Depressão: o que é, quais os tipos, sintomas e causas da doença

Por Dr. José Aldair Morsch, 31 de agosto de 2021
Depressão

A depressão é uma doença que compromete a qualidade de vida.

Porém, infelizmente, muitas pessoas não a tratam com a seriedade que merece.

Mesmo que a conscientização sobre o tema tenha crescido nos últimos anos, ainda existe certo tabu e até medo entre os pacientes para aceitar e falar sobre a condição.

Para você ter ideia, 19% da população apresenta quadros depressivos, o que significa que um em cada cinco indivíduos no mundo desenvolve o problema em alguma etapa da vida.

Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde e revelam como é importante abordar o assunto de forma aberta e oferecer acolhimento para quem precisa de tratamento.

Isso se torna ainda mais urgente se considerarmos que menos da metade dos pacientes têm acesso a intervenções eficazes contra a depressão, segundo a OPAS.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) ainda alerta que a depressão severa pode levar ao suicídio, que ceifa a vida de cerca de 800 mil pessoas por ano e é uma das principais causas de mortes entre os 15 e 29 anos.

Dada a seriedade da doença, preparei este artigo para que você conheça seus principais riscos e pontos de atenção, seja para cuidar de si ou das pessoas que o rodeiam.

A seguir, entenda melhor o que é depressão, seus tipos, causas, sintomas, diagnóstico, possibilidades de tratamento e prevenção. 

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O que é depressão?

Depressão é um distúrbio que gera tristeza profunda, angústia e abatimento sem motivos aparentes.

Pacientes que sofrem com a doença tendem a perder o interesse e o prazer pelas coisas da vida, sendo que o seu agravamento pode levar a pensamentos suicidas. 

Vale ressaltar que depressão não é algo menor e passageiro, falta de força ou “pouca fé”.

Trata-se de um desequilíbrio químico cerebral que pode ser motivado por alguns fatores.

Inclusive, responsabilizar o paciente ou “fazer pouco caso” da patologia pode piorar o quadro depressivo, diminuindo ainda mais sua autoestima e dificultando a superação do problema. 

Normalmente, o transtorno diminui a oferta de neurotransmissores como a serotonina, ligados à sensação de bem-estar e felicidade, o que afeta a forma com que o paciente se sente, vive e pensa.

Quando isso ocorre, os quadros de ansiedade e depressão (combinados ou não) acabam diminuindo a autoestima, incentivando a tristeza e gerando pessimismo.

Além disso, sabe-se que o transtorno depressivo vai além da infelicidade crônica, gerando alterações fisiológicas.

Nesse sentido, o sistema imunológico fica enfraquecido, favorecendo a ocorrência de doenças virais, inflamatórias, respiratórias, entre outras.

Qual a diferença entre tristeza e depressão?

Embora seja comum confundir tristeza e depressão, existem diferenças claras.

Isso porque a tristeza é um sentimento passageiro, que costuma durar até algumas semanas e se vai sem intervenção médica.

Geralmente, ela surge devido a uma perda, que pode ser de um ente querido, um pet, oportunidade de trabalho ou promoção, etc.

Já a depressão é um estado persistente de desesperança, que permanece por mais de duas semanas consecutivas e tem impacto significativo na vida do paciente, como expliquei acima.

Afinal, trata-se de uma doença que causa tristeza muito mais intensa e profunda, que acaba com a disposição e impede a pessoa de visualizar e planejar o futuro.

Nem sempre dá para identificar a origem dessa condição, que tende a ser multifatorial.

Muitas vezes, os estados depressivos precisam de tratamento médico para passar.

Depressão sazonal

Depressão pode surgir durante os meses de inverno, quando as pessoas têm menos acesso à luz do sol

Tipos de depressão 

Como ocorre em outras doenças, podem existir diferentes tipos de depressão, que se manifestam com sintomas e características distintas.

Conhecer cada caso é importante para que o paciente reforce sua atenção ao diagnóstico e fique ciente do que pode desencadear e gerar os quadros depressivos.

Entre os tipos mais comuns, destacam-se:

Transtorno depressivo persistente

Transtorno depressivo persistente, também conhecido como distimia, caracteriza-se como aquele em que o humor do paciente permanece deprimido por pelo menos dois anos.

Os sintomas podem intercalar momentos de depressão severa e episódios menos graves, mas sempre estão presentes em algum nível durante um longo período de tempo. 

Depressão na adolescência

De acordo com dados publicados na Veja Saúde, de 10% a 20% da população mundial têm depressão na adolescência.

As mudanças e dificuldades enfrentadas durante essa fase da vida favorecem a alta prevalência do distúrbio entre adolescentes. 

Vários casos não recebem o tratamento adequado por falta de informação ou pela ideia de que angústias entre os jovens são normais. 

Episódio depressivo sazonal

Popularmente chamada de depressão de inverno, entretanto, ocorre também no outono, quando a queda na incidência dos raios solares favorece flutuações de humor. 

Estado depressivo psicótico

Quando o indivíduo já tem depressão crônica grave e junto dela desenvolve alguma forma de psicose, o quadro pode gerar comportamentos ainda mais nocivos.

Nessas situações, os sentimentos depressivos se associam a sintomas psicóticos, como delírios e alucinações, geralmente ligados à culpa, doenças, pobreza, entre outras visões negativas de si mesmo. 

Depressão pós-parto

De acordo com informações publicadas pela Fiocruz, 25% das mães têm depressão pós-parto no Brasil.

Trata-se de uma manifestação em que as mulheres sentem extrema ansiedade, exaustão ou tristeza logo após o parto.

O desequilíbrio emocional deve ser tratado para que não prejudique a formação do vínculo e os primeiros cuidados com os bebês.

O problema tende a desaparecer após duas semanas e, algumas vezes, pode surgir ainda durante a gestação. 

Depressão bipolar

Muitas vezes, considera-se esse distúrbio como um tipo de depressão relativa, pois não se caracteriza necessariamente como um quadro depressivo.

Nesse cenário, o paciente com bipolaridade intercala episódios eufóricos, chamados de “mania”, a casos de humor deprimido – estes sim se enquadram como depressivos. 

A depressão bipolar pode apresentar-se em diferentes níveis, mas todos eles podem comprometer muito a qualidade de vida, dada a instabilidade emocional e a imprevisibilidade comportamental apresentada pela pessoa acometida. 

Principais causas da depressão 

Essa é uma doença multifatorial, ou seja, causada comumente por fatores genéticos, biológicos e ambientais.

A pessoa afetada pela depressão costuma sofrer uma série de alterações químicas no cérebro, principalmente nos seus neurotransmissores. 

O resultado é uma atividade menor das substâncias responsáveis por transmitir impulsos nervosos entre as células cerebrais e provocar bem-estar.

Isso inclui principalmente a serotonina, noradrenalina e, em menores quantidades, a dopamina. 

Também aspectos sociais e psicológicos podem estar entre as causas da depressão, como explicarei a seguir. 

 

Como é feito o diagnóstico de depressão?

Conversa com o paciente é fundamental para que médico faça o diagnóstico da depressão

Fatores de risco comuns da depressão

Não existe apenas uma causa para depressão, mas sim um conjunto de condições que podem desencadeá-la. 

Entre os fatores de risco mais significativos para a doença, destacam-se: 

  • Genética: atualmente, sabe-se que pessoas com familiares próximos que têm algum transtorno mental são mais propensas a desenvolver depressão
  • Alterações hormonais: estudos relacionam flutuações intensas nos níveis de T4 (hormônio produzido pela tireoide), cortisol (conhecido como hormônio do estresse) e até dos hormônios femininos estrogênio e progesterona a episódios depressivos. Provavelmente, devido à interferência deles na comunicação entre neurônios, a exemplo da serotonina
  • Estresse crônico: o estresse libera o hormônio cortisol, que impacta na atividade de neurotransmissores. Quando esse estado de alerta do corpo é permanente, surgem sintomas como pressão alta, ansiedade e insônia, que elevam ainda mais as chances de desenvolver depressão
  • Problemas de sono: quadros crônicos de insônia estão diretamente ligados à depressão
  • Doenças crônicas: algumas patologias podem causar alterações fisiológicas que favorecem distúrbios depressivos, como dores crônicas, artrite, doenças cardiovasculares, diabetes, entre outras
  • Abuso de substâncias: o consumo excessivo de álcool, drogas e até a automedicação favorecem certas mudanças químicas no cérebro, que podem criar as condições ideais para o desenvolvimento da doença.

Cabe destacar, ainda, as condições ambientais que aumentam o risco de depressão, a exemplo de:

  • Traumas psicológicos, especialmente se vividos na infância ou adolescência
  • Morte de um ente querido (luto)
  • Perda de emprego
  • Divórcio ou término de relacionamento amoroso
  • Isolamento social
  • Mudança de cidade
  • Mudança brusca de condições financeiras.

Tudo isso deve ser levado em conta pelo médico para o diagnóstico correto.

Quais são os sintomas da depressão? 

Voltando aos dados do Ministério da Saúde que mencionei na introdução deste artigo, o órgão também disponibiliza uma lista com os principais sintomas de depressão.

São eles:

  • Humor depressivo ou ansiedade, irritabilidade e angústia
  • Desânimo generalizado, cansaço excessivo e necessidade de esforços maiores para realizar as tarefas do dia a dia
  • Falta de motivação, apatia e desinteresse pelas coisas
  • Indecisão
  • Diminuição ou incapacidade de sentir-se alegre
  • Falta de prazer em realizar atividades de que a pessoa gosta
  • Baixa autoestima, com visão desproporcional de culpa, inutilidade, fracasso, doença ou morte
  • Eventual desejo de morrer ou tentativa de suicídio
  • Pessimismo e sentimento de falta de sentido na vida
  • Medo, insegurança, desespero e desamparo
  • Sensação de vazio
  • Interpretação distorcida da realidade, com uma visão negativa sobre tudo
  • Dificuldade para concentrar-se e raciocinar
  • Perda ou aumento do apetite
  • Diminuição da libido e do desempenho sexual
  • Insônia, com despertares múltiplos, sensação de sono superficial ou despertar matinal precoce
  • Aumento do sono em situações menos comuns.

Fique atento, também, a sintomas físicos sem causa aparente, por exemplo:

  • Azia
  • Diarreia
  • Má digestão
  • Constipação
  • Dor de barriga
  • Flatulência (gases)
  • Tensão nos ombros e na nuca
  • Pressão no peito
  • Corpo pesado
  • Dor de cabeça
  • Dor corporal generalizada.

Entenda na sequência quais impactos a doença gera no dia a dia.

Impactos da depressão na vida diária

Quadros de depressão levam à queda significativa na qualidade de vida, uma vez que o paciente não sente vontade de cuidar da saúde, se alimentar adequadamente ou praticar atividade física.

Frequentemente, há abandono das rotinas de autocuidado, lazer e diversão.

Também é comum que as pessoas com depressão experimentem queda no rendimento escolar e profissional, devido à falta de energia, efeitos negativos sobre a cognição e tomada de decisões.

Além da dificuldade para manter relações interpessoais, o que gera prejuízo nas amizades, família e junto a parceiros amorosos.

Muitas vezes, o desgaste nos relacionamentos chega a isolar o indivíduo, provocando piora em seu estado depressivo a partir do reforço dos pensamentos negativos e de desesperança.

Como é feito o diagnóstico de depressão? 

Com base nos sintomas descritos nos tópicos anteriores, o psiquiatra pode aplicar testes e questionários para confirmar o diagnóstico clínico da depressão.

Em geral, o médico consulta o histórico paciente, de seus familiares e solicita alguns exames de rotina, a fim de descartar outras doenças.

Se o diagnóstico for confirmado, o especialista deve determinar se ele está associado a outros transtornos psiquiátricos e qual a intensidade da depressão (grave, moderada ou leve). 

Como tratar a depressão?

Os tratamentos para depressão são orientados de acordo com o perfil e a gravidade da doença.

Na grande maioria dos casos, as intervenções devem combinar terapia e remédios antidepressivos

Isso significa que a pessoa acometida dispõe do apoio de um psiquiatra e de um psicólogo de sua confiança, que devem atuar de forma complementar.

O atendimento psicológico visa investigar as fobias e lidar com as causas do problema, enquanto a consulta de psiquiatria permite a prescrição de medicações adequadas para mitigar os sintomas depressivos.

A intervenção terapêutica mais indicada, assim como as substâncias medicamentosas, varia de acordo com o paciente. 

Vale ressaltar que, em quadros severos, a doença pode ser incapacitante ao ponto de exigir o afastamento do trabalho e de outras atividades de rotina.

Independentemente da situação, é imprescindível seguir a orientação médica e não abrir mão do acompanhamento profissional até a normalização do quadro. 

Durante o tratamento, também são importantes a prática de exercícios físicos, alimentação balanceada, cultivo de um hobby e outros hábitos saudáveis, fundamentais para proporcionar benefícios físicos e psicológicos que auxiliam na recuperação do paciente.

Como tratar a depressão?

Tratamentos para depressão devem ser personalizados e seguidos à risca conforme orientação médica

É possível prevenir episódios depressivos?

Ainda que os fatores genéticos e biológicos associados à depressão não possam ser controlados, é possível prevenir a exposição a gatilhos que favorecem episódios depressivos. 

Evitar situações de estresse, prezar pelos momentos de lazer, conversar sobre as dificuldades da rotina e limitar a jornada de trabalho são atitudes que ajudam a gerenciar pensamentos negativos capazes de desencadear sintomas. 

Além disso, é importante investir em práticas de medicina preventiva e autocuidado.

Atualmente, a comunidade científica é unânime em afirmar que a prática de exercícios e uma dieta equilibrada ajudam na regulação de substâncias ligadas à manutenção do humor.

Mantenha na agenda, então, atividades para movimentar o corpo e que lhe proporcionem prazer, tendo também atenção especial àquilo que você coloca no seu prato.

Opções como verduras, frutas, azeite de oliva, peixes e oleaginosas devem ser consideradas, pois esses produtos possuem gorduras e antioxidantes que ajudam a preservar a saúde dos neurônios.

Quando procurar um médico para tratar a depressão?

É natural se sentir deprimido por alguns dias após uma situação que causou tristeza.

Porém, se o humor permanecer deprimido por duas semanas ou mais, é hora de buscar ajuda médica.

O mesmo raciocínio se aplica em caso de mudanças no apetite e na rotina de sono, pensamentos ou ideação suicida, cansaço constante e sensação de vazio.

Diante desses e outros sintomas de depressão, marque uma consulta com o psicólogo ou psiquiatra para receber a assistência necessária.

Vantagens da teleconsulta com psiquiatra e psicólogo

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Conclusão

Ao longo deste artigo, apresentei as causas da depressão, diferentes tipos, fatores de risco, principais sintomas, diagnóstico e tratamento.

Não deixe de ficar atento aos sinais da doença, prezando por hábitos saudáveis e buscando tratamento sempre que houver impactos na qualidade de vida.

Lembre-se: quanto antes a condição for combatida, menores serão as consequências. 

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin