Eletroencefalograma e TDAH: o exame ajuda a diagnosticar o transtorno?
Será que eletroencefalograma e TDAH têm relação?
Essa possibilidade vem sendo estudada por médicos e pesquisadores nos últimos anos, já que seria interessante dispor de um exame capaz de detectar o transtorno.
O método apoiaria as ferramentas tradicionais de diagnóstico, que se baseiam em avaliações clínicas e comportamentais do paciente.
Apresento a resposta para essa questão nas próximas linhas, além de informações sobre o EEG, TDAH e a contribuição da telemedicina para otimizar a entrega de laudos.
Boa leitura!
Eletroencefalograma detecta TDAH?
Não, o eletroencefalograma não é capaz de diagnosticar o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.
Essa constatação tem base em diversos estudos, como esta análise divulgada pela Sobramfa (Sociedade Brasileira de Medicina de Família), que afirma:
“Para avaliar a utilidade clínica do EEG, pesquisaram-se sistematicamente várias bases de dados. Foi encontrado um único estudo que mostrou que a combinação de EEG e avaliação clínica foi 88% exata, mas não relatou nenhuma precisão diagnóstica para qualquer teste em separado”.
Segundo o documento, pesquisas avaliadas ainda mostraram que, para o diagnóstico do TDAH, o EEG isolado apresentou taxa de mais de 5% de falsos positivos, porcentagem julgada inaceitavelmente alta.
Por que o eletroencefalograma não diagnostica TDAH?
Principalmente porque ainda não foram encontrados biomarcadores ou padrões relacionados à TDAH e que possam ser observados a partir dos gráficos do EEG.
Esse é um dos apontamentos de estudos como “Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) – avaliação do padrão no EEG e estado nutricional de crianças e adolescentes de Brasília/DF”.
Após avaliar 70 pacientes entre 9 e 18 anos e que apresentavam critérios clínicos de TDAH, os autores observaram alterações no EEG somente entre meninos, sem evidências que permitissem um diagnóstico preciso, concluindo que:
“Não houve associação entre sinais clínicos de TDAH e alteração no EEG, nem alterações do estado nutricional”.
No entanto, pode ser que algum exame complementar colabore para detectar o transtorno neurocomportamental no futuro.
Em especial porque pesquisas sugerem que o TDAH surge a partir de anomalias no funcionamento da região frontal orbital do cérebro, devido ao desequilíbrio na liberação dos neurotransmissores dopamina e noradrenalina.
Como diagnosticar TDAH?
O diagnóstico do TDAH é clínico, considerando o histórico do paciente, comportamento e pontuação em escalas de avaliação.
Uma delas é o SNAP-IV, validado como ferramenta de diagnóstico da patologia em crianças e adolescentes.
Trata-se de um formulário que considera os critérios estabelecidos pelo DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), em que devem ser dadas as respostas “nem um pouco”, “só um pouco”, “bastante” e “demais” a 18 afirmações.
Se a resposta for “bastante” ou “demais” para pelo menos seis entre as nove primeiras afirmações, o paciente atende ao critério de TDAH com perfil de desatenção.
Se houver seis ou mais “bastante” ou “demais” nas respostas para as afirmações 10 a 18, há sintomas de hiperatividade e impulsividade.
Caso o paciente combine os dois critérios acima, pode apresentar TDAH misto, com sinais de desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Mas o SNAP-IV não deve ser empregado de forma isolada, como orienta a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA).
Após preencher o formulário e identificar sintomas sugestivos, o médico ou equipe multidisciplinar devem aplicar outros quatro critérios para o diagnóstico do TDAH:
- Alguns dos sintomas devem estar presentes antes dos 7 anos de idade
- Os sintomas causam problemas em, pelos menos, dois contextos diferentes, como na vida social e na escola, em casa e na escola etc.
- As manifestações do transtorno prejudicam a vida escolar, social ou familiar do paciente
- Caso haja outra doença mental, é possível que os sintomas não sejam provenientes do TDAH, o que requer uma avaliação minuciosa.
O TDAH também pode ser diagnosticado em adultos, geralmente utilizando critérios similares e outras escalas de avaliação.
Como interpretar o resultado do eletroencefalograma?
Para interpretar o EEG corretamente, é preciso contar com gráficos de qualidade, que revelem a atividade elétrica do cérebro, e ter conhecimentos profundos sobre os padrões cerebrais, tipos de onda e alterações na frequência.
Não é à toa que essa tarefa é reservada a médicos neurofisiologistas clínicos ou eletroencefalografistas.
Basicamente, eles verificam os tipos e características das ondas do eletroencefalograma, correlacionando-as a sintomas e estado de consciência do paciente.
Esses dados são comparados às referências de normalidade, a fim de determinar se o laudo do EEG é normal ou alterado.
Normalmente, são observadas ondas beta (13 -30 HZ) enquanto o paciente está desperto, e ondas alfa (7-13 HZ) durante seu relaxamento.
Já a diminuição da atividade cerebral é marcada por ondas theta (4-7 HZ), e o sono REM, por ondas delta (4-0 HZ).
Telemedicina no laudo do eletroencefalograma
Unidades de saúde que realizam exames como o eletroencefalograma e a polissonografia podem se beneficiar da telemedicina neurológica.
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Para solicitar o serviço, é só acessar a plataforma Morsch e contratar um ou mais laudos a distância.
Um médico generalista ou técnico de enfermagem habilitado podem conduzir o EEG normalmente, compartilhando os registros no sistema de telemedicina.
O software Morsch requer apenas login e senha num dispositivo conectado à internet, pois fica hospedado na nuvem.
Em seguida, um de nossos especialistas analisa os gráficos e anota suas conclusões no laudo médico, assinado digitalmente para garantir a autenticidade.
Tudo é rápido, fácil e com grande qualidade diagnóstica.
O documento é entregue em minutos na plataforma, dando suporte ao diagnóstico de diversas patologias neurológicas.
Embora seja acessado facilmente por pessoas autorizadas, o software Morsch conta com mecanismos de proteção como autenticação e criptografia.
Conheça melhor as vantagens da telemedicina neurológica aqui.
Conclusão
Ao longo deste artigo, apresentei detalhes sobre eletroencefalograma e TDAH – distúrbio que segue com diagnóstico baseado em critérios clínicos.
Por enquanto, não há exames que revelem biomarcadores e outras características que permitam confirmar ou afastar a suspeita dessa doença.
Contudo, o EEG é útil para o diagnóstico de intoxicações, tumores cerebrais, epilepsia e outras patologias neurológicas.
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