Femproporex: para que serve, receita e como tomar

Por Dr. José Aldair Morsch, 15 de março de 2024
Femproporex

Utilizado há décadas, o femproporex já esteve entre os principais remédios para emagrecer prescritos no Brasil.

Entretanto, teve o registro cassado pela Anvisa, o que resultou na proibição da produção, comercialização e consumo no país.

Isso porque existem dúvidas quanto à segurança no uso, além dos riscos para o paciente.

Neste texto, explico o mecanismo de ação desse medicamento, indicações e reações adversas.

Na dúvida, consulte sempre um endocrinologista para emagrecer com saúde – o que pode ser feito por meio da teleconsulta, que apresento ao final deste artigo.

O que é femproporex?

Femproporex é um medicamento inibidor de apetite, classificado como psicotrópico anorexígeno.

Por ser derivado da anfetamina, apresenta ação estimulante sobre o sistema nervoso central (SNC), podendo causar dependência física e psíquica.

Essa é uma das razões para o envolvimento da substância em debates polêmicos que fizeram com que seu uso fosse aprovado, em algumas ocasiões, e proibido alguns anos mais tarde.

Para que serve femproporex

O fármaco era empregado para auxiliar na perda de peso, devido ao seu efeito anorexígeno, que leva à diminuição do apetite.

Isso ocorre a partir da redução da acuidade pelo sabor e odor, desencadeando o menor consumo de alimentos.

Uma vez ingerido, o femproporex é absorvido no trato digestivo e chega a todos os tecidos do corpo, tendo as maiores concentrações no SNC.

Depois, é excretado pela urina.

Principais indicações

O cloridrato de femproporex era indicado para tratar a obesidade em pacientes adultos.

Essa doença multifatorial é caracterizada pelo índice de massa corporal ou IMC ser igual ou maior que 30.

Muitas vezes, o tratamento requer a combinação de medicamentos e medidas não farmacológicas, como dieta balanceada e a prática regular de atividade física.

Como tomar femproporex

Quando estava disponível para compra, as embalagens de femproporex continham cápsulas de 25 mg.

O esquema terapêutico descrito na bula do remédio recomendava a ingestão de uma cápsula diária (25 mg) tomada pela manhã, por via oral.

Mas a prescrição médica poderia mudar conforme a condição clínica, tolerabilidade e resultados desejados.

Receita de femproporex

A receita B2 era o documento requerido para adquirir esse fármaco.

Esse tipo de prescrição é destinado ao grupo de medicamentos psicotrópicos anorexígenos, que inclui substâncias de uso permitido atualmente, como a sibutramina.

Devido ao impacto no sistema nervoso central, elas fazem parte da lista B2 de remédios controlados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), conforme estabelece a Instrução Normativa SVS/MS nº 344/1998.

Porque, como mencionei acima, seu abuso expõe o paciente ao risco de dependência, quando o funcionamento do organismo fica condicionado à presença do medicamento.

Além da tolerância, que exige doses cada vez maiores para conseguir o mesmo efeito inicial.

Esse é um cenário perigoso, que eleva as chances de overdose – a ingestão de uma dose tão alta que pode ser fatal.

Para evitar esses problemas, a Anvisa impôs regras rígidas de prescrição para essas substâncias, incluindo a receita emitida em duas vias diferentes.

Enquanto a segunda via serve para orientação médica do paciente ou cuidador, a primeira via fica retida na farmácia ou drogaria no momento da dispensação do produto.

Ela corresponde à notificação de receita azul, documento que compõe um talonário impresso apenas com autorização da vigilância sanitária.

Nele, constam dados que permitem o rastreio do médico prescritor, estabelecimento de saúde, paciente, fornecedor e comprador.

A receita B2 é válida por 30 dias e pode dar acesso a medicamento suficiente para até um mês de tratamento.

Dúvidas frequentes sobre femproporex

Veja mais informações e tire suas dúvidas sobre o femproporex a seguir.

Quais os riscos de tomar femproporex?

Além da dependência e tolerância, a substância pode provocar reações adversas no SNC e aparelhos cardiovascular, digestivo e endócrino.

São elas:

Sempre lembrando que sintomas percebidos durante qualquer tratamento devem ser informados ao médico.

Por que femproporex foi proibido?

A justificativa para a proibição por parte da Anvisa foi que não existem evidências suficientes para atestar a eficácia e segurança do medicamento.

Essa questão levou a Agência a cassar o registro do femproporex em 2011, junto a outros dois fármacos com ação similar: anfepramona e mazindol.

Entretanto, o Supremo Tribunal Federal contrariou a Anvisa em 2017, permitindo a comercialização desses produtos por meio da Lei 13.454/2017.

Mas o cenário mudou novamente em 2021, quando a própria corte decidiu que a lei é inconstitucional, uma vez que a competência para decidir sobre a liberação de medicamentos é da Anvisa.

Assim, o femproporex voltou a ser proibido no Brasil.

Quem não pode tomar femproporex?

A lista de contraindicações do remédio inclui pacientes com:

  • Doenças cardiovasculares, incluindo hipertensão moderada a severa
  • Hipertireoidismo
  • Glaucoma
  • Alterações extrapiramidais
  • Distúrbios psiquiátricos
  • Epilepsia
  • Alcoolismo crônico
  • Mulheres grávidas e em período de amamentação.

Aqui, cabe destacar a importância da comunicação médico-paciente na indicação de qualquer remédio.

Quem tem pressão alta pode tomar femproporex?

Como mencionei, a pressão alta moderada a grave contraindica o uso do femproporex, pois seu mecanismo de ação é simpatomimético.

De acordo com o estudo “O tratamento da obesidade no paciente portador de hipertensão arterial”, divulgado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia:

“Os medicamentos anorexiantes com ação simpatomimética levam ao aumento do tônus noradrenérgico e/ou dopaminérgico. Os efeitos secundários são decorrentes do estímulo do sistema nervoso central (SNC) (insônia, irritabilidade, agitação psicomotora, sudorese), do sistema nervoso simpático (SNS) (aumento da pressão arterial), com efeito cronotrópico (notadamente taquicardia)”.

Conclusão

Ao final deste artigo, espero ter esclarecido as principais informações sobre o femproporex.

Embora esse medicamento não esteja disponível nas farmácias, existem outros fármacos liberados pela Anvisa para ajudar com a perda de peso.

A dica é evitar os riscos da automedicação e consultar um médico para receber o diagnóstico e tratamento adequados ao seu perfil.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin