Escala de Cincinnati: o que é, para que serve e como aplicar

Por Dr. José Aldair Morsch, 17 de fevereiro de 2023
Escala de cincinnati

Importante instrumento de avaliação pré-hospitalar, a escala de Cincinnati permite a identificação de casos suspeitos de acidente vascular cerebral (AVC).

Sua simplicidade e rapidez auxiliam na tomada de decisão da equipe médica ou dos socorristas, que podem iniciar condutas como a trombólise com maior segurança.

E melhorar o prognóstico para a vítima, evitando a morte ou sequelas graves que surgem após minutos no AVC hemorrágico, e poucas horas em caso de AVC isquêmico.

Neste artigo, mostro como utilizar a escala de Cincinnati, para que serve e qual a eficácia desse instrumento.

Além da contribuição de ferramentas tecnológicas como a telemedicina para o diagnóstico dessa emergência médica.

O que é escala de Cincinnati?

Escala de Cincinnati é um instrumento padronizado de avaliação de casos suspeitos de AVC.

Chamada originalmente de Cincinnati Prehospital Stroke Scale (CPSS), a ferramenta revela maior ou menor possibilidade de casos agudos da doença.

Isso se dá a partir da análise de três manifestações clínicas comuns.

De acordo com o documento de “Tradução, adaptação transcultural e validação da escala de Cincinnati no Brasil”:

“A CPSS foi elaborada por pesquisadores da University of Cincinnati Medical Center e publicada em 1999. Sua elaboração foi baseada na National Institutes of Health (NIH) Stroke Scale, e possui 3 itens que são avaliados quanto sua normalidade ou anormalidade: paralisia facial, queda do braço e fala.”

Para que serve a escala de Cincinnati?

O diagnóstico do AVC é desafiador.

Principalmente devido à variabilidade de sintomas, que mudam conforme os vasos sanguíneos e região cerebral afetados pelo déficit de oxigênio e nutrientes.

O cenário fica ainda mais complexo devido ao fato de o AVC ser um evento tempo-dependente.

Ou seja, capaz de se agravar em poucos minutos.

Daí a importância de utilizar instrumentos de avaliação rápida e simples, como a escala de Cincinnati, para acelerar a detecção dos sinais de acidente vascular cerebral.

A ferramenta se baseia em três itens de fácil observação e que estão entre as manifestações clínicas mais frequentes nas vítimas de AVC:

  • Assimetria facial
  • Alterações na linguagem e na fala
  • Paralisia ou perda súbita dos movimentos.

Diante da alta possibilidade de um AVC em curso, a equipe médica ou pré-hospitalar pode dar seguimento à confirmação do diagnóstico, realizando exames como a tomografia com agilidade.

E iniciar tratamentos como a administração de medicamentos trombolíticos para reverter os efeitos da patologia, restaurando o fluxo sanguíneo.

Quanto mais rápida for essa abordagem, melhores as chances de um desfecho positivo.

Em alguns casos, a vítima sobrevive sem sequelas permanentes.

Como é realizada a escala de Cincinnati?

Usar a escala é simples: basta aplicar três testes e observar os resultados.

A presença de um resultado anormal corresponde a 72% de probabilidade de ocorrência de um AVC, enquanto anormalidades nos três parâmetros elevam a probabilidade para mais de 85%.

Veja detalhes a seguir.

1. Assimetria facial

O primeiro teste tem como objetivo verificar se existe paralisia facial no paciente.

Para isso, peça que ele sorria ou mostre os dentes e observe a existência, ou não, de assimetria facial – quando um dos lados parece distorcido ou “torto”.

Em seguida, verifique qual o resultado, que pode ser:

  • Normal: quando ambos os lados da face se movem igualmente
  • Anormal: caso um lado não se mova tão bem quanto o outro.

Em seguida, vem a avaliação da fraqueza muscular.

2. Queda do braço

Solicite que o paciente feche os olhos e estenda ambos os braços de maneira simultânea, durante 10 minutos.

Nessa etapa, o resultado será:

  • Normal: se ambos os braços se moverem de modo similar, ou ambos os braços não se moverem completamente
  • Anormal: caso um braço não se mova, ou sofra queda quando comparado com o outro braço.

Por fim, há o teste de fala.

3. Repetição de uma frase

Para verificar se a fala está prejudicada, escolha uma frase e peça para o paciente repetir.

Prefira uma sentença simples e conhecida, como “o rato roeu a roupa do rei de Roma” e analise o desempenho da repetição.

O resultado será:

  • Normal: se o paciente conseguir reproduzir a frase corretamente, sem dificuldade de pronúncia
  • Anormal: caso apresente dificuldade para dizer as palavras ou esteja incapaz de falar.

Com estes três testes, a equipe médica dá um passo importante para a confirmação ou não do diagnóstico de AVC.

Cincinnati avc

A escala se baseia em itens de fácil observação e comuns entre as manifestações de AVC

Qual a eficácia da escala de Cincinnati no diagnóstico do AVC?

A ferramenta é considerada altamente eficaz, com acurácia de 93% e sensibilidade de 92,4% em relação ao diagnóstico final, segundo o estudo que mencionei acima, realizado com 64 pacientes brasileiros.

A confiabilidade colabora para a popularização da escala, que é importante para conferir agilidade ao diagnóstico do acidente vascular cerebral.

Dados divulgados em 2022 revelam que o AVC é a principal causa de morte no país, causando uma média de 12 óbitos por hora.

Como a telemedicina agiliza o diagnóstico e tratamento do AVC?

A telemedicina neurológica nasceu para dar suporte às clínicas, hospitais e até às ambulâncias.

Através de uma plataforma intuitiva e moderna, equipes locais contam com o auxílio de neurologistas online 24 horas por dia.

No sistema Morsch, disponibilizamos a videoconferência para que os especialistas discutam casos complexos em tempo real com os profissionais in loco.

O que faz a diferença para emergências como o AVC, que exigem assistência imediata.

Seu time também pode se beneficiar da interpretação e laudo à distância para tomografia computadorizada, ressonância magnética e outros exames que diagnosticam doenças neurológicas.

Basta enviar as imagens pelo software de telemedicina em nuvem, acessível a partir de qualquer dispositivo com conexão à internet.

Um de nossos neurologistas vai analisar os achados, levando em consideração dados prévios do paciente e a suspeita clínica.

As informações e conclusões serão anotadas no laudo eletrônico, que recebe assinatura digital.

O documento é entregue em minutos pela plataforma, permitindo uma assistência adequada e veloz.

Acesse esta página e comece a aproveitar as vantagens da telemedicina hoje mesmo!

Conclusão

Agora que você entende para que serve a escala de Cincinnati, vale a pena incluir os parâmetros na avaliação de suspeitas de AVC.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin