Risco cirúrgico Goldman: entenda como é feita a avaliação
O índice de risco cirúrgico Goldman tem contribuição inegável para a avaliação preventiva do paciente.
Divulgada na década de 1970, a ferramenta permite calcular as chances de óbito e complicações a partir de diferentes fatores de risco.
E, por consequência, avaliar se a operação está indicada ou contraindicada.
Não é à toa que a classificação inspirou diversas revisões.
Afinal, colabora para a elaboração dos índices de Detsky, Larsen e o índice cardíaco revisado de Lee.
Porém, os critérios de Goldman seguem atuais e relevantes para a avaliação do risco cirúrgico, como apresento nas próximas linhas.
Acompanhe o texto até o final para saber mais sobre o escore, definições e de que forma a telemedicina auxilia na avaliação pré-operatória.
O que é risco cirúrgico Goldman?
Índice de risco cirúrgico Goldman é um modelo multifatorial empregado na avaliação de candidatos a cirurgias eletivas.
Considerando fatores como idade, estenose aórtica e arritmias, a ferramenta atribui um escore que é relacionado a maior ou menor risco de complicações decorrentes da operação.
Segundo detalha o estudo “Avaliação Pré-Operatória do Paciente Cardiopata”:
“A partir da análise retrospectiva de 1001 pacientes, submetidos a cirurgias não cardíacas de grande porte, foi possível identificar as situações associadas ao aumento dos eventos adversos cardiovasculares perioperatórios”.
O tipo de procedimento também é levado em conta para definir se os benefícios superam os riscos – condição para a liberação da cirurgia.
Tanto a escala de Goldman quanto outros modelos validados por sociedades médicas são importantes para indicar ou contraindicar as operações, que sempre oferecem risco de morbidade e mortalidade.
Afinal, são procedimentos invasivos e, quando realizados em indivíduos debilitados ou com comorbidades, elevam as chances de agravos durante e após a cirurgia.
Em especial pela sobrecarga ao aparelho cardiovascular.
Daí a necessidade de fazer a avaliação pré-operatória para analisar as condições desse sistema, além do estado clínico geral do paciente.
O exame de risco cirúrgico costuma incluir:
- Hemograma
- Glicemia
- Creatinina e Ureia
- Coagulograma
- Eletrocardiograma
- Outros métodos diagnósticos, a critério médico, como raio X do tórax, cintilografia miocárdica, ressonância magnética, etc.
Na sequência, detalho os critérios do índice de Goldman.
Critérios de Goldman para o risco cirúrgico
Como adiantei acima, Goldman emprega dois tipos de critérios para classificar o risco cirúrgico: fatores de risco e tipo de cirurgia.
Sua correlação com o estado do paciente serve de base para o cálculo do escore, como explico no próximo tópico.
Neste espaço, trago a lista de critérios, que você confere na tabela abaixo.
Fatores de risco cirúrgico por Goldman | Pontuações (escore) |
Idade maior que 70 anos | 5 pontos |
Infarto agudo do miocárdio há menos de 6 meses | 10 pontos |
B3 ou estase de jugular | 11 pontos |
Importante estenose aórtica | 3 pontos |
Arritmia não sinusal ou sinusal com contração atrial prematura em último ECG pré-operatório | 7 pontos |
Mais de 5 extrassístoles ventriculares (ESV/min) em qualquer momento antes da cirurgia |
7 pontos
|
Más condições gerais (PaO2 <60 mmHg; PaCO2 >50 mmHg; K< 3 Meq/L; HCO3 <20 Meq/L; Uréia >50 mg/dl; Creatinina>3 mg/dl; doença hepática crônica e doentes acamados) |
3 pontos
|
Cirurgia intra-abdominal, intratorácica ou aórtica | 3 pontos |
Cirurgia de emergência | 4 pontos |
Fonte: adaptado de “Multifactorial Index of Cardiac Risk in Noncardiac Surgical Procedures”, disponível neste link.
Entenda o escore Goldman pré-cirúrgico
Como acabei de mostrar na tabela acima, Goldman atribui pontos de acordo com os fatores de risco presentes.
Ao final do exame de risco cirúrgico, a pontuação é somada para atribuir o devido escore, enquadrando o paciente em uma das quatro classificações do modelo.
Desse modo, é possível estimar a probabilidade de complicações cardíacas graves, a exemplo de IAM, edema agudo de pulmão, taquicardia ventricular e morte.
Risco cirúrgico Goldman classe 1
A classe 1 reúne pacientes com escore entre 0 e 5 pontos.
De maneira geral, o risco de complicações é estimado em 0,7%, e o de óbito fica em 0,2%.
Contudo, o risco sobe para 3% caso o indivíduo tenha mais de 40 anos e já tenha passado por aneurismectomia da aorta abdominal.
A porcentagem aumenta para 1,2% para pessoas com mais de 40 anos que irão passar por cirurgias de grande porte.
Risco cirúrgico Goldman 2
Atribuída para escores de 6 a 12 pontos, a classificação 2 representa risco geral de 5% para complicações e 2% para óbito.
Para candidatos com mais de 40 anos, o risco alcança 4% se a operação for de grande porte.
E 10% caso já tenham se submetido a aneurismectomia da aorta abdominal.
Risco cirúrgico Goldman 3
Enquadra indivíduos com escore entre 13 e 25 pontos.
O risco geral é mais elevado, ficando em 11% para complicações e 17% para morte.
Assim como as chances de eventos adversos para pacientes maiores de 40 anos, que atingem 30% quando já foi feita aneurismectomia da aorta abdominal.
Risco cirúrgico Goldman 4
Essa é a classificação mais grave, com escore acima de 25 pontos.
Devido à condição debilitada, o paciente tem risco de 22% para complicações e 56% para óbito em decorrência da cirurgia.
Caso seja maior de 40 anos e tenha passado por aneurismectomia da aorta abdominal, as chances de eventos adversos disparam para 75%.
Como a telemedicina agiliza a avaliação pré-operatória
Embora seja rotineira em muitos serviços de saúde, a avaliação de risco cirúrgico demanda conhecimentos multidisciplinares.
Contudo, nem sempre há especialistas de plantão para laudar os exames pré-operatórios, o que atrasa a liberação para a cirurgia e pode comprometer os resultados desse tratamento.
Mas existe uma solução simples e tecnológica para essa questão: usar uma plataforma de telemedicina como o sistema Morsch.
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Basta compartilhar os registros dos procedimentos e dados do paciente no sistema para receber laudos online em minutos.
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Conclusão
Abordei neste artigo detalhes sobre critérios e classificações adotadas pelo índice de risco cirúrgico Goldman.
Se ficou alguma dúvida ou sugestão, deixe seu comentário.
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