IAMSSST: o que é, causas, diagnóstico e tratamento para esse tipo de infarto

Por Dr. José Aldair Morsch, 17 de fevereiro de 2025
IAMSSST

O IAMSSST é um evento cardiológico grave.

Por isso, exige intervenção médica imediata para evitar o óbito ou sequelas.

Contudo, identificar essa condição nem sempre é fácil, uma vez que existem diferenças em relação ao infarto com supradesnível do segmento ST.

Neste texto, falo mais sobre essas distinções, e apresento as causas, critérios de diagnóstico e manejo para o infarto sem supradesnível do segmento ST.

Leia até o fim para conferir também soluções de telemedicina cardiológica que otimizam a emissão de laudos médicos.

O que é IAMSSST?

IAMSSST é a abreviação de infarto agudo do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST.

Trata-se, então, de um evento isquêmico que resulta na necrose ou morte das células cardíacas, porém, sem manifestar supradesnível entre o trecho final do complexo QRS e a onda T.

Vale lembrar que S e T são ondas do eletrocardiograma.

Ou seja, representações gráficas dos batimentos cardíacos captados pelo ECG, que representam trechos de cada batida.

Enquanto o complexo QRS corresponde à contração dos ventrículos, a onda T representa a repolarização ventricular.

Qual a diferença entre IAMSSST e IAMCSST?

Ambos são quadros de necrose irreversível das células cardíacas, no entanto, com diferenças nos gráficos do eletrocardiograma.

Afinal, IAMCSST significa infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST.

Conforme definem as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Angina Instável e Infarto Agudo do Miocárdio sem Supradesnível do Segmento ST – 2021, além da morte celular, o IAMCSST é caracterizado por:

“Dor torácica aguda e supradesnivelamento persistente do segmento ST ou bloqueio de ramo esquerdo (BRE) novo ou presumivelmente novo, condição geralmente relacionada com oclusão coronariana e necessidade de reperfusão imediata.”

IAMSST cardíaco

IAMSSST significa infarto agudo do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST

O que causa o IAMSSST?

A causa mais comum para esse quadro é a oclusão de uma artéria coronária, interrompendo a irrigação sanguínea ao músculo cardíaco e, por consequência, a oferta de oxigênio às células do coração.

Geralmente, a isquemia decorre de aterosclerose, devido ao bloqueio total da artéria por uma placa de ateroma.

Outras condições também podem levar à redução na oferta de oxigênio para as células, a exemplo de hipotensão, hipóxia ou anemia graves.

Como diagnosticar IAMSSST?

O diagnóstico ideal inclui um ECG realizado em até 10 minutos após a admissão do paciente no serviço de saúde.

Ele parte da combinação entre manifestações clínicas, eletrocardiograma alterado e altos níveis de troponina, principal marcador de necrose miocárdica.

Para confirmar a suspeita de IAMSSST, é preciso identificar duas dessas condições simultaneamente, sendo uma delas, obrigatoriamente, níveis altos de troponina.

Esse resultado da dosagem de troponina deve estar associado a sintomas de angina instável e/ou a ECG com desnivelamento persistente do segmento ST, associado ou não a outras alterações de ECG que sugerem isquemia miocárdica:

  • Elevação transitória do segmento ST
  • Infradesnivelamento do segmento ST, podendo ser transitório ou persistente 
  • Inversão de onda T
  • Outras alterações inespecíficas da onda T (plana ou pseudonormalização).

Na sequência, trago mais detalhes sobre possíveis manifestações clínicas.

Manifestações clínicas

Assim como o ECG de um paciente com IAMSST pode não apresentar alterações, por vezes, esse quadro pode ser assintomático.

Todavia, sintomas como a dor precordial estão entre os motivos mais comuns para que o paciente procure um serviço de emergência.

Portanto, avaliar a condição clínica é fundamental para médicos generalistas e especialistas que atendam em pronto-socorro, ambulância, etc.

Fique atento a:

  • Possível dor de infarto, um desconforto súbito sob a forma de aperto ou opressão que está presente mesmo em repouso, por mais de 15 minutos e pode irradiar para a mandíbula, pescoço, ombro ou braço
  • Vômito
  • Dispneia
  • Síncope
  • Náusea
  • Sudorese
  • Dor epigástrica.

Mesmo na ausência de sintomas, pacientes com fatores de risco para doenças cardiovasculares, como hipertensão não controlada, diabetes, obesidade e tabagismo, têm maiores chances de sofrer infarto ou angina.

Por isso, devem ser monitorados com cautela para prevenir complicações.

Infarto agudo do miocardio sem supra de ST

A causa mais comum para esse quadro é a oclusão de uma artéria coronária

Qual o tratamento para IAMSSST?

O manejo inicial do paciente com IAM deve compreender a avaliação de seu nível de consciência, permeabilidade das vias aéreas, ventilação adequada e glicemia capilar.

Segundo este material do Ministério da Saúde, é importante:

  • Considerar intubação orotraqueal em pacientes com rebaixamento de consciência (Glasgow ≤ 8), com diagnóstico clínico de insuficiência respiratória aguda, ou evidente risco de aspiração
  • Manter o paciente em repouso com decúbito elevado
  • Instalar acesso venoso periférico em membro superior
  • Administrar oxigênio suplementar por cateter nasal ou máscara, se saturação de oxigênio for < 94% (atentar para pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica)
  • Se a glicemia for < 70 mg/dL, administrar 30 a 50 mL de glicose 50%, intravenoso/intraósseo; repetir glicemia capilar em 10 minutos e administrar glicose conforme recomendação acima, em caso de persistência dos sintomas.

Outras condutas incluem:

  • Administrar ácido acetilsalicílico o mais precoce possível em todos os pacientes sem contraindicação, em dose inicial de 150 a 300 mg (pacientes sem uso prévio de AAS)
  • Administrar Clopidogrel 300 mg VO para pacientes com idade ≤ 75 anos. Para aqueles com mais de 75 anos, administrar 75 mg VO (Contraindicações: hipersensibilidade conhecida, sangramento patológico ativo, intolerância a galactose)
  • Administrar nitrato sublingual, podendo repetir a dose em 5 a 15 min (15 mg no máximo)
  • Usar morfina apenas em casos de dor intensa e refratária. Administrar doses de 2 a 4 mg, podendo ser repetida em 15 minutos na dose de 2 mg.

Sempre lembrando que o sucesso do tratamento depende do correto diagnóstico, o qual se beneficia da telemedicina.

Telemedicina facilita o check-up cardiológico

Mencionei, anteriormente, que é fundamental realizar o ECG em até 10 minutos nos casos de suspeita de IAM.

Um resultado ágil pode salvar a vida da vítima, acelerando o início do tratamento.

E a Telemedicina Morsch é sua aliada para uma interpretação em tempo real, colocando os médicos in loco em contato com especialistas via videoconferência.

Dessa forma, o laudo a distância é entregue imediatamente, permitindo o manejo do paciente com agilidade.

Mas o serviço de telediagnóstico vai além.

Também é possível reforçar a equipe médica em outras ocasiões, a exemplo do check-up cardiológico devido a sintomas de problemas cardíacos.

Basta conduzir o ECG normalmente e compartilhar os registros via plataforma de telemedicina, acessível a partir de qualquer dispositivo conectado à internet.

Em seguida, um cardiologista qualificado avalia os gráficos e produz o laudo digital, liberado em minutos no sistema.

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Conclusão

Ao final deste artigo, você está por dentro das principais informações sobre o IAMSSST.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin