ECG e infarto: como identificar sua ocorrência no eletrocardiograma

Por Dr. José Aldair Morsch, 9 de agosto de 2022
ECG infarto

O ECG no infarto possui características que devem ser identificadas para confirmar o diagnóstico com precisão e adotar a conduta correta para o tratamento do paciente.

Assim, se evita a morte e reduz sequelas após o IAM.

Além do traçado do eletrocardiograma, é importante avaliar a presença de sintomas e marcadores cardíacos que, combinados a anomalias nas ondas do ECG, sinalizam a doença.

Nas próximas linhas, trago as principais informações sobre o tema, além de dicas para reforçar o time de cardiologistas com a telemedicina.

Acompanhe o conteúdo até o final.

Como identificar o infarto no ECG?

Eletrocardiograma é o exame mais importante para o diagnóstico do infarto agudo do miocárdio (IAM).

Em especial porque consiste num procedimento simples, rápido, indolor e com poucas contraindicações.

Daí a sua realização em serviços de emergência de todo o mundo, sempre que há suspeita de síndromes coronarianas agudas – como são classificados o IAM e a angina instável.

Essas síndromes surgem devido a bloqueios ao fluxo sanguíneo nas artérias coronárias, interrompendo a irrigação do músculo cardíaco.

Por consequência, o traçado do ECG apresenta alterações, principalmente no segmento ST, que corresponde ao trecho que faz a ligação do final do segmento QRS à onda T.

Ou seja, o evento cardíaco se expressa logo após a contração dos ventrículos que, em seguida, sofrerão repolarização (expressa pela onda T).

Em casos de infarto antigo, chamamos de zona inativa no ECG. É uma cicatriz que permanece para o resto da vida da pessoa.

Observe a imagem abaixo com essa cicatriz de infarto antigo, este em específico foi na parede inferior do coração, aquela que fica sobre o estômago.

Por estar próximo ao tubo digestivo, nestes casos a dor é confundida com uma congestão alimentar.

zona inativa inferior no ECG

Cicatriz de infarto antigo no ECG

O que é o eletrocardiograma (ECG)?

Eletrocardiograma é um exame que usa eletrodos para captar a atividade elétrica do coração, expressa em gráficos de linha.

Nos gráficos, é possível distinguir as ondas do ECG, que são flutuações no traçado.

Quando o órgão bate em ritmo sinusal, cada batimento possui uma onda P, um complexo QRS e uma onda T.

As ondas têm duração e morfologia similares, evidenciando uma frequência cardíaca normal – entre 50 e 100 bpm (batimentos por minuto), em adultos jovens e saudáveis.

A batida se inicia com uma onda P normal, arredondada e suave, durando menos de 0,10 segundo (2,5 mm) e com voltagem máxima de 0,25 mV.

Em seguida, vem o intervalo entre a P e a onda R, com duração de 0,12 a 0,20 segundo.

A onda R é a segunda do complexo QRS, formado por uma onda positiva (R) e duas negativas (Q e S), que duram de 0,06 a 0,10 segundo.

Já a Q costuma ter menos de 0,04 segundo de duração e 2 mm de profundidade.

Depois, vêm o segmento ST e a onda T, que tende a ser assimétrica, com amplitude máxima inferior a 15mm nas derivações precordiais, e inferior a 5 mm nas derivações periféricas.

Como é a imagem de ECG com infarto

Para detectar o infarto, o ideal é que o ECG seja feito até 10 minutos após o início de sintomas como dor precordial, falta de ar e sudorese.

Desse modo, será possível visualizar especialmente dois tipos de alteração, como descrevem as III Diretrizes de ECG da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC):

“O diagnóstico da corrente de lesão leva em consideração a presença concomitante de alterações da onda T e do segmento ST reconhecidas em pelo menos duas derivações concordantes”.

Então, é importante ficar atento aos seguintes achados eletrocardiográficos:

  • Onda T hiperaguda e simétrica, que corresponde ao início do IAM. Costuma ser positiva, apiculada e de base larga
  • Desnivelamento do segmento ST, que costuma deslocar o traçado para cima (supradesnivelamento).

A seguir, explico como funciona o diagnóstico de infarto com e sem supradesnivelamento.

Como identificar infarto com supra (IAMCSST) no ECG?

O IAM com supradesnivelamento é o mais comum, apresentando uma elevação do segmento ST.

Esse deslocamento deve aparecer em pelo menos duas derivações concordantes (com exceção de aVR) e ter pelo menos 1 mm de amplitude em qualquer derivação – exceto em V2 e V3.

Nessas derivações do ECG, a amplitude do segmento ST muda conforme o sexo e idade do paciente, sendo necessário considerá-la indicativa de infarto quando:

  • Homem com menos de 40 anos: ≥ 2,5 mm
  • Homem a partir dos 40 anos: ≥ 2,0 mm
  • Mulher: ≥ 1,5 mm.

Agora, falo sobre o IAMSSST.

Como identificar infarto sem supra (IAMSSST) no ECG?

A ausência do supradesnivelamento dificulta o diagnóstico do IAM, que deve ser pautado por outros achados.

No ECG, pode ser uma depressão no segmento ST (infradesnivelamento) e/ou uma inversão da onda T.

Como identificar angina instável no ECG?

O diagnóstico de angina instável corresponde à dor torácica associada à oclusão de uma ou mais artérias coronárias, sem que haja infarto (morte de células ou necrose).

Embora essa síndrome coronariana aguda possa apresentar alterações similares ao IAM no ECG, seu efeito é transitório, desaparecendo após alguns minutos.

Outra evidência se dá com a realização de exame de alta sensibilidade de troponina cardíaca, cuja dosagem pode estar um pouco acima do normal, mas não alcança os critérios de IAM (maior que o 99º percentil do limite superior de referência ou LSR).

Eletrocardiograma infarto

Onda T hiperaguda e simétrica e o desnivelamento do segmento ST são achados que merecem atenção no ECG

É possível ter infarto com ECG normal?

Sim, é possível.

Daí a importância de realizar o monitoramento periódico através de ECG e dosagens de enzimas que servem como marcadores cardíacos.

Dependendo da extensão dos danos às células cardíacas, o IAM pode demorar a ser detectado.

Como a telemedicina ajuda na prevenção de infarto

A telemedicina viabiliza a comunicação a distância com cardiologistas a qualquer hora do dia ou da noite.

Essa opção faz a diferença em emergências, a exemplo do socorro realizado por profissionais de enfermagem em ambulâncias.

Na suspeita de IAM, eles podem realizar o ECG e enviar os registros pela plataforma de telemedicina, a fim de que sejam interpretados em tempo real por um especialista.

Hospitais e clínicas também se beneficiam dessa inovação, otimizando seu trabalho através do serviço de laudos online.

Basta compartilhar os gráficos do ECG no sistema para que sejam avaliados, laudados e assinados digitalmente por um cardiologista.

Softwares modernos como o da Telemedicina Morsch permitem a emissão do laudo digital em minutos, com toda a segurança das mensagens criptografadas.

Acesse este link para conferir mais detalhes e dar agilidade aos resultados de exames na sua unidade de saúde!

Conclusão

Com este texto, espero ter colaborado para ampliar seus conhecimentos sobre ECG e infarto.

Se ficou algum complemento, sugestão ou dúvida, deixe um comentário abaixo.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin