Onda T invertida: saiba o que significa e como identificar no ECG

Uma onda T invertida pode, ou não, sinalizar uma patologia isquêmica.
Há casos em que ela aponta para outras doenças de fundo, ou mesmo para variações dentro do padrão de normalidade dos resultados do eletrocardiograma.
Neste artigo, comento o significado, causas e qual a conduta médica diante desse achado eletrocardiográfico.
Acompanhe até o fim para conhecer também os benefícios da telemedicina e laudo a distância, que agilizam a interpretação do ECG.
Boa leitura!

Qual o significado da onda T invertida no ECG?
Onda T invertida no ECG é aquela que se apresenta como deflexão negativa no traçado do eletrocardiograma.
Isso porque a onda T normal costuma ser positiva, ter amplitude máxima inferior a 15 mm nas derivações precordiais, e menor que 5 mm nas derivações periféricas.
Embora seja uma variação no padrão, nem sempre a onda T invertida representa uma alteração patológica.
Portanto, ela deve ser analisada junto aos demais aspectos e ondas do eletrocardiograma para apoiar ou afastar qualquer hipótese diagnóstica.
Na sequência, esclareço como é a sua identificação no exame.

Como identificar a onda T invertida no ECG?
É simples identificar esse achado.
Basta observar se a onda T está invertida em relação ao complexo QRS, finalizado com uma onda negativa (S).
Ela pode ser simétrica, caso a parte ascendente e a descendente tenham duração similar; ou assimétrica, se a parte descendente for mais lenta que a ascendente.
Importante recordar que a onda T representa a repolarização ventricular, que é o relaxamento das câmaras cardíacas inferiores após sua contração.

A onda T representa a repolarização ventricular, que é o relaxamento das câmaras
Quais são as causas da onda T invertida?
Diversas condições podem se manifestar através da onda T invertida, podendo ter origem isquêmica ou não isquêmica.
Falo sobre as principais a seguir:
Causas de origem isquêmica
Uma das principais é a angina, caracterizada por onda T invertida e simétrica nas derivações correspondentes ao local da isquemia.
Se for a parede lateral do ventrículo esquerdo, por exemplo, a inversão aparecerá nas derivações D1 e aVL.
Outra patologia relacionada à inversão da onda T é a doença arterial coronariana (DAC), provocada pela obstrução das artérias coronárias e que leva à redução na oferta de sangue na região cardíaca.
Geralmente, a DAC ocorre devido a depósitos de placas de ateroma na parte interna dos vasos sanguíneos.

Causas de origem não isquêmica
No entanto, a alteração da onda T ainda pode ter origem em condições não isquêmicas, como o tromboembolismo pulmonar.
Nesse cenário, uma artéria pulmonar é obstruída por um coágulo ou trombo que se solta de vasos sanguíneos de outras áreas do corpo.
Outra possibilidade é o padrão strain no ECG, um achado relacionado à sobrecarga ventricular esquerda associada à sístole.
Segundo detalha a Análise Crítica do Eletrocardiograma e do Ecocardiograma na detecção da hipertrofia ventricular esquerda, da Sociedade Brasileira de Cardiologia:
“O padrão strain é definido como alterações no segmento ST em alguma das derivações D1, D2, aVL ou de V3-6, apresentando o segmento horizontalização com depressão igual ou superior a 0,05 mV mais onda T invertida.”
Vale ressaltar que pode haver ondas T invertidas normais nas derivações aVR, DIII e V1, bem como nas derivações V1 a V4 em pacientes jovens e negros.
Sintomas do paciente com onda T invertida
A onda invertida não é uma doença.
Portanto, possíveis sintomas vão depender da patologia de fundo que estiver desencadeando essa alteração nos batimentos cardíacos registrados pelo ECG.
Considerando as causas que apresentei no tópico anterior, as manifestações clínicas podem incluir:
- Dor precordial, correspondente à dor da angina, costuma ser percebida como pressão, peso, aperto, ardor ou sensação de choque, afetando a região central do tórax, costas e/ou pescoço, ombros e queixo. Também é comum a dor que irradia para o braço esquerdo ou direito
- Dor no peito aguda, que se intensifica durante a respiração profunda ou tosse, em casos de tromboembolismo pulmonar
- Tosse seca ou tosse com sangue
- Respiração acelerada
- Taquicardia (aceleração da frequência cardíaca)
- Fadiga aos pequenos esforços físicos
- Falta de ar
- Inchaço nos membros inferiores
- Tontura
- Síncope (desmaio)
- Sudorese.
Na sequência, apresento as ações médicas após a identificação da onda T invertida no ECG.

Diversas condições podem se manifestar através da onda T invertida
Qual o tratamento indicado para onda T invertida?
Assim como os sintomas, o tratamento depende da patologia de fundo.
Daí a relevância de um diagnóstico certeiro, que exige exame clínico e procedimentos complementares além do eletrocardiograma.
Por exemplo:
- Exames de sangue
- Raio-x de tórax: utiliza radiação ionizante para gerar imagens internas da região cardíaca, pulmões e estruturas adjacentes
- Oximetria de pulso: possibilita o monitoramento dos níveis de oxigênio do sangue
- Arteriografia coronária: procedimento em que um cateter é inserido nas artérias coronárias, junto à liberação de contraste para verificar possíveis obstruções. A técnica é combinada a diferentes exames de imagem, como o raio-X, tomografia computadorizada (na angiotomografia) e ressonância magnética (na angioressonância).
Em certos casos, a arteriografia é convertida em procedimento terapêutico para desobstruir uma artéria, sendo chamada de cateterismo cardíaco.
Outros tratamentos incluem o uso de medicamentos como a aspirina, para prevenir a evolução da angina para infarto agudo do miocárdio (IAM).
Já as emergências como o tromboembolismo pulmonar requerem intervenção médica imediata, seja por meio de fármacos anticoagulantes ou cirurgia para remoção do coágulo.
Como funciona o laudo eletrônico do ECG?
A avaliação da onda T invertida e outros achados faz parte da interpretação do eletrocardiograma, reservada a cardiologistas especializados.
Porém, nem sempre há especialistas suficientes para analisar os gráficos do ECG de forma ágil, especialmente em locais afastados dos centros urbanos.
Mas é possível suprir a demanda por cardiologistas contando com o telediagnóstico, que permite interpretar o ECG a distância.
Basta que um médico ou técnico de enfermagem treinado realize normalmente o exame e compartilhe os registros via plataforma de telemedicina.

Em seguida, um especialista logado no sistema Morsch os analisa sob a luz da suspeita clínica e histórico do paciente, elaborando o laudo online.
Ele finaliza o documento com sua assinatura digital e o libera na plataforma.
Desse modo, os telelaudos ficam prontos em minutos, apoiando diagnósticos mais céleres.
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Conclusão
Espero ter contribuído para ampliar seus conhecimentos sobre a onda T invertida.
Se achou o conteúdo interessante, compartilhe com seus contatos!
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