Morfina: para que serve, receita e como tomar
Remédio potente no tratamento da dor, a morfina deve ser usada com cautela.
Isso porque a substância pode causar dependência física e psíquica, principalmente quando prescrita para uso contínuo.
O fármaco é encontrado em comprimidos de 10 mg e 30 mg, ou solução injetável de 10 mg/mL.
Explico melhor seu mecanismo de ação, indicações e como tomar o medicamento nas próximas linhas.
Acompanhe até o final e veja como a telemedicina facilita o seu acesso ao tratamento que precisa.
O que é morfina?
Morfina é um fármaco analgésico que pertence à classe dos opioides.
Opioides são substâncias derivadas do ópio, que, por sua vez, é extraído do leite de uma planta chamada papoula.
Assim como a morfina, outros remédios desse grupo possuem propriedades sedativas, auxiliando tanto no tratamento em ambiente hospitalar quanto em casa.
Para que serve a morfina
A morfina serve para tratar a dor moderada a intensa.
Embora costume ser associada apenas a terapias paliativas, essa substância auxilia em uma série de quadros dolorosos.
Seu efeito é proporcionado pela ação direta no sistema nervoso central (SNC), inibindo a ativação de receptores que desencadeiam respostas cerebrais relacionadas à dor.
Vale lembrar que a sensação de dor é identificada pelo cérebro após o envio de impulsos nervosos, que têm parte inativada pela morfina.
Principais indicações
Como opioide forte e sistêmico, a morfina é indicada para tratar manifestações dolorosas moderadas a graves, agudas ou crônicas, a exemplo da dor provocada por:
- Infarto do miocárdio (morte de células do coração devido à falta de irrigação sanguínea)
- Lesões graves, como traumas
- Câncer terminal
- Parto
- Pós-operatório
- Redução do trabalho do ventrículo cardíaco esquerdo, diminuindo a pressão pré carga
- Dificuldade respiratória associada à insuficiência ventricular esquerda aguda e edema pulmonar.
Outras indicações para o medicamento dependem de uma avaliação especializada.
Como tomar sulfato de morfina
Você pode encontrar o fármaco em comprimidos de 10 mg e 30 mg ou solução injetável de 10 mg/mL.
Os comprimidos podem ser tomados em casa, enquanto a solução injetável deve ser administrada por profissionais de saúde treinados.
A seguir, trago informações básicas sobre a posologia do sulfato de morfina, mas você encontra mais detalhes na bula.
Comprimidos
Siga a prescrição médica, tomando o remédio na hora marcada, com um pouco d’água.
Geralmente, são administradas doses de 5 a 30 mg a cada intervalo de 4 horas, e a dose pode ser aumentada pelo médico conforme o estado clínico do paciente e tolerância ao medicamento.
A maioria das pessoas em tratamento se beneficia de cerca de 180 mg/dia.
No entanto, doentes terminais podem ter dosagem maior, de acordo com sua resposta individual à terapia medicamentosa.
Solução injetável
Por exigir técnicas específicas, o sulfato de morfina em solução injetável só deve ser manipulado por profissionais de saúde.
A administração pode ser por via intravenosa, intratecal ou epidural, conforme a prescrição médica.
Por oferecer risco de eventos adversos graves, o tratamento com morfina só deve ser realizado em ambiente hospitalar que tenha equipamento de ressuscitação, oxigênio, naloxona injetável e outros fármacos ressuscitadores disponíveis.
Receita de morfina
Para adquirir a morfina, é preciso apresentar a receita amarela A1.
Isso porque o fármaco consta na lista A1, que reúne substâncias entorpecentes monitoradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
A fim de coibir seu uso indiscriminado, a Anvisa exige que ele seja prescrito junto a uma notificação de receita de cor amarela, que fica retida na farmácia ou drogaria.
Esse é um documento que, além de dados do paciente e médico prescritor, permite o rastreamento do comprador e do fornecedor.
Ou seja, ao prescrever o sulfato de morfina, o médico entrega dois papéis: o primeiro dá orientações sobre o tratamento ao paciente ou cuidador, e o segundo é a notificação de receita devidamente preenchida.
Essas regras diminuem riscos como tolerância, overdose e dependência de fármacos tarja preta como a morfina.
A tolerância ocorre quando são necessárias doses cada vez maiores para obter o mesmo efeito.
Caso aumente a dosagem por conta própria, o doente pode tomar uma quantidade tão grande (overdose) que representa ameaça à vida.
Já a dependência surge quando o organismo condiciona seu funcionamento à presença da morfina.
Dúvidas frequentes sobre morfina
Trago agora esclarecimentos sobre perguntas corriqueiras em relação ao fármaco.
O que acontece quando a pessoa toma morfina?
Como expliquei acima, a morfina tem ação depressora sobre o sistema nervoso central.
Devido à alta potência, também possui diversos efeitos colaterais, sendo os mais comuns:
- Tonturas
- Vertigem
- Sedação
- Náusea
- Vômito
- Transpiração
- Falta de ar.
Mais raramente, o remédio também pode desencadear eventos graves como depressão respiratória, depressão circulatória, parada respiratória, choque e parada cardíaca.
Quanto tempo dura o efeito da morfina no corpo?
Uma vez ingerido, o sulfato de morfina em comprimido leva de uma a duas horas para começar a fazer efeito.
Em seguida, a substância permanece agindo por quatro a cinco horas.
Já a solução injetável tem efeito mais rápido, percebido de 15 a 60 minutos após a injeção epidural ou intratecal, e a analgesia dura até 24 horas.
Onde é aplicada a morfina?
A morfina pode ser administrada por via:
- Oral: tomada pela boca
- Intravenosa: injetada diretamente numa veia
- Intratecal: injetada no líquido céfalo-raquidiano (líquor), através de punção lombar
- Epidural: injetada no espaço epidural, entre as vértebras torácicas ou lombares.
Ao recomendar o tratamento, seu médico deve informar sobre a melhor forma de administração.
Quem não pode tomar morfina?
A morfina é contraindicada para pessoas que tenham:
- Menos de 18 anos
- Sensibilidade (alergia) à morfina ou a algum componente da fórmula
- Insuficiência ou depressão respiratória
- Depressão do sistema nervoso central
- Insuficiência cardíaca secundária
- Crise de asma
- Arritmia cardíaca
- Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
- Hipercarbia
- Aumento da pressão intracraniana e do líquido cérebro espinhal
- Lesões cerebrais
- Tumor cerebral
- Alcoolismo crônico
- Tremores
- Doenças que causam convulsão
- Pós-cirúrgico de cirurgia de vesícula biliar ou de abdômen
- Anastomose cirúrgica
- Obstrução gastrintestinal e íleo paralítico
- Pessoas que façam administração conjunta com inibidores da MAO ou após um período de 14 dias com esse tratamento.
Se você faz parte de algum desses grupos, avise seu médico.
Conclusão
A morfina tem papel relevante no tratamento de dores intensas, no entanto, deve ser tomada com cautela, evitando os perigos da automedicação.
Use esse medicamento conforme a orientação médica, dada ao final de uma consulta com o oncologista, cardiologista, neurologista, etc.
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