Como se manifesta a psoríase e qual é o melhor tratamento?

Por Dr. José Aldair Morsch, 15 de junho de 2021
Como se manifesta a psoríase e qual é o melhor tratamento?

A psoríase é uma doença relativamente comum entre a população, que provoca manchas na pele cobertas por escamas esbranquiçadas. 

Sem causas bem definidas, a condição se agrava por fatores como estresse ou baixa imunidade. Sendo assim, um dermatologista deve acompanhá-la.

Isso porque, mesmo que não tenha cura definitiva, seu tratamento melhora a qualidade de vida dos pacientes. Afinal, eles podem sentir sérios incômodos físicos e estéticos sempre que as crises ocorrem.

A seguir, entenda melhor o que é psoríase, seus principais tipos e manifestações, causas, sintomas, meios de diagnóstico, tratamentos, prevenção e muito mais. 

O que é psoríase?

A doença psoríase é inflamatória e crônica, e atinge principalmente a pele. Em alguns casos mais raros, ela afeta as articulações. Como no tipo conhecido como artropatia, que explico melhor no próximo item. 

Seus sintomas clássicos são manchas vermelhas e ressecadas na pele, acompanhadas por coceira, sensação leve de queimação ou até dor. 

Apesar de comum, não se reconhece suas causas exatas pela comunidade médica e científica. 

Normalmente, suas manchas características surgem ou se agravam na presença de doenças autoimunes ou em períodos de estresse. 

De acordo com dados compilados no portal do Ministério da Saúde, a psoríase atinge cerca de 1,3% da população brasileira. 

Por sua vez, esse índice varia entre 1,9% no Sul e Sudeste e 0,9% a 1,1% nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Ao todo, são 5 milhões de pessoas afetadas no Brasil.

Já no mundo, 3% da população possui essa doença, o que representa uma média de 125 milhões de indivíduos.  

Tipos e manifestações de psoríase

Tipos e manifestações de psoríase

A psoríase pode se manifestar em diversos tipos, que possuem sintomas, características e níveis de gravidade próprios. Os principais deles são:

Psoríase vulgar ou em placas

Trata-se do tipo mais comum da doença, com o surgimento de placas avermelhadas, secas e escamas esbranquiçadas. 

Por sua vez, elas geram coceira, podem ser dolorosas e atingir praticamente todas as regiões do corpo – até mesmo as genitais. 

Normalmente, essa é uma psoríase leve, mas podem haver casos mais severos em que a pele ao redor das articulações se racha e apresenta sangramentos. 

Psoríase do couro cabeludo

A psoríase no couro cabeludo gera placas avermelhadas e escamas mais espessas, que tem aspecto branco e prateado. 

Essa psoríase na cabeça, também chamada de psoríase capilar, às vezes é confundida com caspa. Isso porque flocos de pele morta surgem nos ombros e no cabelo quando o paciente coça a região. 

Psoríase ungueal

Já a psoríase ungueal atinge as unhas das mãos e dos pés, fazendo com que elas engrossem, escamem, cresçam de forma anormal e mudem de cor. 

Em situações mais graves, a psoríase de unha pode fazer com que ela se descole do leito ungueal ou se deforme. 

Psoríase gutata

Por sua vez, a psoríase gutata é gerada por infecções bacterianas,que atingem principalmente a garganta. 

Nela, pequenas feridas em formato de gota surgem nas pernas, nos braços, no tronco ou no couro cabeludo. 

Ao contrário das placas grossas comuns a outros tipos de psoríase na pele, essa condição apresenta finas escamas. 

Psoríase pustulosa

Além das manchas tradicionais, esse tipo pode apresentar pústulas, que são pequenas bolhas com pus. 

Ela pode atingir todas as regiões do corpo ou áreas menores, surgindo como psoríase nos pés, nos dedos ou nas mãos. 

Seu desenvolvimento é célere. Ou seja, as bolhas surgem poucas horas após o avermelhamento da pele. 

Em geral, essas bolhas secam em um ou dois dias, mas podem aparecer novamente durante algumas semanas. 

Além da intensa coceira, o paciente ainda pode sentir calafrios, fadiga excessiva, febre e dor de cabeça quando a doença é generalizada. 

Psoríase invertida

A psoríase invertida é marcada pelo surgimento de manchas vermelhas e inflamadas, que afetam principalmente regiões úmidas do corpo. 

Ou seja, ela é mais comum nas virilhas, axilas, ao redor dos genitais e embaixo dos seios. 

Além disso, ela se agrava em pessoas com sudorese excessiva e obesos, especialmente quando há atrito na região das manchas. 

Psoríase artropática

Trata-se da psoríase que também afeta as articulações, principalmente as da coluna, das juntas dos quadris e dos dedos das mãos e dos pés. 

Nela, além da inflamação na pele e da descamação, ocorrem dores fortes nas articulações, que podem se agravar para rigidez progressiva e até mesmo deformidades permanentes. 

Psoríase eritrodérmica

Por fim, há a psoríase eritrodérmica, que é o tipo menos comum da doença. 

Mesmo que suas causas não sejam bem conhecidas, ela pode ser desencadeada por infecções, queimaduras graves, tratamentos intempestivos ou ainda outros tipos de psoríase mal controlados.

Sua manifestação é sistêmica e atinge todo o corpo com manchas vermelhas, que coçam e ardem com intensidade. 

Quais são as causas da psoríase?

Como mencionei anteriormente, a psoríase tem causas inespecíficas e desconhecidas. 

Contudo, já se sabe que a doença se desencadeia por desequilíbrios no sistema imunológico dos pacientes. 

Além disso, alguns fatores aumentam as chances de uma pessoa ter psoríase. Entre os principais deles, destacam-se:

  • Doenças virais ou bacterianas, ainda que não estejam diretamente relacionadas a elas;
  • Consumo de certos medicamentos, principalmente betabloqueadores, lítio e antimaláricos;
  • Hábitos nocivos à saúde e à imunidade, como alcoolismo ou tabagismo;
  • Traumatismos na pele em geral, como pancadas fortes;
  • Fatores genéticos e hereditários. 

Principais sintomas de psoríase

Além das manifestações específicas que mencionei acima, os sintomas de psoríase ainda podem variar de acordo com cada paciente.

De maneira geral, a patologia gera condições que podem incluir (a depender do seu tipo):

  • Manchas avermelhadas com escamas secas, esbranquiçadas ou prateadas;
  • Pequenas manchas escuras ou brancas, que surgem de forma residual após as lesões;
  • Coceira, que pode ser moderada ou severa;
  • Sensação de queimação, ardência e dor;
  • Unhas grossas, com alterações na cor e eventualmente deformadas ou descoladas;
  • Pele excessivamente ressecada, que pode se rachar e até sangrar;
  • Inchaço nas articulações, que podem se tornar rígidas e desenvolver deformações permanentes. 

Normalmente, a psoríase surge de maneira moderada, e seus sintomas geram apenas incômodo e desconforto nas pessoas.

Porém, existem casos mais graves, que causam dores severas e condições que afetam significativamente o bem-estar, a qualidade de vida e a autoestima dos pacientes. 

Por conta disso, é importante procurar por um dermatologista sempre que perceber um sintoma. Assim, você pode se certificar de que o controle adequado será feito e que agravantes não surgirão.

Nos próximos itens, vou esclarecer como ocorre o diagnóstico, tratamento e prevenção da doença. Dessa forma, você vai entender melhor o que esperar da sua consulta médica, caso tenha alguma suspeita. 

Como se diagnostica psoríase?

Como se diagnostica psoríase?

Ao consultar-se com um dermatologista, ele realizará um exame clínico, que geralmente é suficiente para obter o diagnóstico da psoríase.

Nele, o médico realiza um levantamento sobre o histórico de saúde do paciente e da sua família. 

Além disso, o profissional de saúde também faz o exame físico para reconhecer a origem das manchas.

Em alguns casos, o especialista pode fazer uma raspagem da pele, onde se observa as características das escamas esbranquiçadas. Esse procedimento se chama Sinal da Vela.

Há ainda situações em que se verifica do Sinal de Auspitz, também conhecido como orvalho sangrento. Nele, a pele é raspada com uma cureta para sangrar levemente. 

Por fim, caso exista suspeita de outras doenças, o dermatologista pode solicitar uma biópsia para determinar o caso com mais precisão. 

Na maioria das situações, exames de rotina complementares não são necessários, e o paciente já é diagnosticado com o exame clínico.  

Psoríase é contagiosa? Tem cura?

Conforme abordei anteriormente, a psoríase é caracterizada como uma doença inflamatória, crônica e não contagiosa. 

Ou seja, em nenhum tipo de manifestação, essa patologia passa de uma pessoa para outra. 

Porém, indivíduos com a condição na família têm mais chances de desenvolvê-la.

Inclusive, ela é multigênica. Isto é, possui vários genes envolvidos no seu surgimento. Estima-se que sua incidência genética ocorra em cerca de 30% dos casos.

Como também já destaquei no artigo, a psoríase não tem cura. Contudo, por ser comum, ela conta com diversos meios de tratamento para que seus sintomas sejam aliviados e se tornem menos recorrentes.

Qual é o melhor tratamento para a psoríase?

Qual é o melhor tratamento para a psoríase?

Apesar da impossibilidade de cura, o tratamento para psoríase serve para que os pacientes tenham menos sintomas e ampliem sua qualidade de vida.

Nesse sentido, os principais meios de intervenção são os remédios para psoríase. Os dermatologistas os receitam para controlar o processo inflamatório do organismo e reforçar o sistema imunológico, diretamente relacionado ao surgimento dos quadros.

Da mesma maneira, cremes para psoríase também são amplamente indicados pelos especialistas. Principalmente as pomadas corticoides, que diminuem a coceira das manchas e a vermelhidão na pele. 

Em certos casos, esses tratamentos ainda se associam à fototerapia, em que se aplicam raios UVB sobre a derme para reforçar os efeitos antiproliferativos e anti-inflamatórios obtidos nos medicamentos e nas pomadas. 

Ainda, os médicos recomendam que as pessoas afetadas pela doença mantenham uma dieta equilibrada. Isso porque a má alimentação favorece o consumo de certas substâncias, que culminam na inflamação da pele. 

Por fim, algumas soluções caseiras ajudam a controlar e aliviar os sintomas. A mais comum é o consumo de agrião, que contribui para eliminar substâncias ligadas ao agravamento da psoríase no organismo.

Contudo, vale ressaltar que é preciso informar tudo ao dermatologista, para que o mesmo avalie a segurança e a viabilidade da solução adotada. 

Além disso, a automedicação jamais deve ser tida como uma alternativa. Pois além de ineficiente, ela pode agravar ainda mais a doença e trazer riscos à saúde. 

Como prevenir a ocorrência de psoríase?

A manutenção de um estilo de vida saudável é fundamental para que a psoríase não se agrave – ou para que sua progressão seja reduzida. 

Além disso, pessoas com histórico familiar da doença devem adotar cuidados extras, pois têm mais chances de desenvolvê-la. 

Vale ressaltar que, sempre que um sintoma for percebido, o paciente deve procurar imediatamente um dermatologista e iniciar o tratamento a que tem direito.

Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais simples e eficiente será o combate das crises e dos agravamentos. 

Dito isso, alguns cuidados ajudam a prevenir os quadros de psoríase ou aliviar suas manifestações, como:

  • Hidratação da pele, para que ela não fique ressecada e as chances de lesões sejam diminuídas;
  • Eliminação ou consumo moderado de bebidas alcoólicas;
  • Não fumar;
  • Manutenção de uma dieta equilibrada; 
  • Exposição moderada ao sol, sempre com protetor solar ou creme hidratante e terapêutico;
  • Cuidados com a saúde emocional e o estresse, que são condições associadas à psoríase e que comprometem o sistema imune;
  • Visitas regulares ao dermatologista, que tem um papel imprescindível na prevenção dos quadros.

Conclusão

Apesar de ser uma condição relativamente comum, a psoríase pode gerar sérios prejuízos para a qualidade de vida dos pacientes.

Afinal, os incômodos e dores causados pelas manchas, ou ainda os danos estéticos, surgem durante as crises em diferentes regiões do corpo.

Mesmo que não tenha cura definitiva, a doença conta com inúmeros métodos de tratamento e alguns meios de prevenção.

Nesse sentido, eles são de suma importância para evitar manifestações mais severas e possíveis agravamentos, devolvendo o bem-estar e a tranquilidade dos pacientes.

Em todas as situações, é fundamental contar com o apoio de um dermatologista, além de adotar cuidados com a alimentação, a hidratação da pele, a redução do estresse e outras doenças que possam atingir o sistema imunológico, favorecendo a patologia.

Se você gostou de conhecer todos os detalhes sobre a psoríase e quer se informar sobre outros temas tão relevantes quanto esse, não deixe de conferir nossos próximos artigos!

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin