Metadona: para que serve, receita e como tomar

Por Dr. José Aldair Morsch, 29 de janeiro de 2024
Metadona

Analgésico potente, a metadona deve ser utilizada com cautela e conforme a recomendação médica.

Afinal, o medicamento pode causar dependência física, psíquica e tolerância, aumentando as chances de eventos potencialmente fatais, como a overdose.

O fármaco tarja preta está disponível sob a forma de comprimidos de 5 e 10 mg.

Você deseja saber mais sobre esse remédio?

Neste texto, falo sobre as indicações, posologia (como tomar) e de que forma renovar a receita médica online.

O que é metadona?

Metadona é um analgésico opioide sintético com características similares à morfina.

Possui uma série de aplicações úteis, que vão desde a sedação pós-operatória até o tratamento de transtornos aditivos (drogas ilícitas que provocam dependência).

No entanto, sua ação sobre o sistema nervoso central pode desencadear reações adversas graves, o que pede monitoramento médico constante.

Para que serve metadona

O medicamento serve para tratar dores intensas, tanto agudas como crônicas, e viabilizar a desintoxicação de narcóticos como a heroína.

Sua ação depressora do sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) gera um efeito analgésico e sedativo, inibindo ou reduzindo estímulos dolorosos como os desencadeados pelo câncer.

Também atenua os sintomas durante o processo de retirada de narcóticos do organismo.

Principais indicações

De acordo com a bula do remédio de referência (Mytedom), metadona é indicada para:

  • Alívio da dor aguda e crônica intensa, que requer controle por mais de 24 horas, onde não houve melhora com outros analgésicos
  • Tratamento de desintoxicação de adictos em narcóticos (heroína ou outras drogas similares à morfina)
  • Terapia de manutenção temporária de adictos em narcóticos em conjunto com serviços médicos e sociais adequados.

Outras indicações dependem de uma avaliação médica.

Como tomar cloridrato de metadona

Tome os comprimidos de 5 e 10 mg por via oral, conforme a prescrição médica, sem jamais alterar a dose ou descontinuar o tratamento por conta própria.

O médico vai receitar as doses e período de tratamento considerando sua condição clínica e objetivos, dando prioridade à menor dose eficaz possível.

Se for necessário, ele fará ajustes ao longo da terapia com metadona.

Reproduzo os esquemas terapêuticos padrões a seguir:

  • Dor moderada a crônica: 2,5 a 10 mg por via oral a cada 6, 8 ou 12 horas dependendo da avaliação do médico. Para o uso crônico, a dose e o intervalo da administração devem ser ajustados de acordo com a resposta do paciente
  • Desintoxicação de Narcóticos: primeiramente, 15 a 30 mg uma vez ao dia. A dose máxima por dia sugerida é de 40 mg, entretanto a adequação fica a critério do médico responsável após criteriosa avaliação da situação clínica do paciente e possibilidade de monitorização adequada. O médico deve diminuir gradualmente a dose até que não haja mais necessidade do medicamento
  • Tratamento de manutenção para dependência de narcóticos: A dose deve ser determinada pelas necessidades de cada paciente, até um máximo de 120 mg.

Para mais informações, leia a bula do remédio ou consulte seu médico.

Receita de metadona

O documento requerido para a compra desse fármaco é a receita A1, entregue em duas vias diferentes.

A primeira via fica retida na farmácia ou drogaria, pois corresponde à notificação de receita amarela, que dá acesso ao grupo de remédios controlados com as regras de prescrição mais rígidas.

Trata-se da lista A1 criada pela Instrução Normativa SVS/MS nº 344/1998, que reúne substâncias entorpecentes, como a metadona.

Elas têm forte ação sobre o sistema nervoso central e apresentam risco de dependência química e psíquica – quando o funcionamento do organismo fica condicionado à presença da substância.

Outro problema grave é a tolerância, que faz com que o paciente precise de doses cada vez maiores para alcançar o mesmo efeito sentido no começo do tratamento.

Nesse cenário, aumenta o risco de overdose – a ingestão de uma dose tão alta que pode ser letal –, ameaçando a vida e a integridade.

Daí a necessidade de monitoramento rígido para coibir o abuso de entorpecentes, que é feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Ao observar a notificação de receita amarela, a Anvisa pode rastrear o paciente, médico prescritor, fornecedor e comprador.

Já a segunda via da receita é carimbada e devolvida ao paciente ou cuidador, contendo a orientação médica necessária para o sucesso da terapia.

Doses, horários, duração do tratamento e outras recomendações são anotadas nessa via.

A receita de metadona é válida por 30 dias e permite a aquisição de medicamento suficiente para até um mês de tratamento.

Dúvidas frequentes sobre metadona

Agora que conhece o mecanismo de ação do medicamento, veja respostas para questões corriqueiras durante o tratamento com metadona.

Quais os efeitos colaterais da metadona?

As reações adversas graves incluem:

  • Depressão respiratória
  • Depressão circulatória
  • Parada respiratória
  • Choque
  • Parada cardíaca.

Vá ao pronto-socorro imediatamente caso perceba sinais de alerta como dificuldade na respiração ou respiração superficial, cansaço extremo ou sonolência, visão turva, dificuldade para pensar, falar ou andar, sensação de desmaio, tontura ou confusão.

Já os efeitos colaterais comuns são:

  • Delírio
  • Tontura
  • Sedação
  • Náuseas
  • Vômitos
  • Transpiração.

Informe ao seu médico caso perceba algum desses sintomas.

Quanto tempo dura o efeito da metadona?

A absorção da metadona no trato digestivo é rápida, permitindo sua detecção no sangue após 30 minutos.

O opioide permanece no corpo por um período entre 8 e 12 horas, sendo eliminado principalmente pela urina.

Quem não pode tomar metadona?

O fármaco é contraindicado em casos de:

  • Hipersensibilidade (alergia) a metadona ou a algum dos componentes da fórmula
  • Insuficiência respiratória grave
  • Asma brônquica aguda em condições não monitoradas ou na ausência de equipamento de ressuscitação ou hipercarbia
  • Obstrução gastrointestinal suspeita ou conhecida, incluindo íleo paralítico
  • Mulheres grávidas, salvo sob prescrição médica ou do cirurgião-dentista.

Comunique ao médico caso tenha alguma dessas condições.

Conclusão

A metadona tem papel importante no tratamento de dores intensas e dependência de narcóticos, mas deve ser administrada com cuidado.

Fuja da automedicação, o que pode até piorar o quadro de saúde. Em vez disso, prefira receber aconselhamento médico com agilidade.

Oferecemos isso com a teleconsulta na plataforma Morsch. Basta acessar a página de agendamentos e usar o filtro de especialidades para marcar sua consulta por videoconferência.

Caso precise apenas trocar uma prescrição que está perdendo a validade, você pode pedir pela renovação da receita médica online.

Clique aqui, preencha um pequeno formulário e confirme o pagamento para receber um e-mail com o link de rastreamento da sua nova receita amarela. A receita será encaminhada pelo correio.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin