Retorno de consulta: entenda o que é, qual o prazo e como funciona

Por Dr. José Aldair Morsch, 9 de julho de 2024
Retorno de consulta: quais são as vantagens de atender via teleconsulta?

O retorno de consulta é uma prática de suma importância no segmento médico, já que, muitas vezes, os pacientes precisam de um acompanhamento adequado, que vai além do primeiro contato no consultório.

Trata-se de um direito do paciente, que se refere ao atendimento feito anteriormente e em que não há cobrança de honorários.

Nesse cenário, cabe ao médico reconhecer as demandas por retornos ou novas consultas, adequá-las ao seu cotidiano e garantir a melhor abordagem possível aos pacientes.

Para isso, é fundamental saber organizar uma boa agenda médica, conhecer direitos e deveres e compreender como utilizar recursos que podem otimizar as demandas, como a telemedicina.

Avance na leitura para aprofundar os conhecimentos sobre esse e outros tópicos referentes ao retorno de consulta.

O que é retorno de consulta?

Retorno de consulta é a continuidade do ato médico realizado na consulta inicial.

Trata-se, portanto, de uma segunda etapa da mesma consulta médica, que existe com a finalidade de concluir o processo de diagnóstico e recomendação de tratamento.

De acordo com a Resolução CFM 1958/2010, o ato médico completo é formado por:

  • Exame físico  
  • Elaboração de hipóteses ou conclusões diagnósticas
  • Solicitação de exames complementares, quando necessários
  • Prescrição terapêutica.

Considerando essas etapas, o documento esclarece, no Art. 1º, §  1º, que:

“Quando  houver  necessidade  de  exames  complementares  que  não  possam  ser apreciados nesta mesma consulta, o ato terá continuidade para sua finalização, com tempo determinado a critério do médico, não gerando cobrança de honorário”.

Consulta de retorno pode ser cobrada?

Como mencionei acima, o retorno de consulta não pode ser cobrado.

Porém, é importante reforçar que nem todo atendimento sucessivo é considerado retorno, apenas aqueles em que for preciso analisar exames referentes à investigação da consulta inicial.

Qual o prazo legal para retorno de consulta médica?

Não existe prazo legal para retorno de consulta.

Isso porque quem determina a necessidade de retorno é o médico assistente, nos termos do Art.  5º da já citada Resolução CFM 1958/2010, que afirma:

“Instituições  de  assistência  hospitalar  ou  ambulatorial,  empresas  que  atuam  na saúde  suplementar  e  operadoras  de  planos  de  saúde  não podem  estabelecer  prazos específicos  que  interfiram  na  autonomia  do  médico  e  na  relação  médico-paciente,  nem estabelecer prazo de intervalo entre consultas”.

Como funciona o retorno de consulta?

O retorno é combinado por médico e paciente no momento da consulta inicial.

Geralmente, esse atendimento compreende o exame clínico, ou seja, as etapas de entrevista ou anamnese e avaliação física.

A partir das informações coletadas, o profissional poderá formular uma hipótese diagnóstica ou mais – ainda que sem chegar a uma conclusão.

Para tanto, ele fará o pedido de exames complementares, entregue em forma de documento para que o paciente agende os procedimentos.

Antes de encerrar a consulta, o profissional dará a orientação sobre o retorno,

É neste momento que estipula o prazo necessário para a realização e entrega dos resultados de exames.

Uma vez que tenha os laudos médicos em mãos, o paciente agenda o retorno para apresentá-los ao médico.

Assim, o profissional analisa os resultados para confirmar o diagnóstico e prescrever a terapia adequada, finalizando o ato médico.

Consulta de emergência tem direito a retorno?

Depende do caso.

Sempre que houver a necessidade de continuidade da consulta de emergência para fechar o diagnóstico, a resposta é sim.

Já quando o ato médico for concluído num único atendimento, não haverá direito a retorno.

O que diz a regulamentação da telemedicina favoreceu o retorno de consulta

O retorno é de suma importância para os pacientes e deve ser feito para garantir o acompanhamento e os resultados

Retorno de consulta é lei?

O retorno de consulta é baseado na necessidade de continuar o ato médico.

Por isso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) define que a consulta médica será continuada sempre que houver a demanda por abordagens complementares junto ao paciente.

Conforme mencionei nos tópicos anteriores, a questão é regida pela Resolução CFM 1.958/2010.

Ela ainda estabelece que não deve ocorrer cobrança nessas situações. 

A regra não determina um período máximo para o retorno de consulta.

Cabe ao médico analisar a situação e estabelecer o prazo.

Para isso, o ideal é considerar o tempo necessário para observar os resultados das abordagens da primeira consulta.

O mais comum é que o prazo fixado seja de 30 dias.

Em poucas palavras, o direito ao retorno de consulta ocorre sempre que o primeiro encontro com o paciente precise de continuidade.

Isso ocorre quando o médico precisa analisar um exame solicitado na primeira consulta ou determinar se o uso de certo medicamento está surtindo os efeitos desejados.

A consulta de retorno é obrigatória?

Somente quando ela viabilizar a conclusão do ato médico.

Em muitos casos, o novo atendimento não configura retorno e, portanto, deverá ser cobrado.

Alguns exemplos são:

  • Sintomas de novas patologias no paciente em tratamento
  • Evoluções que exijam novos exames ou anamnese
  • Tratamentos contínuos em que as abordagens terapêuticas são regularmente alteradas 
  • Atendimento após o prazo combinado com o médico.

Veja a seguir quais são as boas práticas para esse retorno.

Qual o modelo ideal de agendamento para o retorno de consulta?

Como expliquei anteriormente, cabe ao médico determinar os períodos ideais para o retorno de consulta.

Para isso, é fundamental garantir uma boa organização de sua rotina.

Elaborar uma agenda e cumpri-la adequadamente é de suma importância para garantir uma boa otimização e um melhor contato com os pacientes.

Para isso, o profissional de saúde precisa compreender:

  • Seu cotidiano de atendimentos
  • Quais suas demandas para retornos de consultas
  • Como atender a todos os seus compromissos de maneira fluida.

Quando a agenda médica é mal organizada, o profissional não consegue adequar seus horários para que haja tempo necessário para garantir a atenção e satisfação dos pacientes.

A finalidade da agenda é justamente tornar a rotina mais organizada, de forma que toda a equipe tenha um norte claro de atuação.

Dessa maneira, a agenda médica precisa se adequar à realidade do médico e às suas demandas.

É necessário que os horários sejam flexíveis para receber alterações e possíveis retornos.

Para que isso seja possível, o ideal é observar se há pacientes mais frequentes, que demandam atenção contínua, se os retornos de consultas podem ser mais curtos, entre outros aspectos.   

Uma boa agenda médica é aquela que alinha as consultas, retornos, exames e demais procedimentos em prol de uma organização concisa e permite o melhor desempenho na rotina médica.

Por que a telemedicina é vantajosa para o retorno de consulta?

Geralmente o retorno é combinado por médico e paciente no momento da consulta inicial

Por que a telemedicina é vantajosa para o retorno de consulta?

O retorno de consulta é de suma importância para os pacientes e deve ser feito para garantir o acompanhamento e os resultados esperados nos tratamentos.

Para maior comodidade, é possível realizar o retorno via teleconsulta.

Seja por atendimento telefônico ou videochamada, a telemedicina elimina barreiras físicas, garante mais viabilidade para a continuidade dos tratamentos e facilita significativamente a vida de médicos e pacientes.

Entre os principais benefícios dessa tecnologia para o retorno de consulta, destacam-se os seguintes.

Atendimento ágil

Enquanto o retorno de consulta presencial exige maior disponibilidade de agenda, é mais demorado e demanda deslocamentos dos pacientes, a telemedicina é rápida e prática.

Para se ter uma ideia, segundo levantamento do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, 80,7% dos pacientes atendidos via teleconsulta nos EUA reduziram a distância percorrida para terem acesso a uma consulta médica.

Sem abrir mão da qualidade necessária para os atendimentos e dos princípios que norteiam a medicina, as consultas podem ser feitas de maneira breve em uma plataforma de teleconsulta.

Nesse contexto, o paciente não só otimiza sua rotina de tratamento, como também economiza com transporte ou horas de trabalho perdidas, por exemplo.

Redução de custos

Por falar em economia, quando os pacientes poupam nos tratamentos, eles podem investir em novas abordagens e na medicina preventiva, ampliando sua qualidade de vida, bem-estar e segurança.

Nesse sentido, as clínicas, hospitais e outros pontos de atendimento também poupam recursos, uma vez que os gastos com infraestrutura são menores, já que não há necessidade de espaço físico e pessoal para receber um grande volume de pacientes.

Mais acessibilidade

A telemedicina se destaca por sua acessibilidade.

E essa característica tem destaque especial em relação ao retorno de consulta.

Sem a necessidade de deslocamentos e com todos os recursos necessários para prestar bons atendimentos a distância, o acesso à medicina pode ser ampliado significativamente.

Com a única exigência de utilizar a internet, consultas podem ser realizadas mesmo em locais sem acesso geográfico.

E até mesmo por pacientes com restrição de mobilidade.

Mais que melhorar a relação com os pacientes, essa característica proporciona que todos tenham um retorno de consulta adequado, não importa quais sejam suas limitações físicas ou geográficas.

Mais segurança

Antes mesmo do retorno de consulta, é comum que os pacientes e médicos tenham contatos informais, seja para tirar dúvidas, obter mais informações, etc.

Na era digital, isso tornou- se muito comum através de aplicativos como o WhatsApp e Telegram.

Desta forma, os médicos disponibilizam seus números para que os pacientes enviem eventuais questões.

Por mais que esse tipo de contato seja importante, ele não é necessariamente seguro ou alinhado às exigências do CFM.

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) também é muito importante nesse sentido.

Afinal, dados médicos representam informações sensíveis e pessoais dos indivíduos, que precisam ser protegidas nos prontuários e meios de comunicação.

A consulta online garante o sigilo médico e segurança, já que a plataforma de telemedicina onde é realizada deve atender a todos os padrões regulatórios exigidos pelas autoridades de saúde.

O sistema de Telemedicina Morsch, por exemplo, oferece mecanismos de autenticação e criptografia para evitar o acesso por pessoas não autorizadas.

Melhora na experiência

Quando o retorno de consulta é mais rápido, barato, acessível e seguro, os clientes passam a valorizar mais os serviços oferecidos pelo médico.

Isso tem impacto direto na fidelização de pacientes, que vão manter seus tratamentos na mesma instituição e valorizar o apoio fornecido pelos profissionais.

Além disso, a experiência positiva contribui para a captação de pacientes com o apoio das indicações daqueles que já estão satisfeitos.

Conclusão

O retorno de consulta exige alguns cuidados especiais.

Para que ele seja eficiente e alinhado às demandas dos pacientes, os médicos precisam adotar modelos de organização que favoreçam a continuidade dos tratamentos.

Nesse sentido, a telemedicina tem destaque, já que agrega rapidez, economia, agilidade e acessibilidade para qualquer retorno de consulta que não exija intervenções presenciais.

Com todas essas características, as teleconsultas geram mais satisfação aos pacientes, que têm seus tratamentos facilitados.

Para os médicos, esses benefícios também são garantidos, ao mesmo tempo em que eles melhoram a relação médico-paciente e as oportunidades junto aos clientes.

O ideal é que esse tipo de modalidade seja realizada em plataformas adequadas e que disponham de toda a segurança necessária, conferindo excelência ao atendimento.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin