Queimadura química: o que é, tipos, exemplos, primeiros socorros e tratamento

Por Dr. José Aldair Morsch, 7 de setembro de 2023
Queimadura química

A queimadura química pode ocorrer por ingestão ou contato da pele e olhos com substâncias químicas.

Na maioria das vezes, ela se parece com uma queimadura de sol, tendo o aspecto de manchas avermelhadas e dolorosas que surgem depois da exposição ao produto perigoso.

Dor abdominal intensa, vômito com sangue e dificuldade para engolir são sinais de que uma criança, por exemplo, pode ter engolido um produto químico.

Em ambos os casos, você deve procurar assistência médica para evitar infecções e outras complicações decorrentes da queimadura.

É sobre isso que falo neste artigo.

Siga com a leitura para conferir dicas de primeiros socorros, exemplos e como tratar esse tipo de lesão.

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O que é queimadura química?

Queimadura química é a lesão provocada pelo contato ou ingestão de substâncias cáusticas e corrosivas.

Os cáusticos são extremamente alcalinos, enquanto os corrosivos são muito ácidos.

Ambos têm o potencial de provocar queimaduras graves na pele, olhos e trato digestivo, ainda que o contato seja breve – como ao derrubar um produto de limpeza nas mãos.

Vale lembrar que os produtos químicos são apenas um dos agentes capazes de provocar queimaduras na pele e outros tecidos do organismo.

De forma geral, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica define as queimaduras como:

“Lesões dos tecidos orgânicos em decorrência de trauma de origem térmica resultante da exposição ou contato com chamas, líquidos quentes, superfícies quentes, eletricidade, frio, substâncias químicas, radiação, atrito ou fricção.”

Embora elas possam ocorrer com pessoas de todas as idades, é necessário redobrar o cuidado com crianças pequenas.

Isso porque muitas substâncias cáusticas e corrosivas estão presentes em itens de limpeza doméstica, como detergentes e desentupidores, que podem ser engolidos ou abertos pela criança.

Ao ter contato com esses agentes perigosos, meninos e meninas sofrem queimaduras que podem deixar cicatrizes e comprometer o funcionamento de certas partes do corpo.

Sem falar no risco de perfuração dos órgãos e até de morte, como alertam médicos do Departamento Científico de Gastroenterologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP):

“Essas substâncias podem queimar todos os tecidos que tocam, desde os lábios até o estômago. Os sintomas surgem rapidamente como dor na boca e na garganta, sobretudo ao engolir, vômitos, tosse, salivação excessiva e incapacidade para deglutir. Pode ocorrer perfuração do esôfago ou estômago em algumas horas, durante a primeira semana após a ingestão, ou a qualquer momento, inclusive após medidas terapêuticas necessárias. O esôfago pode ser perfurado na região entre os pulmões (mediastino) ou na região ao redor dos pulmões (cavidade pleural); o estômago perfurado entrará em contato com a cavidade abdominal (peritônio). Essas complicações provocam dor no peito e/ou no abdome intensa, febre, aumento da frequência cardíaca, respiração rápida, pressão arterial muito baixa, podendo levar ao óbito”.

Tipos de queimaduras químicas

Além da divisão conforme as propriedades do agente causador (ácidos ou álcalis), as queimaduras químicas podem ser classificadas segundo a profundidade da lesão.

Inclusive, essa classificação se aplica às diferentes modalidades de queimaduras – englobando as lesões térmicas, por eletricidade etc.

Conheça os três grupos, definidos conforme o critério de profundidade:

1. Queimadura química de 1º grau

Essa é a queimadura de menor gravidade e que responde pela maioria dos casos.

A ferida de 1º grau afeta apenas a camada superficial da pele (chamada epiderme), gerando inchaço, vermelhidão e dor suportável.

2. Queimadura química de 2º grau

Aqui, a substância química atinge as camadas intermediárias do tecido cutâneo (da pele), que são lesionadas em maior ou menor intensidade.

A queimadura de 2º grau pode ser mais superficial, desencadeando a formação de bolhas, descamação, inchaço, aspecto úmido e dor.

Já se a pele tiver aparência seca, rosada ou avermelhada com partes esbranquiçadas, há indício de que a queimadura acometeu toda a derme, exigindo atenção médica.

3. Queimadura química de 3º grau

Quando o ferimento é ressecado e enegrecido, branco marmóreo ou vermelho cereja, é provável que toda a pele tenha sido danificada.

Essa é a queimadura de 3º grau, que não causa dor, pois as terminações nervosas foram afetadas pela substância química.

Na presença desses sinais, vá ao pronto-socorro imediatamente.

Queimaduras químicas

Produtos químicos são apenas um dos agentes capazes de provocar queimaduras na pele e outros tecidos

Exemplos de queimaduras químicas

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as substâncias cáusticas e corrosivas mais comuns são:

  • Hidróxido de sódio (soda cáustica)
  • Amônia (presente em produtos de limpeza)
  • Ácido fosfórico, nítrico, sulfúrico e hidroclórico (encontrados em baterias, produtos de limpeza e solda)
  • Hidróxido de Potássio e de Sódio (que compõem baterias, pilhas e desentupidores)
  • Metassilicato de Sódio (presentes em detergentes de louças).

Outros exemplos se referem à complexidade da queimadura química, que pode ser enquadrada em três grupos diferentes.

Acompanhe detalhes sobre cada um abaixo, tomando como referência uma publicação da Associação Médica Brasileira (AMB).

Pequeno queimado

É o paciente queimado de pequena gravidade, que se encaixa em um dos seguinte cenários:

  • Queimaduras de primeiro grau com qualquer extensão
  • Queimaduras de segundo grau que atingem até 5% de área corporal, em crianças menores de 12 anos
  • Queimaduras de 2º grau com área corporal atingida até 10%, em maiores de 12 anos.

Abaixo, falo sobre as características de um médio queimado.

Médio queimado

Já as situações que compreendem o queimado de média gravidade são:

  • Queimaduras de 2º grau em menores de 12 anos que tenham afetado entre 5% e 15% da área corporal
  • Queimaduras de 2º grau em maiores de 12 anos que tenham afetado entre 10% e 20% da área corporal
  • Qualquer queimadura de 2º grau envolvendo mão ou pé ou face ou pescoço ou axila ou grande articulação (axila ou cotovelo ou punho ou coxofemoral ou joelho ou tornozelo), em qualquer idade
  • Queimaduras de 3º grau com até 5% da área corporal atingida em menores de 12 anos, desde que não tenham afetado face ou mão ou períneo ou pé
  • Queimaduras de 3º grau com até 10% da área corporal atingida em maiores de 12 anos, desde que não tenham afetado face ou mão ou períneo ou pé.

Por fim, vamos conferir o que caracteriza um grande queimado.

Grande queimado

Um paciente é considerado queimado de grande gravidade quando apresenta:

  • Queimadura de 2º grau que tenha atingido mais de 15% da extensão corporal, em menores de 12 anos
  • Queimadura de 2º grau que tenha atingido mais de 20% da extensão corporal, em maiores de 12 anos
  • Queimadura de 3º grau com área corporal atingida maior do que 5% em menores de 12 anos
  • Queimadura de 3º grau com área corporal atingida maior do que 10% em maiores de 12 anos
  • Queimadura de 2º ou 3º grau atingindo o períneo, em qualquer idade
  • Queimadura de 2º ou 3º grau atingindo a mão, pé, face, pescoço ou axila, em qualquer idade.

A seguir, explico o que fazer em casos de queimadura química.

O que fazer em caso de queimadura química?

Ao perceber o contato com uma substância química, interrompa-o imediatamente para evitar maiores danos à pele ou aos olhos.

Em seguida, é fundamental realizar os primeiros socorros para queimadura química.

Comece removendo o máximo possível do ácido ou álcali que provocou a lesão, pois essa substância pode continuar agredindo a pele.

Mas tenha cuidado para não espalhar ainda mais o pó ou líquido!

O ideal é pedir ajuda a outra pessoa, a fim de que calce luvas descartáveis e use um pano limpo para retirar o produto, pressionando o pano de leve sobre a área lesionada.

Se estiver usando roupas, bijuterias e outros acessórios próximos à queimadura, retire-os com cautela para prevenir o agravo do ferimento.

O próximo passo é colocar a área lesionada debaixo de água gelada por ao menos 30 minutos

Por fim, use uma gaze para cobrir a lesão, sem apertar. Outras opções de material são ataduras limpas e papel filme, que servem para prevenir a entrada de microrganismos e problemas como infecções.

Não encoste na queimadura, nem aplique receitas caseiras como café, pois isso pode piorar o quadro.

Caso desconfie de ingestão de um produto químico, vá imediatamente ao pronto socorro mais próximo para receber atendimento.

Queimadura produto químico

As queimaduras químicas podem ser classificadas segundo a profundidade da lesão

Como tratar queimadura química?

O tratamento da queimadura química depende de sua profundidade e extensão.

Lesões pequenas e superficiais podem ser cuidadas em casa, após os primeiros socorros que mencionei no tópico acima.

A abordagem adequada é orientada pelo médico, que pode prescrever uma pomada com antibiótico, por exemplo.

Esse creme evita infecções e protege a área lesionada, auxiliando na cicatrização.

Mas, primeiro, a equipe de saúde faz a limpeza do ferimento para, só então, aplicar o creme e fazer um curativo.

Em seguida, o paciente ou responsável recebe as recomendações para prosseguir com o tratamento em casa.

Se necessário, ele pode diminuir a dor decorrente da ferida tomando analgésicos como paracetamol e dipirona.

Queimaduras mais profundas são, geralmente, tratadas por meio de visitas regulares a um ambulatório, onde um profissional de saúde faz a limpeza e troca o curativo.

Queimaduras extensas e de maior gravidade podem requerer a permanência em hospital, a fim de que o paciente receba cuidados especializados, iniciados pela infusão de líquidos por via intravenosa.

Também podem ser utilizados itens como curativos de compressão.

Quando a lesão é muito grande e profunda, afetando todo o tecido cutâneo, o organismo não consegue realizar o processo de cicatrização.

Nesses casos, é necessário fazer um enxerto de pele, retirando uma pequena porção de outra parte do corpo para cobrir o ferimento e viabilizar a cura.

Quando procurar atendimento em caso de queimadura química?

O ideal é procurar ajuda médica sempre que sofrer uma queimadura química.

No entanto, nem toda lesão pede atendimento de urgência – aquele prestado no pronto-socorro ou por socorristas em ambulâncias.

Queimaduras leves e superficiais, por exemplo, podem ser avaliadas em consulta médica.

Já as situações abaixo requerem assistência médica imediata:

  • Queimaduras em pacientes sensíveis, como crianças e idosos
  • Feridas extensas, maiores do que a palma da mão
  • Dor intensa que não passa depois de tomar analgésico
  • Feridas que afetam as mãos, pés, face, olhos ou área genital
  • Queimaduras de 2º ou 3º grau
  • Cólicas abdominais, vômitos, náusea e dificuldade para engolir (sinais de ingestão de substância química)
  • Diante de sintomas como febre, desmaio e falta de ar.

Caso tenha dúvidas sobre como agir nesses casos, você pode conversar com um médico no plantão de telemedicina 24 horas.

Teleconsulta agiliza o atendimento de paciente com queimadura química

Casos leves podem ter o atendimento iniciado via consulta online com um clínico geral.

Desse modo, não é preciso sair de casa ou do local do acidente para receber as primeiras orientações e cuidados.

A comunicação com o médico online ocorre dentro de uma plataforma de telemedicina, numa sala virtual exclusiva.

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Se for preciso, ele também vai emitir a receita digital, o atestado e outros documentos que serão encaminhados a você no final do atendimento.

Conclusão

Neste artigo, apresentei os primeiros socorros, sintomas e tratamentos para queimadura química.

Vale lembrar que a consulta médica é que pode diagnosticar agravos à saúde.

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Aproveite para continuar lendo conteúdos sobre saúde que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin