Quais são os principais tipos, sintomas e tratamentos para anemia?

Por Dr. José Aldair Morsch, 8 de junho de 2021
Quais são os principais tipos, sintomas e tratamentos para anemia?

Apesar de ser uma doença conhecida pela população, muitas pessoas não sabem exatamente o que é anemia e quais são os seus riscos.

Por ter sintomas pouco específicos e manifestações de diferentes origens, esse sério problema de saúde precisa de máxima atenção. Afinal, é preciso fazer o seu devido tratamento e evitar complicações mais graves.

A fim de elucidar melhor o tema, preparei este artigo com informações completas a respeito da patologia, que inclui seus tipos, causas, sintomas, fatores de risco, exames e orientações sobre como tratar anemia.

O que é anemia?

A anemia, independentemente do tipo, pode ser caracterizada como uma carência na quantidade de hemoglobina no sangue. 

Basicamente, a hemoglobina é uma proteína presente nas hemácias, responsável pelo auxílio no transporte de oxigênio pelo corpo. 

Sendo assim, a anemia provoca uma diminuição na oxigenação dos órgãos e tecidos do organismo, provocando sintomas de diversos tipos.  

Apesar de ser uma doença por si só, na maioria das vezes sua aparição ocorre por outras patologias ou deficiências nutricionais. 

Além disso, estima-se que essa doença afeta mais de um quarto da população mundial, o que representa mais de 2 bilhões de pessoas. 

Quais são os tipos de anemia?

Quais são os tipos de anemia?

Inúmeros são os fatores relacionados ao que causa anemia. Por isso, a doença é classificada em diferentes tipos, que incluem:

Anemia por falta de nutrientes

Trata-se do tipo de anemia mais recorrente, que surge pela falta de nutrientes fundamentais para a produção de hemácias, como ácido fólico, ferro e vitamina B12.

Inclusive, é estimado que 90% de todas as anemias sejam causadas por deficiência de ferro. 

Nesse sentido, entre suas manifestações, estão os quadros de:

Ferropriva

Acontece pela falta de ferro no organismo, oriunda da má alimentação e absorção de nutrientes ou perda elevada de sangue. Ocorre com mulheres em idade fértil, lactantes e gestantes, adolescentes, crianças, vegetarianos com dietas restritivas ou quem fez cirurgia bariátrica, geralmente.

Megaloblástica

Provocada pela falta de vitamina B12, também como resultado da má alimentação ou de problemas de absorção de nutrientes. Ainda pode ocorrer como consequência de certos tratamentos para câncer ou efeito de medicamentos. No entanto, é mais comum em idosos, bariátricos e pacientes com úlceras ou gastrite crônica. 

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Anemias por doenças na medula óssea

É um tipo mais raro de anemia, que ocorre por conta de deficiências na produção de glóbulos vermelhos e outros elementos sanguíneos. Nesse sentido, caracteriza-se como:

Aplástica

Pode ser adquirida ou decorrer de outras doenças. Em geral, os fatores de risco para as patologias na medula óssea que desencadeiam a anemia estão ligados a substâncias tóxicas, radiação, quimioterapia e certos medicamentos. Ainda pode ser hereditária ou oriunda de condições como lúpus, hepatite e HIV.

Hemolítica

Ocorre quando a medula óssea não consegue repor os glóbulos vermelhos destruídos na quantidade ideal. Também acontece por intoxicações ou condições autoimunes. 

Anemias hereditárias

É um tipo de anemia gerado por alterações genéticas, que afetam a produção e a vida útil dos glóbulos vermelhos. Em geral, é detectado logo após o nascimento ou até os seis anos de idade. 

Quando o gene é herdado apenas do pai ou da mãe, o paciente não desenvolve a doença necessariamente. Ou seja, via de regra, a patologia atinge indivíduos com genes herdados de ambos os pais. 

Sendo assim, as anemias hereditárias incluem:

Falciforme

É um tipo de manifestação em que as hemácias adquirem um formato semelhante ao de uma foice. Nesse sentido, a membrana celular é alterada e se rompe com mais facilidade, gerando a patologia.

Além disso, trata-se do tipo mais recorrente de anemia hereditária.

Talassemia

É quando a condição hereditária compromete a produção de hemoglobina. Com isso, os glóbulos vermelhos produzidos são menores e têm um volume menor da proteína específica, que transporta oxigênio pela corrente sanguínea. 

Anemias por doenças crônicas ou autoimunes

São geradas por quadros patológicos, mas contam com diferenças básicas. Entre elas, estão:

Doenças crônicas

Nela, o corpo detecta inflamações e passa a retardar a produção de hemácias, gerando quadros anêmicos. Além disso, há situações em que patologias crônicas fazem o organismo metabolizar o ferro de maneira anormal, provocando anemia.

São mais propensos os pacientes com esse tipo de condição, especialmente aqueles com problemas renais, câncer e diabetes.

Doenças autoimunes

É quando o organismo produz anticorpos que atacam as hemácias. O quadro mais comum nessas situações é a anemia hemolítica autoimune.

Pode atingir pessoas de todas as idades, mas é recorrente em adultos jovens e também pode ser desencadeada pelo câncer ou doenças virais

O que causa anemia?

Além das causas relacionadas aos tipos de anemia que mencionei acima, a doença ainda pode ser desencadeada de forma aguda ou crônica.

Nos quadros agudos, ocorre uma queda repentina de hemoglobinas responsáveis pelo carregamento de oxigênio na circulação. 

Nessas situações, as causas mais comuns incluem hemorragias ou quadros conhecidos como hemólise. Ou seja, as hemácias são destruídas por conta de traumas ou doenças como coagulação intravascular disseminada e anemia falciforme (citada no item anterior). 

Por sua vez, as anemias crônicas possuem fatores mais variados, e também representam a manifestação mais comum da patologia. Entre o que causa anemia, estão situações como:

  • Hipotireoidismo;
  • Tumores malignos;
  • Deficiência de ferro;
  • Condições renais e hepáticas;
  • Deficiência de vitamina B12;
  • Intoxicação por chumbo;
  • Produção e maturação problemáticas das células sanguíneas da medula óssea;
  • Deficiência de ácido fólico. 

Principais sintomas de anemia

De maneira geral, os sintomas da anemia não são específicos, e podem variar de acordo com o indivíduo ou o tipo de manifestação da doença. 

Por isso, ao detectar os seguintes sintomas físicos, é importante buscar ajuda médica e realizar os devidos exames para a confirmação diagnóstica: 

  • Falta de apetite;
  • Cansaço generalizado;
  • Falta de ar (que pode ser confundida com doenças respiratórias);
  • Tontura;
  • Dor de cabeça;
  • Apatia (principalmente em crianças, que se tornam menos ativas);
  • Dificuldades de aprendizado (também mais recorrente em crianças);
  • Formigamentos ou sensação de frieza nos pés e nas mãos;
  • Falta de disposição para trabalhar e realizar as atividades do dia a dia;
  • Palidez na pele;
  • Olhos amarelados (condição própria das anemias hemolíticas);
  • Palidez nas mucosas, como gengivas ou região interna dos olhos;
  • Dor no peito;
  • Desejo de ingerir substâncias que não são necessariamente alimentares, como arroz cru ou gelo. 

Como identificar anemia no hemograma?

Se você se pergunta “como saber se estou com anemia?”, a resposta começa pela consulta médica.

Como identificar anemia no hemograma?

Em primeiro lugar, o profissional de saúde realizará um exame físico para identificar os sintomas descritos.

Depois, alguns exames de rotina são solicitados para analisar a falta de vitaminas, detectar a taxa de hemoglobinas e verificar o formato dos glóbulos vermelhos. 

Caso o diagnóstico seja confirmado, outras análises adicionais podem ser pedidas para determinar precisamente qual é o tipo de anemia em questão. 

Durante o hemograma, alguns indicadores laboratoriais são fundamentais para reconhecer a presença da patologia. 

Nesse sentido, o principal indicador hematológico é o nível de hemoglobina, que tende a ser baixo quando a doença ocorre.

Em geral, constata-se que o paciente tem anemia nos casos em que:

  • Homens adultos têm níveis de hemoglobina menores que 13g/dl;
  • Mulheres adultas possuem níveis de hemoglobina abaixo de 12g/dl;
  • Gestantes apresentam taxas de hemoglobina inferiores a 11g/dl;
  • Crianças de 6 a 60 meses têm taxas de hemoglobina menores que 11g/dl.

Fatores de risco da anemia

Quando as anemias são adquiridas (isto é, não são hereditárias), alguns fatores aumentam o risco para que a doença surja. Nesse sentido, os principais deles são:

Problemas intestinais

Os distúrbios que afetam o funcionamento do intestino delgado podem comprometer a absorção de nutrientes, aumentando os riscos de anemia. 

Além disso, as condições mais comuns incluem doença celíaca e de Crohn.

Dieta pobre em determinadas vitaminas

Uma alimentação com quantidades baixas de vitamina B12, ácido fólico e ferro também favorece o surgimento da doença. 

Nesse sentido, o risco se torna ainda maior em indivíduos que demandam maiores quantidades de ferro no organismo, como gestantes e crianças em fase de crescimento. 

Gestação

Por falar em gestantes, elas também estão entre os grupos mais favoráveis ao desenvolvimento da anemia. Sendo assim, o ideal é que mulheres grávidas tomem multivitamínico com ácido fólico (sempre com a devida orientação médica). 

Menstruação

Ainda em relação às mulheres, aquelas que não atingiram a menopausa têm maiores riscos para anemia do aquelas no pós-menopausa ou do que homens. 

O motivo é que a menstruação provoca a perda de glóbulos vermelhos. Então, em alguns casos, sua reposição pode não ser suficiente. 

Cirurgia bariátrica

Cirurgias bariátricas, intervenções que removem parte do estômago ou que retiram o duodeno reduzem a capacidade de absorção de ferro e vitamina B12.

Em geral, é preciso informar e preparar todas as pessoas submetidas a esse tipo de procedimento. Além disso, é direito do paciente ser acompanhado para evitar anemia durante o pós-operatório. 

Doenças crônicas

Como você pôde conferir no item dedicado aos tipos de anemia, pessoas que têm esse tipo de condição estão mais propensas a desenvolver quadros anêmicos, por conta da diminuição no volume de glóbulos vermelhos. 

Logo, as patologias são diversas e podem incluir insuficiência renal, mielofibrose e outros tipos de câncer, por exemplo. 

Como tratar anemia?

Como tratar anemia?

Sempre que houver suspeita de anemia, o paciente deve procurar por assistência médica. Isso porque é preciso tratar a condição para evitar agravamentos sérios o mais rápido possível.

Assim como em qualquer doença, só um especialista pode orientar as melhores intervenções. Dessa forma, tratamentos por conta própria ou automedicação não devem ser cogitados. 

Uma vez que a anemia pode ter diversas origens, é fundamental diagnosticar sua manifestação. Só então é possível normalizar os níveis de hemoglobina. 

Entenda como ocorre o tratamento em cada situação:

Anemias por falta de nutrientes

Em primeiro lugar, o especialista deve reconhecer qual é a carência de nutriente no organismo do paciente.

Assim, dieta e suplementação podem ser indicadas para repor a nutrição do corpo e prevenir que a anemia volte a ocorrer. 

No tipo ferropriva, os alimentos mais indicados são carnes vermelhas, peixes, aves, leguminosas, nozes, melado de cana e grãos integrais, entre outros ricos em ferro. 

Já na anemia megaloblástica, as opções incluem carne, ovos, leite, queijo e leite de soja, entre outros ricos em vitamina B12.

Anemias por doenças na medula óssea

Como é um tipo de anemia mais grave, suas intervenções também são severas. Portanto, elas podem incluir medicamentos para estimular a medula e demandar transfusões de sangue.

Anemias hereditárias

No caso da talassemia e da anemia falciforme, não existe possibilidade de cura. Contudo, é necessário tratamento com transfusões regulares de sangue.

Além disso, em termos de prevenção, os pacientes devem manter uma alimentação rica em nutrientes e evitar práticas físicas muito pesadas. 

Anemias por doenças crônicas ou autoimunes

No caso das doenças crônicas, o tratamento para anemia está relacionado à cura ou ao controle da condição que está gerando a deficiência de hemoglobina. 

Já para as doenças autoimunes, os quadros podem ser mais graves, assim como aqueles gerados por problemas na medula. Nesse sentido, o tratamento também pode exigir transfusões sanguíneas, além de medicamentos para regular o sistema imunológico. 

Conclusão

A anemia é uma doença marcada pela carência de hemoglobina na corrente sanguínea, que por sua vez tem papel fundamental no transporte de oxigênio pelo organismo. Em condições anormais, pode comprometer a saúde dos órgãos e tecidos do corpo.

Além disso, suas causas e tipos são diversos, assim como seus sintomas. Mas geralmente, estão relacionadas à deficiência de certos nutrientes na alimentação, doenças na medula óssea, fatores hereditários ou ainda patologias crônicas ou autoimunes. 

Os meios de manifestação exigem tratamentos diferentes, mas a atuação de um especialista é fundamental para garantir a normalização da qualidade de vida dos pacientes em todos os casos.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin