Varíola dos macacos: o que é, como é transmitida e quais os sintomas?
Provocada pelo vírus monkeypox, a varíola dos macacos tem preocupado autoridades de saúde por todo o mundo.
O alerta sobre um surto da doença foi emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), diante da identificação de casos em países não endêmicos.
Ou seja, em territórios onde comumente não há casos da patologia.
A constatação foi feita em maio de 2022, quando houve a confirmação de 92 casos de infecções pelo vírus na América do Norte e Europa.
Em junho, a varíola dos macacos chegou ao Brasil, evidenciando a necessidade de medidas de controle e prevenção.
Discorro sobre elas ao longo deste artigo, esclarecendo as principais dúvidas sobre sintomas, transmissão e tratamento.
Caso desconfie de contaminação pelo monkeypox, você pode receber atendimento médico de qualidade sem sair de casa, via teleconsulta.
O que é varíola dos macacos?
A varíola dos macacos é uma zoonose que resulta de infecção pelo vírus monkeypox, geralmente percebida a partir de manifestações clínicas como febre alta e o surgimento repentino de bolhas contendo pus (chamadas pústulas).
Como qualquer outra zoonose, a doença chegou aos seres humanos via contaminação por animais como roedores.
Apesar de o nome fazer referência ao macaco, não significa que esses primatas sejam os únicos responsáveis pela disseminação do monkeypox.
Na verdade, o termo “varíola dos macacos” é utilizado porque a patologia foi detectada pela primeira vez em macacos estudados num laboratório dinamarquês, ainda em 1958.
Geralmente, ela provoca incômodos que exigem repouso por algumas semanas e saram de forma espontânea.
No entanto, há registros de mortes devido a complicações pelo quadro infeccioso, o que pede atenção, esforços preventivos e de combate a formas graves da doença.
Ações de conscientização, vacinação contra a varíola e uso de antivirais estão entre as medidas adotadas por diversos países, incluindo o Brasil.
Quais os sintomas da varíola dos macacos?
Os sintomas da doença costumam se manifestar após o período de incubação, entre 5 e 21 dias depois da contaminação pelo vírus.
É comum que o paciente sofra com febre alta de origem súbita, seguida de inchaço nos gânglios e erupções cutâneas.
Cerca de três dias depois, aparecem feridas semelhantes a manchas na pele, as máculas.
Elas evoluem para pápulas – lesões que lembram espinhas – e, em seguida, para pústulas.
Na maioria das vezes, o curso natural da doença leva à cicatrização das feridas com pus.
Ele ocorre com a formação de crostas e posterior recuperação do aspecto normal da pele.
Uma lista de sintomas da varíola dos macacos inclui:
- Febre alta (acima de 38,5°C)
- Lesões extensas na pele, principalmente em áreas como rosto, palmas das mãos, solas dos pés e mucosas (boca, olhos, genitais)
- Linfonodos inchados, em especial no pescoço, axilas e genitais
- Dor de cabeça
- Cansaço crônico
- Dores musculares
- Dor nas costas
- Náusea
- Fraqueza
- Calafrios.
A seguir, explico como ocorre a transmissão nesses casos.
Como ocorre a transmissão da varíola dos macacos?
Qualquer pessoa que tenha contato próximo com o vírus monkeypox sem proteção está sujeita a contrair a doença.
Segundo informa a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da OMS nas Américas, a varíola dos macacos é transmitida principalmente por contato direto ou indireto com sangue, fluidos corporais, lesões na pele ou mucosas de animais infectados.
A entidade ainda explica que:
“A transmissão secundária ou de pessoa a pessoa pode acontecer por contato próximo com secreções infectadas das vias respiratórias ou lesões na pele de uma pessoa infectada, ou com objetos contaminados recentemente com fluidos do paciente ou materiais da lesão. A transmissão ocorre principalmente por gotículas respiratórias. Esta enfermidade também é transmitida por inoculação ou através da placenta (varíola dos macacos congênita). Não há evidência de que o vírus seja transmitido por via sexual”.
Portanto, não existe razão para relacionar a patologia a grupos sociais específicos.
O que faz sentido é adotar posturas preventivas em relação a essa e outras doenças virais, evitando tocar feridas ou lesões sem luvas de proteção.
Além de lavar as mãos com sabão frequentemente ou usar álcool gel 70% após encostar em objetos compartilhados ou de uso coletivo.
Também é importante evitar tocar boca e olhos antes de fazer essa higienização das mãos.
Máscaras faciais diminuem as chances de contato com gotículas respiratórias, assim como a posterior infecção viral.
Profissionais de saúde e cuidadores de pessoas infectadas devem reforçar as medidas, utilizando equipamentos de proteção individual (EPI) como óculos de proteção e aventais.
Devido às chances de contaminação por objetos, pessoas com diagnóstico confirmado para varíola dos macacos devem se isolar, conforme orientação médica.
Casos suspeitos, prováveis e confirmados
Cabe ressaltar que os casos confirmados são aqueles que testaram positivo para o vírus monkeypox via exame PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) em tempo real e/ou sequenciamento.
O monitoramento por parte da OMS e outras autoridades de saúde acompanha também dois outros tipos de eventos: os suspeitos e prováveis.
Casos suspeitos são caracterizados por sintomas como o surgimento de manchas na pele sem motivo aparente, desde que a vítima esteja num território não endêmico para a varíola dos macacos.
Quando os sintomas evoluem e/ou são acompanhados por novos incômodos, o paciente deve fazer o PCR para confirmar ou afastar a suspeita clínica.
Já os casos prováveis apresentam sintomas sugestivos e histórico de interações com indivíduos ou materiais contaminados até 21 dias antes do início dos sinais.
Dados sobre a varíola dos macacos no Brasil
O primeiro caso de varíola dos macacos no Brasil foi identificado em 9 de junho, em São Paulo.
O diagnóstico foi confirmado pelo Instituto Adolfo Lutz, que identificou o vírus monkeypox no resultado do PCR de um homem de 41 anos, que havia acabado de voltar de viagem para a Espanha.
Desde então, a patologia se espalhou para outros estados rapidamente.
Para se ter ideia, relatório divulgado pela OMS chamou a atenção para o salto de 592 para 1721 diagnósticos positivos no Brasil, somente na semana de 22 de julho a 7 de agosto.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 27 de agosto de 2022, o país contabilizava 4.472 casos de varíola dos macacos.
Os registros se concentravam em cinco unidades da federação: São Paulo, com 2.788 casos, Rio de Janeiro, com 578, Minas Gerais, com 253, Goiás, com 189, e Distrito Federal, com 168.
Contudo, o surto já havia alcançado outros 15 estados brasileiros, atingindo um total de 20 unidades federativas.
Dias antes, quando havia 3.788 casos diagnosticados em todo o país, o Brasil assumiu a terceira posição entre as nações mais afetadas pelo monkeypox.
Os Estados Unidos lideravam o ranking, com 14.594 registros, e o segundo lugar era ocupado pela Espanha, com 5.792.
E a doença tinha chegado a mais de 70 países, sendo classificada como emergência de saúde pública de caráter global pela OMS.
A estimativa é que os casos continuem aumentando no país, uma vez que havia mais de 4 mil suspeitas aguardando pelo resultado do exame PCR no fim de agosto de 2022.
A varíola dos macacos mata?
O quadro clínico da varíola dos macacos não costuma desencadear complicações de saúde.
Entretanto, raramente há evolução para quadros graves e morte.
Os maiores riscos afetam pacientes de grupos sensíveis ou imunodeprimidos, a exemplo de pessoas transplantadas ou que tenham aids.
Tanto que, em 29 de julho de 2022, o Brasil registrou a primeira morte provocada pelo monkeypox.
A vítima foi um homem de 41 anos que sofria com linfoma e outras comorbidades responsáveis pelo comprometimento de sua imunidade.
Ele estava internado num hospital público de Belo Horizonte, sofreu agravos em decorrência do monkeypox e acabou indo a óbito devido a um choque séptico.
O número de óbitos no mundo chegou a 10 nos últimos dias de agosto de 2022.
Daí a necessidade de reforçar os cuidados com a saúde de doentes crônicos, recém-nascidos e crianças.
Esses pacientes têm maiores chances de desenvolver complicações como pneumonia, confusão mental, infecções na pele e olhos.
Segundo informações da OPAS,
“Recentemente, cerca de 3% a 6% dos casos notificados provocaram morte em países endêmicos, frequentemente entre crianças ou pessoas com alguma condição crônica de saúde. É importante levar em conta que essa porcentagem pode estar subestimada, pois a vigilância em países endêmicos é limitada”.
Varíola dos macacos tem cura?
Sim, a doença tem cura.
Inclusive, na maioria das vezes a varíola dos macacos é autolimitada, ou seja, se cura de maneira espontânea.
Comumente, os sintomas começam depois do tempo de incubação e permanecem por duas a quatro semanas.
Durante esse tempo, as feridas vão se modificando, como expliquei mais acima, até que sua cicatrização tem início.
Ao final do processo, as crostas caem, os incômodos cessam e pode-se falar em cura da patologia.
Vale lembrar que há chances de contágio – e necessidade de isolamento do paciente – enquanto existirem feridas não cicatrizadas.
Qual o tratamento para a varíola dos macacos?
Na maior parte das vezes, não é preciso tratar a doença.
Isso porque casos leves e moderados seguem a trajetória comum de infecção, sintomas e cura espontânea que acabei de comentar.
Nessas situações, incômodos como febre e dores no corpo podem ser medicados.
O objetivo é diminuir o desconforto do paciente.
Esses remédios, contudo, devem ser usados sob prescrição médica, evitando agravos e outros riscos da automedicação.
Outra recomendação para quem sofre com a varíola dos macacos é deixar as lesões secarem ou colocar curativos úmidos para protegê-las, se for preciso.
A assistência prestada por profissionais de saúde em clínicas e hospitais costuma ser necessária somente diante de agravos mais sérios.
Segundo estima a OMS, 7 a 10% do total de casos evoluem para quadros graves.
Dependendo da condição do doente, a equipe médica pode dispor de um antiviral aprovado pela Anvisa em janeiro de 2022.
Com o potencial efeito de redução na gravidade das lesões, o tecovirimat tem uso restrito, sendo distribuído apenas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo detalha esta reportagem, o medicamento é indicado para quadros como:
- Lesão grave de edema peniano (parafimose, quando a lesão impede que o paciente recubra a glande peniana)
- Proctite (lesão no reto)
- Aparecimento de mais de 200 lesões, o que pode causar infecções bacterianas secundárias
- Acometimento de retina.
Outra medida eficiente consiste na prevenção do contágio pelo monkeypox, por meio da vacina contra varíola.
Fabricado a partir do vírus atenuado e modificado da cepa Ankara, o composto tende a ser um forte aliado para conter o avanço da doença nos próximos meses.
O imunizante deve ser administrado em adultos a partir dos 18 anos de idade.
Desconfia de varíola dos macacos? Consulte um médico agora
É natural se preocupar diante de sintomas sugestivos de varíola dos macacos.
Até porque a doença vem se espalhando em alta velocidade, à medida que as pessoas retomam a rotina normal após o distanciamento social devido à pandemia de covid-19.
Porém, vale frisar que a maioria dos casos de infecção pelo monkeypox são leves e passageiros, representando baixo risco de complicações.
E que a transmissão se dá por contato direto com pessoas ou superfícies contaminadas.
Então, fique alerta para diagnósticos positivos entre indivíduos de seu convívio e procure se prevenir do contágio.
Higienizar as mãos com frequência, evitar tocar feridas e fluidos corporais e usar máscara facial são algumas medidas úteis no dia a dia.
Ao suspeitar de infecção pelo vírus, não hesite em procurar ajuda médica.
Você pode buscar uma unidade de saúde presencialmente ou optar pela consulta online no conforto de sua casa.
Através da plataforma de Telemedicina Morsch, dá para tirar dúvidas sobre a doença via plantão de atendimento clínico 24h.
Depois de conversar com um médico em tempo real, você ainda pode agendar uma teleconsulta com dermatologista ou infectologista para dar seguimento à assistência.
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Conclusão
Abordei neste texto as principais informações sobre o cenário da varíola dos macacos no Brasil, além de sua transmissão e tratamento.
Se ficou alguma dúvida, deixe um comentário abaixo.
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