Benchmarking na saúde: o que é, importância, exemplos e dicas

Por Dr. José Aldair Morsch, 24 de outubro de 2023
Benchmarking saúde

Já ouviu falar em benchmarking na saúde?

Essa estratégia de avaliação de desempenho contribui para melhorar os indicadores do consultório, clínica ou hospital, qualificando a assistência.

A partir desse processo de análise e comparação, é possível atrair mais pacientes, promover a humanização nos hospitais, tornar as atividades mais eficientes, etc.

Daí a relevância do benchmarking no campo da gestão em saúde.

Trata-se de uma dinâmica relativamente simples e bastante flexível para impulsionar resultados positivos.

Ao longo deste texto, trago mais detalhes sobre o tema e explico suas aplicações, exemplos e benefícios.

Falo ainda da contribuição da telemedicina para o processo.

O que é benchmarking na saúde?

Benchmarking na saúde é um processo que compara um estabelecimento a uma ou mais referências na área.

De acordo com o estudo “Benchmarking de indicadores de qualidade e dimensionamento de pessoal de enfermagem entre unidades hospitalares”:

“Uma forma de realizar a avaliação de desempenhos organizacionais é o benchmarking, que consiste em uma estratégia contínua e sistemática de comparação de produtos, serviços e processos de trabalho entre organizações reconhecidas como representantes de excelência, com a finalidade de melhoria contínua”.

A palavra benchmarking vem de benchmark, que pode ser traduzida como um representante de excelência, que serve de modelo para determinado aspecto.

Nesse contexto, uma clínica médica com alta rotatividade de clientes pode se espelhar em outra que tenha sucesso em fidelizar pacientes.

Da mesma forma que um hospital com superlotação frequente pode estudar boas práticas de outra unidade de porte e demanda semelhantes, mas que não enfrenta superlotação.

São muitas as possibilidades, como abordo a seguir.

Para que serve o benchmarking na saúde?

Como ferramenta de avaliação de desempenho, o benchmarking na saúde colabora para elevar a qualidade da assistência prestada.

Isso porque o instrumento viabiliza a detecção de pontos de melhoria e a comparação com outras unidades de saúde que encontraram soluções para problemas parecidos.

Ou seja, a partir do benchmarking, é possível adaptar boas práticas testadas e aprovadas por outros hospitais, clínicas ou consultórios, a fim de que atendam à realidade do seu negócio.

O processo é feito por meio da coleta e monitoramento de indicadores de desempenho ou KPIs (Key Performance Indicators), que podem atender a diferentes departamentos e finalidades.

Por exemplo:

  • Dados administrativos: disponibilidade de recursos materiais, escalas e jornadas de trabalho
  • Dados financeiros: relação entre receitas e despesas, margens de lucro, aumento ou redução na demanda por cada serviço
  • Equipe médica: procedimentos mais demandados, índice de resolutividade dos casos, comparativo entre o desempenho dos médicos e oportunidades de melhoria
  • Equipe de enfermagem: comparativos entre a jornada de trabalho, internação e tempo para recuperação dos pacientes em diferentes setores do hospital
  • Segurança do paciente: métricas relacionadas aos cuidados de higiene, prevenção de quedas, segurança em cirurgias, prescrições e outros procedimentos.

Na sequência, esclareço sobre os tipos de benchmarking na saúde.

Tipos de benchmarking na saúde

É possível encontrar diferentes tipos de benchmarking na saúde.

Uma das classificações mais populares separa as avaliações de desempenho conforme os estabelecimentos ou grupos comparados, dividindo-os em:

  • Benchmarking interno: como o nome sugere, é aquele que compara estruturas internas de um mesmo hospital, clínica ou rede de hospitais para promover a troca de experiências e soluções
  • Benchmarking externo: é o processo apoiado por dados externos de referência, que refletem uma realidade ou tendência de mercado. Permite a comparação com os estabelecimentos modelo em determinada métrica
  • Benchmarking competitivo: geralmente, delimita uma região (bairro, cidade, estado, país etc.) para comparar os dados internos e verificar qual a posição do negócio diante dos concorrentes nessa área
  • Benchmarking estratégico: permite projetar o desempenho de novos departamentos, serviços ou produtos a partir da análise de futuros concorrentes.

A escolha pelo tipo de benchmarking depende dos objetivos da sua estratégia.

Exemplos de benchmarks na saúde

Como mencionei acima, o benchmarking na saúde pode ser aplicado em uma série de cenários, dependendo dos objetivos do gestor.

Afinal, trata-se de uma ferramenta destinada à avaliação de desempenho e melhoria contínua – das pautas de interesse para o administrador hospitalar e outros profissionais em cargos de gestão.

Tomando como base os tipos de benchmarking, o interno pode envolver médicos de um mesmo setor e especialidade, comparados em relação ao índice de resolutividade, satisfação dos pacientes, quantidade de atendimentos realizados, entre outros aspectos.

Ao identificar suas fortalezas e pontos de melhoria, os profissionais podem compartilhar estratégias de acolhimento em saúde e procedimentos mais utilizados diante de certos contextos clínicos para promover o aperfeiçoamento coletivo.

Um exemplo de benchmarking externo é a observação das instituições modelo em uma determinada métrica, que terão seus processos analisados para identificar os fatores de sucesso.

Se a ideia é aumentar a segurança do paciente, verifique quais hospitais se destacam em relação aos protocolos que melhoram essa métrica e de que forma eles conduzem sua rotina para alcançar um resultado bem-sucedido.

Já o benchmarking competitivo pode fazer um panorama dos serviços disponíveis na sua cidade ou em alguns bairros, analisando a situação do seu negócio diante dos demais.

Ao comparar as opções, você pode detectar não apenas pontos de melhoria, como oportunidades para ampliar o portfólio e aumentar a base de pacientes.

E tomar essas informações para fazer um benchmarking estratégico, estabelecendo os profissionais, recursos e investimentos necessários para iniciar as operações do novo departamento ou serviço de maneira sustentável.

Usando o mesmo raciocínio comparativo em busca de melhorias, dá para aplicar o benchmarking entre unidades de saúde de um mesmo sistema, equipes de enfermagem, nutricionistas, etc.

Benchmarking de indicadores na saúde

O benchmarking na saúde colabora para elevar a qualidade da assistência prestada

Quais os benefícios do benchmarking na saúde?

Mais que revelar pontos de melhoria, o estudo de concorrentes, parceiros e colegas permite a identificação de caminhos para corrigir as falhas.

Porém, este é apenas um dos benefícios de realizar o benchmarking na saúde, pois o processo agrega vantagens como:

  • Maior qualidade das entregas e competitividade para o consultório, clínica ou hospital
  • Elevação da eficiência, possibilitando a entrega de mais valor usando menos recursos
  • Economia de tempo e dinheiro a partir da redução do desperdício
  • Construção de soluções customizadas para o consultório, clínica ou hospital
  • Valorização da busca por aperfeiçoamento individual e coletivo
  • Incentivo à busca por excelência
  • Conhecimento aprofundado sobre o mercado de atuação e seus principais players
  • Identificação de oportunidades de expansão, parcerias e acréscimo de serviços
  • Reforço na estratégia de atração e fidelização de pacientes
  • Visualização de áreas prioritárias dentro da instituição e direcionamento adequado dos investimentos a esses segmentos
  • Maior lucratividade para os estabelecimentos de saúde.

Agora que sabemos por que fazer benchmarking, vamos ver na sequência como usá-lo em sua unidade de saúde.

Como usar o benchmarking na saúde?

É possível aplicar o processo de maneiras distintas, considerando o tipo de benchmarking e o objetivo do estabelecimento.

No entanto, existem cinco passos básicos que devem fazer parte dessa dinâmica, como explico abaixo.

1. Diagnóstico atual

Antes de planejar o processo, é importante compreender o status em que se encontra a clínica ou hospital em relação ao tópico escolhido.

Se a ideia é aumentar a satisfação dos pacientes, por exemplo, vale descrever e entender o porquê da insatisfação, estudando as reclamações anteriores e o que foi feito para resolvê-las.

2. Escolha dos parceiros e indicadores de desempenho

Com a análise inicial em mãos, avance para a etapa de planejamento, definindo quais parceiros servirão como referência para comparação.

Repare que estou sugerindo mais de um parceiro para diminuir as chances de enviesamento dos dados, mas é bom se concentrar em 3 ou 4, no máximo.

Sempre que possível, dê preferência a estabelecimentos com estrutura semelhante à do seu negócio para facilitar o processo.

Escolha aqueles que tenham resultados ótimos ou excelentes no tópico que será o foco do benchmarking – que, aliás, também deve ser detalhado a partir de métricas (KPIs), que permitem comparações de modo simples e prático.

3. Coleta de dados

Nesta etapa, sua equipe deve coletar dados dos parceiros, principalmente em relação às métricas estabelecidas.

São esses registros que vão permitir uma análise eficiente, resultando numa comparação honesta sobre os resultados alcançados por meio das ações realizadas.

Utilize entrevistas, pesquisa de mercado, formulários, conversas informais e outras ferramentas para obter dados fidedignos.

4. Análise de dados

É nessa fase que a comparação efetivamente acontece. Com os dados organizados, monte planilhas, gráficos e outros formatos que permitam um estudo comparativo em relação ao desempenho da sua instituição frente aos parceiros.

Em seguida, encontre a diferença entre os resultados, a fim de chegar a uma justificativa para essa performance.

Caso seus pacientes estejam descontentes por causa de longas filas de espera, por exemplo, um parceiro pode estar se saindo melhor devido a um sistema ágil de triagem.

Ou porque utiliza uma agenda eletrônica para diminuir erros na marcação, como agendamentos duplicados ou com tempo insuficiente para o atendimento prestado.

5. Adoção de boas práticas

Por fim, é hora de estabelecer as mudanças necessárias e viáveis para que sejam implementadas no seu estabelecimento de saúde.

Foque na justificativa e selecione boas práticas passíveis de implantação junto à sua equipe, adaptando-as à sua realidade.

Voltando ao exemplo acima, vale fazer uma busca pelos sistemas de triagem ou agendas eletrônicas, a fim de que o software médico escolhido atenda às necessidades do seu negócio – e, claro, que esteja dentro do orçamento disponível.

Avaliação benchmarking saúde

O benchmarking na saúde pode ser aplicado em uma série de cenários, dependendo dos objetivos do gestor

Como coletar dados para o benchmarking na saúde?

Agora que já apresentei as principais etapas do benchmarking na saúde, trago algumas dicas para tornar o processo mais ágil e efetivo.

Envolva profissionais estratégicos

Contar com o apoio das lideranças e outros stakeholders é essencial para o sucesso do benchmarking.

Portanto, compartilhe o propósito do processo e envolva as pessoas-chave desde o início, a fim de que contribuam com cada fase.

Dessa maneira, ficará mais simples identificar oportunidades interessantes e implementar boas práticas que façam a diferença.

Busque por dados primários e secundários

A qualidade dos dados é outro ponto que impacta nos resultados de qualquer benchmarking.

É importante captar registros de diferentes fontes para compor um cenário mais realista, combinando dados primários, fornecidos diretamente pela empresa modelo, a secundários.

Dados secundários são coletados indiretamente, por meio de estudos, reportagens e relatórios de instituições não vinculadas às suas referências.

Priorize parcerias

Por vezes, obter dados é uma tarefa delicada, pois pode incluir registros estratégicos para as empresas.

Nesse cenário, focar na construção e manutenção de parcerias é um caminho inteligente para ter acesso a informações relevantes.

Se possível, converse com gestores das instituições modelo para criar dinâmicas colaborativas.

Como a telemedicina facilita o benchmarking na saúde?

A coleta, armazenamento e segurança dos dados é um dos desafios para gestores em saúde.

Essas etapas têm efeito sobre processos de avaliação de desempenho, como o benchmarking na saúde.

Sem um sistema de organização eficiente, fica complicado guardar e comparar os dados, prejudicando a análise e a identificação de práticas para melhorar os resultados do hospital, clínica ou consultório.

Escolher por um software de telemedicina em nuvem é uma boa pedida para arquivar os dados, mantendo-os protegidos para as comparações atuais e futuras.

Usando a plataforma Morsch, as informações são protegidas por mecanismos de autenticação e criptografia, impedindo o acesso por pessoas não autorizadas.

Ao mesmo tempo em que torna os registros amplamente acessíveis a pessoas autorizadas, que podem visualizar os dados utilizando qualquer dispositivo com acesso à internet.

Os serviços de telemedicina ainda otimizam rotinas dos estabelecimentos de saúde, desde a triagem de pacientes, que pode ser feita pelo sistema.

Também é possível encaminhar seus pacientes a especialistas através da teleconsulta, agendada em poucos cliques e que economiza tempo e dinheiro que seriam dedicados aos deslocamentos.

O time de especialistas Morsch permanece disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana para realizar o telediagnóstico, emitindo laudos online em minutos.

Urgências são avaliadas em tempo real para apoiar a tomada da decisão correta com rapidez.

Caso você precise economizar na aquisição de equipamentos médicos, pode aderir ao aluguel em comodato e usar aparelhos modernos sem custo ao contratar pacotes de laudos a distância.

Conheça todas as vantagens de ter a Morsch como parceira.

Conclusão

Ao encerrar este texto, espero ter contribuído para ampliar seus conhecimentos sobre benchmarking na saúde e seus benefícios.

Conte sempre com a Telemedicina Morsch para conferir agilidade aos processos assistenciais e administrativos, aumentando as receitas do seu negócio.

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Siga acompanhando artigos sobre gestão na saúde que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin