hérnia de disco extrusa, rompe-se o anel, seu núcleo apresenta deformações e o conteúdo gelatinoso escapa da região de origem, como resultado, o líquido que sai pela fissura forma uma espécie de “gota”, que pressiona elementos sensíveis próximos e gera dor. 

Sequestradas

Por sua vez, as manifestações sequestradas caracterizam-se quando o líquido que escapa migra pelo canal medular, seja para cima ou para baixo.

Em outras palavras, o anel se rompe e o conteúdo vaza,  gerando consequências piores, pois além da pressão na raiz nervosa, há também inflamação e compressão contínua. 

O que causa hérnia de disco?

As causas da hérnia de disco não tem definição única, mas todas estão associadas aos esforços excessivos na coluna ou ao posicionamento postural inadequado, então isso vai desde pessoas que devem trabalhar sentadas durante longas jornadas, até aquelas que realizam atividades intensas e precisam carregar muito peso.

Além disso, o próprio processo de envelhecimento pode comprometer os discos intervertebrais, assim como fatores como o tabagismo, sedentarismo, lesões, sobrepeso, entre outros.

Anteriormente, era comum que a patologia surgisse por volta dos 40 anos, mas os casos próximos dos 30 anos de idade apresentam recorrência maior. Em geral, as dores nas costas começam a surgir até 10 anos antes da confirmação do diagnóstico.

Afinal, quanto antes for tratada, menos avançada e danosa é a hérnia de disco, o que também garante uma recuperação muito mais rápida e livre de complicações.

Considerando que muitas pessoas precisam lidar com longo tempo de afastamento por hérnia de disco no trabalho ou tornam-se incapazes de realizar suas atividades no dia a dia, é imprescindível ficar atento às melhores intervenções possíveis para o problema.

Abaixo, descubra como reconhecer os sintomas e, depois, veja quais são os fatores de risco mais recorrentes para que eles apareçam. 

Principais sintomas de hérnia de disco

A hérnia de disco tem sintomas de diferentes intensidades, desde aqueles muito leves, até os moderados, fortes e incapacitantes. Além disso, alguns casos também são assintomáticos.

Também há variabilidade conforme a área afetada, sendo que pode haver dor da hérnia de disco no pescoço (cervical), na região lombar ou até dor de hérnia de disco torácica. Outras dores podem acompanhar esses sintomas, como:

  • Dor ciática; 
  • Formigamentos, acompanhados ou não de dor;
  • Fraqueza muscular; 
  • Fraqueza nas pernas ou nos pés. 

Vale ressaltar, que as dores podem afetar mais de uma região, aparecendo, perna, braço, coxa, ou em dois lugares desses simultaneamente. 

Então, em casos mais raros, quando há dano neurológico ou compressão aguda nos nervos que geram alterações na região perineal, a hérnia de disco afeta o intestino e a bexiga. 

Principais sintomas de hérnia de disco

Como resultado, o paciente pode ter perda de controle intestinal ou da bexiga, o que sinaliza uma emergência cirúrgica.

Fatores de risco da hérnia de disco

Conforme citei no item sobre as causas da hérnia de disco, outros fatores favorecem seu surgimento além da má postura e da sobrecarga na coluna, como por exemplo: 

  • Tabagismo;
  • Avanço da idade;
  • Sedentarismo;
  • Sobrepeso e obesidade;
  • Traumas diretos na coluna ou de repetição;
  • Hereditariedade;
  • Ficar sentado ou em pé durante longos períodos;
  • Girar ou inclinar o tronco com muita frequência;
  • Movimentos repetitivos;
  • Práticas esportivas muito intensas;
  • Trabalhar dirigindo ou com equipamentos que geram vibrações;
  • Estresse ou outros fatores psicológicos;
  • Levantar, puxar ou empurrar objetos com frequência. 

Com esses fatores em mente, você deve estar se perguntando “como saber se tenho hérnia de disco?”. Descubra abaixo como realizar esse diagnóstico.

Como diagnosticar hérnia de disco?

Caso você tenha qualquer suspeita de hérnia de disco, uma consulta médica deve ser agendada imediatamente, de acordo com sua necessidade. 

Inicialmente, o especialista realizará uma anamnese para investigar o histórico médico e as queixas do paciente. 

Depois, alguns exames de rotina para a patologia são fundamentais, primeiro para afastar outras causas de dores, depois para confirmar o diagnóstico e verificar a área lesionada. 

Confira, os principais procedimentos:

Raio X

A radiografia não aponta claramente a existência de uma hérnia, mas ajuda a excluir outras doenças que podem gerar dores nas costas ou no pescoço. Contudo, o raio X também aponta se o alinhamento da coluna está correto e se as vértebras estão íntegras.

Trata-se de um exame inicial, sendo que um resultado negativo leva o médico a solicitar uma tomografia ou ressonância para determinar sua gravidade.

Ressonância magnética ou tomografia

De antemão,  a ressonância magnética ou a tomografia permitem visualizar com clareza a existência de uma hérnia de disco. Os dois procedimentos servem para avaliar as compressões geradas por hérnia, protrusões discais e possíveis abaulamentos. 

Mielograma

Também há um exame invasivo chamado de mielograma, direcionado aos casos em que há dúvida diagnóstica após a realização da ressonância, ao passo que, quando feito, ele permite ao médico determinar exatamente qual a localização da hérnia de disco investigada e também o seu tamanho. 

Eletroneuromiografia

Por sua vez, a eletroneuromiografia serve para identificar a raiz do nervo que está sendo afetado pela hérnia de disco e que está provocando as dores.

Acima de tudo, o objetivo do exame é verificar e avaliar as compressões nervosas ou radiculopatias, por meio de testes que apontam a velocidade de condução do nervo. 

Como ocorre o tratamento da hérnia de disco?

A hérnia de disco tem tratamento com resposta boa na grande maioria das situações, sendo que quadros leves podem ser revertidos com repouso, fisioterapia e alguns medicamentos. 

Inclusive, segundo informações do Ministério da Saúde, 90% de quem tem hérnia de disco pode trabalhar normalmente depois de apenas um mês de intervenções.

Contudo, como você acompanhou neste artigo, a patologia pode se manifestar de diferentes maneiras, o que exige práticas personalizadas para cada caso. 

Em primeiro lugar, recorra ao tratamento não cirúrgico, feito com analgésicos, anti-inflamatórios, repouso, exercícios domésticos e diferentes práticas fisioterápicas. 

 Como ocorre o tratamento da hérnia de disco?

Afinal, se uma boa resposta não for obtida com essas técnicas, a cirurgia de hérnia de disco pode ser necessária.

Confira abaixo quais os principais procedimentos para os diferentes perfis de pacientes: 

Alongamentos e exercícios

Para fortalecer a musculatura e aliviar a dor, alguns exercícios e alongamentos para hérnia de disco podem ser recomendados.

Em suma, nessas situações, as práticas incluem métodos de extensão cervical e lombar ou de alongamento posterior das pernas.

Bolsa de água quente

O médico também pode recomendar a aplicação de bolsa com água quente por 15 minutos a cada 3 horas, para relaxar os músculos e reduzir a dor temporariamente. 

Medicamentos

Medicamentos

Os antiinflamatórios para hérnia de disco sem corticóides são recomendados para manifestações agudas, mas seu uso deve ser restrito a 10 dias.

Trata-se de um remédio para hérnia de disco inflamada que diminui o processo inflamatório e as dores, mas que não pode ser prolongado para não gerar efeitos adversos. 

Por outro lado, em casos mais leves, recomenda-se  a medicação com analgésicos simples e relaxantes musculares, com dores de intensidade moderada. A automedicação jamais deve ser considerada. 

Intervenções fisioterápicas

A fisioterapia para hérnia de disco ajuda a melhorar a funcionalidade da musculatura, a reduzir dores, a relaxar os músculos e a evitar agravamentos.

Ocorrendo de forma mais recorrente, a fisioterapia motora, visa promover exercícios de fortalecimento, alongamento, correção biomecânica e postural, nesse contexto, também, indica-se a hidroterapia pode ser indicada como tratamento complementar, auxiliando na melhora da flexibilidade e amplitude dos movimentos.

Logo depois, somado a isso, também está a acupuntura, que possui efeitos relaxantes, anti-inflamatórios e analgésicos, que complementam o processo de reabilitação.

Infiltrações e rizotomia 

Quando o tratamento tradicional não tem sucesso, infiltrações guiadas podem ser realizadas, para auxílio diagnóstico e também combate da patologia, utiliza-se nesses casos também um procedimento chamado de rizotomia , em que uma agulha fina  “queima” os nervos sensitivos que estão provocando as dores. 

Cirurgia

Por fim, deve-se considerar a cirurgia de hérnia de disco apenas em últimos casos, dessa forma, o paciente tem como direito do paciente compreender suas indicações, riscos e resultados esperados. Logo, ela só deve ser feita quando há falha no tratamento medicamentoso e fisioterápico, quando sinais neurológicos graves se manifestam, como limitações ou perda de força. 

Prevenindo a hérnia de disco

Desde já, ainda que não existam intervenções preventivas diretas para evitar a hérnia de disco, alguns hábitos podem reduzir significativamente seus fatores de risco: 

  • Prática regular de exercícios físicos, para garantir o fortalecimento e o ganho de flexibilidade corporal;
  • Realização específica de exercícios para hérnia de disco, focados no fortalecimento muscular das costas e do abdome;
  • Cuidados durante o trabalho, adotando uma postura adequada para levantar pesos ou levantando-se periodicamente caso trabalhe muito tempo sentado;
  • Atenção aos seus limites físicos, evitando levantar pesos além de sua capacidade, ficar em uma postura inadequada,  e assim por diante;
  • Não fumar, uma vez que o consumo de tabaco enfraquece os tecidos dos discos intervertebrais;
  • Evitar práticas de alto impacto, como agachamento com pesos, cama elástica, saltos, entre outras semelhantes. 

Para saber quais são os cuidados e práticas mais recomendados para a sua situação, procure por orientação especializada junto a um médico.

Conclusão

Conforme você pôde acompanhar ao longo deste artigo, a hérnia de disco ocorre quando os discos invertebrais têm sua função ou estruturas comprometidas, o que faz com que eles pressionem nervos da coluna e provoquem dores de diferentes intensidades.

Se você gostou de conhecer todos os detalhes, riscos e meios de combater a hérnia de disco, não deixe de informar-se sobre outras condições tão importantes quanto essa.

Clique aqui para assinar a nossa newsletter e receber nossos próximos conteúdos em primeira mão. Aproveite também e compartilhe este texto com os seus amigos.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin